{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2022/01/14/o-extremismo-violento-da-direita-branca-esta-mais-presente-na-europa" }, "headline": "\u0022O extremismo violento da direita branca est\u00e1 mais presente na Europa\u0022", "description": "A euronews falou com o coordenador anti-terrorismo da Uni\u00e3o Europeia, Ilkka Salmi.", "articleBody": "Ilkka Salmi \u00e9 a figura de refer\u00eancia da luta contra o terrorismo na Uni\u00e3o Europeia. Recentemente, foi nomeado coordenador da resposta dos Estados-membros \u00e0s amea\u00e7as \u00e0 seguran\u00e7a. A nomea\u00e7\u00e3o ocorre num contexto marcado pela ascen\u00e7\u00e3o do extremismo de direita e por uma preocupa\u00e7\u00e3o crescente em rela\u00e7\u00e3o ao uso das redes sociais para difundir mensagens de \u00f3dio.\u00a0 A euronews entrevistou Ilkka Salmi, em Bruxelas. Pedro Sacadura, euronews: \u0022Acab\u00e1mos de come\u00e7ar um novo ano. 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Pensa que h\u00e1 uma liga\u00e7\u00e3o, como dizem algumas pessoas, entre migra\u00e7\u00e3o e terrorismo?\u0022 Ilkka Salmi, coordenador anti-terrorismo da Uni\u00e3o Europeia: Estamos longe de poder tra\u00e7ar uma esp\u00e9cie de linha direta entre migra\u00e7\u00e3o e terrorismo. Ao mesmo tempo, \u00e9 preciso ter em mente que se houver um grande movimento de pessoas em todo o mundo, as organiza\u00e7\u00f5es terroristas podem tentar tirar partido desses movimentos para infiltrar indiv\u00edduos\u201d. Pedro Sacadura, euronews: \u201cEstamos em Bruxelas, onde houve ataques terroristas no ado. 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O que est\u00e1 a ser feito para combater esse fen\u00f3meno que poder\u00e1 assumir maiores dimens\u00f5es no futuro?\u201d Ilkka Salmi, coordenador anti-terrorismo da Uni\u00e3o Europeia: \u201cA chamada legisla\u00e7\u00e3o sobre conte\u00fado terrorista na Internet vai entrar em vigor. \u00c9 uma legisla\u00e7\u00e3o europeia. Basicamente, os fornecedores de servi\u00e7os e as redes sociais ser\u00e3o obrigados a remover o conte\u00fado terrorista que for publicado nessas plataformas, a partir da informa\u00e7\u00e3o dos Estados Membros, das autoridades e da Europol. T\u00eam uma hora para remover esse tipo de informa\u00e7\u00e3o ou de mensagem. Penso que \u00e9 um desenvolvimento muito bom o facto de ao longo dos \u00faltimos dois anos termos conseguido aprovar este tipo de legisla\u00e7\u00e3o, que entrar\u00e1 em vigor no pr\u00f3ximo ver\u00e3o\u0022. Pedro Sacadura, euronews: \u201cHoje em dia h\u00e1 muitos conte\u00fados na Internet contra a vacina\u00e7\u00e3o, no contexto da pandemia. Considera que esses discursos podem ser usados pelo extremismo de direita para outros fins e para conquistar mais seguidores?\u0022 Ilkka Salmi, coordenador anti-terrorismo da Uni\u00e3o Europeia: \u201cN\u00e3o me parece que isso possa ser rotulado como terrorismo, por enquanto. Dito isto, tem havido alguma preocupa\u00e7\u00e3o perante a possibilidade de uma pequena parte dos quem s\u00e3o contra se radicalizarem e procurarem alian\u00e7as com diferentes grupos, por exemplo, com o violento extremismo de direita. Mas, por enquanto, \u00e9 importante sublinhar o direito \u00e0 liberdade de express\u00e3o, \u00e0 liberdade de opini\u00e3o e o direito de manifesta\u00e7\u00e3o\u0022. Pedro Sacadura, euronews: \u0022\u00c0 medida que a tecnologia evolui, o terrorismo tamb\u00e9m evolui. Como podemos lidar com isso?\u201d Ilkka Salmi, coordenador anti-terrorismo da Uni\u00e3o Europeia: \u0022Antes de mais, \u00e9 preciso fazer um grande esfor\u00e7o ao n\u00edvel da preven\u00e7\u00e3o, para que as pessoas n\u00e3o se radicalizem e n\u00e3o estejam em o com essas opini\u00f5es, especialmente quando falamos da Europa e, claro, tamb\u00e9m a n\u00edvel global. Em segundo lugar, temos de garantir que as institui\u00e7\u00f5es que aplicam a lei e as autoridades de seguran\u00e7a tenham recursos suficientes e um quadro legal para agir.\u0022 Pedro Sacadura, euronews: \u201cA melhor arma no futuro ser\u00e1 online ? O que faria ao n\u00edvel da luta contra o ciberterrorismo?\u0022 Ilkka Salmi, coordenador anti-terrorismo da Uni\u00e3o Europeia: \u201cAcredito que esse \u00e9, sem d\u00favida, o caminho a seguir. N\u00e3o vai substituir o que acontece no mundo real. Porque \u00e9 a\u00ed que, infelizmente, todos os incidentes terroristas t\u00eam um impacto psicol\u00f3gico. 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"O extremismo violento da direita branca está mais presente na Europa"

"O extremismo violento da direita branca está mais presente na Europa"
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De Pedro Sacadura
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A euronews falou com o coordenador anti-terrorismo da União Europeia, Ilkka Salmi.

Ilkka Salmi é a figura de referência da luta contra o terrorismo na União Europeia. Recentemente, foi nomeado coordenador da resposta dos Estados-membros às ameaças à segurança. A nomeação ocorre num contexto marcado pela ascenção do extremismo de direita e por uma preocupação crescente em relação ao uso das redes sociais para difundir mensagens de ódio. A euronews entrevistou Ilkka Salmi, em Bruxelas.

Pedro Sacadura, euronews: "Acabámos de começar um novo ano. Em 2022, como definiria terrorismo?"

Ilkka Salmi, coordenador anti-terrorismo da União Europeia: “Diria que é preciso ter em mente que o terrorismo existe. Se considerarmos, por exemplo, as opiniões islamistas radicais ou o jihadismo, essa ideologia continua a existir, apesar da derrota do Califado na Síria. E temos de estar preparados para isso”.

Pedro Sacadura, Euronews: "Assume o cargo numa altura em que o terrorismo parece ter desaparecido da agenda. Será que a ameaça está a escapar à agenda política?"

Ilkka Salmi, coordenador anti-terrorismo da União Europeia: “Infelizmente, a ameaça terrorista está constantemente presente. Temos de dizer que é, em parte, talvez, elevada. Não podemos dizer que tenha desaparecido completamente. É claro que certas questões, especialmente, do ponto de vista europeu, como a pandemia podem ter tido um impacto a esse nível. As pessoas não se deslocam de forma tão livre como antes. Também gostaria de destacar uma coisa boa, que é a resiliência. Tem havido, na Europa, ataques terroristas de pequena escala, situações muito infelizes, onde se perderam vidas. No entanto, as sociedades conseguiram recuperar”.

A tecnologia desempenha um papel na difusão na Internet de discursos de ódio e de conteúdos terroristas.
Ilkka Salmi
Coordenador da luta antiterrorista na UE

Pedro Sacadura, euronews: “Em que ponto estamos atualmente em termos de ameaças terroristas na Europa e quais são as questões prementes?”

Ilkka Salmi, coordenador anti-terrorismo da União Europeia: “Eu diria, basicamente, três coisas. A primeira, o jihadismo ou a ameaça islamista radical ainda existe. Em segundo lugar, o extremismo de direita, especialmente o extremismo violento da direita branca está mais presente na Europa. A terceira questão é, obviamente, o desenvolvimento da tecnologia. A tecnologia desempenha um papel na difusão na Internet de discursos de ódio e de conteúdos terroristas”.

Pedro Sacadura, euronews: "No ado, vários cidadãos europeus aderiram a organizações ligadas ao terrorismo. Na sua opinião, a Europa continua a ser um terreno de recrutamento para essas organizações? E quais são as causas profundas desses recrutamentos?"

Ilkka Salmi, coordenador anti-terrorismo da União Europeia: “Digamos que em 2012, 2013, 2014 em particular ou em 2015 com a crise na Síria e a formação do Daesh ou Estado Islâmico, alguns europeus juntaram-se a essas organizações terroristas. Em teoria, isso ainda existe de certa forma, se tivermos em conta o que está a acontecer no Afeganistão. É uma questão que vamos seguir".

Estamos longe de poder traçar uma espécie de linha direta entre migração e terrorismo.
Ilkka Salmi
Coordenador da luta antiterrorista na UE

Pedro Sacadura, euronews: "No último trimestre, o tema da migração voltou à agenda. Pensa que há uma ligação, como dizem algumas pessoas, entre migração e terrorismo?"

Ilkka Salmi, coordenador anti-terrorismo da União Europeia: Estamos longe de poder traçar uma espécie de linha direta entre migração e terrorismo. Ao mesmo tempo, é preciso ter em mente que se houver um grande movimento de pessoas em todo o mundo, as organizações terroristas podem tentar tirar partido desses movimentos para infiltrar indivíduos”.

Pedro Sacadura, euronews: “Estamos em Bruxelas, onde houve ataques terroristas no ado. Na sua opinião, quais são as prioridades para que a Europa seja um lugar mais seguro?"

Ilkka Salmi, coordenador anti-terrorismo da União Europeia: “Temos de garantir um equilíbrio entre questões como a privacidade, por um lado, e a segurança, por outro, de modo a assegurar que a legislação possa ser aplicada, para que possamos trabalhar de forma eficiente. E ao mesmo tempo é preciso garantir que as nossas instituições tenham o às novas tecnologias".

A nova lei europeia sobre conteúdos terroristas na Internet

Pedro Sacadura, euronews: Vamos falar de outro tema, a pandemia, que é também uma questão premente. Segundo um relatório recente da Europol sobre 2020, as organizações ligadas ao terrorismo estão a tirar partido da pandemia de Covid-19 para exacerbar o discurso do ódio e a propaganda online. O que está a ser feito para combater esse fenómeno que poderá assumir maiores dimensões no futuro?”

Ilkka Salmi, coordenador anti-terrorismo da União Europeia: “A chamada legislação sobre conteúdo terrorista na Internet vai entrar em vigor. É uma legislação europeia. Basicamente, os fornecedores de serviços e as redes sociais serão obrigados a remover o conteúdo terrorista que for publicado nessas plataformas, a partir da informação dos Estados Membros, das autoridades e da Europol. Têm uma hora para remover esse tipo de informação ou de mensagem. Penso que é um desenvolvimento muito bom o facto de ao longo dos últimos dois anos termos conseguido aprovar este tipo de legislação, que entrará em vigor no próximo verão".

As novas tecnologias são-nos extremamente úteis mas, ao mesmo tempo, dão novas ferramentas aos que querem fazer mal. E é exactamente por isso que temos de acompanhar os desenvolvimentos tecnológicos".
Ilkka Salmi
coordenador da luta antiterrorista na UE

Pedro Sacadura, euronews: “Hoje em dia há muitos conteúdos na Internet contra a vacinação, no contexto da pandemia. Considera que esses discursos podem ser usados pelo extremismo de direita para outros fins e para conquistar mais seguidores?"

Ilkka Salmi, coordenador anti-terrorismo da União Europeia: “Não me parece que isso possa ser rotulado como terrorismo, por enquanto. Dito isto, tem havido alguma preocupação perante a possibilidade de uma pequena parte dos quem são contra se radicalizarem e procurarem alianças com diferentes grupos, por exemplo, com o violento extremismo de direita. Mas, por enquanto, é importante sublinhar o direito à liberdade de expressão, à liberdade de opinião e o direito de manifestação".

Pedro Sacadura, euronews: "À medida que a tecnologia evolui, o terrorismo também evolui. Como podemos lidar com isso?”

Ilkka Salmi, coordenador anti-terrorismo da União Europeia: "Antes de mais, é preciso fazer um grande esforço ao nível da prevenção, para que as pessoas não se radicalizem e não estejam em o com essas opiniões, especialmente quando falamos da Europa e, claro, também a nível global. Em segundo lugar, temos de garantir que as instituições que aplicam a lei e as autoridades de segurança tenham recursos suficientes e um quadro legal para agir."

Pedro Sacadura, euronews: “A melhor arma no futuro será online? O que faria ao nível da luta contra o ciberterrorismo?"

Ilkka Salmi, coordenador anti-terrorismo da União Europeia: “Acredito que esse é, sem dúvida, o caminho a seguir. Não vai substituir o que acontece no mundo real. Porque é aí que, infelizmente, todos os incidentes terroristas têm um impacto psicológico. Por outro lado, as novas tecnologias são-nos extremamente úteis mas, ao mesmo tempo, dão novas ferramentas aos que querem fazer mal. E é exactamente por isso que temos de acompanhar os desenvolvimentos tecnológicos".

Pedro Sacadura, euronews: "Pensa que há uma abordagem única que pode ser aplicada a situações e países diferentes, uma espécie de abordagem pan-europeia?"

Ilkka Salmi, coordenador anti-terrorismo da União Europeia: “A ameaça varia, sem dúvida, em função dos estados membros da UE. Nesse sentido, provavelmente, não podemos falar de uma abordagem monolítica".

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