{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2021/09/24/franca-depois-dos-atentados-de-2015" }, "headline": "Fran\u00e7a depois dos atentados de 2015", "description": "Seis anos depois, os mecanismos de ajuda e apoio \u00e0s v\u00edtimas de ataques terroristas foram reformulados. Desde os cuidados imediatos at\u00e9 ao acompanhamento a longo prazo", "articleBody": "No in\u00edcio de setembro, come\u00e7ou o julgamento dos ataques terroristas que mataram 130 pessoas, em Paris , no dia 13 de Novembro de 2015 . Centenas de pessoas v\u00e3o testemunhar. As experi\u00eancias das v\u00edtimas e dos familiares j\u00e1 ajudaram a reformular a resposta de ajuda e socorro do governo franc\u00eas em caso de ataques em massa. \u0022Ainda n\u00e3o cur\u00e1mos esta ferida\u0022 Estelle morreu no ataque \u00e0 sala de concertos do Bataclan. Tinha 25 anos. A m\u00e3e, Marie Bolzer , soube da morte da filha pelo namorado de Estelle. Viajou para a capital com o marido, mas s\u00f3 depois de v\u00e1rios dias de interrogat\u00f3rio \u00e9 que o casal foi finalmente chamado para identificar o corpo no Instituto Forense de Paris. Este m\u00eas, veio da Bretanha para assistir ao julgamento. Vai testemunhar em outubro e diz que quer contar \u201co que aconteceu no dia 13 de novembro, mas tamb\u00e9m o que aconteceu depois, os dias que se seguiram, e os meses, e mesmo os anos\u201d. Diz que esses dias mudaram muitas vidas e que \u201cainda n\u00e3o curou as feridas\u201d. A hist\u00f3ria de Marie \u00e9 apenas um exemplo das muitas dificuldades que aram as v\u00edtimas dos ataques de 2015. A come\u00e7ar pelos erros de identifica\u00e7\u00e3o, que levaram algumas fam\u00edlias para junto de corpos que n\u00e3o eram os dos seus familiares. Aprender com os erros aram seis anos. Os mecanismos de ajuda e apoio \u00e0s v\u00edtimas de ataques terroristas foram reformulados, desde os cuidados imediatos at\u00e9 ao acompanhamento a longo prazo. O hospital Piti\u00e9-Salp\u00e9tri\u00e8re retirou li\u00e7\u00f5es dos erros do ado. Mathieu Raux, o chefe dos Cuidados Intensivos do hospital, coordenou a entrada de dezenas de feridos na noite de 13 de Novembro de 2015. A forma\u00e7\u00e3o do pessoal m\u00e9dico em medicina de guerra e gest\u00e3o de crises, novos sistemas inform\u00e1ticos, e uma unidade dedicada \u00e0 identifica\u00e7\u00e3o de v\u00edtimas s\u00e3o algumas das formas atrav\u00e9s das quais o hospital refor\u00e7ou a prepara\u00e7\u00e3o para potenciais ataques em massa. Mathieu Raux garante que hospital tem, agora, uma melhor capacidade de identificar v\u00edtimas e de cuidar delas, principalmente no que diz respeito ao apoio psicol\u00f3gico. Existe tamb\u00e9m uma melhor capacidade de acompanhar os familiares das v\u00edtimas, quer dentro do hospital, quer nos seus esfor\u00e7os para os encontrar. \u201cE tamb\u00e9m aprendemos a apoiar melhor o nosso pessoal, porque eles tamb\u00e9m foram v\u00edtimas de uma forma de trauma\u201d, sublinha o m\u00e9dico. Resposta do governo Uma Delega\u00e7\u00e3o Interministerial , com a supervis\u00e3o do Minist\u00e9rio da Justi\u00e7a , foi criada para coordenar as pol\u00edticas p\u00fablicas na \u00e1rea do Apoio \u00e0 V\u00edtima . O objetivo \u00e9 melhorar o apoio e o acompanhamento a longo prazo, particularmente em rela\u00e7\u00e3o ao apoio psicol\u00f3gico, compensa\u00e7\u00f5es e regresso ao trabalho. Foram tamb\u00e9m implementadas novas ferramentas, geridas pelo Minist\u00e9rio do Interior , servi\u00e7os de emerg\u00eancia e hospitais. Fr\u00e9d\u00e9rique Calandra coordena esta delega\u00e7\u00e3o e conta que em 2018 foram criados o Sinus e o Sivic, dois dispositivos inform\u00e1ticos digitais de identifica\u00e7\u00e3o de v\u00edtimas que limitar\u00e3o erros, duplica\u00e7\u00f5es e alertas falsos. Recentemente, foi publicado um decreto sobre a cria\u00e7\u00e3o do SIVAC , o sistema de informa\u00e7\u00e3o interministerial para v\u00edtimas de terrorismo e cat\u00e1strofes. \u201cExistem 11 istra\u00e7\u00f5es diferentes e pelo menos sete minist\u00e9rios que podem estar envolvidos na gest\u00e3o destes ataques em massa, ou desastres naturais, ou qualquer acontecimento extremamente grave que envolva muitas v\u00edtimas\u0022, destaca Fr\u00e9d\u00e9rique Calandra. Outra novidade \u00e9 uma unidade de crise que pode ser ativada pelo primeiro-ministro ou pelo Minist\u00e9rio do Interior em caso de ataque, cat\u00e1strofe natural ou acidente grave de qualquer tipo. Yves Hocde, o vice-diretor para a prepara\u00e7\u00e3o e gest\u00e3o de crises do Minist\u00e9rio do Interior franc\u00eas, destaca a equipa que atende chamadas telef\u00f3nicas para responder \u00e0s v\u00e1rias pessoas que podem ser familiares de v\u00edtimas ou v\u00edtimas. \u201cTemos um sistema que nos permite ter mais de 50 pessoas que respondem imediatamente, e se o n\u00famero de chamadas o justificar, aumentamos o n\u00famero com a Cruz Vermelha\u201d, explica. \u0022Virar a p\u00e1gina\u0022 Arthur D\u00e9nouveaux \u00e9 um dos sobreviventes do ataque ao Bataclan e presidente da \u201cLife for Paris\u201d , uma associa\u00e7\u00e3o de v\u00edtimas dos ataques de 13 de novembro. Associa\u00e7\u00e3o luta por \u0022um melhor reconhecimento do estatuto das v\u00edtimas dos ataques terroristas, para facilitar os procedimentos em termos de indemniza\u00e7\u00e3o, reembolso das despesas m\u00e9dicas e de cuidados psicol\u00f3gicos\u0022. Arthur vai testemunhar no julgamento e diz que com essa escolha pode virar uma p\u00e1gina e deixar de lado o \u201cr\u00f3tulo de v\u00edtima\u201c. Para Jean Pierre Albertini, pai de St\u00e9phane , morto no Bataclan, as verdadeiras quest\u00f5es residem noutro lugar. No livro \u0022Mourir au Bataclan\u0022, que escreveu em homenagem ao filho, questiona as a\u00e7\u00f5es escolhidas para combater o \u0022Isl\u00e3o radical\u0022. Diz que \u0022h\u00e1 uma medalha para as v\u00edtimas do terrorismo e que o Estado ite ter chegado a um ime\u201d. Desde 2017, v\u00e1rias dezenas de ataques jihadistas foram travados em Fran\u00e7a e em toda a Europa. Os analistas dizem que \u00e9 o resultado dos esfor\u00e7os feitos depois do fracasso nos atentados de 2015, levados a cabo por indiv\u00edduos conhecidos dos servi\u00e7os de intelig\u00eancia europeus. Jean-Charles Brisard , presidente do Centro de An\u00e1lise do Terrorismo , diz que h\u00e1 uma melhor coopera\u00e7\u00e3o entre Estados e que \u0022isso \u00e9 muito importante para o futuro\u0022. Defende que as organiza\u00e7\u00f5es terroristas t\u00eam sido consideravelmente enfraquecidas pelas ofensivas militares e que \u0022o risco \u00e9 hoje muito menor do que o risco da amea\u00e7a end\u00f3gena\u0022. Esta amea\u00e7a coloca os servi\u00e7os de intelig\u00eancia nacionais na linha da frente. Em Fran\u00e7a, duplicaram em n\u00famero desde 2015. ", "dateCreated": "2021-09-06T16:22:42+02:00", "dateModified": "2021-09-24T19:30:28+02:00", "datePublished": "2021-09-24T19:30:11+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F06%2F03%2F67%2F46%2F1440x810_cmsv2_6530b484-0640-5aef-b1e5-888eb746f2c9-6036746.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "Seis anos depois, os mecanismos de ajuda e apoio \u00e0s v\u00edtimas de ataques terroristas foram reformulados. Desde os cuidados imediatos at\u00e9 ao acompanhamento a longo prazo", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F06%2F03%2F67%2F46%2F432x243_cmsv2_6530b484-0640-5aef-b1e5-888eb746f2c9-6036746.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Person", "familyName": "Gauriat", "givenName": "Val\u00e9rie", "name": "Val\u00e9rie Gauriat", "url": "/perfis/28", "worksFor": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "sameAs": "https://www.x.com/@valgauriat", "memberOf": { "@type": "Organization", "name": "Magazines europ\u00e9ens" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "S\u00e9rie: a minha Europa" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }

França depois dos atentados de 2015

França depois dos atentados de 2015
Direitos de autor euronews
Direitos de autor euronews
De Valérie Gauriat
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Seis anos depois, os mecanismos de ajuda e apoio às vítimas de ataques terroristas foram reformulados. Desde os cuidados imediatos até ao acompanhamento a longo prazo

No início de setembro, começou o julgamento dos ataques terroristas que mataram 130 pessoas, em Paris, no dia 13 de Novembro de 2015. Centenas de pessoas vão testemunhar. As experiências das vítimas e dos familiares já ajudaram a reformular a resposta de ajuda e socorro do governo francês em caso de ataques em massa.

"Ainda não curámos esta ferida"

Estelle morreu no ataque à sala de concertos do Bataclan. Tinha 25 anos. A mãe, Marie Bolzer, soube da morte da filha pelo namorado de Estelle. Viajou para a capital com o marido, mas só depois de vários dias de interrogatório é que o casal foi finalmente chamado para identificar o corpo no Instituto Forense de Paris.

Este mês, veio da Bretanha para assistir ao julgamento. Vai testemunhar em outubro e diz que quer contar “o que aconteceu no dia 13 de novembro, mas também o que aconteceu depois, os dias que se seguiram, e os meses, e mesmo os anos”. Diz que esses dias mudaram muitas vidas e que “ainda não curou as feridas”.

A história de Marie é apenas um exemplo das muitas dificuldades que aram as vítimas dos ataques de 2015. A começar pelos erros de identificação, que levaram algumas famílias para junto de corpos que não eram os dos seus familiares.

Aprender com os erros

aram seis anos. Os mecanismos de ajuda e apoio às vítimas de ataques terroristas foram reformulados, desde os cuidados imediatos até ao acompanhamento a longo prazo. O hospital Pitié-Salpétrière retirou lições dos erros do ado.

Mathieu Raux, o chefe dos Cuidados Intensivos do hospital, coordenou a entrada de dezenas de feridos na noite de 13 de Novembro de 2015. A formação do pessoal médico em medicina de guerra e gestão de crises, novos sistemas informáticos, e uma unidade dedicada à identificação de vítimas são algumas das formas através das quais o hospital reforçou a preparação para potenciais ataques em massa.

Mathieu Raux garante que hospital tem, agora, uma melhor capacidade de identificar vítimas e de cuidar delas, principalmente no que diz respeito ao apoio psicológico. Existe também uma melhor capacidade de acompanhar os familiares das vítimas, quer dentro do hospital, quer nos seus esforços para os encontrar. “E também aprendemos a apoiar melhor o nosso pessoal, porque eles também foram vítimas de uma forma de trauma”, sublinha o médico.

Resposta do governo

Uma Delegação Interministerial, com a supervisão do Ministério da Justiça, foi criada para coordenar as políticas públicas na área do Apoio à Vítima. O objetivo é melhorar o apoio e o acompanhamento a longo prazo, particularmente em relação ao apoio psicológico, compensações e regresso ao trabalho. Foram também implementadas novas ferramentas, geridas pelo Ministério do Interior, serviços de emergência e hospitais.

Frédérique Calandra coordena esta delegação e conta que em 2018 foram criados o Sinus e o Sivic, dois dispositivos informáticos digitais de identificação de vítimas que limitarão erros, duplicações e alertas falsos. Recentemente, foi publicado um decreto sobre a criação do SIVAC, o sistema de informação interministerial para vítimas de terrorismo e catástrofes. “Existem 11 istrações diferentes e pelo menos sete ministérios que podem estar envolvidos na gestão destes ataques em massa, ou desastres naturais, ou qualquer acontecimento extremamente grave que envolva muitas vítimas", destaca Frédérique Calandra.

Outra novidade é uma unidade de crise que pode ser ativada pelo primeiro-ministro ou pelo Ministério do Interior em caso de ataque, catástrofe natural ou acidente grave de qualquer tipo. Yves Hocde, o vice-diretor para a preparação e gestão de crises do Ministério do Interior francês, destaca a equipa que atende chamadas telefónicas para responder às várias pessoas que podem ser familiares de vítimas ou vítimas. “Temos um sistema que nos permite ter mais de 50 pessoas que respondem imediatamente, e se o número de chamadas o justificar, aumentamos o número com a Cruz Vermelha”, explica.

"Virar a página"

Arthur Dénouveaux é um dos sobreviventes do ataque ao Bataclan e presidente da “Life for Paris”, uma associação de vítimas dos ataques de 13 de novembro. Associação luta por "um melhor reconhecimento do estatuto das vítimas dos ataques terroristas, para facilitar os procedimentos em termos de indemnização, reembolso das despesas médicas e de cuidados psicológicos". Arthur vai testemunhar no julgamento e diz que com essa escolha pode virar uma página e deixar de lado o “rótulo de vítima“.

Para Jean Pierre Albertini, pai de Stéphane, morto no Bataclan, as verdadeiras questões residem noutro lugar. No livro "Mourir au Bataclan", que escreveu em homenagem ao filho, questiona as ações escolhidas para combater o "Islão radical". Diz que "há uma medalha para as vítimas do terrorismo e que o Estado ite ter chegado a um ime”.

Desde 2017, várias dezenas de ataques jihadistas foram travados em França e em toda a Europa. Os analistas dizem que é o resultado dos esforços feitos depois do fracasso nos atentados de 2015, levados a cabo por indivíduos conhecidos dos serviços de inteligência europeus.

Jean-Charles Brisard, presidente do Centro de Análise do Terrorismo, diz que há uma melhor cooperação entre Estados e que "isso é muito importante para o futuro". Defende que as organizações terroristas têm sido consideravelmente enfraquecidas pelas ofensivas militares e que "o risco é hoje muito menor do que o risco da ameaça endógena".

Esta ameaça coloca os serviços de inteligência nacionais na linha da frente. Em França, duplicaram em número desde 2015.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Sobreviventes lembram massacre no Bataclan

Ataque ao Bataclan: vítima fala do combate ao stresse pós-traumático

Bataclan: Reconstituição de um dia que França jamais esquecerá