{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2015/07/03/xylella-fastidiosa-a-misteriosa-bacteria-que-mata-as-oliveiras" }, "headline": "Xylella fastidiosa: A misteriosa bact\u00e9ria que mata as oliveiras", "description": "Uma bact\u00e9ria est\u00e1 a matar as oliveiras no sul de It\u00e1lia. Portugal, Espanha e Fran\u00e7a est\u00e3o em alerta. Que medidas est\u00e3o a ser tomadas?", "articleBody": "H\u00e1 j\u00e1 algum tempo que uma das miss\u00f5es dos servi\u00e7os de prote\u00e7\u00e3o florestal italianos \u00e9 procurar uma misteriosa bact\u00e9ria. Estamos na regi\u00e3o da Ap\u00falia, no sul de It\u00e1lia. Sup\u00f5e-se que a proveni\u00eancia da chamada Xylella fastidiosa \u00e9 a Costa Rica. O sul da Europa est\u00e1 em alerta: esta bact\u00e9ria ataca sobretudo as oliveiras, mas tamb\u00e9m amendoeiras, vinhas e citrinos. Antonio De Pascalis tem um olival. H\u00e1 cerca de dois anos que ele e outros produtores iniciaram uma luta contra a Xylella fastidiosa, que amea\u00e7a dizimar uma cultura milenar. A forma que t\u00eam de intervir \u00e9 cortar os ramos contaminados. \u201cO grande problema na nossa terra \u00e9 essa doen\u00e7a. Veja s\u00f3: aqui na zona de Salento, temos 25 milh\u00f5es de oliveiras. O inseto n\u00e3o p\u00e1ra de proliferar. Todas as primaveras ataca uma \u00e1rea cada vez maior. Toda esta zona est\u00e1 cheia de \u00e1rvores secas\u201d, afirma. Outro produtor, Gino Rausa, desabafa: \u201cO que \u00e9 que vamos deixar \u00e0s pr\u00f3ximas gera\u00e7\u00f5es? Os nossos anteados fizeram grandes sacrif\u00edcios para proteger as oliveiras. E n\u00f3s? O que vamos deixar aos nossos filhos e netos?\u201d At\u00e9 agora, na Europa, s\u00f3 o sul de It\u00e1lia foi afetado. O surto foi identificado perto de Gallipoli, no final de 2013. A doen\u00e7a espalhou-se a uma velocidade estonteante. H\u00e1 milh\u00f5es de \u00e1rvores em risco. H\u00e1 um dedo da M\u00e1fia em tudo isto? Em Bari, fomos ao encontro de Maril\u00f9 Mastrogiovanni, uma jornalista de investiga\u00e7\u00e3o que tem escrito sobre a Xylella fastidiosa. Segundo ela, o que est\u00e1 por tr\u00e1s de tudo isto n\u00e3o \u00e9 uma bact\u00e9ria: \u00e9 a corrup\u00e7\u00e3o pol\u00edtica, os projetos tur\u00edsticos, a M\u00e1fia. \u201cH\u00e1 casos espec\u00edficos que est\u00e3o a ser investigados pela Procuradoria-geral, sob suspeita de liga\u00e7\u00f5es ao crime organizado. Tem tudo a ver com a especula\u00e7\u00e3o imobili\u00e1ria\u201d, considera. O combate contra a bact\u00e9ria est\u00e1 a ser coordenado pelos servi\u00e7os de prote\u00e7\u00e3o florestal. A principal medida para conter o surto foi a cria\u00e7\u00e3o de uma esp\u00e9cie de cord\u00e3o de seguran\u00e7a. Mas a verdade \u00e9 que a doen\u00e7a j\u00e1 foi detetada fora dessa zona. O respons\u00e1vel pelos servi\u00e7os locais, Giuseppe Silletti, salienta o seguinte: \u201cEstamos a terminar a parte do trabalho com inseticidas. \u00c9 claro que ningu\u00e9m prev\u00ea o exterm\u00ednio total do inseto respons\u00e1vel pela transmiss\u00e3o. Isso \u00e9 imposs\u00edvel. Mas, se repetirmos as medidas de preven\u00e7\u00e3o todos os anos, vamos ter resultados positivos. Toda a gente tem de perceber que aqui h\u00e1 s\u00f3 um inimigo: a Xylella fastidiosa.\u201d Para alguns defensores da agricultura biol\u00f3gica, como Luca Belletti, a amea\u00e7a n\u00e3o \u00e9 real e ningu\u00e9m lhes pode impor a utiliza\u00e7\u00e3o de produtos qu\u00edmicos. Ali\u00e1s, o caso foi a tribunal. Luca ganhou. \u201c\u00c9 verdade que h\u00e1 um fen\u00f3meno que est\u00e1 a secar as \u00e1rvores. Mas isso sempre aconteceu. A culpa \u00e9 dos fungos. Nos \u00faltimos dez anos, o clima mudou aqui na zona de Salento. Os ver\u00f5es s\u00e3o mais quentes, os invernos mais frios, chove muito mais. E depois h\u00e1 o uso indiscriminado de pesticidas\u201d, aponta. O receio que os olivais hist\u00f3ricos se transformem num deserto Regressamos a Bari, para acompanhar as investiga\u00e7\u00f5es cient\u00edficas que t\u00eam como base amostras de folhas de oliveira provenientes da zona de seguran\u00e7a. Foi a Comiss\u00e3o Europeia que imp\u00f4s a cria\u00e7\u00e3o de uma \u00e1rea de condicionamento que atravessa a Ap\u00falia de costa a costa. Estes cientistas n\u00e3o t\u00eam d\u00favidas de que a respons\u00e1vel \u00e9 a Xylella fastidiosa. Um deles, Donato Boscia, pergunta e responde: \u201orque \u00e9 que as \u00e1rvores est\u00e3o a morrer? Porque a bact\u00e9ria bloqueia os veios que transportam a \u00e1gua das ra\u00edzes at\u00e9 \u00e0s folhas\u2026\u201d No entanto, Luca criou uma esp\u00e9cie de grupo de resist\u00eancia em Oria para evitar o abate de \u00e1rvores por parte dos servi\u00e7os florestais. Na verdade, esta \u00e1rea fica fora da zona de seguran\u00e7a. Ou seja, em teoria, n\u00e3o deveria haver casos de contamina\u00e7\u00e3o aqui. Mas h\u00e1. V\u00e1rios. As autoridades pretendem cortar mais de 200 \u00e1rvores. Carlo Ceglie, um dos membros do grupo, diz que \u201co plano \u00e9 cortar tudo e reflorestar a zona, num raio de cem metros em torno de cada \u00e1rvore contaminada. Isto \u00e9, fica um deserto. Perguntamos aos nossos amigos em Portugal, Fran\u00e7a, Espanha: se quisessem transformar os vossos olivais num deserto, aceitariam?\u201d Mas v\u00e1rios especialistas, como o engenheiro agr\u00f3nomo Giancarlo Biasco, insistem: para controlar o alastramento dos insetos respons\u00e1veis \u00e9 necess\u00e1ria uma combina\u00e7\u00e3o entre interven\u00e7\u00f5es tradicionais, produtos qu\u00edmicos e o abate de \u00e1rvores. \u201ara salvar todas as outras oliveiras, \u00e9 preciso sacrificar algumas centenas delas. E isso evita tamb\u00e9m que o cont\u00e1gio avance para outras zonas de It\u00e1lia e da Europa\u201d, real\u00e7a. Esta planta\u00e7\u00e3o em Palmariggi tem mais de mil anos. O seu propriet\u00e1rio, Raffaele Cazzetta, prop\u00f5e a uni\u00e3o entre pequenos produtores para tomarem conta de olivais abandonados, particularmente problem\u00e1ticos porque \u00e9 onde a contamina\u00e7\u00e3o se faz mais rapidamente. \u201cNeste azeite vive a hist\u00f3ria do nosso povo, a nossa identidade, a nossa cultura, a nossa mem\u00f3ria. A secagem das \u00e1rvores \u00e9 algo que nos provoca muito medo\u201d, declara Raffaele. Nino tenta salvar uma oliveira. N\u00e3o consegue esconder a emo\u00e7\u00e3o. \u201cA culpa \u00e9 de todos n\u00f3s. As pessoas abandonaram o campo. J\u00e1 ningu\u00e9m tira a madeira morta assim, isto fazia-se h\u00e1 40, 50 anos. Sou eu que tenho de tirar o tumor da \u00e1rvore. Temos de lhe dar vida, porque ela d\u00e1-nos vida a n\u00f3s\u201d, vaticina. O m\u00e9todo ancestral consiste em cortar as partes contaminadas e queim\u00e1-las. Bruxelas considera que n\u00e3o chega, que s\u00e3o necess\u00e1rios produtos qu\u00edmicos e abates para proteger o resto da Europa da bact\u00e9ria Xylella. Giuseppe Silletti: O inimigo chama-se Xylella Para aceder \u00e0 entrevista integral (em italiano) com o respons\u00e1vel pelos servi\u00e7os de prote\u00e7\u00e3o florestal da Ap\u00falia, clique nesta liga\u00e7\u00e3o Giancarlo Biasco: O perigo reside na bact\u00e9ria Para aceder \u00e0 entrevista integral (em italiano) com este engenheiro agr\u00f3nomo especialista no problema da Xylella fastidiosa, clique nesta liga\u00e7\u00e3o Donato Boscia: Como morrem as oliveiras Para aceder \u00e0 entrevista integral (em italiano) com o diretor do Instituto para a Prote\u00e7\u00e3o Sustent\u00e1vel das Plantas em Bari, clique nesta liga\u00e7\u00e3o", "dateCreated": "2015-07-03T11:20:43+02:00", "dateModified": "2015-07-03T11:20:43+02:00", "datePublished": "2015-07-03T11:20:43+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F309145%2F1440x810_309145.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Uma bact\u00e9ria est\u00e1 a matar as oliveiras no sul de It\u00e1lia. 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Xylella fastidiosa: A misteriosa bactéria que mata as oliveiras

Xylella fastidiosa: A misteriosa bactéria que mata as oliveiras
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De Nuno Prudêncio
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Uma bactéria está a matar as oliveiras no sul de Itália. Portugal, Espanha e França estão em alerta. Que medidas estão a ser tomadas?

Há já algum tempo que uma das missões dos serviços de proteção florestal italianos é procurar uma misteriosa bactéria. Estamos na região da Apúlia, no sul de Itália. Supõe-se que a proveniência da chamada Xylella fastidiosa é a Costa Rica. O sul da Europa está em alerta: esta bactéria ataca sobretudo as oliveiras, mas também amendoeiras, vinhas e citrinos.

Antonio De Pascalis tem um olival. Há cerca de dois anos que ele e outros produtores iniciaram uma luta contra a Xylella fastidiosa, que ameaça dizimar uma cultura milenar. A forma que têm de intervir é cortar os ramos contaminados. “O grande problema na nossa terra é essa doença. Veja só: aqui na zona de Salento, temos 25 milhões de oliveiras. O inseto não pára de proliferar. Todas as primaveras ataca uma área cada vez maior. Toda esta zona está cheia de árvores secas”, afirma. Outro produtor, Gino Rausa, desabafa: “O que é que vamos deixar às próximas gerações? Os nossos anteados fizeram grandes sacrifícios para proteger as oliveiras. E nós? O que vamos deixar aos nossos filhos e netos"> Notícias relacionadas

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