{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2021/07/16/industria-europeia-regressa-ao-made-in-europe" }, "headline": "Ind\u00fastria europeia regressa ao \u0022made in Europe\u0022", "description": "Ap\u00f3s d\u00e9cadas de deslocaliza\u00e7\u00f5es com vista \u00e0 produ\u00e7\u00e3o a baixo custo, leis europeias protecionistas est\u00e3o a fazer empresas voltar a produzir na Uni\u00e3o Europeia. No entanto, a depend\u00eancia da \u00c1sia ainda \u00e9, muitas vezes, um obst\u00e1culo.", "articleBody": "As v\u00e1rias d\u00e9cadas de deslocaliza\u00e7\u00f5es da ind\u00fastria para pa\u00edses de produ\u00e7\u00e3o a baixo custo no estrangeiro causaram danos a muitas regi\u00f5es sas, deixando para tr\u00e1s zonas de res\u00edduos industriais. O cen\u00e1rio descrito poderia ser o da pequena cidade de Revin. 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Indústria europeia regressa ao "made in Europe"

Indústria europeia regressa ao "made in Europe"
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De Hans von der BrelieEuronews
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Após décadas de deslocalizações com vista à produção a baixo custo, leis europeias protecionistas estão a fazer empresas voltar a produzir na União Europeia. No entanto, a dependência da Ásia ainda é, muitas vezes, um obstáculo.

As várias décadas de deslocalizações da indústria para países de produção a baixo custo no estrangeiro causaram danos a muitas regiões sas, deixando para trás zonas de resíduos industriais. O cenário descrito poderia ser o da pequena cidade de Revin. Mas uma notícia surpreendente acaba de chegar à região: um grande produtor de bicicletas anunciou o regresso a França.

Precisamos de nos proteger. De qualquer forma, é óbvio: não se pode continuar a vender a nossa indústria à China ou aos países do sudeste asiático
Bernard Dekens
Presidente da associação de municípios "Ardenne Rives de Meuse"

As bicicletas estão de volta a Revin

Revin fica perto da fronteira sa com a Bélgica e foi gravemente afetada pela deslocalização industrial, pois, de acordo com o presidente da autarquia, Daniel Durberq, "nos anos 80/90, Revin tinha 12.500 habitantes. Hoje temos apenas cerca de seis mil. Perdemos metade da nossa população. Temos uma taxa de desemprego de 27%, o que é enorme"

A União Europeia dispõe de instrumentos para combater a concorrência desleal e, para melhor salvaguardar as capacidades industriais dentro do espaço comunitário, a Comissão Europeia introduziu taxas anti-dumping, pelo menos em alguns setores.

O autarca e o presidente da associação de municípios congratulam-se com a proteção às indústrias locais, dada por Bruxelas.

"Precisamos de nos proteger. De qualquer forma, é óbvio: não se pode continuar a vender a nossa indústria à China ou aos países do sudeste asiático", defende Bernard Dekens, presidente da associação "Ardenne Rives de Meuse".

O recentemente anunciado regresso a Revin da Mercier, uma marca sa histórica até agora a produzir no Sudeste Asiático, é motivo de "verdadeira satisfação" para ambos e, para o presidente do município "prova que a indústria não está morta na região de Ardennes e que é possível uma empresa que se deslocou para o estrangeiro há alguns anos, regressar e produzir em França".

UNREPORTED EUROPE/EURONEWS
Mercier vai recuperar espaço industrial em RevinUNREPORTED EUROPE/EURONEWS

A pandemia impulsionou a procura. O plano é produzir anualmente meio milhão de bicicletas e lançar a produção no início do próximo ano.

O investimento de onze milhões de euros é fortemente subsidiado pelos contribuintes ses e europeus. 

A escolha de Revin para o regresso teve por base a localização da cidade, perto dos portos de Roterdão e Antuérpia, uma vez que muitas peças ainda são feitos na Ásia. O o fácil aos mercados-chave também foi importante para a decisão. 

"Estamos próximos dos grandes países europeus, temos ligação à Europa do Norte e do Leste e de um mercado de cerca de 110 milhões de pessoas", explica Maryline Le Maou, da agência de desenvolvimento regional.

Em Revin, vão ser criados 270 postos de trabalho. Poucos dias após a notícia ter sido divulgada, foram deixadas na agência de emprego local centenas de candidaturas de emprego. Entre elas a de Stephanie Jodar, que acredita que "a abertura de uma fábrica aqui vai trazer de volta muita gente" à terra de onde viu muita gente partir por falta de oportunidades.

Alguns dos candidatos lembram-se do local antes de se ter tornado num terreno baldio industrial. Quando a fábrica em que trabalhava foi fechada, Michael Brioso mergulhou numa busca de emprego sem fim.

A Mercier vai dar resposta a uma procura crescente de bicicletas. O diretor da empresa, Jean-Marc Seghezzi, é no entanto contra as taxas de proteção nas fronteiras externas da União Europeia.

“Isto é apenas uma cortina de fumo, estas taxas anti-dumping. É complicado termos taxas anti-dumping, quando, do outro lado, cerca de 80 porcento dos nossos produtores de componentes são asiáticos. Temos de pensar em deslocar essas produções, ou incitar os produtores mundiais de origem asiática a produzir na Europa, em França".

Saint-Étienne, o berço das bicicletas sas que vê a indústria renascer

Por volta de 1920, milhares de pessoas trabalhavam nas fábricas de bicicletas locais. Joelle Virissel, do Museu de Arte e Indústria, sabe tudo sobre a história da indústria na cidade.

“Em 1886, o campeão britânico de ciclismo Duncan apresentou em Saint-Etienne a “bicicleta de segurança”. Os irmãos Gauthier gostaram. Eram mecânicos na indústria do armamento e inspiraram-se nesse modelo para produzir a primeira bicicleta sa fabricada em Saint Etienne. E assim começou uma grande história industrial na nossa cidade".

Mas em algumas décadas, a história de ascensão conheceu o seu momento de queda.

"As ideias fervilhavam, foram registadas patentes, feitas invenções para mudar de velocidade, a caixa de mudanças foi inventada em Saint Etienne, em 1911. Portanto, os anos 20 foram a época dourada das bicicletas. Mas nos anos 70, com a conjuntura económicas, as deslocalizações e a concorrência de algumas fábricas estrangeiras, Saint-Etienne não foi capaz de acompanhar o ritmo".

As taxas anti-dumping ajudaram-nos a fazer a nossa escolha, a concentrarmo-nos na produção local e nos países vizinhos
Aurélien Bonnet
Diretor técnico da Easy Design Technology

Uma start-up local está a reviver a história, após ter lançado uma bicicleta concebida para famílias com crianças, que é um sucesso de vendas.

Patrice Faivre-Duboz, cofundador da Easy Design Technology, garante que trabalhar "apenas com a população local, dá agilidade e flexibilidade. Além disso, se forem necessárias alterações, é mais fácil trabalhar diretamente com a população local do que andar a trocar mails sobre planos de construção e eventualmente ter de viajar para as fábricas na China, por exemplo, para fazer os produtos".

Também o diretor de vendas, Thibauld Vignali, defende que o "made in Europe" traz vantagens para a companhia.

“O principal objetivo para nós é propor uma bicicleta realmente produzida em França, com um preço de mercado próximo do da nossa concorrência, uma bicicleta produzida localmente, que não atravessou dois oceanos, ou 15.000 quilómetros num navio".

O renascimento desta indústria está a ser impulsionado pelas exigências de um mercado em crescimento, mas, conforme reconhece Aurélien Bonnet, diretor técnico da empresa, "as taxas anti-dumping ajudaram-nos a fazer a nossa escolha, a concentrarmo-nos na produção local e nos países vizinhos".

UNREPORTED EUROPE/EURONEWS
Start-up sa quer produzir bicicletas apenas na EuropaUNREPORTED EUROPE/EURONEWS

O disparo da produção de bicicletas em França, dá esperanças a Mounir Sajra, que assinou há alguns meses o seu primeiro contrato a tempo inteiro. Também o jovem francês acredita na política anti-dumping da União Europeia.

"Para mim, isso é algo de bom, vai-nos permitir vender mais, porque vai haver necessariamente menos produtos vindos do estrangeiro".

Taxas de transporte dispendiosas, preocupações climáticas e padrões de consumo em mudança, marketing inteligente e conhecimento industrial sólido têm vindo a impulsionar a indústra, também noutros países europeus.

A dependência da Ásia deixou marcas na União Europeia e é ainda, em muitos casos, evidente. Entre as oportunidades do mercado livre e do protecionismo, as empresas procuram agora adaptar-se.

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