{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2015/07/10/reporter-o-negocio-ilegal-do-lixo-em-italia" }, "headline": "Reporter: O neg\u00f3cio ilegal do lixo em It\u00e1lia", "description": "Na regi\u00e3o de Vesuvius, uma das zonas mais f\u00e9rteis de It\u00e1lia, a pol\u00edcia est\u00e1 a investigar o tr\u00e1fico ilegal de lixo controlado pelo crime organizado", "articleBody": "Na regi\u00e3o de Vesuvius, uma das zonas mais f\u00e9rteis de It\u00e1lia, a pol\u00edcia est\u00e1 a investigar o tr\u00e1fico ilegal de lixo controlado pelo crime organizado. Estamos em Casal di Principe, uma pequena vila, considerada como o feudo da Mafia napolitana, a Camorra. Escondido atr\u00e1s de uma casa de fam\u00edlia da mafia, a pol\u00edcia ambiental descobriu um aterro ilegal, com todo o tipo de lixo industrial, m\u00e9dico, amianto e res\u00edduos de constru\u00e7\u00e3o. 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Reporter: O negócio ilegal do lixo em Itália

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Na região de Vesuvius, uma das zonas mais férteis de Itália, a polícia está a investigar o tráfico ilegal de lixo controlado pelo crime organizado

Na região de Vesuvius, uma das zonas mais férteis de Itália, a polícia está a investigar o tráfico ilegal de lixo controlado pelo crime organizado. Estamos em Casal di Principe, uma pequena vila, considerada como o feudo da Mafia napolitana, a Camorra.

Escondido atrás de uma casa de família da mafia, a polícia ambiental descobriu um aterro ilegal, com todo o tipo de lixo industrial, médico, amianto e resíduos de construção. As águas subterrâneas estão poluidas. Este aterro foi encontrado através das informações dadas por um arrependido da máfia, Carmine Schiavone.

A polícia continua a escavar e no meio de tanto entulho foram descobertas caixas vindas da Alemanha, ou seja, este tráfico de lixo pode ser internacional. Sergio Costa, General da Polícia Ambiental explica que “quando faziamos as escavações esperavamos encontrar lixo não só desta região ou vindo de outras zonas do país, mas também vindo de fora, de outras zonas da Europa. Mas há também material vindo de outros continentes. São provas que vão ser levadas a tribunal.”

Os aterros subterrâneos comprovam a existência de um tráfico de lixo industrial nesta região gerido pela Camorra desde os anos 80…graças a um controlo do território.

Estamos nas chamadas “Terras de Fogos”, uma faixa de território, com cerca de 50 vilas entre as cidades de Nápoles e Caserta. Os residentes queixam-se das queimadas nos campos, feitas por criminosos, com o objetivo de eliminar o lixo urbano e industrial. Só no ano ado ocorreram 2500 queimadas.

Enzo Tosti é ativista ambiental e leva-nos a uma fábrica abandonada, fechada pela polícia, perto de Orta di Atella. De acordo com Enzo, aqui era produzido estrume, usando descargas águas industriais.

Na fábrica existem mais de 30 sacos de desperdícios texteis abandonados por empresas locais que trabalham de forma ilegal. São os restos de uma atividade ilícita que alimentam o fogo. “Muitas destas empresas que trabalham de forma ilegal colaboram com grandes marcas italianas”, garante Enzo Tosti.

No meio dos campos, pequenos focos como este são regularmente reacendidos. Aqui os lixos municipais são queimados com desperdícios vindos da construção ilegal, texteis e amiantos. Enzo Tosti afirma que “estes materiais, sobretudo o betume, mantém a chama, o fogo, durante vários dias libertando fumos perigosos para a atmosfera durante muito tempo”.

Um problema ambiental que preocupa os cidadãos.
Rumamos a Caivano, nos arredores de Nápoles, uma vila controlada pela Camorra. O pároco local lidera a batalha contra a degradação ambiental da “Terra dos Fogos”. O padre Maurizio Patriciello acredita que a poluição provocada pela queima ilegal dos lixos é responsável pelo aumento de casos de cancro na comunidade. O padre Patriciello lembra que “celebramos os funerais, damo-nos conta que as pessoas estão doentes. Percebi que muitas pessoas da comunidade estão a morrer com as mesmas doenças: cancro e leucemia. Fiz o funeral do Luciano, de 16 anos, do Antonio de 10 e da mãe de 30, depois uma outra mãe de 26 anos. Queremos saber que se a!”

Neste momento ainda não existem dados suficientes para provar a relação entre os casos mortais de cancro e a degradação ambiental. De qualquer forma, de acordo com um estudo do Instituto Italiano de Saúde, nestas zonas há mais casos de cancro de fígado, estômago e bexiga do que a média regional. Além disso, há uma subida no número de novos casos de tumores cerebrais e leucemia nas crianças. Entre os fiéis do padre Maurizio, está Anna…há seis anos perdeu o filho, morreu com uma leucemia grave.

Riccardo, de 22 meses, morreu após mais de um ano de tratamentos intensivos e o transplante de medula. Anna acredita que o filho foi vítima dos crimes ambientais da região. Anna Magri juntou-se a outras mães que perderam os filhos por causa das chamadas “eco-mafias” e acusam o governo italiano de não lutar contra este tráfico que existe há décadas. “Não entendo como é que os camiões que transportam o lixo tóxico e desperdícios chegam do norte de Itália e ninguém vê nada, ninguém ouve nada. Ninguém faz nada, ninguém manda parar os camiões…“sublinha Anna.

De acordo com a organização não governamental Lega Ambiente,estima-se que nos últimos 20 anos, cerca de 410 mil camiões atravessaram Itália para descarregar nesta região mais de 10 milhões de toneladas de lixo industrial.

Em Calvi Risorta, numa zona industrial da província de Caserta, a polícia ambiental descobriu aquele que acreditam ser o maior aterro ilegal da Europa, com mais de 2 milhões de metros cúbicos de desperdícios despejados numa área de 25 hectares. Uma lixeira cheia de solventes tóxicos e resíduos químicos. O padre Patriciello acompanhou a polícia ao local. “A Camorra fez a sua parte, mas Camorra trabalha em parceria com a indústria desonesta. É preciso dizer a verdade, existe uma indústria desonesta, independentemente do que dizem os empresários. Porque se ainda existem empresários que apenas se preocupam com o próprio bem ou países do norte da Europa que acreditam que não é um problema deles…acho que estamos todos errados, este é um problema global”, garante o pároco.

De acordo com a Europol, hoje o tráfico ilegal de resíduos tóxicos está a crescer sobretudo nos países do norte da Europa, que exportam o lixo para África e para a Ásia. Uma tendência confirmada por Claudia Salvestrini, que lideram uma unidade que monotoriza a reciclagem de plásticos.

Desfazer-se de um contentor de resíduos de plástico perigosos, seguindo a lei custa 60 mil euros, de forma ilegal custa 6 mil. A Itália, o destino destes lixos, é agora uma plataforma de venda de plásticos para a China.

Claudia Salvestrini acredita que “o controlo mais apertado que Itália está a realizar nos portos, neste momento, está a fazer com que os carregamentos estejam a ser desviados para Marselha, Eslovénia e Croácia. E, a partir daí, seguem para as rotas asiáticas.”

Em Nápoles encontramo-nos com o Ministério Público para perceber como está a evoluir este fenómeno. O tráfico de lixo tornou-se no quarto maior negócio ilegal em Itália, não apenas no sul do país. Em Brecia, no norte, foi descoberto lixo vindo da Austrália e da Eslovénia. O procurador público de Nápoles, Giovanni Colangelo,explica como funciona a rede: “hoje o tráfico de lixo é feito de forma complexa e sofisticada: são falsificados documentos e criadas empresas fantasma que servem de intermediárias. É tudo falso, incluindo os documentos que devem acompanhar o lixo,os chamados “Fir” e os documentos fiscais das empresas. É desta forma que o transporte ilegal do lixo é feito de forma “legal”“.

Itália aprovou há pouco tempo a lei que prevê penas de prisão até 15 anos para os autores de “ecocrimes”. Mas, de acordo com as autoridades italianas, é necessário avançar com regras mais alargadas a todo o espaço europeu. Sergio Costa, General da Polícia Ambiental defende que “a legislação contra a máfia, sobretudo em matéria de crimes ambientais, deve ser adotada pela lei europeia. Assim, falariamos todos a mesma língua, seguiriamos todos as mesmas regras de investigação. Se o fizermos, vamos evitar este tipo de “colonização criminal” de alguns países europeus…que são vistos, neste momento, por algumas organizações criminosas como locais para “investir”.

A limpeza das terras continua de forma lenta, com medo que a Camorra, depois de ter poluído, venha agora a enriquecer com a cura. Os habitantes de Campania pedem que os locais perigosos sejam assinalados de forma a mostrar que nem toda esta terra está “suja”.

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