{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2023/06/06/que-papel-para-os-paises-da-europa-central-e-oriental-na-seguranca-europeia" }, "headline": "Que papel para os pa\u00edses da Europa Central e Oriental na seguran\u00e7a europeia?", "description": "Quest\u00f5es importantes, tendo a guera na Ucr\u00e2nia como pano de fundo. O debate, organizado na GLOBSEC, foi moderado por Sergio Cantone, da Euronews, e contou com os chefes da diplomacia da Eslov\u00e1quia e Pol\u00f3nia, assim como da ex-Presidente da Est\u00f3nia.", "articleBody": "O novo papel pol\u00edtico e estrat\u00e9gico dos pa\u00edses da Europa Central e Oriental na Uni\u00e3o Europeia e e para toda a seguran\u00e7a europeia est\u00e1 em discuss\u00e3o aqui em Bratislava , na Eslov\u00e1quia, na Confer\u00eancia de Seguran\u00e7a Global ( GLOBSEC ) em The Global Conversation. Miroslav Wlachovsky , ministro dos Neg\u00f3cios Estrangeiros da Eslov\u00e1quia , Zbigniew Rau , ministro dos Neg\u00f3cios Estrangeiros da Pol\u00f3nia\u00a0 e Kirstie Kaljulaid , que foi presidente da Est\u00f3nia de 2016 a 2021, s\u00e3o os convidados deste . Sergio Cantone, Euronews: H\u00e1 conversas, pelo menos ao n\u00edvel dos meios de comunica\u00e7\u00e3o social, sobre a possibilidade de abrir uma discuss\u00e3o para chegar a uma esp\u00e9cie de cessar-fogo. Pensam que estas tentativas s\u00e3o cred\u00edveis, ou pensam que a paz, ou um cessar-fogo est\u00e1vel, s\u00f3 poder\u00e3o chegar depois de um fracasso militar da R\u00fassia na Ucr\u00e2nia, com a integridade territorial da Ucr\u00e2nia? Miroslav Wlachovsky:\u00a0 Iria repetir-me, porque j\u00e1 o disse v\u00e1rias vezes. A forma mais f\u00e1cil de alcan\u00e7ar a paz na Ucr\u00e2nia \u00e9 a R\u00fassia retirar as suas for\u00e7as. Penso que o que precisamos aqui, n\u00e3o \u00e9 apenas de paz, mas uma paz que reconhecer\u00e1 o agressor, punir\u00e1 o agressor e ajudar\u00e1 de alguma forma a v\u00edtima. \u00c9 esse o nosso objetivo. \u00c9 assim que o direito internacional deve funcionar e as rela\u00e7\u00f5es internacionais devem funcionar. Kirstie Kaljulaid :\u00a0 Sinceramente, todas as conversa\u00e7\u00f5es que digam \u0022vamos fazer agora um cessar-fogo e depois negociar algo em troca\u0022 n\u00e3o funcionariam. Imaginemos que t\u00ednhamos feito o mesmo quando a agress\u00e3o come\u00e7ou. O que \u00e9 que foi feito em Tbil\u00edssi uma ou duas semanas depois do in\u00edcio do conflito (de 2008, entre a Ge\u00f3rgia e a R\u00fassia)? Onde estariam exatamente os russos? A 20 quil\u00f3metros de Kiev. Lamento, mas tem de ser assim: primeiro, os ucranianos limpam o seu territ\u00f3rio e depois podemos falar. Zbigniew Rau: Somos todos a favor da paz. Somos a favor do cessar-fogo. Isto \u00e9 \u00f3bvio. \u00c9 algo que vai do Brasil \u00e0 \u00cdndia, de Fran\u00e7a \u00e0 Est\u00f3nia ou \u00e0 Eslov\u00e1quia ou \u00e0 Pol\u00f3nia. A quest\u00e3o \u00e9: que tipo de paz esperam? Posso dizer-vos muito brevemente o que penso sobre o assunto. A paz desejada \u00e9 uma paz justa que nos permita restaurar a independ\u00eancia nacional da Ucr\u00e2nia, a soberania do Estado, a integridade territorial e a reconstru\u00e7\u00e3o da Ucr\u00e2nia \u00e0 custa da R\u00fassia, acima de tudo, porque a R\u00fassia \u00e9 culpada da destrui\u00e7\u00e3o da Ucr\u00e2nia. Depois, queremos levar \u00e0 justi\u00e7a todos os culpados desta agress\u00e3o. Se se espera uma paz justa e duradoura, \u00e9 preciso que a R\u00fassia n\u00e3o esteja em posi\u00e7\u00e3o de voltar \u00e0s suas pr\u00e1ticas imperiais em mat\u00e9ria de pol\u00edtica externa. SC: J\u00e1 estabelecemos que a R\u00fassia deve retirar-se e respeitar o direito internacional. E enquanto isso n\u00e3o acontecer, n\u00e3o haver\u00e1 qualquer possibilidade... KK:\u00a0 S\u00f3 queria dizer que \u00e9 uma possibilidade. Mas cabe aos ucranianos decidir. Cabe-lhes a eles decidir se sentem que est\u00e3o prontos para se sentar e negociar. Se se sentirem confiantes de que est\u00e3o a negociar a partir de uma posi\u00e7\u00e3o de for\u00e7a, existe uma hip\u00f3tese. Por isso, diria que o cen\u00e1rio n\u00e3o \u00e9 assim t\u00e3o negro. Mas n\u00f3s n\u00e3o podemos decidir. S\u00f3 os ucranianos \u00e9 que podem decidir. Quero que acrescente isso. SC:\u00a0Assistimos recentemente a uma pol\u00e9mica na Uni\u00e3o Europeia relativamente \u00e0 crise dos cereais, \u00e0 crise das importa\u00e7\u00f5es de cereais. Quanto tempo pensam que as vossas sociedades ser\u00e3o capazes de aguentar este tipo de situa\u00e7\u00e3o de emerg\u00eancia? MW: A ntes de mais, n\u00e3o foi uma escolha nossa. Sim, \u00e9 dif\u00edcil para os nossos pa\u00edses. Mas n\u00f3s compreendemos qual seria a alternativa. A alternativa seria muito mais sombria. Ningu\u00e9m quer ser vizinho de uma esp\u00e9cie de regime de Putin na Ucr\u00e2nia ou de Putin na nossa fronteira, em vez de ter como vizinho a Ucr\u00e2nia soberana. \u00c9 muito simples. Penso que o pre\u00e7o que estamos a pagar \u00e9 elevado, mas ainda assim muito mais baixo do que a alternativa. KK :\u00a0 Fiz a mesma pergunta aos meus amigos de Berlim Ocidental. Sentiam vontade de viver num pa\u00eds militarizado durante a Guerra Fria? N\u00e3o, n\u00e3o sentiam. Quer dizer, poder defendermo-nos aumenta a seguran\u00e7a e o sentimento de seguran\u00e7a das pessoas. Por isso, quanto maior for a presen\u00e7a da NATO no flanco oriental, melhor. SC:\u00a0A Pol\u00f3nia, de acordo com o que tem sido dito, \u00e9 chamada a tornar-se uma esp\u00e9cie de fortaleza na Europa. As despesas militares da Pol\u00f3nia est\u00e3o a crescer e desempenham agora um papel pol\u00edtico relevante... ZR: Em primeiro lugar, posso dizer que a sociedade polaca considera a defesa da Ucr\u00e2nia algo n\u00e3o apenas politicamente correto, mas absolutamente crucial, algo que podemos descrever como a nossa escolha existencial. No s\u00e9culo XIX, quando fomos privados da nossa independ\u00eancia, quando n\u00e3o se conseguia encontrar a Pol\u00f3nia no mapa da Europa, os patriotas polacos inventaram este tipo de lema para a vossa e a nossa liberdade, pelo que \u00e9ramos combatentes da liberdade bem conhecidos na Europa. A quest\u00e3o \u00e9 que no s\u00e9culo XIX, e sobretudo no s\u00e9culo XX, est\u00e1vamos prontos a lutar pela liberdade dos outros e os outros n\u00e3o estavam muitas vezes prontos a lutar pela nossa liberdade. Agora, o que experimentamos nesta guerra \u00e9 que h\u00e1 um pa\u00eds, a Ucr\u00e2nia, que de facto est\u00e1 a lutar pela nossa liberdade, quer seja da Eslov\u00e1quia, da Est\u00f3nia ou da Pol\u00f3nia. Quando perguntamos qual o papel que a Pol\u00f3nia est\u00e1 a desempenhar no flanco oriental, estamos convencidos, enquanto aliados da NATO, que o n\u00edvel de despesa militar da alian\u00e7a deve ser de 2% do PIB. Mas, permitam-me que o diga, esse deve ser o limite m\u00ednimo e n\u00e3o o limite m\u00e1ximo. \u00c9 por essa raz\u00e3o que acreditamos que \u00e9 correto gastar neste momento um pouco mais de 4% do nosso PIB neste ano. Pelo menos mais de 3%, porque a no\u00e7\u00e3o de uma alian\u00e7a efetiva a por considerarmo-nos a n\u00f3s pr\u00f3prios. Penso que este tamb\u00e9m \u00e9 o caso e deveria ser o caso com qualquer outro pa\u00eds, um membro da NATO considera-se n\u00e3o apenas como um recetor de seguran\u00e7a, mas tamb\u00e9m como fornecedor de seguran\u00e7a, e essa \u00e9 a raz\u00e3o pela qual decidimos gastar tanto, porque a filosofia subjacente \u00e9 que eu vou ajudar-vos. Antes de mais, temos de estar em posi\u00e7\u00e3o de nos ajudarmos a n\u00f3s pr\u00f3prios, de nos defendermos primeiro e depois defendermos os outros, os nossos vizinhos tamb\u00e9m. SC: Pensam ter\u00a0compreens\u00e3o e apoio suficientes dos outros parceiros europeus no que se refere \u00e0 Uni\u00e3o Europeia, sendo que muitos deles s\u00e3o tamb\u00e9m parceiros na NATO? Acham que eles vos compreendem completamente e sentem que vos apoiam ou h\u00e1 sempre alguma ambiguidade ou algo que n\u00e3o \u00e9 claro, quando se trata de Conselhos Europeus ou de Conselhos de Ministros ou reuni\u00f5es da NATO? KK: Eu sou uma economista de mercado. O mercado tem sempre raz\u00e3o. Ao ver a relut\u00e2ncia com que a ind\u00fastria est\u00e1 a investir contra a aposta de que haver\u00e1 uma necessidade a longo prazo de muni\u00e7\u00f5es, canh\u00f5es, tanques, etc, pensei inicialmente que a ind\u00fastria se tinha tornado pregui\u00e7osa, procurando garantias em todo o lado. Mas, no ano que ou, quanto mais falo com eles, a previs\u00e3o \u00e9 que a vontade de gastar mais em equipamento militar \u00e9 de curta dura\u00e7\u00e3o e pode acabar assim que a guerra terminar ou pouco depois. ZR: Suponho que est\u00e1 a levantar aqui a quest\u00e3o fundamental, porque no seio da alian\u00e7a da NATO falamos sempre de unidade. KK: Unidos na fraqueza, quer dizer? ZR: N\u00e3o \u00e9 uma quest\u00e3o de fraqueza. \u00c9 mais uma quest\u00e3o de n\u00e3o fazer nada. N\u00f3s, no flanco oriental, pensamos nisto de uma forma diferente. Temos de enfrentar o desafio. E aqueles de entre n\u00f3s que s\u00e3o mais sens\u00edveis a este desafio, dada a nossa situa\u00e7\u00e3o geopol\u00edtica, dada a nossa experi\u00eancia hist\u00f3rica, etc., sentimo-nos obrigados a definir a agenda, a tornar esta unidade simplesmente din\u00e2mica, a faz\u00ea-la enfrentar os desafios. Decidimos formar uma coliga\u00e7\u00e3o para os tanques e enviar os ca\u00e7as, por exemplo. \u00c9 uma quest\u00e3o de mostrar o objetivo que todos queremos alcan\u00e7ar. Trata-se, portanto, de um tipo de unidade din\u00e2mica no seio da NATO, de que a Uni\u00e3o Europeia tamb\u00e9m precisa. SC:\u00a0Muito obrigado. Senhor Wlachovsky, gostaria tamb\u00e9m de dizer uma coisa: Isto \u00e9 verdade para os pa\u00edses b\u00e1lticos e para a Pol\u00f3nia. Relativamente \u00e0 Eslov\u00e1quia, a situa\u00e7\u00e3o \u00e9 um pouco diferente, tendo em conta os n\u00fameros. MW: Quando estamos a falar de n\u00fameros e de pessoas, penso que h\u00e1 uma palavra importante \u00e9 lideran\u00e7a. E a lideran\u00e7a significa que lideramos apesar dos n\u00fameros e temos de encontrar uma forma de convencer as pessoas de que isso \u00e9 realmente importante. Aqui, neste pa\u00eds, o governo tomou decis\u00f5es importantes porque pensava, e eu concordo com eles, que era a coisa certa a fazer. Basicamente, foi isso. Era do interesse n\u00e3o s\u00f3 da Eslov\u00e1quia, mas de toda a regi\u00e3o. SC:\u00a0Decis\u00e3o pouco popular, de acordo com os n\u00fameros. MW: H\u00e1 muitas decis\u00f5es impopulares que t\u00eam de ser tomadas, e esta pode ser uma delas. Mas estou orgulhoso por termos sido capazes de as tomar. Penso que n\u00e3o \u00e9 dif\u00edcil tomar uma decis\u00e3o dif\u00edcil quando toda a gente est\u00e1 de acordo. \u00c9 dif\u00edcil tomar uma decis\u00e3o correta quando muitas pessoas discordam. SC: O t\u00edtulo deste debate \u00e9 \u0022Liderar a partir do centro\u0022, mas n\u00e3o acha que esta lideran\u00e7a a partir do centro \u00e9 ineficaz, por existirem alguns buracos negros? Falemos de uma aus\u00eancia muito importante. A Hungria, por exemplo, que deveria ser uma pe\u00e7a-chave. KK: Talvez, de facto, dev\u00eassemos sempre tomar este tipo de m\u00ednimo denominador comum e dizer que nos desintegr\u00e1mos da Uni\u00e3o Europeia porque houve o Brexit. \u00c9 exatamente este o argumento que est\u00e1 a apresentar, apenas o facto de um dos pa\u00edses da Europa Central e Oriental estar a jogar um jogo diferente, mostrando-nos como seria o mundo se n\u00e3o fosse baseado em regras, mas sim em interesses. N\u00e3o uma ordem mundial, mas apenas uma vis\u00e3o do mundo. N\u00e3o \u00e9 justo para n\u00f3s, porque estamos a dar o exemplo. Estamos a gastar. Estamos a tentar defender-nos o mais poss\u00edvel. Estamos a falar de forma educada, mas honesta, sobre a nossa situa\u00e7\u00e3o. Tamb\u00e9m partilhamos honesta e abertamente as nossas preocupa\u00e7\u00f5es por n\u00e3o estarmos todos na mesma p\u00e1gina e estarmos a ter sucesso. SC:\u00a0Na Uni\u00e3o Europeia, de qualquer forma, a Hungria, quando se trata de outras quest\u00f5es que n\u00e3o est\u00e3o relacionadas com a seguran\u00e7a, \u00e9 um bom apoio \u00e0 posi\u00e7\u00e3o da Pol\u00f3nia no que se refere aos direitos civis e ao Estado de direito neste tipo de quest\u00f5es. ZR: Vamos liderar a Europa da mesma forma que a Alemanha quer faz\u00ea-lo? Certamente que n\u00e3o. Especialmente n\u00f3s na Pol\u00f3nia, porque acreditamos em algo muito fundamental: que todos os Estados-Membros da UE s\u00e3o livres e iguais da mesma forma, e os interesses de cada um de n\u00f3s devem ser representados da mesma forma. SC:\u00a0Estava prestes a responder a uma pergunta que chegou pela Internet, sobre os 2% das despesas. A pergunta \u00e9 sobre o facto de ser il\u00f3gico falar sobre a autonomia estrat\u00e9gica da Uni\u00e3o Europeia quando muitos pa\u00edses n\u00e3o est\u00e3o a atingir os 2% das suas despesas. Portanto, a quest\u00e3o militar n\u00e3o \u00e9 uma prioridade para eles? MW: Para mim, n\u00e3o se trata das estruturas. O que est\u00e1 em causa s\u00e3o as capacidades e a capacidade de atuar quando \u00e9 necess\u00e1rio. Devo dizer que sou um grande apoiante da liga\u00e7\u00e3o transatl\u00e2ntica e da NATO como alian\u00e7a de defesa. Mas compreendo perfeitamente o desejo dos nossos aliados americanos e dos nossos amigos americanos. \u0022Por favor, europeus, sejam capazes de lidar com estas quest\u00f5es sozinhos quando for necess\u00e1rio\u201d. Para isso, precisamos dessas capacidades. KK: Para projetar poder e ter influ\u00eancia na vizinhan\u00e7a, s\u00e3o necess\u00e1rias capacidades, citando o Alto Representante Borrell. Portanto, o Ocidente e o Leste sabem-no. Mas, claro, h\u00e1 uma ligeira discrep\u00e2ncia nisso, porque alguns est\u00e3o a falar de autonomia estrat\u00e9gica e outros est\u00e3o a gastar - e n\u00e3o s\u00e3o necessariamente as mesmas pessoas. SC: Penso que a ideia era a autonomia estrat\u00e9gica em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 NATO e aos Estados Unidos. Para os vossos pa\u00edses, este n\u00e3o \u00e9 um verdadeiro seguro de vida. KK:\u00a0 Nunca o ouvi dessa forma, mesmo quando dito por aqueles que inventaram o termo, numa terminologia que nunca tinha ouvido, como Nathalie Tocci, Emmanuel Macron ou Federica Mogherini, para dizer que isto \u00e9 o que estamos a fazer para n\u00e3o sermos mais independentes dos EUA. Sempre disseram que estamos a fazer isto para apoiar a ambi\u00e7\u00e3o global dos EUA, para defender o mundo livre. Mas temos de ser capazes de fazer algo por n\u00f3s pr\u00f3prios. E tem havido muitos mal-entendidos. Algumas palavras tornam-se duras. A culpa n\u00e3o \u00e9 nossa, mas o conceito \u00e9 materialmente correto. ZR: Se a Uni\u00e3o Europeia acredita que \u00e9 um ator global respons\u00e1vel por uma grande situa\u00e7\u00e3o geopol\u00edtica no mundo e se considera defensora dos valores do mundo livre, n\u00e3o pode ficar indiferente \u00e0 situa\u00e7\u00e3o no seu quintal. SC: Consideram que a forma mais pr\u00e1tica de reconstruir a Ucr\u00e2nia seria com uma Ucr\u00e2nia em lista de espera para aderir \u00e0 Uni\u00e3o Europeia ou iniciar a reconstru\u00e7\u00e3o com uma Ucr\u00e2nia dentro da Uni\u00e3o Europeia como membro? De um ponto de vista puramente pr\u00e1tico. E se for politicamente vi\u00e1vel ou economicamente vi\u00e1vel, o que pensam? \u00c9 uma pergunta para os tr\u00eas. KK: O facto \u00e9 que, para que a Ucr\u00e2nia adira \u00e0 Uni\u00e3o Europeia, os l\u00edderes da Uni\u00e3o Europeia t\u00eam de ser capazes de dizer \u00e0s suas empresas e neg\u00f3cios: invistam l\u00e1 como investiriam no vosso pr\u00f3prio pa\u00eds. O ambiente econ\u00f3mico \u00e9 o mesmo. O vosso investimento \u00e9 protegido da mesma forma. O Estado de direito \u00e9 estabelecido da mesma forma. N\u00e3o era este o caso na Ucr\u00e2nia antes da guerra, e espero que consigam ultraar rapidamente as dificuldades que tinham antes. Depois, claro, podem aderir, porque a UE \u00e9 uma uni\u00e3o econ\u00f3mica. E temos tamb\u00e9m o aspeto de que n\u00e3o podemos simplesmente decidir politicamente: \u0022entrem, depois fa\u00e7am as reformas, porque temos de transmitir esta mensagem \u00e0s nossas empresas\u0022. MW: Espero sinceramente que comecemos a reconstru\u00e7\u00e3o da Ucr\u00e2nia antes da ades\u00e3o \u00e0 Uni\u00e3o Europeia, porque quero come\u00e7ar a reconstru\u00e7\u00e3o da Ucr\u00e2nia muito rapidamente. A condi\u00e7\u00e3o pr\u00e9via para isso \u00e9 que a guerra termine. Entretanto, temos de nos preparar e encontrar a melhor forma de os ajudar a reconstruir o seu pa\u00eds. ZR: Muito francamente, suponho que a melhor maneira de proceder \u00e9 lan\u00e7ar estes dois processos em paralelo. Uma via dupla. ", "dateCreated": "2023-05-30T16:36:08+02:00", "dateModified": "2023-06-06T18:03:29+02:00", "datePublished": "2023-06-06T18:00:09+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F64%2F12%2F50%2F1440x810_cmsv2_ba16e301-368c-5cc9-9f9b-09fda7b50b37-7641250.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "Quest\u00f5es importantes, tendo a guera na Ucr\u00e2nia como pano de fundo. 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Que papel para os países da Europa Central e Oriental na segurança europeia?

Que papel para os países da Europa Central e Oriental na segurança europeia?
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Questões importantes, tendo a guera na Ucrânia como pano de fundo. O debate, organizado na GLOBSEC, foi moderado por Sergio Cantone, da Euronews, e contou com os chefes da diplomacia da Eslováquia e Polónia, assim como da ex-Presidente da Estónia.

O novo papel político e estratégico dos países da Europa Central e Oriental na União Europeia e e para toda a segurança europeia está em discussão aqui em Bratislava, na Eslováquia, na Conferência de Segurança Global (GLOBSEC) em The Global Conversation.

Miroslav Wlachovsky, ministro dos Negócios Estrangeiros da Eslováquia, Zbigniew Rau, ministro dos Negócios Estrangeiros da Polóniae Kirstie Kaljulaid, que foi presidente da Estónia de 2016 a 2021, são os convidados deste .

Sergio Cantone, Euronews: Há conversas, pelo menos ao nível dos meios de comunicação social, sobre a possibilidade de abrir uma discussão para chegar a uma espécie de cessar-fogo. Pensam que estas tentativas são credíveis, ou pensam que a paz, ou um cessar-fogo estável, só poderão chegar depois de um fracasso militar da Rússia na Ucrânia, com a integridade territorial da Ucrânia?

**Miroslav Wlachovsky:**Iria repetir-me, porque já o disse várias vezes. A forma mais fácil de alcançar a paz na Ucrânia é a Rússia retirar as suas forças. Penso que o que precisamos aqui, não é apenas de paz, mas uma paz que reconhecerá o agressor, punirá o agressor e ajudará de alguma forma a vítima. É esse o nosso objetivo. É assim que o direito internacional deve funcionar e as relações internacionais devem funcionar.

Kirstie Kaljulaid: Sinceramente, todas as conversações que digam "vamos fazer agora um cessar-fogo e depois negociar algo em troca" não funcionariam. Imaginemos que tínhamos feito o mesmo quando a agressão começou. O que é que foi feito em Tbilíssi uma ou duas semanas depois do início do conflito (de 2008, entre a Geórgia e a Rússia)? Onde estariam exatamente os russos? A 20 quilómetros de Kiev. Lamento, mas tem de ser assim: primeiro, os ucranianos limpam o seu território e depois podemos falar.

Zbigniew Rau: Somos todos a favor da paz. Somos a favor do cessar-fogo. Isto é óbvio. É algo que vai do Brasil à Índia, de França à Estónia ou à Eslováquia ou à Polónia. A questão é: que tipo de paz esperam? Posso dizer-vos muito brevemente o que penso sobre o assunto. A paz desejada é uma paz justa que nos permita restaurar a independência nacional da Ucrânia, a soberania do Estado, a integridade territorial e a reconstrução da Ucrânia à custa da Rússia, acima de tudo, porque a Rússia é culpada da destruição da Ucrânia. Depois, queremos levar à justiça todos os culpados desta agressão. Se se espera uma paz justa e duradoura, é preciso que a Rússia não esteja em posição de voltar às suas práticas imperiais em matéria de política externa.

Queremos uma paz que reconheça o agressor, puna o agressor e ajude de alguma forma a vítima.
Miroslav Wlachovsky
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Eslováquia

SC: Já estabelecemos que a Rússia deve retirar-se e respeitar o direito internacional. E enquanto isso não acontecer, não haverá qualquer possibilidade...

**KK:**Só queria dizer que é uma possibilidade. Mas cabe aos ucranianos decidir. Cabe-lhes a eles decidir se sentem que estão prontos para se sentar e negociar. Se se sentirem confiantes de que estão a negociar a partir de uma posição de força, existe uma hipótese. Por isso, diria que o cenário não é assim tão negro. Mas nós não podemos decidir. Só os ucranianos é que podem decidir. Quero que acrescente isso.

SC: Assistimos recentemente a uma polémica na União Europeia relativamente à crise dos cereais, à crise das importações de cereais. Quanto tempo pensam que as vossas sociedades serão capazes de aguentar este tipo de situação de emergência?

MW: Antes de mais, não foi uma escolha nossa. Sim, é difícil para os nossos países. Mas nós compreendemos qual seria a alternativa. A alternativa seria muito mais sombria. Ninguém quer ser vizinho de uma espécie de regime de Putin na Ucrânia ou de Putin na nossa fronteira, em vez de ter como vizinho a Ucrânia soberana. É muito simples. Penso que o preço que estamos a pagar é elevado, mas ainda assim muito mais baixo do que a alternativa.

KK: Fiz a mesma pergunta aos meus amigos de Berlim Ocidental. Sentiam vontade de viver num país militarizado durante a Guerra Fria? Não, não sentiam. Quer dizer, poder defendermo-nos aumenta a segurança e o sentimento de segurança das pessoas. Por isso, quanto maior for a presença da NATO no flanco oriental, melhor.

SC: A Polónia, de acordo com o que tem sido dito, é chamada a tornar-se uma espécie de fortaleza na Europa. As despesas militares da Polónia estão a crescer e desempenham agora um papel político relevante...

ZR: Em primeiro lugar, posso dizer que a sociedade polaca considera a defesa da Ucrânia algo não apenas politicamente correto, mas absolutamente crucial, algo que podemos descrever como a nossa escolha existencial. No século XIX, quando fomos privados da nossa independência, quando não se conseguia encontrar a Polónia no mapa da Europa, os patriotas polacos inventaram este tipo de lema para a vossa e a nossa liberdade, pelo que éramos combatentes da liberdade bem conhecidos na Europa.

A questão é que no século XIX, e sobretudo no século XX, estávamos prontos a lutar pela liberdade dos outros e os outros não estavam muitas vezes prontos a lutar pela nossa liberdade. Agora, o que experimentamos nesta guerra é que há um país, a Ucrânia, que de facto está a lutar pela nossa liberdade, quer seja da Eslováquia, da Estónia ou da Polónia. Quando perguntamos qual o papel que a Polónia está a desempenhar no flanco oriental, estamos convencidos, enquanto aliados da NATO, que o nível de despesa militar da aliança deve ser de 2% do PIB. Mas, permitam-me que o diga, esse deve ser o limite mínimo e não o limite máximo.

É por essa razão que acreditamos que é correto gastar neste momento um pouco mais de 4% do nosso PIB neste ano. Pelo menos mais de 3%, porque a noção de uma aliança efetiva a por considerarmo-nos a nós próprios. Penso que este também é o caso e deveria ser o caso com qualquer outro país, um membro da NATO considera-se não apenas como um recetor de segurança, mas também como fornecedor de segurança, e essa é a razão pela qual decidimos gastar tanto, porque a filosofia subjacente é que eu vou ajudar-vos. Antes de mais, temos de estar em posição de nos ajudarmos a nós próprios, de nos defendermos primeiro e depois defendermos os outros, os nossos vizinhos também.

A Polónia considera a defesa da Ucrânia não apenas algo politicamente correto, mas absolutamente crucial, algo que podemos descrever como a nossa escolha existencial.
Zbigniew Rau
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia

SC: Pensam ter compreensão e apoio suficientes dos outros parceiros europeus no que se refere à União Europeia, sendo que muitos deles são também parceiros na NATO? Acham que eles vos compreendem completamente e sentem que vos apoiam ou há sempre alguma ambiguidade ou algo que não é claro, quando se trata de Conselhos Europeus ou de Conselhos de Ministros ou reuniões da NATO?

KK: Eu sou uma economista de mercado. O mercado tem sempre razão. Ao ver a relutância com que a indústria está a investir contra a aposta de que haverá uma necessidade a longo prazo de munições, canhões, tanques, etc, pensei inicialmente que a indústria se tinha tornado preguiçosa, procurando garantias em todo o lado. Mas, no ano que ou, quanto mais falo com eles, a previsão é que a vontade de gastar mais em equipamento militar é de curta duração e pode acabar assim que a guerra terminar ou pouco depois.

A vontade de gastar mais em equipamento militar é de curta duração e pode acabar assim que a guerra terminar ou pouco depois.
Kirstie Kaljulaid
Ex-Presidente da Estónia (2016-2021)

ZR: Suponho que está a levantar aqui a questão fundamental, porque no seio da aliança da NATO falamos sempre de unidade.

KK: Unidos na fraqueza, quer dizer?

ZR: Não é uma questão de fraqueza. É mais uma questão de não fazer nada. Nós, no flanco oriental, pensamos nisto de uma forma diferente. Temos de enfrentar o desafio. E aqueles de entre nós que são mais sensíveis a este desafio, dada a nossa situação geopolítica, dada a nossa experiência histórica, etc., sentimo-nos obrigados a definir a agenda, a tornar esta unidade simplesmente dinâmica, a fazê-la enfrentar os desafios. Decidimos formar uma coligação para os tanques e enviar os caças, por exemplo.

É uma questão de mostrar o objetivo que todos queremos alcançar. Trata-se, portanto, de um tipo de unidade dinâmica no seio da NATO, de que a União Europeia também precisa.

SC: Muito obrigado. Senhor Wlachovsky, gostaria também de dizer uma coisa: Isto é verdade para os países bálticos e para a Polónia. Relativamente à Eslováquia, a situação é um pouco diferente, tendo em conta os números.

MW: Quando estamos a falar de números e de pessoas, penso que há uma palavra importante é liderança. E a liderança significa que lideramos apesar dos números e temos de encontrar uma forma de convencer as pessoas de que isso é realmente importante. Aqui, neste país, o governo tomou decisões importantes porque pensava, e eu concordo com eles, que era a coisa certa a fazer. Basicamente, foi isso. Era do interesse não só da Eslováquia, mas de toda a região.

SC: Decisão pouco popular, de acordo com os números.

MW: Há muitas decisões impopulares que têm de ser tomadas, e esta pode ser uma delas. Mas estou orgulhoso por termos sido capazes de as tomar. Penso que não é difícil tomar uma decisão difícil quando toda a gente está de acordo. É difícil tomar uma decisão correta quando muitas pessoas discordam.

Não é difícil tomar uma decisão difícil quando toda a gente está de acordo. É difícil tomar uma decisão correta quando muitas pessoas discordam.
Miroslav Wlachovsky
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Eslováquia

SC: O título deste debate é "Liderar a partir do centro", mas não acha que esta liderança a partir do centro é ineficaz, por existirem alguns buracos negros? Falemos de uma ausência muito importante. A Hungria, por exemplo, que deveria ser uma peça-chave.

KK: Talvez, de facto, devêssemos sempre tomar este tipo de mínimo denominador comum e dizer que nos desintegrámos da União Europeia porque houve o Brexit. É exatamente este o argumento que está a apresentar, apenas o facto de um dos países da Europa Central e Oriental estar a jogar um jogo diferente, mostrando-nos como seria o mundo se não fosse baseado em regras, mas sim em interesses. Não uma ordem mundial, mas apenas uma visão do mundo. Não é justo para nós, porque estamos a dar o exemplo. Estamos a gastar. Estamos a tentar defender-nos o mais possível. Estamos a falar de forma educada, mas honesta, sobre a nossa situação. Também partilhamos honesta e abertamente as nossas preocupações por não estarmos todos na mesma página e estarmos a ter sucesso.

SC: Na União Europeia, de qualquer forma, a Hungria, quando se trata de outras questões que não estão relacionadas com a segurança, é um bom apoio à posição da Polónia no que se refere aos direitos civis e ao Estado de direito neste tipo de questões.

ZR: Vamos liderar a Europa da mesma forma que a Alemanha quer fazê-lo? Certamente que não. Especialmente nós na Polónia, porque acreditamos em algo muito fundamental: que todos os Estados-Membros da UE são livres e iguais da mesma forma, e os interesses de cada um de nós devem ser representados da mesma forma.

SC: Estava prestes a responder a uma pergunta que chegou pela Internet, sobre os 2% das despesas. A pergunta é sobre o facto de ser ilógico falar sobre a autonomia estratégica da União Europeia quando muitos países não estão a atingir os 2% das suas despesas. Portanto, a questão militar não é uma prioridade para eles?

MW: Para mim, não se trata das estruturas. O que está em causa são as capacidades e a capacidade de atuar quando é necessário. Devo dizer que sou um grande apoiante da ligação transatlântica e da NATO como aliança de defesa. Mas compreendo perfeitamente o desejo dos nossos aliados americanos e dos nossos amigos americanos. "Por favor, europeus, sejam capazes de lidar com estas questões sozinhos quando for necessário”. Para isso, precisamos dessas capacidades.

KK: Para projetar poder e ter influência na vizinhança, são necessárias capacidades, citando o Alto Representante Borrell. Portanto, o Ocidente e o Leste sabem-no. Mas, claro, há uma ligeira discrepância nisso, porque alguns estão a falar de autonomia estratégica e outros estão a gastar - e não são necessariamente as mesmas pessoas.

Alguns estão a falar de autonomia estratégica e outros estão a gastar - e não são necessariamente as mesmas pessoas.
Kirstie Kaljulaid
Ex-Presidente da Estónia (2016-2021)

SC: Penso que a ideia era a autonomia estratégica em relação à NATO e aos Estados Unidos. Para os vossos países, este não é um verdadeiro seguro de vida.

**KK:**Nunca o ouvi dessa forma, mesmo quando dito por aqueles que inventaram o termo, numa terminologia que nunca tinha ouvido, como Nathalie Tocci, Emmanuel Macron ou Federica Mogherini, para dizer que isto é o que estamos a fazer para não sermos mais independentes dos EUA. Sempre disseram que estamos a fazer isto para apoiar a ambição global dos EUA, para defender o mundo livre. Mas temos de ser capazes de fazer algo por nós próprios. E tem havido muitos mal-entendidos. Algumas palavras tornam-se duras. A culpa não é nossa, mas o conceito é materialmente correto.

ZR: Se a União Europeia acredita que é um ator global responsável por uma grande situação geopolítica no mundo e se considera defensora dos valores do mundo livre, não pode ficar indiferente à situação no seu quintal.

A União Europeia não pode ficar indiferente à situação no seu quintal.
Zbigniew Rau
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia

SC: Consideram que a forma mais prática de reconstruir a Ucrânia seria com uma Ucrânia em lista de espera para aderir à União Europeia ou iniciar a reconstrução com uma Ucrânia dentro da União Europeia como membro? De um ponto de vista puramente prático. E se for politicamente viável ou economicamente viável, o que pensam? É uma pergunta para os três.

KK: O facto é que, para que a Ucrânia adira à União Europeia, os líderes da União Europeia têm de ser capazes de dizer às suas empresas e negócios: invistam lá como investiriam no vosso próprio país. O ambiente económico é o mesmo. O vosso investimento é protegido da mesma forma. O Estado de direito é estabelecido da mesma forma. Não era este o caso na Ucrânia antes da guerra, e espero que consigam ultraar rapidamente as dificuldades que tinham antes. Depois, claro, podem aderir, porque a UE é uma união económica. E temos também o aspeto de que não podemos simplesmente decidir politicamente: "entrem, depois façam as reformas, porque temos de transmitir esta mensagem às nossas empresas".

MW: Espero sinceramente que comecemos a reconstrução da Ucrânia antes da adesão à União Europeia, porque quero começar a reconstrução da Ucrânia muito rapidamente. A condição prévia para isso é que a guerra termine. Entretanto, temos de nos preparar e encontrar a melhor forma de os ajudar a reconstruir o seu país.

ZR: Muito francamente, suponho que a melhor maneira de proceder é lançar estes dois processos em paralelo. Uma via dupla.

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