{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/green/2024/04/22/quais-os-riscos-para-a-saude-ao-trabalhar-durante-uma-vaga-de-calor" }, "headline": "Quais os riscos para a sa\u00fade ao trabalhar durante uma vaga de calor?", "description": "Desde guias tur\u00edsticos a agricultores, milh\u00f5es de trabalhadores t\u00eam de trabalhar ao ar livre, mesmo durante vagas de calor. O que acontece dentro do nosso corpo e que perigos enfrenta a nossa sa\u00fade?", "articleBody": "Este m\u00eas no Climate Now, viajamos at\u00e9 \u00e0 Gr\u00e9cia para conhecer cientistas que investigam os riscos do calor extremo no local de trabalho. O Servi\u00e7o de Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas Copernicus publicou os seus dados mais recentes, onde \u00e9 mostrado que mar\u00e7o de 2024 foi o mar\u00e7o mais quente de que h\u00e1 registo a n\u00edvel global, com temperaturas 0,7 graus Celsius acima da m\u00e9dia de 1991-2020 e 2,2 graus acima da m\u00e9dia europeia. A Alemanha e os Pa\u00edses Baixos tiveram o m\u00eas de mar\u00e7o mais quente desde que h\u00e1 registo. No leste dos Estados Unidos e no Canad\u00e1, a temperatura esteve muito acima da m\u00e9dia. Enquanto isso, algumas zonas da Calif\u00f3rnia registaram temperaturas invulgarmente frias e neve. As temperaturas da superf\u00edcie do mar a n\u00edvel mundial continuam a registar n\u00edveis recorde nas zonas n\u00e3o polares. O gr\u00e1fico do Copernicus das anomalias da temperatura do ar, com dados desde a d\u00e9cada de 1940, mostra que a temperatura aumentou mais de 1,5 graus do que a m\u00e9dia pr\u00e9-industrial nos primeiros tr\u00eas meses de 2024. Os dados relativos a mar\u00e7o correspondem assim ao d\u00e9cimo m\u00eas de dez meses consecutivos com temperaturas recorde. O problema crescente do stresse por calor Muitos trabalhadores em todo o mundo enfrentam atualmente o problema do stresse por calor no local de trabalho. No ado, a quest\u00e3o era associada aos trabalhadores da constru\u00e7\u00e3o civil e aos oper\u00e1rios, mas hoje a investiga\u00e7\u00e3o mostra que est\u00e1 em causa uma vasta camada da popula\u00e7\u00e3o, desde jornalistas e subscritores de seguros a equipas de teatro de ver\u00e3o e guias tur\u00edsticos. Androniki Miliou oferece visitas guiadas ao patrim\u00f3nio mundial de Meteora, na Gr\u00e9cia central, e diz \u00e0 Euronews que nos meses de ver\u00e3o as temperaturas podem ser dif\u00edceis de aguentar: \u0022Muitas vezes, a temperatura \u00e9 de 35 graus Celsius ou mais, o que \u00e9 bastante complicado. Por norma, temos de esperar muito tempo nas escadas para subir aos mosteiros, e isso n\u00e3o nos ajuda, nem a n\u00f3s nem \u00e0s outras pessoas, a lidar com a situa\u00e7\u00e3o.\u0022 Nos dias mais quentes, tamb\u00e9m perde dinheiro: \u0022Quando o calor \u00e9 in\u00e1vel os s\u00edtios arqueol\u00f3gicos costumam encerrar, porque n\u00f3s n\u00e3o aguentamos e as pessoas tamb\u00e9m n\u00e3o\u0022, afirma. O que acontece no nosso corpo quando aquecemos demasiado? Na cidade de Trikala, na Universidade de Tess\u00e1lia, um grupo de investiga\u00e7\u00e3o liderado pelo professor Andreas Flouris est\u00e1 a estudar os efeitos do calor no corpo no local de trabalho. O professor Flouris faz parte de uma iniciativa importante na Gr\u00e9cia para chamar a aten\u00e7\u00e3o para o problema do stresse por calor, que at\u00e9 levou a que o servi\u00e7o nacional de meteorologia publicasse online aquilo que \u00e9 conhecido como temperatura WBGT, um indicador da sensa\u00e7\u00e3o de calor com base na radia\u00e7\u00e3o, temperatura e humidade. Fal\u00e1mos com ele enquanto estudava o agricultor Athanasios Peristeris, equipando-o com sensores para medir o consumo de energia e a temperatura exterior e interior do seu corpo. \u0022Por um lado, precisamos de saber o que acontece no exterior do corpo \u2013 chamemos-lhe casca \u2013 mas tamb\u00e9m no interior, que tem uma grande influ\u00eancia na temperatura do c\u00e9rebro\u0022, diz o professor Flouris. A pr\u00f3xima etapa consiste em Peristeris levar a cabo trabalho manual pesado numa sala com uma temperatura semelhante \u00e0 das ondas de calor e l\u00e2mpadas que simulam a luz do sol. Enquanto Peristeris trabalha, 85\u00a0% da sua energia transforma-se em calor e o corpo aquece, incluindo o c\u00e9rebro. \u0022Ao fazer este tipo de trabalho, a temperatura interior dele sobe. E se subir acima dos 39 a 39,5 graus Celsius, a temperatura do c\u00e9rebro ir\u00e1 come\u00e7ar a afetar o funcionamento do sistema nervoso. A dada altura, o c\u00e9rebro entra em colapso e isso resulta numa condi\u00e7\u00e3o que pode levar \u00e0 morte, o chamado golpe de calor\u0022, explica o professor Flouris. Esta investiga\u00e7\u00e3o mostra que o c\u00e9rebro e o sistema nervoso s\u00e3o as partes do nosso corpo mais sens\u00edveis ao calor: \u0022N\u00e3o s\u00e3o os rins, n\u00e3o s\u00e3o os pulm\u00f5es, n\u00e3o \u00e9 o cora\u00e7\u00e3o, embora estes tamb\u00e9m sejam afetados. O sistema nervoso central \u00e9 o primeiro a entrar em colapso.\u0022 Quando trabalha no ver\u00e3o, Peristeris evita as horas mais quentes do dia. No entanto, diz-nos que o calor o faz sentir-se mal por vezes. \u0022A sensa\u00e7\u00e3o que o calor me traz \u00e9 de desconforto, dor no peito, algo como um peso na zona frontal e dificuldade em respirar\u0022, diz. Estes sintomas s\u00e3o o primeiro sinal de alerta. Quando o c\u00e9rebro e o corpo aquecem demasiado, os trabalhadores devem parar, descansar, beber \u00e1gua e procurar sombra. Se o fizerem, preservar\u00e3o a sua sa\u00fade e tamb\u00e9m a sua produtividade, segundo o professor Flouris. \u0022Uma quest\u00e3o muito importante a compreender \u00e9 que o calor n\u00e3o beneficia ningu\u00e9m. Nem os trabalhadores, que veem a sua sa\u00fade prejudicada, nem os empregadores, que perdem v\u00e1rias coisas, v\u00e1rios benef\u00edcios financeiros, gra\u00e7as \u00e0s perdas de produtividade. Mas verific\u00e1mos que, com solu\u00e7\u00f5es simples e pr\u00e1ticas, n\u00e3o se perde qualquer produtividade. De facto, ganha-se produtividade em vez de se perder\u0022, conclui. ", "dateCreated": "2024-04-16T16:04:20+02:00", "dateModified": "2024-04-22T16:01:07+02:00", "datePublished": "2024-04-22T16:00:51+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F08%2F37%2F71%2F20%2F1440x810_cmsv2_1686764d-1106-50ef-a188-0cf500dfda0f-8377120.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "Desde guias tur\u00edsticos a agricultores, milh\u00f5es de trabalhadores t\u00eam de trabalhar ao ar livre, mesmo durante vagas de calor. O que acontece dentro do nosso corpo e que perigos enfrenta a nossa sa\u00fade?", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F08%2F37%2F71%2F20%2F432x243_cmsv2_1686764d-1106-50ef-a188-0cf500dfda0f-8377120.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Person", "familyName": "Wilks", "givenName": "Jeremy", "name": "Jeremy Wilks", "url": "/perfis/67", "worksFor": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "sameAs": "https://www.x.com/@WilksJeremy", "jobTitle": "Journaliste Producer", "memberOf": { "@type": "Organization", "name": "Producers Magazine" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "S\u00e9ries" ] }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Quais os riscos para a saúde ao trabalhar durante uma vaga de calor?

Em parceria com
Quais os riscos para a saúde ao trabalhar durante uma vaga de calor?
Direitos de autor euronews
Direitos de autor euronews
De Jeremy Wilks
Publicado a
Partilhe esta notícia
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Desde guias turísticos a agricultores, milhões de trabalhadores têm de trabalhar ao ar livre, mesmo durante vagas de calor. O que acontece dentro do nosso corpo e que perigos enfrenta a nossa saúde?

PUBLICIDADE

Este mês no Climate Now, viajamos até à Grécia para conhecer cientistas que investigam os riscos do calor extremo no local de trabalho.

O Serviço de Alterações Climáticas Copernicus publicou os seus dados mais recentes, onde é mostrado que março de 2024 foi o março mais quente de que há registo a nível global, com temperaturas 0,7 graus Celsius acima da média de 1991-2020 e 2,2 graus acima da média europeia.

Em março, as temperaturas médias globais foram 0,7ºC superiores à média de 1991-2020. Dados do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus implementados pelo ECMWF
Em março, as temperaturas médias globais foram 0,7ºC superiores à média de 1991-2020. Dados do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus implementados pelo ECMWFeuronews

A Alemanha e os Países Baixos tiveram o mês de março mais quente desde que há registo. No leste dos Estados Unidos e no Canadá, a temperatura esteve muito acima da média. Enquanto isso, algumas zonas da Califórnia registaram temperaturas invulgarmente frias e neve. As temperaturas da superfície do mar a nível mundial continuam a registar níveis recorde nas zonas não polares.

Comparação da anomalia da temperatura de março de 2024 com os dados desde a década de 1940. Dados do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus implementados pelo ECMWF
Comparação da anomalia da temperatura de março de 2024 com os dados desde a década de 1940. Dados do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus implementados pelo ECMWFeuronews

O gráfico do Copernicus das anomalias da temperatura do ar, com dados desde a década de 1940, mostra que a temperatura aumentou mais de 1,5 graus do que a média pré-industrial nos primeiros três meses de 2024. Os dados relativos a março correspondem assim ao décimo mês de dez meses consecutivos com temperaturas recorde.

Sul da Europa regista precipitações acima da média em março de 2024. Dados do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus implementados pelo ECMWF
Sul da Europa regista precipitações acima da média em março de 2024. Dados do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus implementados pelo ECMWFeuronews

O problema crescente do stresse por calor

Muitos trabalhadores em todo o mundo enfrentam atualmente o problema do stresse por calor no local de trabalho. No ado, a questão era associada aos trabalhadores da construção civil e aos operários, mas hoje a investigação mostra que está em causa uma vasta camada da população, desde jornalistas e subscritores de seguros a equipas de teatro de verão e guias turísticos.

Androniki Miliou oferece visitas guiadas ao património mundial de Meteora, na Grécia central, e diz à Euronews que nos meses de verão as temperaturas podem ser difíceis de aguentar: "Muitas vezes, a temperatura é de 35 graus Celsius ou mais, o que é bastante complicado. Por norma, temos de esperar muito tempo nas escadas para subir aos mosteiros, e isso não nos ajuda, nem a nós nem às outras pessoas, a lidar com a situação."

Nos dias mais quentes, também perde dinheiro: "Quando o calor é inável os sítios arqueológicos costumam encerrar, porque nós não aguentamos e as pessoas também não", afirma.

O que acontece no nosso corpo quando aquecemos demasiado?

Na cidade de Trikala, na Universidade de Tessália, um grupo de investigação liderado pelo professor Andreas Flouris está a estudar os efeitos do calor no corpo no local de trabalho. O professor Flouris faz parte de uma iniciativa importante na Grécia para chamar a atenção para o problema do stresse por calor, que até levou a que o serviço nacional de meteorologia publicasse online aquilo que é conhecido como temperatura WBGT, um indicador da sensação de calor com base na radiação, temperatura e humidade.

Falámos com ele enquanto estudava o agricultor Athanasios Peristeris, equipando-o com sensores para medir o consumo de energia e a temperatura exterior e interior do seu corpo.

"Por um lado, precisamos de saber o que acontece no exterior do corpo – chamemos-lhe casca – mas também no interior, que tem uma grande influência na temperatura do cérebro", diz o professor Flouris.

A próxima etapa consiste em Peristeris levar a cabo trabalho manual pesado numa sala com uma temperatura semelhante à das ondas de calor e lâmpadas que simulam a luz do sol. Enquanto Peristeris trabalha, 85 % da sua energia transforma-se em calor e o corpo aquece, incluindo o cérebro.

"Ao fazer este tipo de trabalho, a temperatura interior dele sobe. E se subir acima dos 39 a 39,5 graus Celsius, a temperatura do cérebro irá começar a afetar o funcionamento do sistema nervoso. A dada altura, o cérebro entra em colapso e isso resulta numa condição que pode levar à morte, o chamado golpe de calor", explica o professor Flouris.

Esta investigação mostra que o cérebro e o sistema nervoso são as partes do nosso corpo mais sensíveis ao calor: "Não são os rins, não são os pulmões, não é o coração, embora estes também sejam afetados. O sistema nervoso central é o primeiro a entrar em colapso."

Quando trabalha no verão, Peristeris evita as horas mais quentes do dia. No entanto, diz-nos que o calor o faz sentir-se mal por vezes.

"A sensação que o calor me traz é de desconforto, dor no peito, algo como um peso na zona frontal e dificuldade em respirar", diz.

Estes sintomas são o primeiro sinal de alerta. Quando o cérebro e o corpo aquecem demasiado, os trabalhadores devem parar, descansar, beber água e procurar sombra. Se o fizerem, preservarão a sua saúde e também a sua produtividade, segundo o professor Flouris.

"Uma questão muito importante a compreender é que o calor não beneficia ninguém. Nem os trabalhadores, que veem a sua saúde prejudicada, nem os empregadores, que perdem várias coisas, vários benefícios financeiros, graças às perdas de produtividade.

Mas verificámos que, com soluções simples e práticas, não se perde qualquer produtividade. De facto, ganha-se produtividade em vez de se perder", conclui.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notícia

Notícias relacionadas

Onda de calor obriga milhões de pessoas a ficar em casa