As conversações decorreram um dia antes de os responsáveis norte-americanos se reunirem com a delegação russa.
O ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, anunciou no domingo que as conversações entre as delegações dos EUA e da Ucrânia na capital da Arábia Saudita, Riade, foram "produtivas e incisivas" e que foram abordados "pontos-chave, incluindo a energia".
Numa publicação na rede social X, Umerov, que liderou a delegação ucraniana, sublinhou que o objetivo do presidente Volodymyr Zelenskyy é "garantir uma paz justa e duradoura" para a Ucrânia e para a Europa em geral, afirmando: "Estamos a trabalhar para tornar esse objetivo uma realidade."
De acordo com a agência noticiosa Ukrinform, a delegação ucraniana incluía também o secretário de Estado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Oleksandr Karasevych, os vice-chefes do gabinete do presidente - Pavlo Palisa e Ihor Zhovkva -, bem como o vice-ministro da Energia, Mykola Kolisnyk.
Palisa confirmou, no mesmo dia, que não se iriam encontrar com a delegação russa em Riade.
Numa mensagem em vídeo publicada no domingo à noite, Zelensky afirmou que as conversações realizadas nesse dia entre os EUA e os funcionários ucranianos foram "muito produtivas". Zelensky apelou também a todas as partes para que continuem a exercer pressão sobre a Rússia para obrigar o país a alcançar um cessar-fogo "verdadeiro".
As conversações decorreram quase duas semanas depois de uma reunião anterior entre as duas partes na cidade portuária saudita de Jeddah, que viu Kiev concordar com uma proposta de Washington para um cessar-fogo de 30 dias, em troca do levantamento da suspensão na ajuda militar e na partilha de informações com a Ucrânia.
A reunião precede as conversações entre as delegações dos EUA e da Rússia, previstas para esta segunda-feira.
A delegação do Kremlin inclui o presidente do comité para os assuntos internacionais da câmara alta da Rússia, Grigory Karasin, e o conselheiro do chefe do Serviço Federal de Segurança da Rússia, Sergey Beseda, de acordo com um assessor presidencial do país.
As conversações decorreram poucos dias depois de Zelenskyy ter acusado o seu homólogo russo, Vladimir Putin, de bloquear os esforços de cessar-fogo, continuando a atuar como um “agressor”. Apesar de os dois líderes terem concordado, em princípio, com um cessar-fogo limitado, os ataques do Kremlin à Ucrânia não foram interrompidos, tendo antes aumentado de intensidade.
Na sexta-feira, uma cimeira da UE em Bruxelas reiterou os apelos para reforçar as defesas da Europa. Os líderes da UE concordaram que os 27 membros do bloco devem ser totalmente capazes de se defender de um ataque russo até 2030.
O enviado especial Steve Witkoff está a chefiar a delegação dos EUA na Arábia Saudita. Em declarações aos meios de comunicação social norte-americanos, Witkoff disse não acreditar nos receios de que Putin esteja a procurar conquistar mais território na Europa.
“Não me parece que ele queira conquistar toda a Europa. Esta é uma situação muito diferente da que existia na Primeira e na Segunda Guerra Mundial, em que não havia NATO”, disse.
“Para mim, é apenas... Nesse sentido, acredito na palavra dele. E penso que os europeus também estão a começar a acreditar nisso. Mas isso não interessa. É uma questão académica.”
Referiu ainda que a sua única intenção é cumprir a agenda do “seu chefe” - o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump -, que a por acabar com a guerra.
No sábado, Trump mencionou que os esforços para impedir uma nova escalada entre a Rússia e a Ucrânia estavam, “de certa forma, sob controlo”. Afirmou também que espera que as conversações em Riade dêem um avanço para finalmente terminar com a guerra de mais de três anos.