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Euronews: No seu estudo, publicado em 2014, lemos que, na Uni\u00e3o Europeia, uma em cada duas mulheres foi assediada sexualmente e que a Su\u00e9cia e a Dinamarca encabe\u00e7am a lista dos pa\u00edses \u2013 com 80 a 81% \u2013 de mulheres que alegam que foram sexualmente assediadas. Isto vai contra a perspetiva que temos de que os pa\u00edses escandinavos s\u00e3o mais avan\u00e7ados em termos de igualdade de g\u00e9neros\u2026 Joanna Goodey: \u201cQuando se fala de igualdade de g\u00e9neros, quando se atingem elevados n\u00edveis de igualdade de g\u00e9neros, espera-se tamb\u00e9m que as mulheres digam que certos comportamentos s\u00e3o inaceit\u00e1veis. Por isso, quando se tem um longo per\u00edodo, digamos v\u00e1rios anos ou d\u00e9cadas, de igualdade de g\u00e9neros em alguns pa\u00edses, as mulheres t\u00eam mais \u00e0 vontade para dizerem que alguns atos s\u00e3o inaceit\u00e1veis e est\u00e3o mais dispostas a falar dessas experi\u00eancias numa entrevista para um estudo. 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Por exemplo, se trabalham no setor dos neg\u00f3cios ou da finan\u00e7a ou se se tornam diretoras de empresas, est\u00e3o a competir nos cargos tipicamente masculinos. Por outro lado, quando se trabalha com mais homens, o risco de viol\u00eancia \u00e9 maior. Quando as mulheres trabalham em setores onde h\u00e1 outras mulheres como por exemplo nos servi\u00e7os de assist\u00eancia ou trabalho com crian\u00e7as \u2013 setores tipicamente dominados pelas mulheres \u2013 , est\u00e3o menos expostas aos riscos de ass\u00e9dio sexual e tamb\u00e9m n\u00e3o desafiam as regras do g\u00e9nero. Mas quanto mais educa\u00e7\u00e3o se tiver, maior \u00e9 a consci\u00eancia de que certos comportamentos s\u00e3o inaceit\u00e1veis. E menor a disposi\u00e7\u00e3o para tolerar certos ambientes\u201d. E: Como \u00e9 que se pode acabar com, ou reduzir o ass\u00e9dio sexual? J.G: Bom, a legisla\u00e7\u00e3o existe h\u00e1 v\u00e1rios anos sobre a igualdade de g\u00e9neros e sobre o ass\u00e9dio sexual. O problema \u00e9 que para que uma lei seja eficaz \u00e9 preciso aplic\u00e1-la. \u00c9 preciso que as pessoas estejam conscientes. Tamb\u00e9m temos uma nova conven\u00e7\u00e3o do Conselho da Europa, a Conven\u00e7\u00e3o de Istambul, que reconhece o ass\u00e9dio sexual e foi ratificada por muitos pa\u00edses europeus, mas \u00e9 preciso educar as pessoas; educar os rapazes e as raparigas, os homens e as mulheres de uma forma geral; os empregadores. Diversos atores t\u00eam que ser envolvidos para aplicar a lei que est\u00e1 em vigor. 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Assédio Sexual não é tabu para as mulheres escandinavas

Assédio Sexual não é tabu para as mulheres escandinavas
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A Dra Joanna Goodey é responsável do departamento de Justiça e Liberdades da Agência da União Europeia para os Direitos Fundamentais e dirigiu o estudo da União Europeia sobre violência sexual no qua

A Dra Joanna Goodey é responsável do departamento de Justiça e Liberdades da Agência da União Europeia para os Direitos Fundamentais e dirigiu o estudo da União Europeia sobre violência sexual no qual 42 mil mulheres foram entrevistadas. Falámos com ele sobre as conclusões desse estudo.

Euronews: No seu estudo, publicado em 2014, lemos que, na União Europeia, uma em cada duas mulheres foi assediada sexualmente e que a Suécia e a Dinamarca encabeçam a lista dos países – com 80 a 81% – de mulheres que alegam que foram sexualmente assediadas. Isto vai contra a perspetiva que temos de que os países escandinavos são mais avançados em termos de igualdade de géneros…

Joanna Goodey: “Quando se fala de igualdade de géneros, quando se atingem elevados níveis de igualdade de géneros, espera-se também que as mulheres digam que certos comportamentos são inaceitáveis. Por isso, quando se tem um longo período, digamos vários anos ou décadas, de igualdade de géneros em alguns países, as mulheres têm mais à vontade para dizerem que alguns atos são inaceitáveis e estão mais dispostas a falar dessas experiências numa entrevista para um estudo. Noutros países, a experiência de um assédio sexual ainda é vista como um assunto privado. Quando olhamos para os resultados que obtivémos nos países do sul da Europa, vemos que as mulheres estão menos dispostas a falarem por exemplo da violência doméstica à família, aos amigos, aos conhecidos; enquanto nos países escandinavos falam mais facilmente destas experiências – é algo que não têm que esconder. Por causa disto, nas entrevistas estão mais dispostas a dizerem, “sim, isso aconteceu-me e não posso aceitar!”.

E: Ainda de acordo com o estudo, quanto maior é o nível de estudos e o sucesso profissional das mulheres maior é a probabilidade de serem sexualmente assediadas. Porquê?

J.G: “Quanto mais as mulheres sobem nas hierarquias no mundo do trabalho, mais entram num mundo tipicamente dominado por homens. Por exemplo, se trabalham no setor dos negócios ou da finança ou se se tornam diretoras de empresas, estão a competir nos cargos tipicamente masculinos. Por outro lado, quando se trabalha com mais homens, o risco de violência é maior. Quando as mulheres trabalham em setores onde há outras mulheres como por exemplo nos serviços de assistência ou trabalho com crianças – setores tipicamente dominados pelas mulheres – , estão menos expostas aos riscos de assédio sexual e também não desafiam as regras do género. Mas quanto mais educação se tiver, maior é a consciência de que certos comportamentos são inaceitáveis. E menor a disposição para tolerar certos ambientes”.

E: Como é que se pode acabar com, ou reduzir o assédio sexual?

J.G: Bom, a legislação existe há vários anos sobre a igualdade de géneros e sobre o assédio sexual. O problema é que para que uma lei seja eficaz é preciso aplicá-la. É preciso que as pessoas estejam conscientes. Também temos uma nova convenção do Conselho da Europa, a Convenção de Istambul, que reconhece o assédio sexual e foi ratificada por muitos países europeus, mas é preciso educar as pessoas; educar os rapazes e as raparigas, os homens e as mulheres de uma forma geral; os empregadores. Diversos atores têm que ser envolvidos para aplicar a lei que está em vigor. Agir, na realidade.”

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