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São os EUA que vão resolver a crise global que desencadearam?

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A Reserva Federal americana ditou quase uma década de contenção com o argumento de pretender evitar uma catástrofe económica de proporções biblícas

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A Reserva Federal americana ditou quase uma década de contenção com o argumento de pretender evitar uma catástrofe económica de proporções biblícas. Mas o caminho rumo à normalização sistémica é ainda longo.

Tendo em conta a comparação histórica de valores, a subida da taxa de juro de referência americana em 25 pontos base pode parecer pouco expressiva. Mas, a presidente da Fed, Janet Yellen, recorda que “esta decisão marca o fim de um período excecional de sete anos durante o qual a taxa de juro diretora foi mantida próxima do zero, de forma a sustentar a recuperação económica após a pior recessão desde a Crise de 1929.”

Na sequência dos sucessivos escândalos financeiros que tiveram como palco os Estados Unidos, “precaução” e “prudência” tornaram-se palavras de ordem, em detrimento do conceito de “risco”.

No mundo inteiro, os bancos centrais reduziram as taxas de juros para níveis recorde e implementaram programas de estímulo económico, como a célebre flexibilização quantitativa, na qual compram massivamente ativos.

Ao que tudo indica, Janet Yellen acredita que a retoma veio para ficar. A taxa de desemprego americana ronda os 5%, embora a inflação ainda esteja mortiça. No entanto, abre-se um capítulo de incerteza em relação a algumas economias emergentes, cujas dívidas assentam na moeda americana.

O jornalista da euronews Alasdair Sandford entrevistou Craig Erlam, analista de mercados da Oanda, sobre como o resto do mundo está a interpretar a decisão dos Estados Unidos.

Alasdair Sandford, euronews: As principais bolsas reagiram de forma bastante positiva. É uma tendência que vai continuar?

Craig Erlam: Creio que sim. Os mercados acolheram positivamente esta subida e o respetivo enquadramento, ou seja, a necessidade de ir subindo as taxas de juro de forma gradual, evitando mais instabilidade e sem prejudicar a recuperação que se começa a ver nos Estados Unidos. Os mercados estão, de facto, de acordo com esta decisão da Reserva Federal. Chegou a altura de colocar a subida das taxas em cima da mesa. O desemprego está nos cinco por cento, há cada vez mais emprego, os salários vão começar a aumentar. É uma medida que acalma os mercados, porque elimina o fator de incerteza que os ensombrou ao longo de todo este ano.

euronews: E qual será o impacto desta decisão na Europa, sobretudo na zona euro?

Craig Erlam: Neste momento, a zona euro é atrativa para os investidores. Estamos a assistir ao início de um novo capítulo. Essa atratividade saiu reforçada após todos os estímulos implementados pelo BCE e agora ainda mais com a Reserva Federal a restringir a política monetária. Os títulos americanos beneficiaram muito com os programas de incentivo da Fed. Esta medida de controlo da política monetária vai canalizar mais investimentos para a zona euro. Todas as questões relacionadas com a Grécia, com a Itália, com a Espanha, vão começar a dissipar-se.

euronews: A decisão da Fed pode prejudicar os mercados emergentes e de matérias-primas?

Craig Erlam: Os mercados emergentes estavam preparados para este anúncio. Já em agosto se falou muito nesta questão e, na verdade, acho que isso contribuiu para que a Fed fosse adiando esta decisão e não anunciasse nada em setembro. Mas é um facto que há zonas geográficas mais sensíveis. O Brasil, por exemplo, onde já estamos a assistir a uma recessão acentuada. Há muitos elementos em questão: se a dívida está ou não indexada ao dólar, se há ou não um grande défice fiscal… O Brasil é um dos países vulneráveis nesta problemática do aumento das taxas de juro da Fed. Mas a maior parte dos mercados emergentes está bem posicionada para absorver o choque de novas medidas. E isso tem a ver com o fim do fator de incerteza, de que já falei.

euronews: Os Estados Unidos foram considerados como a origem da crise financeira global. Estão agora a liderar o processo inverso, rumo à retoma?

Craig Erlam: Sim, os Estados Unidos estiveram na origem da crise financeira. Mas também foram dos primeiros países a enfrentar realmente a crise do subprime, a tomar medidas para encontrar o caminho de saída da crise financeira. E agora estamos a ver os frutos desse trabalho: as primeiras etapas foram muito dolorosas, mas é agora que podemos assistir aos benefícios das medidas tomadas na altura. Há outros países que estão um pouco mais atrás neste processo: a primeira subida das taxas de juro no Reino Unido decorrerá com uma diferença, digamos, de seis meses; a zona euro, talvez dois anos. Mas uma economia americana sólida é positiva para toda a economia global. É a maior economia do mundo. Se tiver um bom desempenho, toda a gente sai a ganhar.

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