{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/business/2018/09/13/alexis-tsipras-existiu-e-continua-a-existir-um-defice-democratico" }, "headline": "Alexis Tsipras: \u0022Existiu e continua a existir um d\u00e9fice democr\u00e1tico\u0022", "description": "O primeiro-ministro grego esteve em Estrasburgo, onde proferiu um discurso no Parlamento Europeu. Em entrevista \u00e0 Euronews falou de v\u00e1rias mat\u00e9rias, sobre a Gr\u00e9cia e a Europa", "articleBody": "Terminada a \u0022Odisseia\u0022 da austeridade, a Gr\u00e9cia vive o in\u00edcio de uma nova era ap\u00f3s o fim do programa de resgate. 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E pelo facto de a Gr\u00e9cia ter precisado de oito anos, ao abrigo de programas r\u00edgidos de ajustamento fiscal, enquanto outros pa\u00edses conseguiram abandon\u00e1-los em tr\u00eas anos. Tamb\u00e9m critiquei fortemente o facto de estes programas e pol\u00edticas se terem decidido \u00e0 porta fechada. Existiu e continua a existir um d\u00e9fice democr\u00e1tico que juntamente com o fetichismo fiscal e uma abordagem econ\u00f3mica neoliberal de gest\u00e3o da crise, faz parte das raz\u00f5es pelas quais a Europa deixou de ser t\u00e3o atraente para os cidad\u00e3os e ajuda a explicar a ascens\u00e3o da extrema-direita. Se me perguntar pela Europa, posso dizer que foi obrigada a adaptar-se mas n\u00e3o fez muito e o que fez foi demasiado tarde. As mudan\u00e7as foram tardias e deveriam ter sido mais profundas. Em rela\u00e7\u00e3o a mim, todas as pessoas mudam e adaptam-se para lidar com as dificuldades mas o meu rumo principal n\u00e3o mudou. O n\u00facleo central das minhas ideias, da minha ideologia, e o meu derradeiro objetivo era retirar o pa\u00eds da crise. Fi-lo com as menores perdas poss\u00edveis para a maioria social. Euronews - Na contagem decrescente para as elei\u00e7\u00f5es europeias e atendendo ao facto de que a paisagem pol\u00edtica mudou na Europa, quem apoiaria? Encontrou-se com o comiss\u00e1rio Pierre Moscovici. Consegue v\u00ea-lo como um poss\u00edvel Presidente da Comiss\u00e3o Europeia apesar de ser um membro dos socialistas e n\u00e3o da esquerda? Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - O mais importante antes de considerarmos as pessoas \u00e9 olhar para as pol\u00edticas. O Syriza pode desempenhar um papel crucial para criar um contexto de converg\u00eancia mais alargado entre as for\u00e7as progressistas e democr\u00e1ticas da esquerda pol\u00edtica, da social-democracia aos ecologistas. Estamos a trabalhar neste sentido sem mudar a nossa fam\u00edlia pol\u00edtica. Considero bastante positivo que ao longo dos tr\u00eas anos a que tenho vindo a assistir a encontros dos l\u00edderes socialistas - convidado como observador, porque assim o quis \u2013 tenha estado pr\u00f3ximo de todos esses procedimentos porque penso que tem de se criar algo novo para a Europa e para as for\u00e7as pol\u00edticas que apoiam a maioria social. ECONOMIA GREGA - CORTES NAS PENS\u00d5ES Euronews - Voltando \u00e0 Gr\u00e9cia e \u00e0s quest\u00f5es econ\u00f3micas, o pa\u00eds j\u00e1 n\u00e3o est\u00e1 sob um programa de resgate. Os respons\u00e1veis europeus congratularam a Gr\u00e9cia por todos os esfor\u00e7os feitos mas o povo continua preocupado com as medidas que ainda est\u00e3o para vir. Refiro-me a novos cortes nas pens\u00f5es que foram acordados com as institui\u00e7\u00f5es. Est\u00e1 em posi\u00e7\u00e3o de ignorar o Fundo Monet\u00e1rio Internacional, que pediu essa medida, ou at\u00e9 de a cancelar, mesmo que se tratasse de um ato unilateral? Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - Comprada com alguns meses atr\u00e1s, a mudan\u00e7a estrutural \u00e9 que o pa\u00eds terminou o programa de ajustamento. Acabou o memorando de entendimento e agora \u00e9 um pa\u00eds normal, com algumas restri\u00e7\u00f5es, \u00e9 claro, que est\u00e3o previstas para todos os pa\u00edses da zona euro. Teremos um contexto especial de comunica\u00e7\u00e3o com a Comiss\u00e3o e as institui\u00e7\u00f5es, como qualquer outro pa\u00eds a emergir de um programa de ajustamento. O que mudou, e isto \u00e9 muito importante, \u00e9 que a Gr\u00e9cia tem de alcan\u00e7ar as metas fiscais acordadas mas cada Governo decidir\u00e1 por si mesmo os meios e pol\u00edticas a adotar para alcan\u00e7ar essas metas. Comprometemo-nos a atingir um excedente or\u00e7amental prim\u00e1rio de 3,5% do PIB em 2019. Na medida em que esta meta seja alcan\u00e7ada, apresentaremos depois o or\u00e7amento para 2019 a 15 de outubro na Comiss\u00e3o Europeia. Vamos debater com eles e acredito que o que prevalecer\u00e1 \u00e9 o que ser\u00e1 ben\u00e9fico para manter o ritmo de crescimento da economia e a maioria social. O que \u00e9 ben\u00e9fico para a economia \u00e9 parar os cortes e a austeridade que criam uma pol\u00edtica antic\u00edclica e reduzem e procura e o consumo, o que empurrar\u00e1, uma vez mais, essa mesma economia para uma espiral recessiva, da qual acab\u00e1mos de sair. Estou confiante que os n\u00fameros ser\u00e3o positivos e por isso alcan\u00e7aremos algo bom, o melhor para a economia mas tamb\u00e9m para os pensionistas. Euronews - Ent\u00e3o o que quer dizer \u00e9 que se alcan\u00e7ar a meta n\u00e3o cortar\u00e1 as pens\u00f5es? Pode ser mais preciso? Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - Digo claramente. Se alcan\u00e7armos os objetivos penso que conseguiremos evitar uma medida que n\u00e3o \u00e9 necess\u00e1ria, que n\u00e3o ajuda ao crescimento e n\u00e3o \u00e9 estrutural. Euronews - O chefe do Mecanismo Europeu de Estabilidade disse, em entrevista, que se n\u00e3o aplicar as reformas acordadas, as medidas para a d\u00edvida ser\u00e3o congeladas. Mas tamb\u00e9m referiu que os cortes nas pens\u00f5es se incluem nas reformas estruturais e que n\u00e3o se trata de uma medida fiscal. Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - o a explicar. Isso est\u00e1 correto. O que foi acordado \u00e9 o excedente prim\u00e1rio de 3,5% que temos de alcan\u00e7ar para reembolsar a d\u00edvida. A Gr\u00e9cia n\u00e3o tem de voltar \u00e0 era dos d\u00e9fices, gastos excessivos, corrup\u00e7\u00e3o e m\u00e1 gest\u00e3o. A Gr\u00e9cia tem de seguir o caminho das reformas estruturais. Entre elas consta a reforma das pens\u00f5es que deu ao pa\u00eds a capacidade de compensar as finan\u00e7as p\u00fablicas. Por isso, as reformas estruturais n\u00e3o ter\u00e3o de ser revertidas e n\u00e3o ser\u00e3o efetivamente. O corte da \u0022diferen\u00e7a pessoal\u0022 n\u00e3o \u00e9 uma reforma estrutural. Esse \u00e9 outro argumento adicionado \u00e0 vis\u00e3o de que se atingirmos as metas as pens\u00f5es n\u00e3o ser\u00e3o cortadas. Euronews - E se n\u00e3o se alcan\u00e7arem as metas? Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - Se n\u00e3o alcan\u00e7armos, teremos de encontrar uma forma de o fazer. \u00c9 a nossa obriga\u00e7\u00e3o. Quando um pa\u00eds tem obriga\u00e7\u00f5es, que \u00e9 o mesmo que uma casa com obriga\u00e7\u00f5es, tem de poupar dinheiro e cumprir as responsabilidades. Infelizmente, os anteriores Governos deixaram a Gr\u00e9cia com uma d\u00edvida gigantesca, um pa\u00eds n\u00e3o \u00e0 beira do incumprimento mas j\u00e1 na bancarrota. A Gr\u00e9cia tem uma d\u00edvida de 180% do PIB. O que conseguimos fazer foi tornar o pagamento da d\u00edvida sustent\u00e1vel. Isto deu seguran\u00e7a aos mercados e investidores a par da almofada financeira de 30 mil milh\u00f5es de euros que nos permite escolher o momento certo at\u00e9 2020 para pedir dinheiro emprestado nos mercados com baixas taxas de juro. MIGRA\u00c7\u00c3O - IT\u00c1LIA Euronews - Falemos de outra quest\u00e3o fulcral para a Europa. A Gr\u00e9cia continua na linha da frente e gostaria de lhe fazer uma pergunta acerca do mais recente aviso vindo da regi\u00e3o do Egeu Setentrional, de que o centro de registo no campo de Moria, na ilha de Lesbos, pode fechar dentro de 30 dias devido \u00e0s condi\u00e7\u00f5es de vida deplor\u00e1veis dos migrantes. Porque \u00e9 que a Gr\u00e9cia nunca conseguiu gerir a situa\u00e7\u00e3o ao longo destes anos em que se debateu com o problema? Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - Pela simples raz\u00e3o de que mesmo que tiv\u00e9ssemos um hotel de luxo com uma certa capacidade, mas fossemos obrigados a receber cinco ou seis vezes mais pessoas do que pod\u00edamos, n\u00e3o conseguir\u00edamos lidar com a situa\u00e7\u00e3o. Esta \u00e9 a realidade nas ilhas. \u00c9 uma realidade que se define pelo acordo dif\u00edcil que firm\u00e1mos com a Turquia e que temos de implementar. Euronews - Ainda n\u00e3o est\u00e1 implementado? Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - Est\u00e1. Estamos a tentar faz\u00ea-lo de uma forma que est\u00e1 em linha com as expectativas internacionais, com a lei internacional e os direitos humanos. Isso quer dizer que n\u00e3o podemos afogar as pessoas no mar Egeu e est\u00e1 claro que n\u00e3o queremos isso. Tamb\u00e9m significa que n\u00e3o podemos obrigar as pessoas a regressar sem termos examinado as reivindica\u00e7\u00f5es a um primeiro, segundo e terceiro n\u00edveis como consta da lei internacional e das conven\u00e7\u00f5es que respeitamos e com as quais temos de ter cuidado. Para que nem uma s\u00f3 pessoa que tem direito a prote\u00e7\u00e3o e asilo seja enviada de volta. Isto cria atrasos e os fluxos n\u00e3o est\u00e3o a diminuir. Houve uma redu\u00e7\u00e3o comparando com a tr\u00e1gica situa\u00e7\u00e3o de 2015 mas estamos a falar de dezenas de pessoas que chegam todos os dias. Criam uma concentra\u00e7\u00e3o excessiva de pessoas e acredite, nenhum pa\u00eds, nenhuma estrutura poderia gerir a situa\u00e7\u00e3o de forma eficiente uma vez que a prioridade \u00e9 respeitar as exig\u00eancias das expectativas e da lei internacional. Euronews - Que rela\u00e7\u00e3o tem com Matteo Salvini e o Governo italiano? Est\u00e1 alinhado em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 quest\u00e3o dos refugiados? Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - Diria que n\u00e3o. No entanto, posso dizer que o Governo italiano revela uma enorme contradi\u00e7\u00e3o entre os que s\u00e3o considerados mais r\u00edgidos e t\u00eam uma abordagem de extrema-direita em rela\u00e7\u00e3o aos refugiados, mas que est\u00e3o divididos em fun\u00e7\u00e3o da \u00e1rea onde vivem, norte ou sul. Porque, por um lado, as for\u00e7as de extrema-direita em It\u00e1lia t\u00eam o mesmo background pol\u00edtico que as do norte. No entanto, quando se coloca a quest\u00e3o se o pa\u00eds ser\u00e1 deixado \u00e0 pr\u00f3pria sorte para lidar com o problema, um pa\u00eds do norte, que pode erguer muros e n\u00e3o est\u00e1 rodeado de mar pode permitir-se afirmar que lidar\u00e1 sozinho com o problema sem precisar da ajuda de outros. It\u00e1lia n\u00e3o pode faz\u00ea-lo e esta \u00e9 a grande contradi\u00e7\u00e3o entre os que pensam que uma grande crise global como a crise migrat\u00f3ria pode resolver-se sem solidariedade e coopera\u00e7\u00e3o. Euronews - Pensa que It\u00e1lia est\u00e1 certa em adotar a postura inflex\u00edvel? Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - O Governo italiano tem uma atitude contradit\u00f3ria. Por um lado recusa receber embarca\u00e7\u00f5es com migrantes. Por outro lado, quando chegam a \u00e1guas italianas pede aos outros para os salvarem. Por isso n\u00e3o pode resolver o problema da crise de refugiados e ningu\u00e9m pode faz\u00ea-lo. Mas n\u00e3o penso que seja certo criticar outro Governo. Por isso vou explicar o meu ponto de vista e o do Governo grego. \u00c9 o de que se trata de uma crise europeia e internacional. N\u00e3o \u00e9 grega, italiana ou espanhola. \u00c9 um problema europeu. De qualquer forma, a maioria das pessoas n\u00e3o quer ficar no pa\u00eds de entrada. O derradeiro objetivo \u00e9 ir para pa\u00edses da Europa central. Por isso a \u00fanica forma de responder \u00e0 situa\u00e7\u00e3o \u00e9 de maneira coletiva. Para um problema coletivo temos de encontrar uma solu\u00e7\u00e3o coletiva. ANTIGA REP\u00daBLICA JUGOSLAVA DA MACED\u00d3NIA - ELEI\u00c7\u00d5ES Euronews - A prop\u00f3sito de geopol\u00edtica, a Gr\u00e9cia est\u00e1 no centro do acordo feito com Skopje depois de uma longa contenda por causa do nome da Maced\u00f3nia. De acordo com sondagens recentes, grande parte das pessoas diz que aprovar\u00e1 o acordo. Se tudo correr bem do outro lado e o acordo chegar ao Parlamento grego, o que acontecer\u00e1? Pergunto isso porque o seu parceiro de coliga\u00e7\u00e3o disse claramente que n\u00e3o apoiar\u00e1 este acordo. Qual ser\u00e1 a heran\u00e7a para o seu Governo? Podemos antecipar elei\u00e7\u00f5es por causa da quest\u00e3o da Maced\u00f3nia? Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego \u2013 Tenho esperan\u00e7a que este acordo avance. Desejo, espero e apoio o esfor\u00e7o do primeiro-ministro da Maced\u00f3nia, Zoran Zaev, e mais ainda o esfor\u00e7o para encontrar 2/3 da maioria no Parlamento para aprovar a mudan\u00e7a constitucional necess\u00e1ria. \u00c9 uma grande oportunidade para a Gr\u00e9cia e para a regi\u00e3o. Resolve um problema que existiu durante d\u00e9cadas de uma forma positiva. 140 pa\u00edses de todo o mundo reconheceram o pa\u00eds vizinho com o nome constitucional, Maced\u00f3nia. Agora existe uma defini\u00e7\u00e3o geogr\u00e1fica para cada uso e existe o reconhecimento dos nossos vizinhos que itiram que a hist\u00f3ria da Maced\u00f3nia antiga \u00e9 grega. Trata-se de um grande feito. Em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 segunda parte da quest\u00e3o serei bem direto. O acordo chegar\u00e1 ao Parlamento conforme est\u00e1 definido pelo pr\u00f3prio acordo quando a mudan\u00e7a constitucional estiver completa no outro lado e quando o protocolo de ades\u00e3o \u00e0 NATO avan\u00e7ar, for assinado e o procedimento de entrada come\u00e7ar para que possamos aprovar tamb\u00e9m aquele protocolo. O acordo ter\u00e1 a total maioria no Parlamento grego e em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 \u00faltima parte da sua pergunta, respeito e n\u00e3o concordo com a posi\u00e7\u00e3o do meu parceiro de coliga\u00e7\u00e3o com o qual tenho uma coopera\u00e7\u00e3o honesta. Estou certo de que far\u00e1 respeitar os seus princ\u00edpios mas n\u00e3o agitar\u00e1 o ritmo suave do pa\u00eds rumo \u00e0 recupera\u00e7\u00e3o econ\u00f3mica e \u00e0 estabilidade pol\u00edtica. Euronews \u2013 Como estamos a falar de elei\u00e7\u00f5es, nos \u00faltimos dias n\u00e3o fechou esse cap\u00edtulo. Pode faz\u00ea-lo agora? Pode afirmar com certeza que as elei\u00e7\u00f5es v\u00e3o acontecer quando completar os quatro anos de mandato ou devemos esperar algo mais? Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego \u2013 Penso que fui claro. O objetivo e estrat\u00e9gia do Governo \u00e9 completar os quatro anos. Expliquei que isto \u00e9 algo que faz parte do nosso interesse pol\u00edtico no sentido em que durante as elei\u00e7\u00f5es europeias, que surgem antes, teremos a oportunidade de ver o ambiente e equil\u00edbrio da sociedade grega, em mat\u00e9rias que nada t\u00eam a ver com \u0022downgrade.\u0022 N\u00e3o diria de prop\u00f3sito, mas provavelmente por raz\u00f5es metodol\u00f3gicas, as sondagens foram reveladas recentemente. Por isso, o nosso objetivo e estrat\u00e9gia \u00e9 realizar elei\u00e7\u00f5es em outubro de 2019. Euronews \u2013 Ent\u00e3o exclui o cen\u00e1rio de tr\u00eas elei\u00e7\u00f5es em simult\u00e2neo (nacionais, europeias e regionais) em maio? Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego \u2013 N\u00e3o \u00e9 nosso objetivo ou vontade ter elei\u00e7\u00f5es triplas. FOGOS NA GR\u00c9CIA Euronews - Para concluir, gostaria de fazer uma pergunta mais pessoal sobre um assunto que chocou a Europa durante o ver\u00e3o. Refiro-me aos fogos na regi\u00e3o de \u00c1tica, ou em Mati, em que morreram quase cem pessoas. Sentiu ou sente que precisa de pedir desculpa \u00e0s pessoas que aram por esta trag\u00e9dia? Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - Pedi desculpa pelas minhas a\u00e7\u00f5es n\u00e3o por raz\u00f5es de comunica\u00e7\u00e3o. Quando assumi a responsabilidade pol\u00edtica fi-lo n\u00e3o s\u00f3 em nome do meu Governo mas tamb\u00e9m dos outros. Porque uma das principais raz\u00f5es desta trag\u00e9dia foi n\u00e3o s\u00f3 um fen\u00f3meno natural, o vento forte, mas tamb\u00e9m os erros que se cometeram. Isso ser\u00e1 julgado por outros, n\u00e3o por mim. Todos percebem como \u00e9 dif\u00edcil para algu\u00e9m encarar um desastre no espa\u00e7o de 1h30m. Foi este o per\u00edodo de tempo desde o in\u00edcio do fogo at\u00e9 chegar \u00e0 praia. Diria que a forma como se construiu nestas \u00e1reas foi largamente respons\u00e1vel pelo sucedido. As pessoas n\u00e3o tinham o direito ou o caminho para chegar \u00e0 praia. Ficaram bloqueadas por causa de constru\u00e7\u00f5es ilegais, que n\u00e3o s\u00e3o responsabilidade do meu Governo. Euronews \u2013 Mas foi o seu Governo que teve que gerir a situa\u00e7\u00e3o. Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego \u2013 No entanto, assumi a total responsabilidade pol\u00edtica. A par disso fizemos um esfor\u00e7o enorme e dif\u00edcil para come\u00e7ar a luta pela recupera\u00e7\u00e3o da \u00e1rea, para sarar as feridas. N\u00e3o podemos trazer as pessoas que morreram mas estamos a lutar pelos que ficaram para tr\u00e1s, para que Mati possa renascer assim que poss\u00edvel. 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Alexis Tsipras: "Existiu e continua a existir um défice democrático"

Alexis Tsipras: "Existiu e continua a existir um défice democrático"
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O primeiro-ministro grego esteve em Estrasburgo, onde proferiu um discurso no Parlamento Europeu. Em entrevista à Euronews falou de várias matérias, sobre a Grécia e a Europa

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Terminada a "Odisseia" da austeridade, a Grécia vive o início de uma nova era após o fim do programa de resgate.

Para o primeiro-ministro, o país recuperou o "direito de definir o destino." Economia mas também migração e o futuro da Europa são alguns dos pratos fortes da entrevista da Euronews ao líder do executivo grego, Alexis Tsipras, em mais um "Global Conversation", a partir do Parlamento Europeu, em Estrasburgo.

Efi Koutsokosta, Euronews - Começo por falar da sua presença no Parlamento Europeu e da comparação com o ado. Quando assumiu a liderança do executivo grego, em 2015, criticou a Europa e a forma como faz política em relação aos Estados-membros e principalmente em matéria económica. As coisas mudaram na Europa?

Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - Critiquei a Europa por causa das próprias falhas e também pelos erros que os anteriores Governos gregos cometeram. E pelo facto de a Grécia ter precisado de oito anos, ao abrigo de programas rígidos de ajustamento fiscal, enquanto outros países conseguiram abandoná-los em três anos. Também critiquei fortemente o facto de estes programas e políticas se terem decidido à porta fechada. Existiu e continua a existir um défice democrático que juntamente com o fetichismo fiscal e uma abordagem económica neoliberal de gestão da crise, faz parte das razões pelas quais a Europa deixou de ser tão atraente para os cidadãos e ajuda a explicar a ascensão da extrema-direita. Se me perguntar pela Europa, posso dizer que foi obrigada a adaptar-se mas não fez muito e o que fez foi demasiado tarde. As mudanças foram tardias e deveriam ter sido mais profundas. Em relação a mim, todas as pessoas mudam e adaptam-se para lidar com as dificuldades mas o meu rumo principal não mudou. O núcleo central das minhas ideias, da minha ideologia, e o meu derradeiro objetivo era retirar o país da crise. Fi-lo com as menores perdas possíveis para a maioria social.

Euronews - Na contagem decrescente para as eleições europeias e atendendo ao facto de que a paisagem política mudou na Europa, quem apoiaria? Encontrou-se com o comissário Pierre Moscovici. Consegue vê-lo como um possível Presidente da Comissão Europeia apesar de ser um membro dos socialistas e não da esquerda?

Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - O mais importante antes de considerarmos as pessoas é olhar para as políticas. O Syriza pode desempenhar um papel crucial para criar um contexto de convergência mais alargado entre as forças progressistas e democráticas da esquerda política, da social-democracia aos ecologistas. Estamos a trabalhar neste sentido sem mudar a nossa família política. Considero bastante positivo que ao longo dos três anos a que tenho vindo a assistir a encontros dos líderes socialistas - convidado como observador, porque assim o quis – tenha estado próximo de todos esses procedimentos porque penso que tem de se criar algo novo para a Europa e para as forças políticas que apoiam a maioria social.

ECONOMIA GREGA - CORTES NAS PENSÕES

Euronews - Voltando à Grécia e às questões económicas, o país já não está sob um programa de resgate. Os responsáveis europeus congratularam a Grécia por todos os esforços feitos mas o povo continua preocupado com as medidas que ainda estão para vir. Refiro-me a novos cortes nas pensões que foram acordados com as instituições. Está em posição de ignorar o Fundo Monetário Internacional, que pediu essa medida, ou até de a cancelar, mesmo que se tratasse de um ato unilateral?

Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - Comprada com alguns meses atrás, a mudança estrutural é que o país terminou o programa de ajustamento. Acabou o memorando de entendimento e agora é um país normal, com algumas restrições, é claro, que estão previstas para todos os países da zona euro. Teremos um contexto especial de comunicação com a Comissão e as instituições, como qualquer outro país a emergir de um programa de ajustamento. O que mudou, e isto é muito importante, é que a Grécia tem de alcançar as metas fiscais acordadas mas cada Governo decidirá por si mesmo os meios e políticas a adotar para alcançar essas metas. Comprometemo-nos a atingir um excedente orçamental primário de 3,5% do PIB em 2019. Na medida em que esta meta seja alcançada, apresentaremos depois o orçamento para 2019 a 15 de outubro na Comissão Europeia. Vamos debater com eles e acredito que o que prevalecerá é o que será benéfico para manter o ritmo de crescimento da economia e a maioria social. O que é benéfico para a economia é parar os cortes e a austeridade que criam uma política anticíclica e reduzem e procura e o consumo, o que empurrará, uma vez mais, essa mesma economia para uma espiral recessiva, da qual acabámos de sair. Estou confiante que os números serão positivos e por isso alcançaremos algo bom, o melhor para a economia mas também para os pensionistas.

Euronews - Então o que quer dizer é que se alcançar a meta não cortará as pensões? Pode ser mais preciso?

Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - Digo claramente. Se alcançarmos os objetivos penso que conseguiremos evitar uma medida que não é necessária, que não ajuda ao crescimento e não é estrutural.

Euronews - O chefe do Mecanismo Europeu de Estabilidade disse, em entrevista, que se não aplicar as reformas acordadas, as medidas para a dívida serão congeladas. Mas também referiu que os cortes nas pensões se incluem nas reformas estruturais e que não se trata de uma medida fiscal.

Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - o a explicar. Isso está correto. O que foi acordado é o excedente primário de 3,5% que temos de alcançar para reembolsar a dívida. A Grécia não tem de voltar à era dos défices, gastos excessivos, corrupção e má gestão. A Grécia tem de seguir o caminho das reformas estruturais. Entre elas consta a reforma das pensões que deu ao país a capacidade de compensar as finanças públicas. Por isso, as reformas estruturais não terão de ser revertidas e não serão efetivamente. O corte da "diferença pessoal" não é uma reforma estrutural. Esse é outro argumento adicionado à visão de que se atingirmos as metas as pensões não serão cortadas.

Euronews - E se não se alcançarem as metas?

Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - Se não alcançarmos, teremos de encontrar uma forma de o fazer. É a nossa obrigação. Quando um país tem obrigações, que é o mesmo que uma casa com obrigações, tem de poupar dinheiro e cumprir as responsabilidades. Infelizmente, os anteriores Governos deixaram a Grécia com uma dívida gigantesca, um país não à beira do incumprimento mas já na bancarrota. A Grécia tem uma dívida de 180% do PIB. O que conseguimos fazer foi tornar o pagamento da dívida sustentável. Isto deu segurança aos mercados e investidores a par da almofada financeira de 30 mil milhões de euros que nos permite escolher o momento certo até 2020 para pedir dinheiro emprestado nos mercados com baixas taxas de juro.

MIGRAÇÃO - ITÁLIA

Euronews - Falemos de outra questão fulcral para a Europa. A Grécia continua na linha da frente e gostaria de lhe fazer uma pergunta acerca do mais recente aviso vindo da região do Egeu Setentrional, de que o centro de registo no campo de Moria, na ilha de Lesbos, pode fechar dentro de 30 dias devido às condições de vida deploráveis dos migrantes. Porque é que a Grécia nunca conseguiu gerir a situação ao longo destes anos em que se debateu com o problema?

Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - Pela simples razão de que mesmo que tivéssemos um hotel de luxo com uma certa capacidade, mas fossemos obrigados a receber cinco ou seis vezes mais pessoas do que podíamos, não conseguiríamos lidar com a situação. Esta é a realidade nas ilhas. É uma realidade que se define pelo acordo difícil que firmámos com a Turquia e que temos de implementar.

Euronews - Ainda não está implementado?

Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - Está. Estamos a tentar fazê-lo de uma forma que está em linha com as expectativas internacionais, com a lei internacional e os direitos humanos. Isso quer dizer que não podemos afogar as pessoas no mar Egeu e está claro que não queremos isso. Também significa que não podemos obrigar as pessoas a regressar sem termos examinado as reivindicações a um primeiro, segundo e terceiro níveis como consta da lei internacional e das convenções que respeitamos e com as quais temos de ter cuidado. Para que nem uma só pessoa que tem direito a proteção e asilo seja enviada de volta. Isto cria atrasos e os fluxos não estão a diminuir. Houve uma redução comparando com a trágica situação de 2015 mas estamos a falar de dezenas de pessoas que chegam todos os dias. Criam uma concentração excessiva de pessoas e acredite, nenhum país, nenhuma estrutura poderia gerir a situação de forma eficiente uma vez que a prioridade é respeitar as exigências das expectativas e da lei internacional.

Euronews - Que relação tem com Matteo Salvini e o Governo italiano? Está alinhado em relação à questão dos refugiados?

Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - Diria que não. No entanto, posso dizer que o Governo italiano revela uma enorme contradição entre os que são considerados mais rígidos e têm uma abordagem de extrema-direita em relação aos refugiados, mas que estão divididos em função da área onde vivem, norte ou sul. Porque, por um lado, as forças de extrema-direita em Itália têm o mesmo background político que as do norte. No entanto, quando se coloca a questão se o país será deixado à própria sorte para lidar com o problema, um país do norte, que pode erguer muros e não está rodeado de mar pode permitir-se afirmar que lidará sozinho com o problema sem precisar da ajuda de outros. Itália não pode fazê-lo e esta é a grande contradição entre os que pensam que uma grande crise global como a crise migratória pode resolver-se sem solidariedade e cooperação.

Euronews - Pensa que Itália está certa em adotar a postura inflexível?

Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - O Governo italiano tem uma atitude contraditória. Por um lado recusa receber embarcações com migrantes. Por outro lado, quando chegam a águas italianas pede aos outros para os salvarem. Por isso não pode resolver o problema da crise de refugiados e ninguém pode fazê-lo. Mas não penso que seja certo criticar outro Governo. Por isso vou explicar o meu ponto de vista e o do Governo grego. É o de que se trata de uma crise europeia e internacional. Não é grega, italiana ou espanhola. É um problema europeu. De qualquer forma, a maioria das pessoas não quer ficar no país de entrada. O derradeiro objetivo é ir para países da Europa central. Por isso a única forma de responder à situação é de maneira coletiva. Para um problema coletivo temos de encontrar uma solução coletiva.

ANTIGA REPÚBLICA JUGOSLAVA DA MACEDÓNIA - ELEIÇÕES

Euronews - A propósito de geopolítica, a Grécia está no centro do acordo feito com Skopje depois de uma longa contenda por causa do nome da Macedónia. De acordo com sondagens recentes, grande parte das pessoas diz que aprovará o acordo. Se tudo correr bem do outro lado e o acordo chegar ao Parlamento grego, o que acontecerá? Pergunto isso porque o seu parceiro de coligação disse claramente que não apoiará este acordo. Qual será a herança para o seu Governo? Podemos antecipar eleições por causa da questão da Macedónia?

Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego – Tenho esperança que este acordo avance. Desejo, espero e apoio o esforço do primeiro-ministro da Macedónia, Zoran Zaev, e mais ainda o esforço para encontrar 2/3 da maioria no Parlamento para aprovar a mudança constitucional necessária. É uma grande oportunidade para a Grécia e para a região. Resolve um problema que existiu durante décadas de uma forma positiva. 140 países de todo o mundo reconheceram o país vizinho com o nome constitucional, Macedónia. Agora existe uma definição geográfica para cada uso e existe o reconhecimento dos nossos vizinhos que itiram que a história da Macedónia antiga é grega. Trata-se de um grande feito. Em relação à segunda parte da questão serei bem direto. O acordo chegará ao Parlamento conforme está definido pelo próprio acordo quando a mudança constitucional estiver completa no outro lado e quando o protocolo de adesão à NATO avançar, for assinado e o procedimento de entrada começar para que possamos aprovar também aquele protocolo. O acordo terá a total maioria no Parlamento grego e em relação à última parte da sua pergunta, respeito e não concordo com a posição do meu parceiro de coligação com o qual tenho uma cooperação honesta. Estou certo de que fará respeitar os seus princípios mas não agitará o ritmo suave do país rumo à recuperação económica e à estabilidade política.

Euronews – Como estamos a falar de eleições, nos últimos dias não fechou esse capítulo. Pode fazê-lo agora? Pode afirmar com certeza que as eleições vão acontecer quando completar os quatro anos de mandato ou devemos esperar algo mais?

Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego – Penso que fui claro. O objetivo e estratégia do Governo é completar os quatro anos. Expliquei que isto é algo que faz parte do nosso interesse político no sentido em que durante as eleições europeias, que surgem antes, teremos a oportunidade de ver o ambiente e equilíbrio da sociedade grega, em matérias que nada têm a ver com "downgrade." Não diria de propósito, mas provavelmente por razões metodológicas, as sondagens foram reveladas recentemente. Por isso, o nosso objetivo e estratégia é realizar eleições em outubro de 2019.

Euronews – Então exclui o cenário de três eleições em simultâneo (nacionais, europeias e regionais) em maio?

Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego – Não é nosso objetivo ou vontade ter eleições triplas.

FOGOS NA GRÉCIA

Euronews - Para concluir, gostaria de fazer uma pergunta mais pessoal sobre um assunto que chocou a Europa durante o verão. Refiro-me aos fogos na região de Ática, ou em Mati, em que morreram quase cem pessoas. Sentiu ou sente que precisa de pedir desculpa às pessoas que aram por esta tragédia?

Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego - Pedi desculpa pelas minhas ações não por razões de comunicação. Quando assumi a responsabilidade política fi-lo não só em nome do meu Governo mas também dos outros. Porque uma das principais razões desta tragédia foi não só um fenómeno natural, o vento forte, mas também os erros que se cometeram. Isso será julgado por outros, não por mim. Todos percebem como é difícil para alguém encarar um desastre no espaço de 1h30m. Foi este o período de tempo desde o início do fogo até chegar à praia. Diria que a forma como se construiu nestas áreas foi largamente responsável pelo sucedido. As pessoas não tinham o direito ou o caminho para chegar à praia. Ficaram bloqueadas por causa de construções ilegais, que não são responsabilidade do meu Governo.

Euronews – Mas foi o seu Governo que teve que gerir a situação.

Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego – No entanto, assumi a total responsabilidade política. A par disso fizemos um esforço enorme e difícil para começar a luta pela recuperação da área, para sarar as feridas. Não podemos trazer as pessoas que morreram mas estamos a lutar pelos que ficaram para trás, para que Mati possa renascer assim que possível.

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