{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2024/07/13/janos-boka-a-europa-precisa-ter-algum-tipo-de-relacao-com-a-russia" }, "headline": "J\u00e1nos B\u00f3ka: \u0022A Europa precisa ter algum tipo de rela\u00e7\u00e3o com a R\u00fassia\u0022", "description": "A Euronews falou com o ministro dos Assuntos Europeus da Hungria, J\u00e1nos B\u00f3ka, pa\u00eds que ocupa, neste momento, a presid\u00eancia rotativa da UE.", "articleBody": "A guerra na Ucr\u00e2nia, a R\u00fassia, a China, o Estado de Direito. S\u00e3o muitos os temas que t\u00eam dividido a Hungria do resto da Uni\u00e3o Europeia. A Hungria acabou de assumir este m\u00eas de julho a Presid\u00eancia da Uni\u00e3o Europeia. Que tipo de presid\u00eancia vai ser esta? Coloc\u00e1mos estas perguntas ao Ministro dos Assuntos Europeus da Hungria, J\u00e1nos B\u00f3ka.Ministro J\u00e1nos B\u00f3ka, bem-vindo \u00e0 Euronews. Deixe-me perguntar-lhe primeiro, a R\u00fassia \u00e9 uma amea\u00e7a existencial para os interesses da Uni\u00e3o Europeia e para a sua seguran\u00e7a? Ou acha que existem interesses divergentes que podem ser apaziguados ou resolvidos por outros meios, como meios diplom\u00e1ticos e pol\u00edticos?J\u00e1nos B\u00f3ka: Acho que numa arquitetura sustent\u00e1vel de seguran\u00e7a europeia, a Europa precisa ter algum tipo de rela\u00e7\u00e3o com a R\u00fassia. Portanto, se quisermos construir uma arquitetura de seguran\u00e7a sustent\u00e1vel para as pr\u00f3ximas d\u00e9cadas, de alguma forma \u00e9 preciso delinear a rela\u00e7\u00e3o entre a Europa e a R\u00fassia.Mas n\u00e3o acha que estabelecer linhas vermelhas claras com a R\u00fassia faz parte da constru\u00e7\u00e3o desta arquitetura, desta arquitetura de seguran\u00e7a de que est\u00e1 a falar?N\u00f3s, tal como todos os estados-membros da Uni\u00e3o Europeia, acreditamos que precisamos apoiar plenamente a soberania e a integridade territorial da Ucr\u00e2nia. Acho que isso est\u00e1 al\u00e9m de qualquer d\u00favida. E tamb\u00e9m acredito que uma arquitetura de seguran\u00e7a sustent\u00e1vel n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel sem envolver a R\u00fassia atrav\u00e9s de canais diplom\u00e1ticos, com o objetivo de criar uma arquitetura de seguran\u00e7a sustent\u00e1vel para a Europa. E acho que ainda n\u00e3o estamos l\u00e1, mas acredito que os pr\u00e9-requisitos para esse tipo de envolvimento precisam ser criados em algum momento.Mas, ao mesmo tempo, houve cr\u00edticas \u00e0 Hungria, vindas dos parceiros da Uni\u00e3o Europeia e tamb\u00e9m da NATO, por esta iniciativa tomada por Budapeste do Primeiro-Ministro Viktor Orb\u00e1n viajar para Moscovo e para Pequim. Esta foi uma iniciativa tomada como parte formal da Presid\u00eancia h\u00fangara da Uni\u00e3o Europeia ou foi uma iniciativa individual do primeiro-ministro que n\u00e3o foi discutida previamente com os parceiros?Foi uma iniciativa individual do primeiro-ministro da Hungria. Ele deixou claro em v\u00e1rias ocasi\u00f5es que n\u00e3o negoceia em nome da Uni\u00e3o Europeia porque n\u00e3o tem a compet\u00eancia ou o mandato para o fazer. Tamb\u00e9m deixou claro que o objetivo n\u00e3o \u00e9 apresentar solu\u00e7\u00f5es ou fazer novas iniciativas, mas sim realizar uma miss\u00e3o de averigua\u00e7\u00e3o e esclarecer certas quest\u00f5es. E, ap\u00f3s cada reuni\u00e3o, ele informou o presidente do Conselho Europeu e os chefes de Estado e de Governo dos Estados-membros da Uni\u00e3o Europeia.Mas n\u00e3o acha que, por exemplo, mostrar os v\u00eddeos dessas viagens com o log\u00f3tipo da presid\u00eancia h\u00fangara da Uni\u00e3o Europeia, especialmente depois do que aconteceu h\u00e1 dois dias em Kiev, com aquele bombardeamento terr\u00edvel de um hospital pedi\u00e1trico, foi um pouco embara\u00e7oso, tanto para a Hungria quanto para a Uni\u00e3o Europeia?Os bombardeamentos em Kiev s\u00e3o horr\u00edveis. S\u00e3o terr\u00edveis. E acho que a perda de vidas humanas e os danos causados nesta guerra apenas sublinham a import\u00e2ncia da miss\u00e3o de paz do Primeiro-Ministro da Hungria.Sim, mas n\u00e3o acha que \u00e9 uma falta, uma esp\u00e9cie de falta de respeito por parte de Putin, do Presidente Vladimir Putin? Apenas 48 horas ou tr\u00eas dias depois de uma reuni\u00e3o com o primeiro-ministro da Hungria, ele desencadeou um ataque muito severo \u00e0 capital da Ucr\u00e2nia...Bem, n\u00e3o nos esque\u00e7amos de que a R\u00fassia e a Ucr\u00e2nia est\u00e3o em guerra. E n\u00e3o espero que as partes que est\u00e3o em hostilidades ativas se contenham. O que esperamos destas viagens \u00e9 fornecer informa\u00e7\u00f5es adicionais e contributos para o processo de tomada de decis\u00e3o da Uni\u00e3o Europeia, para podermos encontrar um cessar-fogo que permita que negocia\u00e7\u00f5es de paz substanciais sejam conduzidas.Quais s\u00e3o as bases para este cessar-fogo?Bem, isso \u00e9 o que o Primeiro-Ministro queria descobrir, ver se h\u00e1 alguma vontade por parte das partes e como \u00e9 que as institui\u00e7\u00f5es europeias poderiam ser \u00fateis, poderiam ajudar a encontrar uma sa\u00edda justa e sustent\u00e1vel deste conflito militar.Sim, mas sabemos que existem diverg\u00eancias e diferen\u00e7as entre Budapeste e o resto da Uni\u00e3o Europeia quando se trata de apoiar o armamento da Ucr\u00e2nia.Acho que esta \u00e9 a interpreta\u00e7\u00e3o correta: bastantes estados-membros acreditam que os nossos objetivos estrat\u00e9gicos podem ser alcan\u00e7ados por meios militares no campo de batalha. A inten\u00e7\u00e3o do Primeiro-Ministro era fornecer informa\u00e7\u00f5es adicionais e esclarecimentos que pudessem alimentar estas discuss\u00f5es.N\u00e3o acha que h\u00e1 uma esp\u00e9cie de inconsist\u00eancia no facto de que o objetivo \u00e9 estabelecer uma esp\u00e9cie de arquitetura de seguran\u00e7a permanente, como diz, tendo como base uma linha de fogo e um conflito congelado no cora\u00e7\u00e3o da Europa? \u00c9 isso que chama uma arquitetura de seguran\u00e7a permanente?Bem, a constru\u00e7\u00e3o de uma arquitetura de seguran\u00e7a permanente n\u00e3o \u00e9 responsabilidade da Hungria. Mas acho que todos podemos concordar que haver hostilidades militares ativas entre a R\u00fassia e a Ucr\u00e2nia n\u00e3o \u00e9 uma base sustent\u00e1vel para qualquer futura arquitetura de seguran\u00e7a na Europa. De alguma forma, este conflito militar precisa ser encerrado e isso vai proporcionar uma base para discuss\u00f5es sobre a futura arquitetura de seguran\u00e7a.Os l\u00edderes da NATO reuniram-se para fornecer novos sistemas de armamento \u00e0 Ucr\u00e2nia. Concorda com isso?Bem, a Hungria tomou a decis\u00e3o desde o in\u00edcio deste conflito de fornecer uma assist\u00eancia alargada \u00e0 Ucr\u00e2nia, incluindo assist\u00eancia humanit\u00e1ria, fornecimento de energia e noutras \u00e1reas diferentes. Mas decidimos n\u00e3o fornecer assist\u00eancia militar que, direta ou indiretamente, pudesse ser usada como for\u00e7a letal.Sim, mas isso est\u00e1, digamos, em contradi\u00e7\u00e3o com a decis\u00e3o do Conselho que \u00e9 fornecer \u00e0 Ucr\u00e2nia... Como disse antes, o objetivo \u00e9 dar \u00e0 Ucr\u00e2nia as ferramentas estrat\u00e9gicas para se defender a si pr\u00f3pria, do ponto de vista militar, atrav\u00e9s do uso da for\u00e7a.N\u00e3o vejo qualquer contradi\u00e7\u00e3o aqui. O que acho que a decis\u00e3o \u00e9 fornecer um amplo apoio \u00e0 Ucr\u00e2nia em conformidade com a pol\u00edtica de seguran\u00e7a e defesa e o interesse de cada Estado-membro. Esta \u00e9 a decis\u00e3o que a Uni\u00e3o Europeia tem vindo a tomar. E acho que isto tamb\u00e9m est\u00e1 em linha com os compromissos da NATO. Nunca contest\u00e1mos o direito dos estados-membros apoiarem a Ucr\u00e2nia de formas diferentes de n\u00f3s.Mas est\u00e1 a dificultar, de qualquer forma, o fornecimento de armas \u00e0 Ucr\u00e2nia.N\u00f3s fornecemos apoio \u00e0 Ucr\u00e2nia de acordo com a nossa estrat\u00e9gia de seguran\u00e7a e defesa e a nossa avalia\u00e7\u00e3o.Ent\u00e3o, t\u00eam um conceito divergente de seguran\u00e7a quando se trata do vosso pa\u00eds, que deve ser respeitado e \u00e9 leg\u00edtimo, claro. Mas, temos que afirmar que existe um conceito divergente de seguran\u00e7a para a Hungria, em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 NATO e \u00e0 Uni\u00e3o Europeia, em rela\u00e7\u00e3o aos outros parceiros.Acho que \u00e9 mais preciso dizer que os aliados na NATO e os parceiros na Uni\u00e3o Europeia t\u00eam um campo de interpreta\u00e7\u00e3o, que \u00e9 a base do fornecimento do apoio \u00e0 Ucr\u00e2nia, e a Hungria est\u00e1 bem dentro deste campo de interpreta\u00e7\u00e3o aceite quando se trata de seguran\u00e7a e defesa dos interesses da Europa e da alian\u00e7a transatl\u00e2ntica.Vai continuar a bloquear o Mecanismo Europeu de Apoio \u00e0 Paz?Bem, o Mecanismo Europeu de Apoio \u00e0 Paz \u00e9 uma quest\u00e3o muito complexa. E a quest\u00e3o n\u00e3o \u00e9 se est\u00e1 bloqueado ou n\u00e3o bloqueado. A quest\u00e3o \u00e9 como o Mecanismo Europeu de Apoio \u00e0 Paz pode contribuir para promover os interesses de seguran\u00e7a da Uni\u00e3o Europeia. E h\u00e1 v\u00e1rias quest\u00f5es que est\u00e3o em aberto aqui, por exemplo, o acordo entre os Estados-membros do G7 sobre a concess\u00e3o de empr\u00e9stimos que tamb\u00e9m poderiam ser usados para comprar equipamento militar e canaliz\u00e1-lo atrav\u00e9s do Mecanismo Europeu de Apoio \u00e0 Paz, o que levanta v\u00e1rias quest\u00f5es relacionadas com o Mecanismo Europeu de Apoio \u00e0 Paz. A nossa posi\u00e7\u00e3o \u00e9 que todas estas quest\u00f5es precisam ser esclarecidas. Precisamos de tomar definitivamente uma decis\u00e3o pol\u00edtica sobre o futuro do Mecanismo Europeu de Apoio \u00e0 Paz em geral.O objetivo \u00e9 claro, dar ou n\u00e3o este dinheiro aos ucranianos para reembolsar os gastos militares. Esta \u00e9 basicamente a quest\u00e3o. Ent\u00e3o, qual \u00e9 a complexidade, para al\u00e9m da estrutura e da reda\u00e7\u00e3o, deste mecanismo?Acho que a complexidade e a falta de clareza estrat\u00e9gica sobre a fun\u00e7\u00e3o \u00e9 bastante clara desde o in\u00edcio. Lembro-me da primeira discuss\u00e3o houve uma estimativa sobre quantidade ajuda militar deveria ser fornecida \u00e0 Ucr\u00e2nia e, desde ent\u00e3o, este valor tem aumentado constantemente, apresentando n\u00fameros e formas de financiamento muito divergentes.Tamb\u00e9m \u00e9 contra a utiliza\u00e7\u00e3o de ativos congelados, dos lucros provenientes dos ativos russos congelados? N\u00e3o acha que, depois dos ataques que vimos recentemente em Kiev e na Ucr\u00e2nia, \u00e9 altura de mudar esta pol\u00edtica?A \u00fanica pergunta que temos de fazer \u00e9 se o Mecanismo Europeu de Apoio \u00e0 Paz \u00e9 o melhor ve\u00edculo para canalizar este dinheiro para a Ucr\u00e2nia. Esta \u00e9 a quest\u00e3o que temos. E isso tamb\u00e9m est\u00e1 relacionado com o futuro do Mecanismo Europeu de Apoio \u00e0 Paz em geral.A apresenta\u00e7\u00e3o da agenda \u0022Tornar a Europa grande outra vez\u0022 pelo primeiro-ministro Viktor Orb\u00e1n no Parlamento Europeu vai acontecer ou n\u00e3o?Bem, o primeiro-ministro est\u00e1 pronto para ir ao Parlamento Europeu no momento que for conveniente para o Parlamento Europeu. Ainda n\u00e3o recebemos este convite do Parlamento Europeu. Mas, se e quando recebermos este convite, o primeiro-ministro est\u00e1 pronto e disposto a ir.Mas n\u00e3o acha que \u00e9 pouco comum n\u00e3o receber este convite, que o governo que acabou de assumir a presid\u00eancia da Uni\u00e3o Europeia n\u00e3o tenha recebido tal convite do Parlamento Europeu? \u00c9 que faz parte do protocolo.Bem, eu evitaria ver qualquer complexidade pol\u00edtica aqui. O que sei \u00e9 que o Parlamento Europeu vai ter a primeira sess\u00e3o plen\u00e1ria na pr\u00f3xima semana. Normalmente, o Parlamento Europeu, no momento da transi\u00e7\u00e3o institucional, tem duas sess\u00f5es plen\u00e1rias em julho. E, neste caso, o convite geralmente \u00e9 para a segunda sess\u00e3o plen\u00e1ria de julho. Desta vez, o Parlamento Europeu tem apenas uma sess\u00e3o plen\u00e1ria em julho.Mas a presid\u00eancia h\u00fangara foi agendada h\u00e1 muito tempo.Acho que esta quest\u00e3o deve ser dirigida ao Parlamento Europeu. Acredito que seja apenas uma quest\u00e3o de agenda. Certamente n\u00e3o acredito que o Parlamento Europeu n\u00e3o esteja interessado numa coopera\u00e7\u00e3o sincera entre as institui\u00e7\u00f5es durante a presid\u00eancia h\u00fangara.Acha que estes seis meses v\u00e3o ser a ocasi\u00e3o para a Hungria resolver estas quest\u00f5es pendentes com a Uni\u00e3o Europeia em rela\u00e7\u00e3o ao Estado de Direito?Bem, estou envolvido em nome do governo h\u00fangaro desde 2018 nos diferentes procedimentos para cooperar com as institui\u00e7\u00f5es e resolver quest\u00f5es pol\u00edticas pendentes e preocupa\u00e7\u00f5es. O governo h\u00fangaro tem estado sempre pronto para fazer isso de forma construtiva. E o governo h\u00fangaro mant\u00e9m-se pronto para o fazer durante e depois da presid\u00eancia. N\u00e3o vejo que a presid\u00eancia tenha um impacto especial neste tipo de relacionamento sobre os procedimentos.Sim, mas isso \u00e9 embara\u00e7oso do ponto de vista pol\u00edticos. N\u00e3o concorda? O facto de haver uma quest\u00e3o pendente em rela\u00e7\u00e3o ao Estado de Direito, que est\u00e1 no cerne dos tratados da Uni\u00e3o Europeia.Bem, acho que a quest\u00e3o n\u00e3o \u00e9 sobre embara\u00e7o. A quest\u00e3o \u00e9 por que estamos nesta situa\u00e7\u00e3o e se h\u00e1 uma maneira pol\u00edtica e t\u00e9cnica de sair dela. Acredito que haja uma sa\u00edda. \u00c9 nisso que o governo h\u00fangaro tem trabalhado, num esp\u00edrito de coopera\u00e7\u00e3o construtiva com as institui\u00e7\u00f5es, e \u00e9 isso que vamos continuar a fazer.Considera o artigo sete e a fonte do artigo sete, a Carta dos Direitos Fundamentais da Uni\u00e3o Europeia, uma esp\u00e9cie de viola\u00e7\u00e3o da soberania nacional dos pa\u00edses da UE e da Hungria?Quando aderimos \u00e0 Uni\u00e3o Europeia, fizemos uma avalia\u00e7\u00e3o de que os tratados s\u00e3o compat\u00edveis com o sistema constitucional h\u00fangaro. E voltamos a fazer essa avalia\u00e7\u00e3o quando adot\u00e1mos a lei fundamental da Hungria, que \u00e9 a constitui\u00e7\u00e3o do pa\u00eds. Agora, acredito que n\u00e3o h\u00e1 um conflito constitucional fundamental ou inerente entre a lei fundamental da Hungria e os tratados em si. Claro, as institui\u00e7\u00f5es adotam decis\u00f5es com base nesses tratados. A quest\u00e3o de saber se h\u00e1 conflito constitucional entre essas decis\u00f5es e a lei fundamental h\u00fangara \u00e9 algo que precisa ser examinado caso a caso.N\u00e3o tem medo da poss\u00edvel suspens\u00e3o do direito de voto no conselho?Tenho que ter medo? N\u00e3o tenho medo de tal detextocis\u00e3o. N\u00e3o...Est\u00e1 preocupado?De tempos em tempos, h\u00e1 iniciativas ou h\u00e1 comunica\u00e7\u00e3o nesse sentido. Espero que, eventualmente, encontremos uma maneira de cooperar com os Estados-membros e as institui\u00e7\u00f5es para os interesses comuns da Europa.Em rela\u00e7\u00e3o ao alargamento, partilha as opini\u00f5es da Uni\u00e3o Europeia, por exemplo?Bem, acredito que a abordagem da Uni\u00e3o Europeia \u00e9 que o alargamento \u00e9 um processo objetivo e baseado no m\u00e9rito. E isso, eu subscrevo totalmente.Mas tamb\u00e9m para a Ucr\u00e2nia de forma r\u00e1pida, por exemplo?Bem, acho que o alargamento deve ser um processo objetivo e baseado em m\u00e9rito para todos.Ent\u00e3o, acha que basicamente o Sudeste da Europa, os Balc\u00e3s Ocidentais, t\u00eam prioridade sobre a Ucr\u00e2nia?Ningu\u00e9m tem prioridade num processo objetivo e baseado no m\u00e9rito. Essa \u00e9 a ess\u00eancia de um processo objetivo e baseado no m\u00e9rito: n\u00e3o h\u00e1 prioridades pol\u00edticas objetivas.Mas acha que a Uni\u00e3o Europeia tem a capacidade de acolher a Ucr\u00e2nia? N\u00e3o \u00e9 uma quest\u00e3o apenas baseada em m\u00e9rito.Essa \u00e9 outra quest\u00e3o. Quer dizer, se eu olhar para o tamanho, a popula\u00e7\u00e3o, a situa\u00e7\u00e3o pol\u00edtica e militar na Ucr\u00e2nia, seria muito dif\u00edcil dizer que a Ucr\u00e2nia est\u00e1 agora pronta para se juntar \u00e0 Uni\u00e3o Europeia, ou que estamos em posi\u00e7\u00e3o de dizer, por qualquer margem racional, quando a Ucr\u00e2nia estar\u00e1 pronta para se juntar \u00e0 Uni\u00e3o Europeia.Em termos de capacidade da Uni\u00e3o Europeia, \u00e9 muito mais f\u00e1cil abrir as portas para os pa\u00edses dos Balc\u00e3s Ocidentais.Bem, se eu olhar para o n\u00edvel de prepara\u00e7\u00e3o deles, se eu olhar para o impacto social e econ\u00f3mico da recess\u00e3o, tudo isso \u00e9 consideravelmente menor do que o da Ucr\u00e2nia.E o mesmo vale para a S\u00e9rvia? Apesar de n\u00e3o estar alinhada com as san\u00e7\u00f5es da Uni\u00e3o Europeia contra a R\u00fassia, por exemplo.Isso \u00e9 uma quest\u00e3o pol\u00edtica. E se eu falar do alargamento como um processo objetivo e baseado em m\u00e9rito, isso tamb\u00e9m significa que a Uni\u00e3o Europeia tamb\u00e9m se enquadra no quadro de negocia\u00e7\u00f5es que adotamos juntamente com os pa\u00edses candidatos. E este quadro de negocia\u00e7\u00f5es afirma claramente que os pa\u00edses devem estar totalmente alinhados com a Pol\u00edtica Externa e de Seguran\u00e7a Comum (PESC) no momento da ades\u00e3o. Ent\u00e3o, quando formulamos requisitos pol\u00edticos de que o alinhamento completo deve ser discutido, fazemos isso fora do \u00e2mbito das negocia\u00e7\u00f5es.O centro da agenda da Hungria para estes seis meses \u00e9 a competitividade. Aos olhos de muitos pa\u00edses da Uni\u00e3o Europeia, especialmente os maiores pa\u00edses da Uni\u00e3o Europeia, a reindustrializa\u00e7\u00e3o da Europa \u00e9 o principal objetivo. Tamb\u00e9m parar o outsourcing e impor tarifas sobre os produtos da China, especialmente sem rela\u00e7\u00e3o ao Pacto Ecol\u00f3gico Europeu. Mas a Hungria tem uma posi\u00e7\u00e3o diferente sobre esta quest\u00e3o.N\u00e3o vejo qualquer diferen\u00e7a nesta quest\u00e3o. O que vejo \u00e9 o aumento do investimento chin\u00eas na Europa, o que vai contra a desindustrializa\u00e7\u00e3o. Esta \u00e9 uma reindustrializa\u00e7\u00e3o verde da Europa que fazemos em coopera\u00e7\u00e3o econ\u00f3mica com a China. E tamb\u00e9m vejo que agora as cadeias de log\u00edstica das empresas europeias e chinesas s\u00e3o t\u00e3o complexas e est\u00e3o t\u00e3o interligadas que, ao aumentar o investimento chin\u00eas na Europa, por exemplo, em \u00e1reas onde a China \u00e9 claramente l\u00edder global, incluindo tecnologia verde, isso beneficia tanto os setores econ\u00f3micos chineses como os europeus. Portanto, contribui para a transi\u00e7\u00e3o verde e para a reindustrializa\u00e7\u00e3o da Europa. N\u00e3o vejo uma diferen\u00e7a estrat\u00e9gica nos objetivos.Acha que foi um erro para a Uni\u00e3o Europeia acordos de livre com\u00e9rcio com a China? Para alguns pa\u00edses da Uni\u00e3o Europeia?Acho que, em grande parte, a prosperidade global que desfrutamos agora, incluindo a prosperidade europeia, foi o produto do envolvimento com a China, incluindo a ades\u00e3o da China \u00e0 Organiza\u00e7\u00e3o Mundial do Com\u00e9rcio (OMC) e o envolvimento econ\u00f3mico e comercial com a China. 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János Bóka: "A Europa precisa ter algum tipo de relação com a Rússia"

János Bóka: "A Europa precisa ter algum tipo de relação com a Rússia"
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De Sergio Cantone
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A Euronews falou com o ministro dos Assuntos Europeus da Hungria, János Bóka, país que ocupa, neste momento, a presidência rotativa da UE.

A guerra na Ucrânia, a Rússia, a China, o Estado de Direito. São muitos os temas que têm dividido a Hungria do resto da União Europeia. A Hungria acabou de assumir este mês de julho a Presidência da União Europeia. Que tipo de presidência vai ser esta? Colocámos estas perguntas ao Ministro dos Assuntos Europeus da Hungria, János Bóka.

Ministro János Bóka, bem-vindo à Euronews. Deixe-me perguntar-lhe primeiro, a Rússia é uma ameaça existencial para os interesses da União Europeia e para a sua segurança? Ou acha que existem interesses divergentes que podem ser apaziguados ou resolvidos por outros meios, como meios diplomáticos e políticos?

János Bóka: Acho que numa arquitetura sustentável de segurança europeia, a Europa precisa ter algum tipo de relação com a Rússia. Portanto, se quisermos construir uma arquitetura de segurança sustentável para as próximas décadas, de alguma forma é preciso delinear a relação entre a Europa e a Rússia.

Se quisermos construir uma arquitetura de segurança sustentável para as próximas décadas, de alguma forma é preciso delinear a relação entre a Europa e a Rússia.
János Bóka
Ministro dos Assuntos Europeus da Hungria

Mas não acha que estabelecer linhas vermelhas claras com a Rússia faz parte da construção desta arquitetura, desta arquitetura de segurança de que está a falar?

Nós, tal como todos os estados-membros da União Europeia, acreditamos que precisamos apoiar plenamente a soberania e a integridade territorial da Ucrânia. Acho que isso está além de qualquer dúvida. E também acredito que uma arquitetura de segurança sustentável não é possível sem envolver a Rússia através de canais diplomáticos, com o objetivo de criar uma arquitetura de segurança sustentável para a Europa. E acho que ainda não estamos lá, mas acredito que os pré-requisitos para esse tipo de envolvimento precisam ser criados em algum momento.

Mas, ao mesmo tempo, houve críticas à Hungria, vindas dos parceiros da União Europeia e também da NATO, por esta iniciativa tomada por Budapeste do Primeiro-Ministro Viktor Orbán viajar para Moscovo e para Pequim. Esta foi uma iniciativa tomada como parte formal da Presidência húngara da União Europeia ou foi uma iniciativa individual do primeiro-ministro que não foi discutida previamente com os parceiros?

(As viagens) foram uma iniciativa individual do primeiro-ministro da Hungria. Ele deixou claro em várias ocasiões que não negoceia em nome da União Europeia porque não tem a competência ou o mandato para o fazer.
János Bóka
Ministro dos Assuntos Europeus da Hungria

Foi uma iniciativa individual do primeiro-ministro da Hungria. Ele deixou claro em várias ocasiões que não negoceia em nome da União Europeia porque não tem a competência ou o mandato para o fazer. Também deixou claro que o objetivo não é apresentar soluções ou fazer novas iniciativas, mas sim realizar uma missão de averiguação e esclarecer certas questões. E, após cada reunião, ele informou o presidente do Conselho Europeu e os chefes de Estado e de Governo dos Estados-membros da União Europeia.

Mas não acha que, por exemplo, mostrar os vídeos dessas viagens com o logótipo da presidência húngara da União Europeia, especialmente depois do que aconteceu há dois dias em Kiev, com aquele bombardeamento terrível de um hospital pediátrico, foi um pouco embaraçoso, tanto para a Hungria quanto para a União Europeia?

Os bombardeamentos em Kiev são horríveis. São terríveis. E acho que a perda de vidas humanas e os danos causados nesta guerra apenas sublinham a importância da missão de paz do Primeiro-Ministro da Hungria.

Sim, mas não acha que é uma falta, uma espécie de falta de respeito por parte de Putin, do Presidente Vladimir Putin? Apenas 48 horas ou três dias depois de uma reunião com o primeiro-ministro da Hungria, ele desencadeou um ataque muito severo à capital da Ucrânia...

Bem, não nos esqueçamos de que a Rússia e a Ucrânia estão em guerra. E não espero que as partes que estão em hostilidades ativas se contenham. O que esperamos destas viagens é fornecer informações adicionais e contributos para o processo de tomada de decisão da União Europeia, para podermos encontrar um cessar-fogo que permita que negociações de paz substanciais sejam conduzidas.

Quais são as bases para este cessar-fogo?

Bem, isso é o que o Primeiro-Ministro queria descobrir, ver se há alguma vontade por parte das partes e como é que as instituições europeias poderiam ser úteis, poderiam ajudar a encontrar uma saída justa e sustentável deste conflito militar.

Sim, mas sabemos que existem divergências e diferenças entre Budapeste e o resto da União Europeia quando se trata de apoiar o armamento da Ucrânia.

Acho que esta é a interpretação correta: bastantes estados-membros acreditam que os nossos objetivos estratégicos podem ser alcançados por meios militares no campo de batalha. A intenção do Primeiro-Ministro era fornecer informações adicionais e esclarecimentos que pudessem alimentar estas discussões.

A intenção do primeiro-ministro (húngaro)era fornecer informações adicionais e esclarecimentos que pudessem alimentar estas discussões.
János Bóka
Ministro dos Assuntos Europeus da Hungria

Não acha que há uma espécie de inconsistência no facto de que o objetivo é estabelecer uma espécie de arquitetura de segurança permanente, como diz, tendo como base uma linha de fogo e um conflito congelado no coração da Europa? É isso que chama uma arquitetura de segurança permanente?

Bem, a construção de uma arquitetura de segurança permanente não é responsabilidade da Hungria. Mas acho que todos podemos concordar que haver hostilidades militares ativas entre a Rússia e a Ucrânia não é uma base sustentável para qualquer futura arquitetura de segurança na Europa. De alguma forma, este conflito militar precisa ser encerrado e isso vai proporcionar uma base para discussões sobre a futura arquitetura de segurança.

Os líderes da NATO reuniram-se para fornecer novos sistemas de armamento à Ucrânia. Concorda com isso?

Bem, a Hungria tomou a decisão desde o início deste conflito de fornecer uma assistência alargada à Ucrânia, incluindo assistência humanitária, fornecimento de energia e noutras áreas diferentes. Mas decidimos não fornecer assistência militar que, direta ou indiretamente, pudesse ser usada como força letal.

Sim, mas isso está, digamos, em contradição com a decisão do Conselho que é fornecer à Ucrânia... Como disse antes, o objetivo é dar à Ucrânia as ferramentas estratégicas para se defender a si própria, do ponto de vista militar, através do uso da força.

Nunca contestámos o direito dos estados-membros apoiarem a Ucrânia de formas diferentes de nós.
János Bóka
Ministro dos Assuntos Europeus da Hungria

Não vejo qualquer contradição aqui. O que acho que a decisão é fornecer um amplo apoio à Ucrânia em conformidade com a política de segurança e defesa e o interesse de cada Estado-membro. Esta é a decisão que a União Europeia tem vindo a tomar. E acho que isto também está em linha com os compromissos da NATO. Nunca contestámos o direito dos estados-membros apoiarem a Ucrânia de formas diferentes de nós.

Mas está a dificultar, de qualquer forma, o fornecimento de armas à Ucrânia.

Nós fornecemos apoio à Ucrânia de acordo com a nossa estratégia de segurança e defesa e a nossa avaliação.

Então, têm um conceito divergente de segurança quando se trata do vosso país, que deve ser respeitado e é legítimo, claro. Mas, temos que afirmar que existe um conceito divergente de segurança para a Hungria, em relação à NATO e à União Europeia, em relação aos outros parceiros.

Acho que é mais preciso dizer que os aliados na NATO e os parceiros na União Europeia têm um campo de interpretação, que é a base do fornecimento do apoio à Ucrânia, e a Hungria está bem dentro deste campo de interpretação aceite quando se trata de segurança e defesa dos interesses da Europa e da aliança transatlântica.

Vai continuar a bloquear o Mecanismo Europeu de Apoio à Paz?

Precisamos de tomar definitivamente uma decisão política sobre o futuro do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz em geral.
János Bóka
Ministro dos Asuntos Europeus

Bem, o Mecanismo Europeu de Apoio à Paz é uma questão muito complexa. E a questão não é se está bloqueado ou não bloqueado. A questão é como o Mecanismo Europeu de Apoio à Paz pode contribuir para promover os interesses de segurança da União Europeia. E há várias questões que estão em aberto aqui, por exemplo, o acordo entre os Estados-membros do G7 sobre a concessão de empréstimos que também poderiam ser usados para comprar equipamento militar e canalizá-lo através do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz, o que levanta várias questões relacionadas com o Mecanismo Europeu de Apoio à Paz. A nossa posição é que todas estas questões precisam ser esclarecidas. Precisamos de tomar definitivamente uma decisão política sobre o futuro do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz em geral.

O objetivo é claro, dar ou não este dinheiro aos ucranianos para reembolsar os gastos militares. Esta é basicamente a questão. Então, qual é a complexidade, para além da estrutura e da redação, deste mecanismo?

Acho que a complexidade e a falta de clareza estratégica sobre a função é bastante clara desde o início. Lembro-me da primeira discussão houve uma estimativa sobre quantidade ajuda militar deveria ser fornecida à Ucrânia e, desde então, este valor tem aumentado constantemente, apresentando números e formas de financiamento muito divergentes.

Também é contra a utilização de ativos congelados, dos lucros provenientes dos ativos russos congelados? Não acha que, depois dos ataques que vimos recentemente em Kiev e na Ucrânia, é altura de mudar esta política?

A única pergunta que temos de fazer é se o Mecanismo Europeu de Apoio à Paz é o melhor veículo para canalizar este dinheiro para a Ucrânia. Esta é a questão que temos. E isso também está relacionado com o futuro do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz em geral.

A apresentação da agenda "Tornar a Europa grande outra vez"pelo primeiro-ministro Viktor Orbán no Parlamento Europeu vai acontecer ou não?

Bem, o primeiro-ministro está pronto para ir ao Parlamento Europeu no momento que for conveniente para o Parlamento Europeu. Ainda não recebemos este convite do Parlamento Europeu. Mas, se e quando recebermos este convite, o primeiro-ministro está pronto e disposto a ir.

O primeiro-ministro está pronto para ir ao Parlamento Europeu no momento que for conveniente para o Parlamento Europeu
János Bóka
Ministro dos Assuntos Europeus da Hungria

Mas não acha que é pouco comum não receber este convite, que o governo que acabou de assumir a presidência da União Europeia não tenha recebido tal convite do Parlamento Europeu? É que faz parte do protocolo.

Bem, eu evitaria ver qualquer complexidade política aqui. O que sei é que o Parlamento Europeu vai ter a primeira sessão plenária na próxima semana. Normalmente, o Parlamento Europeu, no momento da transição institucional, tem duas sessões plenárias em julho. E, neste caso, o convite geralmente é para a segunda sessão plenária de julho. Desta vez, o Parlamento Europeu tem apenas uma sessão plenária em julho.

Mas a presidência húngara foi agendada há muito tempo.

Acho que esta questão deve ser dirigida ao Parlamento Europeu. Acredito que seja apenas uma questão de agenda. Certamente não acredito que o Parlamento Europeu não esteja interessado numa cooperação sincera entre as instituições durante a presidência húngara.

Acha que estes seis meses vão ser a ocasião para a Hungria resolver estas questões pendentes com a União Europeia em relação ao Estado de Direito?

Bem, estou envolvido em nome do governo húngaro desde 2018 nos diferentes procedimentos para cooperar com as instituições e resolver questões políticas pendentes e preocupações. O governo húngaro tem estado sempre pronto para fazer isso de forma construtiva. E o governo húngaro mantém-se pronto para o fazer durante e depois da presidência. Não vejo que a presidência tenha um impacto especial neste tipo de relacionamento sobre os procedimentos.

Sim, mas isso é embaraçoso do ponto de vista políticos. Não concorda? O facto de haver uma questão pendente em relação ao Estado de Direito, que está no cerne dos tratados da União Europeia.

Bem, acho que a questão não é sobre embaraço. A questão é por que estamos nesta situação e se há uma maneira política e técnica de sair dela. Acredito que haja uma saída. É nisso que o governo húngaro tem trabalhado, num espírito de cooperação construtiva com as instituições, e é isso que vamos continuar a fazer.

Considera o artigo sete e a fonte do artigo sete, a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, uma espécie de violação da soberania nacional dos países da UE e da Hungria?

As instituições adotam decisões com base nos tratados. A questão de saber se há conflito constitucional entre essas decisões e a lei fundamental húngara é algo que precisa ser examinado caso a caso.
János Bóka
Ministro dos Assuntos Europeus

Quando aderimos à União Europeia, fizemos uma avaliação de que os tratados são compatíveis com o sistema constitucional húngaro. E voltamos a fazer essa avaliação quando adotámos a lei fundamental da Hungria, que é a constituição do país. Agora, acredito que não há um conflito constitucional fundamental ou inerente entre a lei fundamental da Hungria e os tratados em si. Claro, as instituições adotam decisões com base nesses tratados. A questão de saber se há conflito constitucional entre essas decisões e a lei fundamental húngara é algo que precisa ser examinado caso a caso.

Não tem medo da possível suspensão do direito de voto no conselho?

Tenho que ter medo? Não tenho medo de tal detextocisão. Não...

Está preocupado?

De tempos em tempos, há iniciativas ou há comunicação nesse sentido. Espero que, eventualmente, encontremos uma maneira de cooperar com os Estados-membros e as instituições para os interesses comuns da Europa.

Em relação ao alargamento, partilha as opiniões da União Europeia, por exemplo?

Bem, acredito que a abordagem da União Europeia é que o alargamento é um processo objetivo e baseado no mérito. E isso, eu subscrevo totalmente.

Mas também para a Ucrânia de forma rápida, por exemplo?

O alargamento deve ser um processo objetivo e baseado no mérito para todos.
János Bóka
Ministro dos Asuntos Europeus da Hungria

Bem, acho que o alargamento deve ser um processo objetivo e baseado em mérito para todos.

Então, acha que basicamente o Sudeste da Europa, os Balcãs Ocidentais, têm prioridade sobre a Ucrânia?

Ninguém tem prioridade num processo objetivo e baseado no mérito. Essa é a essência de um processo objetivo e baseado no mérito: não há prioridades políticas objetivas.

Mas acha que a União Europeia tem a capacidade de acolher a Ucrânia? Não é uma questão apenas baseada em mérito.

Essa é outra questão. Quer dizer, se eu olhar para o tamanho, a população, a situação política e militar na Ucrânia, seria muito difícil dizer que a Ucrânia está agora pronta para se juntar à União Europeia, ou que estamos em posição de dizer, por qualquer margem racional, quando a Ucrânia estará pronta para se juntar à União Europeia.

Em termos de capacidade da União Europeia, é muito mais fácil abrir as portas para os países dos Balcãs Ocidentais.

Bem, se eu olhar para o nível de preparação deles, se eu olhar para o impacto social e económico da recessão, tudo isso é consideravelmente menor do que o da Ucrânia.

E o mesmo vale para a Sérvia? Apesar de não estar alinhada com as sanções da União Europeia contra a Rússia, por exemplo.

Isso é uma questão política. E se eu falar do alargamento como um processo objetivo e baseado em mérito, isso também significa que a União Europeia também se enquadra no quadro de negociações que adotamos juntamente com os países candidatos. E este quadro de negociações afirma claramente que os países devem estar totalmente alinhados com a Política Externa e de Segurança Comum (PESC) no momento da adesão. Então, quando formulamos requisitos políticos de que o alinhamento completo deve ser discutido, fazemos isso fora do âmbito das negociações.

O centro da agenda da Hungria para estes seis meses é a competitividade. Aos olhos de muitos países da União Europeia, especialmente os maiores países da União Europeia, a reindustrialização da Europa é o principal objetivo. Também parar o outsourcing e impor tarifas sobre os produtos da China, especialmente sem relação ao Pacto Ecológico Europeu. Mas a Hungria tem uma posição diferente sobre esta questão.

Não vejo qualquer diferença nesta questão. O que vejo é o aumento do investimento chinês na Europa, o que vai contra a desindustrialização. Esta é uma reindustrialização verde da Europa que fazemos em cooperação económica com a China. E também vejo que agora as cadeias de logística das empresas europeias e chinesas são tão complexas e estão tão interligadas que, ao aumentar o investimento chinês na Europa, por exemplo, em áreas onde a China é claramente líder global, incluindo tecnologia verde, isso beneficia tanto os setores económicos chineses como os europeus. Portanto, contribui para a transição verde e para a reindustrialização da Europa. Não vejo uma diferença estratégica nos objetivos.

O que vejo é o aumento do investimento chinês na Europa, o que vai contra a desindustrialização. Esta é uma reindustrialização verde da Europa que fazemos em cooperação económica com a China.
János Bóka
Ministro dos Assuntos Europeus da Hungria

Acha que foi um erro para a União Europeia acordos de livre comércio com a China? Para alguns países da União Europeia?

Acho que, em grande parte, a prosperidade global que desfrutamos agora, incluindo a prosperidade europeia, foi o produto do envolvimento com a China, incluindo a adesão da China à Organização Mundial do Comércio (OMC) e o envolvimento económico e comercial com a China. E, se desmantelarmos essa relação, a prosperidade global ou o bem-estar da Europa e de outros parceiros económicos vai sentir as consequências.

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