{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/saude/2023/03/10/cientistas-encontram-virus-zombie-preso-ha-48500-anos-no-permafrost" }, "headline": "Cientistas encontram \u201cv\u00edrus zombie\u201d preso h\u00e1 48.500 anos no permafrost", "description": "O degelo dos solos permanentemente gelados [permafrost] tem acelerado com o aquecimento global", "articleBody": "Os chamados v\u00edrus \u201czombies\u201d, que aram at\u00e9 48.500 anos congelados no solo, poder\u00e3o despertar quando os solos permanentemente gelados [permafrost] derreterem por causa das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas, alertam os cientistas. As temperaturas visivelmente mais altas no \u00c1rtico j\u00e1 est\u00e3o a descongelar estes solos na regi\u00e3o. S\u00e3o a camada permanentemente congelada abaixo da superf\u00edcie da Terra. Os investigadores est\u00e3o a tentar avaliar o n\u00edvel de risco que as bact\u00e9rias e os v\u00edrus presos no interior podem representar para os seres humanos - e est\u00e3o a reavivar cuidadosamente alguns deles durante o processo. \u201cFelizmente, podemos esperar, de forma razo\u00e1vel, que uma epidemia provocada por uma bact\u00e9ria patog\u00e9nica pr\u00e9-hist\u00f3rica reavivada possa ser rapidamente controlada com os antibi\u00f3ticos modernos \u00e0 nossa disposi\u00e7\u00e3o [...] ainda que as bact\u00e9rias com genes resistentes aos antibi\u00f3ticos pare\u00e7am ser prevalecentes nos solos permanentemente gelados\u201d, escreveram os autores de um estudo publicado em fevereiro na revista Viruses . O mesmo estudo alerta que \u201ca situa\u00e7\u00e3o seria muito mais desastrosa no caso de doen\u00e7as vegetais, animais ou humanas causadas pelo renascimento de um antigo v\u00edrus desconhecido\u201d para o qual n\u00e3o haveria tratamento espec\u00edfico ou vacina imediatamente dispon\u00edvel. O degelo do permafrost na Sib\u00e9ria j\u00e1 foi associado a surtos de antraz em renas, j\u00e1 que os ver\u00f5es excecionalmente quentes causaram o ressurgimento de antigos esporos de antraz em cemit\u00e9rios de animais. Neste \u00faltimo estudo, o investigador franc\u00eas Jean-Michel Claverie e a sua equipa relataram que conseguiram isolar e reavivar v\u00e1rios v\u00edrus antigos do permafrost, incluindo uma variante de v\u00edrus gigante (Pithovirus) encontrada numa amostra de permafrost de 27 mil anos contendo muito de l\u00e3 de mamute. A maioria dos v\u00edrus isolados era da fam\u00edlia Pandoraviridae, uma fam\u00edlia de v\u00edrus de ADN de fita dupla que infetam amebas - organismos muito pequenos e simples feitos de apenas uma c\u00e9lula. V\u00edrus desconhecidos ainda a serem descobertos \u201cEste estudo confirma a capacidade de v\u00edrus de grande ADN que infetam Acanthamoeba permanecerem infecciosos ap\u00f3s mais de 48.500 anos ados no permafrost profundo\u201d, escreveram os autores. Por seguran\u00e7a, Claverie e a sua equipa t\u00eam-se concentrado em reavivar v\u00edrus pr\u00e9-hist\u00f3ricos que visam amebas unicelulares, em vez de animais ou humanos. Outros cientistas na R\u00fassia est\u00e3o atualmente \u00e0 ca\u00e7a de \u201aleov\u00edrus\u201d diretamente em restos de mamutes, rinocerontes lanudos ou cavalos pr\u00e9-hist\u00f3ricos preservados no permafrost. \u201cSem a necessidade de embarcar num projeto t\u00e3o arriscado, acreditamos que nossos resultados com v\u00edrus que infetam Acanthamoeba podem ser extrapolados para muitos outros v\u00edrus de ADN capazes de infetar humanos ou animais\u201d, escreveram Claverie e a sua equipa. Alertaram ainda que \u00e9 prov\u00e1vel que v\u00edrus ainda desconhecidos sejam libertados \u00e0 medida que o permafrost descongela. \u201cQuanto tempo \u00e9 que esses v\u00edrus podem permanecer infecciosos uma vez expostos a condi\u00e7\u00f5es externas (luz ultravioleta, oxig\u00e9nio, calor) e qual a probabilidade de encontrar e infetar um hospedeiro adequado nesse intervalo, ainda \u00e9 imposs\u00edvel estimar\u201d, disseram os investigadores. \u201cMas o risco tende a aumentar no contexto do aquecimento global, em que o degelo do permafrost continuar\u00e1 a acelerar e mais pessoas ir\u00e3o povoar o \u00c1rtico na sequ\u00eancia de empreendimentos industriais.\u201d ", "dateCreated": "2023-03-09T17:52:23+01:00", "dateModified": "2023-03-10T17:48:59+01:00", "datePublished": "2023-03-10T10:12:33+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F45%2F46%2F68%2F1440x810_cmsv2_404f33f2-8d4a-55b4-baa3-af572ade3747-7454668.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "Temperaturas visivelmente mais altas no \u00c1rtico j\u00e1 est\u00e3o a descongelar o permafrost na regi\u00e3o. Estes solos s\u00e3o a camada permanentemente congelada abaixo da superf\u00edcie da Terra", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F45%2F46%2F68%2F432x243_cmsv2_404f33f2-8d4a-55b4-baa3-af572ade3747-7454668.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ], "url": "/" }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Not\u00edcias de sa\u00fade" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Cientistas encontram “vírus zombie” preso há 48.500 anos no permafrost

Temperaturas visivelmente mais altas no Ártico já estão a descongelar o permafrost na região. Estes solos são a camada permanentemente congelada abaixo da superfície da Terra
Temperaturas visivelmente mais altas no Ártico já estão a descongelar o permafrost na região. Estes solos são a camada permanentemente congelada abaixo da superfície da Terra Direitos de autor Canva
Direitos de autor Canva
De Natalie Huet
Publicado a Últimas notícias
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

O degelo dos solos permanentemente gelados [permafrost] tem acelerado com o aquecimento global

PUBLICIDADE

Os chamados vírus “zombies”, que aram até 48.500 anos congelados no solo, poderão despertar quando os solos permanentemente gelados [permafrost] derreterem por causa das alterações climáticas, alertam os cientistas.

As temperaturas visivelmente mais altas no Ártico já estão a descongelar estes solos na região. São a camada permanentemente congelada abaixo da superfície da Terra.

Os investigadores estão a tentar avaliar o nível de risco que as bactérias e os vírus presos no interior podem representar para os seres humanos - e estão a reavivar cuidadosamente alguns deles durante o processo.

“Felizmente, podemos esperar, de forma razoável, que uma epidemia provocada por uma bactéria patogénica pré-histórica reavivada possa ser rapidamente controlada com os antibióticos modernos à nossa disposição [...] ainda que as bactérias com genes resistentes aos antibióticos pareçam ser prevalecentes nos solos permanentemente gelados”, escreveram os autores de um estudo publicado em fevereiro na revista Viruses.

O mesmo estudo alerta que “a situação seria muito mais desastrosa no caso de doenças vegetais, animais ou humanas causadas pelo renascimento de um antigo vírus desconhecido” para o qual não haveria tratamento específico ou vacina imediatamente disponível.

O degelo do permafrost na Sibéria já foi associado a surtos de antraz em renas, já que os verões excecionalmente quentes causaram o ressurgimento de antigos esporos de antraz em cemitérios de animais.

Neste último estudo, o investigador francês Jean-Michel Claverie e a sua equipa relataram que conseguiram isolar e reavivar vários vírus antigos do permafrost, incluindo uma variante de vírus gigante (Pithovirus) encontrada numa amostra de permafrost de 27 mil anos contendo muito de lã de mamute.

A maioria dos vírus isolados era da família Pandoraviridae, uma família de vírus de ADN de fita dupla que infetam amebas - organismos muito pequenos e simples feitos de apenas uma célula.

Vírus desconhecidos ainda a serem descobertos

“Este estudo confirma a capacidade de vírus de grande ADN que infetam Acanthamoeba permanecerem infecciosos após mais de 48.500 anos ados no permafrost profundo”, escreveram os autores.

Por segurança, Claverie e a sua equipa têm-se concentrado em reavivar vírus pré-históricos que visam amebas unicelulares, em vez de animais ou humanos.

Outros cientistas na Rússia estão atualmente à caça de “paleovírus” diretamente em restos de mamutes, rinocerontes lanudos ou cavalos pré-históricos preservados no permafrost.

“Sem a necessidade de embarcar num projeto tão arriscado, acreditamos que nossos resultados com vírus que infetam Acanthamoeba podem ser extrapolados para muitos outros vírus de ADN capazes de infetar humanos ou animais”, escreveram Claverie e a sua equipa.

Alertaram ainda que é provável que vírus ainda desconhecidos sejam libertados à medida que o permafrost descongela.

“Quanto tempo é que esses vírus podem permanecer infecciosos uma vez expostos a condições externas (luz ultravioleta, oxigénio, calor) e qual a probabilidade de encontrar e infetar um hospedeiro adequado nesse intervalo, ainda é impossível estimar”, disseram os investigadores.

“Mas o risco tende a aumentar no contexto do aquecimento global, em que o degelo do permafrost continuará a acelerar e mais pessoas irão povoar o Ártico na sequência de empreendimentos industriais.”

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Ártico aquece cerca de quatro vezes mais depressa do que o resto do planeta

Alterações climáticas colocam Ártico no epicentro da investigação

Clima na Europa em 2020: níveis de calor sem precedentes, com o Ártico a aquecer de forma incessante