A eurodeputada da Aliança Verde-Esquerda, Ilaria Salis, que esteve detida na Hungria, entrou pela primeira vez no Parlamento Europeu e anunciou aos jornalistas os objetivos do seu mandato.
Ilaria Salis, a ativista italiana que foi libertada da prisão domiciliária na Hungria depois de ter sido eleita deputada ao Parlamento Europeu, deu esta quarta-feira a sua primeira conferência de imprensa enquanto eurodeputada.
Visivelmente emocionada, Ilaria Salis prometeu empenhar-se nas questões sociais. "Vou empenhar-me a favor dos reclusos, a favor da questão da imigração, que é uma responsabilidade histórica a ser levada a sério, a favor da condição dos jovens, que vai da precariedade à educação", disse.
Questionada sobre a presidência da Comissão Europeia e a continuidade de Ursula Von der Leyen, Salis nada adiantou. "Ainda estamos a avaliar, a tentar encontrar toda a informação para depois termos uma opinião informada", disse.
Depois de ter ado mais de um ano na prisão na Hungria, acusada de atacar militantes de extrema-direita em Budapeste, Salis ainda pode vir a ter problemas com as autoridades húngaras, caso seja solicitado o levantamento da imunidade - que teria de ser aprovado pelo Parlamento Europeu.
"Espero, e conto, que a Europa e o Parlamento Europeu se levantem em defesa dos direitos fundamentais, em defesa da presunção de inocência, do princípio da proporcionalidade e do respeito pelo Estado de direito".
A eurodeputada acrescentou ainda que não pretendia fugir a um processo penal, mas sim receber "um tratamento justo perante a lei, de acordo com o princípio da proporcionalidade".
Caso de ocupação ilegal
No dia da chegada de Ilaria Salis a Bruxelas, o Conselho Regional da Lombardia aprovou a "moção Salis", sobre a recuperação obrigatória dos pagamentos em atraso pela ocupação de habitações sociais, tendo como primeiro signatário um conselheiro do partido Irmãos de Itália, de Giorgia Meloni.
O caso "moção Salis" remonta a 2008 e surge de uma queixa apresentada pela empresa pública de gestão de habitação social Aler (Azienda Lombarda Edilizia Residenziale), que acusa a eurodeputada de ocupação ilegal de uma habitação em 2008, cobrando agora uma dívida de 90.000 euros.
Ilaria Salis rejeitou as acusações. "Estes ataques não se baseiam em nada. Estamos a falar de um o efetuado quando eu tinha 23 anos, agora tenho 40", defendeu. Contudo não deixou de se pronunciar relativamente aos movimentos de ocupação de habitação. "Estes movimentos tentam resolver problemas que as instituições não resolvem de outras formas. O que é correto nem sempre corresponde ao que é legal".
Salis aproveitou ainda o tema para deixar um alerta sobre o papel e missão dos deputados: "Podem alterar as leis que não são corretas", disse. A eurodeputada prometeu que é o que fará logo que comece a trabalhar.