{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2023/02/07/ceticismo-sobre-resultado-do-debate-sobre-migracao-na-cimeira-da-ue" }, "headline": "Ceticismo sobre resultado do debate sobre migra\u00e7\u00e3o na cimeira da UE", "description": "\u0022A migra\u00e7\u00e3o \u00e9 um desafio europeu que deve ser enfrentado com uma resposta europeia\u0022, escreveu a presidente da Comiss\u00e3o Europeia, Ursula von der Leyen, numa carta aos l\u00edderes antes desta cimeira.", "articleBody": "A migra\u00e7\u00e3o estar\u00e1 de volta ao topo da agenda pol\u00edtica numa cimeira extraordin\u00e1ria da Uni\u00e3o Europeia (UE), que decorrer\u00e1 esta semana, em Bruxelas depois de ter ficado na sombra devido \u00e0 crise da pandemia, guerra na Ucr\u00e2nia e infla\u00e7\u00e3o.\u00a0 O Pacto da UE para a Migra\u00e7\u00e3o e Asilo necessita de muita legisla\u00e7\u00e3o detalhada para ser implementado, mas h\u00e1 grandes diverg\u00eancias entre os 27 pa\u00edses. Um aumento de 64% de chegadas irregulares\u00a0 (cerca de 330 mil pessoas) e de 46% nos pedidos de asilo (cerca de 924 mil), em 2022, despertaram um novo sentido de urg\u00eancia pol\u00edtica na UE. A \u00c1ustria est\u00e1 a pedir fundos europeus para financiar uma nova veda\u00e7\u00e3o ao longo da fronteira entre a Bulg\u00e1ria e a Turquia. A It\u00e1lia criou um c\u00f3digo de conduta para os navios de salvamento no mar Mediterr\u00e2neo que quer ver adotado a n\u00edvel europeu. A Dinamarca, pa\u00eds que prossegue uma pol\u00edtica de \u0022asilo zero\u0022, quer criar centros de acolhimento fora do bloco. A Comiss\u00e3o Europeia prop\u00f4s o Pacto, em 2020, para que haja um documento estrat\u00e9gico que re\u00fane todos os aspetos da pol\u00edtica de migra\u00e7\u00e3o e possa substituir a abordagem ad-hoc existente, num esp\u00edrito de\u00a0 partilha justa de responsabilidade e solidariedade . \u0022A migra\u00e7\u00e3o \u00e9 um desafio europeu que deve ser enfrentado com uma resposta europeia\u0022, escreveu a presidente da Comiss\u00e3o Europeia, Ursula von der Leyen, numa carta aos l\u00edderes antes desta cimeira. \u0022Entre a espada e a parede\u0022 Ao abrigo do chamado Regulamento de Dublin, adoptado em 2013, o pedido apresentado por um requerente de asilo torna-se da responsabilidade do primeiro Estado-membro de chegada. Este sistema tem sido\u00a0 criticado tanto pelos governos como pelas organiza\u00e7\u00f5es da sociedade civil porque coloca um fardo desproporcionado sobre as na\u00e7\u00f5es da linha da frente, como as do Mediterr\u00e2neo (It\u00e1lia, Gr\u00e9cia, Espanha) , que se v\u00eaem confrontadas com centenas de milhares de pedidos de asilo de pessoas que, muitas vezes, n\u00e3o querem permanecer nesse pa\u00eds e preferem viajar para norte (Su\u00e9cia e Alemanha). \u00c9 aqui que surge a grande quest\u00e3o: Como pode a UE, enquanto uni\u00e3o pol\u00edtica com fronteiras externas partilhadas, deslocalizar e redistribuir centenas de milhares de requerentes de forma justa e equilibrada? At\u00e9 agora, a resposta tem sido: simplesmente n\u00e3o consegue. \u0022A pol\u00edtica de migra\u00e7\u00e3o\u00a0 est\u00e1 entre \u0022a espada e a parede\u0022. Os fluxos migrat\u00f3rios continuam, mas os Estados-membros t\u00eam muita dificuldade em chegar a acordo sobre um conjunto de solu\u00e7\u00f5es eficazes e comuns\u0022, disse Andrew Geddes, diretor do Centro de Pol\u00edtica Migrat\u00f3ria do Instituto Universit\u00e1rio Europeu (EUI), \u00e0 euronews. \u0022Alguns Estados-membros apenas recusam tudo e n\u00e3o participar\u00e3o em esquemas que envolvem a deslocaliza\u00e7\u00e3o de migrantes em toda a UE\u0022, acrescentou Geddes. O mecanismo de solidariedade que est\u00e1 em debate prev\u00ea que os pa\u00edses da UE escolham entre tr\u00eas op\u00e7\u00f5es para ajudar um Estado-membro cujo sistema de migra\u00e7\u00e3o est\u00e1 sob press\u00e3o devido a uma vaga de rec\u00e9m-chegados: aceitar requerentes de asilo\u00a0 pagar pelo regresso dos requerentes ao pa\u00eds de origem quando o preocesso \u00e9 indeferido financiar uma s\u00e9rie de \u0022medidas operacionais\u0022, tais como centros de acolhimento e meios de transporte As ajudas seriam calculadas com base no PIB e na popula\u00e7\u00e3o do pa\u00eds.\u00a0 N\u00e3o demorou muito tempo a perceber que o sistema apresenta condi\u00e7\u00f5es dif\u00edceis de conciliar para alguns pa\u00edses. Para aqueles que insistem em mais relocaliza\u00e7\u00e3o, tais como a Alemanha, Fran\u00e7a, It\u00e1lia e Gr\u00e9cia, n\u00e3o \u00e9 justo que outros pa\u00edses s\u00f3 paguem e n\u00e3o recebam pessoas.\u00a0 Para aqueles que se op\u00f5em \u00e0 relocaliza\u00e7\u00e3o, tais como a Pol\u00f3nia, Hungria, Eslov\u00e1quia e \u00c1ustria, o sistema introduz compromissos obrigat\u00f3rios que os for\u00e7ariam a contribuir financeiramente, quer queiram quer n\u00e3o. As perspectivas de conflito condenaram o \u0022Novo Pacto\u0022 a um limbo legislativo, com poucos ou nenhuns progressos desde a sua apresenta\u00e7\u00e3o em setembro de 2020. Interesses nacionais e agendas pol\u00edticas a curto prazo \u0022Durante demasiado tempo, o debate migrat\u00f3rio foi privado de novas energias e oxig\u00e9nio vital, pressionado por interesses nacionais e agendas pol\u00edticas de curto prazo\u0022,\u00a0 disse Alberto-Horst Neidhardt, chefe do programa de migra\u00e7\u00e3o no Centro de Pol\u00edticas Europeias (E), \u00e0 euronews. Um mecanismo de relocaliza\u00e7\u00e3o volunt\u00e1ria estabelecido por 21 pa\u00edses europeus resultou, at\u00e9 agora, em pouco mais de 200 requerentes de asilo enviados para outro pa\u00eds, quando o objetivo era que\u00a0 oito mil fossem relocalizados at\u00e9 junho de 2023. A perp\u00e9tua falta de consenso sobre como lidar com a migra\u00e7\u00e3o internamente \u0022corre o risco de se traduzir numa aten\u00e7\u00e3o desproporcionada no regresso e reiss\u00e3o\u0022, acrescentou Neidhardt. Atualmente, h\u00e1 uma tend\u00eancia de debate com enfoque acentuado na dimens\u00e3o externa da migra\u00e7\u00e3o, isto \u00e9, negociar com os pa\u00edses de origem de migrantes econ\u00f3micos sobre como evitar que estes partam ou como fazer a sua repatria\u00e7\u00e3o, com base em ajuda financeira. Neste caso s\u00e3o pa\u00edses africanos e do M\u00e9dio Oriente. Al\u00e9m disso, h\u00e1 cada vez mais pedidos de asilo de pessoas com origem no que se considera serem \u0022pa\u00edses seguros\u0022, tais como Turquia, Bangladesh, Marrocos, Ge\u00f3rgia, Egipto e Peru, que alimentaram os apelos a um envolvimento internacional mais en\u00e9rgico e persuasivo. \u0022Muitos dos pa\u00edses em causa est\u00e3o longe de ser est\u00e1veis e n\u00e3o s\u00e3o 'seguros' em nenhum sentido da palavra\u0022, disse Catherine Woollard, diretora do Conselho Europeu sobre Refugiados e Exilados (ECRE) numa declara\u00e7\u00e3o cr\u00edtica, observando que o \u0022alarmismo\u0022 em todo o bloco est\u00e1 a ser fabricado para fins pol\u00edticos. \u0022A formula\u00e7\u00e3o de pol\u00edticas em modo de p\u00e2nico alimenta uma abordagem baseada em receios infundados e n\u00e3o em necessidades, interesses, considera\u00e7\u00f5es de recursos ou obriga\u00e7\u00f5es legais\u0022, acrescentou Catherine Woollard. A pol\u00edtica de retorno As aten\u00e7\u00f5es centraram-se tamb\u00e9m na taxa de retorno dos requerentes de asilo ineleg\u00edveis para prote\u00e7\u00e3o internacional, que \u00e9 apenas de\u00a0 21%. A carta de Von der Leyen reconhece esta realidade e fala de projetos contra o contrabando de pessoas, equipas de opera\u00e7\u00f5es conjuntas e parcerias de talentos para acelerar os retornos e refrear as partidas. \u0022A alavancagens de diferentes \u00e1reas pol\u00edticas, incluindo vistos, com\u00e9rcio, investimento (...) e oportunidades de migra\u00e7\u00e3o legal enviam sinais claros aos parceiros sobre os benef\u00edcios da coopera\u00e7\u00e3o com a UE e devem ser utilizadas na \u00edntegra\u0022, escreveu a presidente da Comiss\u00e3o Europeia. Mas os peritos alertam para a externaliza\u00e7\u00e3o da pol\u00edtica de asilo, tamb\u00e9m conhecida como \u0022off-shoring\u0022, ignorando as raz\u00f5es fundamentais que impulsionam os fluxos migrat\u00f3rios, tais como dificuldades econ\u00f3micas, discrimina\u00e7\u00e3o e altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas, e que podem levar a viola\u00e7\u00f5es dos direitos humanos e deten\u00e7\u00f5es ilegais fora da UE. \u0022O pedido de asilo \u00e9 um sintoma e n\u00e3o a causa.\u00a0 A repress\u00e3o da a\u00e7\u00e3o de barcos de salvamento e medidas contra os traficantes de pessoas podem ter alguns efeitos, nomeadamente haver mais pessoas a morrerem, mas n\u00e3o far\u00e1 nada para combater algumas das causas subjacentes e muito mais profundas desta desloca\u00e7\u00e3o\u0022,\u00a0 disse Andrew Geddes. ", "dateCreated": "2023-02-07T10:24:27+01:00", "dateModified": "2023-02-07T14:16:41+01:00", "datePublished": "2023-02-07T14:16:38+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F38%2F02%2F20%2F1440x810_cmsv2_4ea2b981-a962-55a7-84b9-d8567de90966-7380220.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "A Comiss\u00e3o Europeia prop\u00f4s o Pacto, em 2020, para que haja um documento estrat\u00e9gico que re\u00fane todos os aspetos da pol\u00edtica de migra\u00e7\u00e3o ", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F38%2F02%2F20%2F432x243_cmsv2_4ea2b981-a962-55a7-84b9-d8567de90966-7380220.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": [ { "@type": "Person", "familyName": "Liboreiro", "givenName": "Jorge", "name": "Jorge Liboreiro", "url": "/perfis/1858", "worksFor": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "sameAs": "https://www.x.com/@JorgeLiboreiro", "memberOf": { "@type": "Organization", "name": "Correspondant \u00e0 Bruxelles" } } ], "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Decifrar a Europa" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Ceticismo sobre resultado do debate sobre migração na cimeira da UE

A Comissão Europeia propôs o Pacto, em 2020, para que haja um documento estratégico que reúne todos os aspetos da política de migração
A Comissão Europeia propôs o Pacto, em 2020, para que haja um documento estratégico que reúne todos os aspetos da política de migração Direitos de autor Salvatore Cavalli/Copyright 2022 The AP. All rights reserved
Direitos de autor Salvatore Cavalli/Copyright 2022 The AP. All rights reserved
De Jorge Liboreiro & Isabel Marques da Silva
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

"A migração é um desafio europeu que deve ser enfrentado com uma resposta europeia", escreveu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, numa carta aos líderes antes desta cimeira.

PUBLICIDADE

A migração estará de volta ao topo da agenda política numa cimeira extraordinária da União Europeia (UE), que decorrerá esta semana, em Bruxelas depois de ter ficado na sombra devido à crise da pandemia, guerra na Ucrânia e inflação. 

O Pacto da UE para a Migração e Asilo necessita de muita legislação detalhada para ser implementado, mas há grandes divergências entre os 27 países.

Um aumento de 64% de chegadas irregulares  (cerca de 330 mil pessoas) e de 46% nos pedidos de asilo (cerca de 924 mil), em 2022, despertaram um novo sentido de urgência política na UE.

A Áustria está a pedir fundos europeus para financiar uma nova vedação ao longo da fronteira entre a Bulgária e a Turquia. A Itália criou um código de conduta para os navios de salvamento no mar Mediterrâneo que quer ver adotado a nível europeu. A Dinamarca, país que prossegue uma política de "asilo zero", quer criar centros de acolhimento fora do bloco.

A Comissão Europeia propôs o Pacto, em 2020, para que haja um documento estratégico que reúne todos os aspetos da política de migração e possa substituir a abordagem ad-hoc existente, num espírito de partilha justa de responsabilidade e solidariedade.

"A migração é um desafio europeu que deve ser enfrentado com uma resposta europeia", escreveu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, numa carta aos líderes antes desta cimeira.

"Entre a espada e a parede"

Ao abrigo do chamado Regulamento de Dublin, adoptado em 2013, o pedido apresentado por um requerente de asilo torna-se da responsabilidade do primeiro Estado-membro de chegada.

Este sistema tem sido  criticado tanto pelos governos como pelas organizações da sociedade civil porque coloca um fardo desproporcionado sobre as nações da linha da frente, como as do Mediterrâneo (Itália, Grécia, Espanha) , que se vêem confrontadas com centenas de milhares de pedidos de asilo de pessoas que, muitas vezes, não querem permanecer nesse país e preferem viajar para norte (Suécia e Alemanha).

A política de migração está entre "a espada e a parede". Os fluxos migratórios continuam, mas os Estados-membros têm muita dificuldade em chegar a acordo sobre um conjunto de soluções eficazes e comuns.
Andrew Geddes
Diretor do Centro de Política Migratória do Instituto Universitário Europeu

É aqui que surge a grande questão: Como pode a UE, enquanto união política com fronteiras externas partilhadas, deslocalizar e redistribuir centenas de milhares de requerentes de forma justa e equilibrada?

Até agora, a resposta tem sido: simplesmente não consegue.

"A política de migração  está entre "a espada e a parede". Os fluxos migratórios continuam, mas os Estados-membros têm muita dificuldade em chegar a acordo sobre um conjunto de soluções eficazes e comuns", disse Andrew Geddes, diretor do Centro de Política Migratória do Instituto Universitário Europeu (EUI), à euronews.

"Alguns Estados-membros apenas recusam tudo e não participarão em esquemas que envolvem a deslocalização de migrantes em toda a UE", acrescentou Geddes.

O mecanismo de solidariedade que está em debate prevê que os países da UE escolham entre três opções para ajudar um Estado-membro cujo sistema de migração está sob pressão devido a uma vaga de recém-chegados:

  • aceitar requerentes de asilo 
  • pagar pelo regresso dos requerentes ao país de origem quando o preocesso é indeferido
  • financiar uma série de "medidas operacionais", tais como centros de acolhimento e meios de transporte

As ajudas seriam calculadas com base no PIB e na população do país. Não demorou muito tempo a perceber que o sistema apresenta condições difíceis de conciliar para alguns países.

Para aqueles que insistem em mais relocalização, tais como a Alemanha, França, Itália e Grécia, não é justo que outros países só paguem e não recebam pessoas. Para aqueles que se opõem à relocalização, tais como a Polónia, Hungria, Eslováquia e Áustria, o sistema introduz compromissos obrigatórios que os forçariam a contribuir financeiramente, quer queiram quer não.

As perspectivas de conflito condenaram o "Novo Pacto" a um limbo legislativo, com poucos ou nenhuns progressos desde a sua apresentação em setembro de 2020.

Interesses nacionais e agendas políticas a curto prazo

"Durante demasiado tempo, o debate migratório foi privado de novas energias e oxigénio vital, pressionado por interesses nacionais e agendas políticas de curto prazo",  disse Alberto-Horst Neidhardt, chefe do programa de migração no Centro de Políticas Europeias (E), à euronews.

Um mecanismo de relocalização voluntária estabelecido por 21 países europeus resultou, até agora, em pouco mais de 200 requerentes de asilo enviados para outro país, quando o objetivo era que  oito mil fossem relocalizados até junho de 2023.

A perpétua falta de consenso sobre como lidar com a migração internamente "corre o risco de se traduzir numa atenção desproporcionada no regresso e reissão", acrescentou Neidhardt.

Muitos dos países em causa estão longe de ser estáveis e não são 'seguros' em nenhum sentido da palavra.
Catherine Woollard
Diretora do Conselho Europeu sobre Refugiados e Exilados

Atualmente, há uma tendência de debate com enfoque acentuado na dimensão externa da migração, isto é, negociar com os países de origem de migrantes económicos sobre como evitar que estes partam ou como fazer a sua repatriação, com base em ajuda financeira. Neste caso são países africanos e do Médio Oriente.

Além disso, há cada vez mais pedidos de asilo de pessoas com origem no que se considera serem "países seguros", tais como Turquia, Bangladesh, Marrocos, Geórgia, Egipto e Peru, que alimentaram os apelos a um envolvimento internacional mais enérgico e persuasivo.

"Muitos dos países em causa estão longe de ser estáveis e não são 'seguros' em nenhum sentido da palavra", disse Catherine Woollard, diretora do Conselho Europeu sobre Refugiados e Exilados (ECRE) numa declaração crítica, observando que o "alarmismo" em todo o bloco está a ser fabricado para fins políticos.

"A formulação de políticas em modo de pânico alimenta uma abordagem baseada em receios infundados e não em necessidades, interesses, considerações de recursos ou obrigações legais", acrescentou Catherine Woollard.

A política de retorno

As atenções centraram-se também na taxa de retorno dos requerentes de asilo inelegíveis para proteção internacional, que é apenas de 21%.

A carta de Von der Leyen reconhece esta realidade e fala de projetos contra o contrabando de pessoas, equipas de operações conjuntas e parcerias de talentos para acelerar os retornos e refrear as partidas.

"A alavancagens de diferentes áreas políticas, incluindo vistos, comércio, investimento (...) e oportunidades de migração legal enviam sinais claros aos parceiros sobre os benefícios da cooperação com a UE e devem ser utilizadas na íntegra", escreveu a presidente da Comissão Europeia.

Mas os peritos alertam para a externalização da política de asilo, também conhecida como "off-shoring", ignorando as razões fundamentais que impulsionam os fluxos migratórios, tais como dificuldades económicas, discriminação e alterações climáticas, e que podem levar a violações dos direitos humanos e detenções ilegais fora da UE.

"O pedido de asilo é um sintoma e não a causa. A repressão da ação de barcos de salvamento e medidas contra os traficantes de pessoas podem ter alguns efeitos, nomeadamente haver mais pessoas a morrerem, mas não fará nada para combater algumas das causas subjacentes e muito mais profundas desta deslocação", disse Andrew Geddes.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

ONG contra decreto italiano sobre migração

Porque é que as novas tensões com os vizinhos atrasaram o pedido de adesão da Macedónia do Norte à UE

Como é que a UE vai explorar os ativos da Rússia para angariar 35 mil milhões de euros para a Ucrânia?