Os confrontos eclodiram depois de ter circulado na Internet um áudio em que um homem atacava o Profeta Moamé. O vídeo foi atribuído a um clérigo druso, que mais tarde negou qualquer envolvimento.
Pelo menos nove pessoas foram mortas num subúrbio da capital síria após confrontos entre combatentes pró-governamentais e atiradores drusos, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido.
Os combates no subúrbio de Jaramana, em Damasco, são o mais recente episódio de violência sectária na Síria desde a queda do presidente Bashar al-Assad, em dezembro.
O conflito foi desencadeado após a circulação nas redes sociais de um clip áudio de um homem a atacar o profeta Maomé. O vídeo foi atribuído a Marwan Kiwan, um clérigo druso, que mais tarde negou o seu envolvimento.
O vídeo irritou muitos muçulmanos sunitas e deu origem a confrontos na região predominantemente drusa de Jaramana.
"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan num vídeo que publicou na Internet. "Eu não disse isso e quem o fez é um homem mau que quer incitar à discórdia entre o povo sírio".
O Ministério do Interior afirmou, num comunicado, que estava a investigar o áudio, acrescentando que uma investigação inicial mostrou que o clérigo não era o responsável. O ministério apelou à população para respeitar a lei e a não agir de forma a comprometer a segurança.
O porta-voz do ministério, Mustafa al-Abdo, disse que dois membros do Serviço Geral de Segurança da Síria estavam entre os mortos, acrescentando que as forças de segurança foram para ao local para dispersar os confrontos.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos disse que seis combatentes drusos de Jaramana e três "atacantes" também foram mortos.
Os drusos são um grupo minoritário que surgiu no século X como uma ramificação do ismaelismo, um ramo dos xiitas.
Mais de metade dos cerca de um milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maior parte dos restantes drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo nos Montes Golã, que Israel capturou à Síria na guerra de 1967 e anexou oficialmente em 1981.
Os piores confrontos internos na Síria desde a queda de al-Assad ocorreram no mês ado na região costeira do país. Envolveram membros da seita minoritária alauíta a que pertencia o antigo presidente.
Os confrontos entre os partidários de Assad e as forças governamentais foram acompanhados de atos de vingança que causaram a morte de mais de um milhar de pessoas, incluindo centenas de civis, segundo a Rede Síria para os Direitos Humanos, que monitoriza a guerra.
A tensão sectária na Síria continua a prevalecer, mesmo quando os novos líderes do país tentam integrar grupos armados fragmentados sob uma única autoridade.
Alguns combatentes drusos têm resistido, afirmando que Damasco não garante proteção contra militantes hostis. Vários grupos minoritários continuam a recear ser marginalizados pelos rebeldes que derrubaram Assad.