Magistrada apresentou queixa depois de receber dezenas de mensagens ameaçadoras nos últimos dias. Assinou o acórdão do Tribunal de Roma sobre os migrantes transferidos para a Albânia.
A juíza Silvia Albano, que com outros cinco magistrados do Tribunal de Roma se pronunciou sobre a detenção de imigrantes em centros italianos na Albânia, foi ameaçada de morte e apresentou uma queixa ao Ministério Público de Roma. Recebeu dezenas de mensagens ameaçadoras nos últimos dias.
A associação Magistratura Democrática (Md), da qual Albano é presidente, sublinhou numa nota que "a campanha de descrédito desencadeada contra os magistrados romanos e, em particular, contra Silvia Albano, contribuiu para a construção de um clima de oposição e ódio, que acabou por se traduzir em graves ameaças à sua segurança e vida".
Albano é membro da Secção Especializada em Direitos Pessoais e Imigração do Tribunal de Roma, que na ada sexta-feira se pronunciousobre a detenção dos primeiros doze imigrantes acolhidos nas instalações construídas em Shengjin e Gjader, na costa albanesa.
Preocupação "intimidação" dos magistrados
A Magistratura Democrática acrescentou ainda que, numa "fase de verdadeira intimidação dos magistrados", o caso de Albano "é um caso que vem juntar-se à necessidade de acompanhar os procuradores do processo Open Arms, atualmente na sua fase final de discussão, e do relatório da Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância (Ecri)". O relatório, divulgado pelo Conselho da Europa, denunciava a xenofobia cada vez mais presente no discurso público italiano, nomeadamente em relação aos migrantes, aos ciganos e às pessoas da comunidade LGBT+.
Nas horas imediatamente a seguir, o Partido Democrático, os Verdes e o partido da primeira-ministra Georgia Meloni, Fratelli d'Italia, manifestaram a sua solidariedade para com a magistrada ameaçada.