Se for bem sucedido, será o primeiro governo de extrema-direita na Áustria desde a Segunda Guerra Mundial.
O presidente austríaco, Alexander Van der Bellen, deu luz verde ao líder do Partido da Liberdade (FPÖ), de extrema-direita, Herbert Kickl, para tentar formar a nova coligação governamental, depois de os dois se terem reunido em Viena, na segunda-feira.
"Kickl tem a confiança necessária para encontrar soluções viáveis no âmbito das negociações governamentais e quer assumir essa responsabilidade", afirmou Van der Bellen.
Se for bem sucedido, este será o primeiro governo de extrema-direita da Áustria desde a Segunda Guerra Mundial.
O partido de Kickl obteve a vitória nas eleições legislativas de setembro, com 28,8% dos votos, ultraando o Partido Popular Austríaco, do chanceler cessante Karl Nehammer, que ficou em segundo lugar.
Inicialmente, Van der Bellen encarregou Nehammer de formar governo em outubro. No entanto, o partido de Nehammer recusou-se a entrar numa coligação com o FPÖ de Kickl, e outros partidos também rejeitaram trabalhar com a extrema-direita.
Estes esforços para criar uma aliança governamental sem o FPÖ falharam no início de janeiro, o que levou Nehammer a anunciar a sua demissão no sábado.
Após a saída de Nehammer, o Partido Popular Austríaco indicou uma potencial abertura para colaborar sob a liderança de Kickl. Embora não seja garantido que as conversações entre os dois partidos sejam bem sucedidas, não existem alternativas viáveis de coligação no atual parlamento.
Além disso, as sondagens sugerem que uma nova eleição poderia reforçar ainda mais a posição do FPÖ.
A Áustria já viu coligações de extrema-direita e conservadoras no ado, embora o FPÖ tenha historicamente servido como um parceiro júnior.
De 2017 a 2019, os dois partidos governaram juntos em uma coalizão que terminou em escândalo sob o então líder do FPÖ. Durante esse período, Kickl, conhecido pela sua retórica provocadora, foi ministro do Interior.
O manifesto eleitoral do FPÖ, intitulado "Fortaleza Áustria", defende um controlo rigoroso das fronteiras, a suspensão do direito de asilo através de leis de emergência e a "remigração de estrangeiros indesejados" para criar uma sociedade mais "homogénea".
O partido também se opõe às sanções contra a Rússia, critica o apoio militar ocidental à Ucrânia e pretende que a Áustria se retire da Iniciativa Escudo Celestial Europeu, um projeto de defesa antimíssil liderado pela Alemanha.
Kickl tem criticado frequentemente as "elites" de Bruxelas e defende o regresso de certos poderes da UE à Áustria.