Chipre continua profundamente dividido, uma vez que ambas as partes continuam a manter posições firmes antes da reunião alargada em Genebra.
A reunião alargada, que terá lugar em Genebra na segunda-feira, incluirá as partes cipriotas turca e grega, bem como a Turquia, a Grécia, o Reino Unido e a União Europeia.
As partes envolvidas no problema de Chipre parecem estar bem enraizadas nas suas linhas vermelhas para um encontro que acontece num contexto de forte instabilidade geopolítica mundial.
O Chipre grego, que é um Estado da UE, insiste numa federação bizonal e bicomunitária baseada nas resoluções do Conselho de Segurança da ONU, enquanto o Chipre turco defende uma solução de dois Estados.
Aristos Michaelides, diretor do jornal Phileleftheros, concluiu que não se espera um resultado positivo uma vez que as duas partes continuam demasiado afastadas.
“Nesta fase, não são esperados progressos substanciais, mas podem ser propostas medidas de confiança, como a abertura de novos pontos de agem. Ambas as partes concordam com a abertura de novos pontos de agem, embora discordem sobre quais e quando”, disse Michaelides.
Acrescentou que o secretário-geral da ONU poderá intervir para ajudar a resolver esta questão.
"Ele pode já ter os os apropriados com antecedência para que possa haver um acompanhamento", explicou Aristos Michaelides.
O presidente cipriota, Nicos Christodoulides, disse que Nicósia vai a Genebra com um plano concreto e propostas específicas para colocar em cima da mesa.
O líder cipriota turco Ersin Tatar sublinhou a importância das garantias da Turquia e declarou que representaria os direitos do povo cipriota turco. Tatar salientou igualmente que o secretário-geral das Nações Unidas reconheceu que não existe uma base comum entre as partes.
Michaelides referiu que, embora a opinião pública tenha poucas expectativas de progressos, ainda tem alguma esperança de que possa surgir uma solução.
“As pessoas ouvem as declarações de ambos os lados, vêem as linhas vermelhas e sentem uma atmosfera negativa. No entanto, continuam à espera de um milagre para sair do ime”, afirmou.
Embora os defensores de uma solução valorizem a mera convocação da reunião, reconhecem que as expectativas são baixas.
No entanto, após a última reunião de cinco dias, também em Genebra, em 2021, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que “a quadratura do círculo é impossível em geometria, mas é muito comum em política”.
A ilha continua dividida desde 1974, altura em que as forças turcas invadiram e ocuparam a parte norte do território.
Alguns anos mais tarde, e após várias tentativas falhadas de resolução do problema, a chamada República Turca do Norte de Chipre declarou-se independente de Chipre, mas só foi reconhecida pela Turquia.
Os Estados ocidentais - e grande parte da comunidade internacional - consideram a zona ocupada pela Turquia como parte da República de Chipre e apoiam a reunificação da ilha.