Último episódio do braço de ferro diplomático entre os dois países ocorre um mês depois de a Argélia ter expulsado do país, em meados de abril, 12 funcionários ses, ação que teve resposta de França.
A França prometeu expulsar do seu território um número indeterminado de diplomatas argelinos na quarta-feira, em reação à decisão de Argel de mandar regressar 15 funcionários ses no domingo.
A Argélia expulsou 12 funcionários ses em meados de abril, o que levou a França a expulsar 12 diplomatas e funcionários consulares argelinos e a chamar de volta o seu embaixador.
O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, disse à emissora BFM TV que um certo número de funcionários argelinos, titulares de aportes diplomáticos, mas que não têm atualmente vistos válidos para trabalhar em França, serão enviados de volta para o seu país.
Questionado sobre o número de funcionários que a França planeia expulsar, Barrot disse: "Não é tanto uma questão de números, é uma questão de qualidade (...). A Argélia queria mandar embora os nossos agentes, nós estamos a mandar embora os deles".
Na terça-feira, o encarregado de negócios da embaixada sa na Argélia foi convocado pelo Quai d'Orsay e notificado de que os funcionários seriam obrigados a abandonar o país - dois dias depois de a Argélia ter notificado o encarregado de negócios da embaixada sa em Argel da expulsão de 15 funcionários públicos que trabalhavam em missões temporárias.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros argelino ainda não emitiu uma declaração formal sobre a sua decisão, mas um comunicado de imprensa da Agência Argelina de Imprensa (APS) alegou que os funcionários ses expulsos tinham sido nomeados em "condições irregulares".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros francês respondeu com um comunicado de imprensa acusando a Argélia de violar o acordo bilateral de 2013 entre os dois países ao estabelecer "novas condições de o ao território argelino para os funcionários públicos ses titulares de aportes oficiais, diplomáticos ou de serviço".
Em entrevista à BFM TV, Barrot afirmou que a decisão da Argélia é "incompreensível e brutal" e defendeu a reação da França como "imediata, firme e proporcional".
Barrot afirmou que não exclui a possibilidade de adotar "outras medidas", dependendo da evolução da situação.
Relações deterioradas após uma janela de esperança
O diferendo diplomático entre a França e a Argélia intensificou-se este ano e foi alimentado por uma série de questões, que incluem a recusa da Argélia em reitir os cidadãos que foram obrigados a abandonar a França devido à sua atividade criminosa ou a uma ameaça à ordem pública, bem como as tensões sobre a prisão do escritor dissidente franco-argelino Boualem Sansal.
No entanto, a disputa começou a sério no ano ado, quando a França anunciou, em julho, que iria apoiar a reivindicação de longa data de Marrocos sobre o território disputado do Sara Ocidental.
A medida foi recebida com indignação pelo governo argelino, que apoia a reivindicação de autodeterminação do povo sarauí local, e levou Argel a chamar o seu embaixador em Paris.
Embora o presidente francês Emmanuel Macron e o seu homólogo argelino Abdelmadjid Tebboune tenham anunciado, no início de abril, que tinham partilhado uma conversa telefónica promissora sobre o estado das relações bilaterais, a sua tentativa de dissipar as tensões parece ter sido de curta duração.