{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/green/2021/05/14/clima-na-europa-em-2020-niveis-de-calor-sem-precedentes-com-o-artico-a-aquecer-de-forma-in" }, "headline": "Clima na Europa em 2020: n\u00edveis de calor sem precedentes, com o \u00c1rtico a aquecer de forma incessante", "description": "O relat\u00f3rio Estado do Clima Europeu do Copernicus apresenta o mais recente retrato do tempo e do clima no continente", "articleBody": "O relat\u00f3rio Estado do Clima Europeu do Copernicus apresenta o mais recente retrato do tempo e do clima no continente Apesar dos incr\u00edveis desafios de 2020, o clima na Europa n\u00e3o ou despercebido neste \u00faltimo ano. V\u00e1rios eventos climat\u00e9ricos sem precedentes e a influ\u00eancia das caracter\u00edsticas climat\u00e9ricas globais e regionais marcaram as esta\u00e7\u00f5es na Europa, com dados a demonstrarem que a Europa caminha claramente na dire\u00e7\u00e3o do aquecimento. Acabado de publicar pelo Servi\u00e7o de Monitoriza\u00e7\u00e3o das Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas do Copernicus, o relat\u00f3rio Estado do Clima Europeu (ESOTC) de 2020 analisa as principais tend\u00eancias clim\u00e1ticas e eventos climat\u00e9ricos de 2020 na Europa, destacando mudan\u00e7as e variabilidade, para al\u00e9m de dar aos dados uma perspetiva mais global. Esta \u00e9 tamb\u00e9m a primeira vez que o relat\u00f3rio ESOTC expande o seu foco para l\u00e1 da Europa, abrangendo toda a regi\u00e3o do \u00c1rtico, cujo clima pode ter um papel significativo no clima da Europa. O ano mais quente alguma vez registado na Europa 2020 foi o ano mais quente de sempre na Europa, com as temperaturas a ultraarem em quase meio grau os m\u00e1ximos anteriores. Em todo o continente, as temperaturas m\u00e9dias excederam a m\u00e9dia de 1981 a 2010, com partes do norte e leste da Europa mais quentes em mais de 2 \u00b0C. As mesmas regi\u00f5es registaram temperaturas m\u00ednimas di\u00e1rias superiores \u00e0 m\u00e9dia, enquanto Fran\u00e7a e Benelux registaram temperaturas m\u00e1ximas di\u00e1rias mais altas. \u201cTivemos alguns per\u00edodos com temperaturas excecionalmente altas, ondas de calor no ver\u00e3o e per\u00edodos quentes no outono, apesar de n\u00e3o terem sido t\u00e3o intensos, generalizados e longos como em anos recentes\u201d, segundo a Dra. sca Guglielmo, cientista s\u00e9nior no Servi\u00e7o de Monitoriza\u00e7\u00e3o das Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas do Copernicus (C3S) e uma das coautoras do relat\u00f3rio ESOTC. A anomalia mais gritante em termos de temperatura verificou-se no \u00faltimo inverno. As temperaturas na esta\u00e7\u00e3o fria subiram, em m\u00e9dia, cerca de 1,9 \u00b0C em rela\u00e7\u00e3o ao anterior m\u00e1ximo e 3,4 \u00b0C em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 m\u00e9dia de 1981 a 2010, no que foi considerado pelos cientistas do C3S um inverno \u201cexcecionalmente quente\u201d. \u201cO n\u00famero de dias em que a temperatura se manteve negativa durante o dia ilustra esse aquecimento\u201d, segundo a Dra. Freja Vamborg, cientista s\u00e9nior do C3S e principal autora do relat\u00f3rio. \u201cTer ou n\u00e3o uma situa\u00e7\u00e3o de congelamento num determinado local faz uma diferen\u00e7a enorme.\u201d No norte e leste da Europa, as condi\u00e7\u00f5es foram at\u00edpicas, com o inverno no Mar B\u00e1ltico, na Finl\u00e2ndia e na R\u00fassia Ocidental at\u00e9 8 \u00b0C mais quente do que a m\u00e9dia entre 1981 e 2010. Isso fez com que o n\u00famero de dias com risco de stress grave provocado pelo frio fosse o mais baixo alguma vez registado, reduzindo a camada de gelo no Mar B\u00e1ltico e no Golfo da Finl\u00e2ndia. \u201cNeste inverno, o n\u00famero de dias com stress muito elevado e elevado devido ao frio durante o dia foi o mais baixo desde a d\u00e9cada de 80\u201d, segundo a Dra. Guglielmo. \u201cEstamos com uma tend\u00eancia de aquecimento na Europa, sendo que, at\u00e9 ao momento, atingimos 2,2 \u00b0C acima dos n\u00edveis pr\u00e9-industriais.\u201d No entanto, as temperaturas no ver\u00e3o n\u00e3o foram t\u00e3o excecionais como as verificadas no inverno e no outono. Apesar de junho ter sido especialmente quente no nordeste da Europa, a regi\u00e3o do Mediterr\u00e2neo, a Europa central e os Balc\u00e3s, fortemente afetados pelo calor em 2018 e 2019, registaram menos dias muito quentes do que a m\u00e9dia entre 1981 e 2010. Uma primavera bruscamente seca e uma tempestade recorde Apenas alguns eventos marcaram um ano relativamente normal em termos de precipita\u00e7\u00e3o na Europa. Com um inverno mais molhado do que o habitual, fevereiro registou a maior quantidade de precipita\u00e7\u00e3o do ano, afetando grandes \u00e1reas da Europa ocidental e fazendo com que os rios, como o Reno, atingissem caudais m\u00e1ximos no in\u00edcio do m\u00eas. Depois, tudo mudou. \u201c\u00c9 incr\u00edvel como \u00e1mos de um inverno molhado para uma primavera seca em t\u00e3o pouco tempo\u201d, segundo o coautor do relat\u00f3rio, Dr. David Lavers, do Centro Europeu para as Previs\u00f5es Meteorol\u00f3gicas a M\u00e9dio Prazo (ECMWF), cuja investiga\u00e7\u00e3o se foca no ciclo global da \u00e1gua. \u201odemos ver isso na precipita\u00e7\u00e3o, na humidade no solo e nos caudais dos rios, com repercuss\u00f5es na vegeta\u00e7\u00e3o.\u201d Segundo o relat\u00f3rio, a falta de precipita\u00e7\u00e3o, bem como a cobertura de nuvens abaixo da m\u00e9dia e a elevada exposi\u00e7\u00e3o solar na primavera, o que acelerou a evapora\u00e7\u00e3o da \u00e1gua nos solos, teve como resultado a primavera mais seca na Europa ocidental nos \u00faltimos 40 anos. No entanto, em outubro, a tempestade Alex bateu diariamente recordes de precipita\u00e7\u00e3o no Reino Unido e na Bretanha, bem como nos Alpes Mar\u00edtimos ses e italianos. Nos Alpes Mar\u00edtimos, uma corrente de ar h\u00famido e quente vinda do sudoeste do Mediterr\u00e2neo provocou deslizamentos de terras e inunda\u00e7\u00f5es em Fran\u00e7a e It\u00e1lia, danificando infraestruturas. Foi a primeira vez em 40 anos que a Fran\u00e7a foi assolada por uma tempestade t\u00e3o intensa num per\u00edodo t\u00e3o inicial da esta\u00e7\u00e3o e a primeira vez em 70 anos que a regi\u00e3o italiana de Piemonte registou n\u00edveis t\u00e3o elevados de precipita\u00e7\u00e3o. O Reino Unido registou 31,7 mm de chuva em 24 horas, assinalando o dia 3 de outubro como o dia mais chuvoso nos \u00faltimos 130 anos no pa\u00eds. Os especialistas dizem que continua a ser dif\u00edcil dizer se os eventos de precipita\u00e7\u00e3o se est\u00e3o a tornar mais extremos na Europa. No entanto, a M\u00e9t\u00e9o estima um aumento de 22% da intensidade da precipita\u00e7\u00e3o na regi\u00e3o do Mediterr\u00e2neo nos \u00faltimos 50 anos, sendo que a frequ\u00eancia de aguaceiros fortes quase duplicou no mesmo per\u00edodo. Inc\u00eandios florestais moderados Num ano com perigo de inc\u00eandios florestais abaixo da m\u00e9dia, apenas algumas regi\u00f5es, como os Balc\u00e3s e a Europa ocidental, tiveram um risco mais elevado no inverno e na primavera, especialmente com condi\u00e7\u00f5es h\u00famidas a tornarem-se subitamente secas. As emiss\u00f5es dos inc\u00eandios florestais tamb\u00e9m foram as mais baixas desde que come\u00e7aram a ser registadas, h\u00e1 18 anos, com apenas o sudoeste da Fran\u00e7a e os Balc\u00e3s a registarem emiss\u00f5es acima da m\u00e9dia. No entanto, no ver\u00e3o, normalmente a esta\u00e7\u00e3o em que os inc\u00eandios florestais s\u00e3o mais frequentes na regi\u00e3o do Mediterr\u00e2neo, verificaram-se emiss\u00f5es devido a inc\u00eandios florestais bem abaixo da m\u00e9dia entre 2003 e 2019. O \u00c1rtico n\u00e3o pode ser ignorado \u201cO n\u00edvel de aquecimento do \u00c1rtico em 2020 \u00e9 um sinal clim\u00e1tico fundamental \u00e0 escala global\u201d, segundo a Dra. Vamborg. \u201c\u00c9 um dos principais eventos do ano ado.\u201d O \u00c1rtico foi a regi\u00e3o com o maior desvio de temperatura de todo o mundo em 2020, com temperaturas 2,2 \u00b0C acima da m\u00e9dia entre 1981 e 2010, em compara\u00e7\u00e3o com os 0,6 \u00b0C a n\u00edvel global. O \u00e1rtico siberiano foi particularmente atingido. Com uma temperatura 4,3 \u00b0C acima da m\u00e9dia em 2020, bateu de longe os m\u00e1ximos de 2011 e 2016, quando a regi\u00e3o registou temperaturas cerca de 2,5 \u00b0C acima da m\u00e9dia. \u201cEste aquecimento faz certamente parte de uma tend\u00eancia em que o \u00c1rtico est\u00e1 a aquecer mais rapidamente do que o resto do mundo, pelo menos ao dobro ou triplo da velocidade\u201d, segundo o Dr. Julien Nicolas, cientista de rean\u00e1lise do C3S que tamb\u00e9m \u00e9 coautor do relat\u00f3rio. \u201cOs mecanismos de certamente tiveram influ\u00eancia em 2020 para que fosse t\u00e3o quente\u201d, segundo o Dr. Nicolas. \u201cUm desses mecanismos \u00e9 o efeito albedo, relacionado com o n\u00edvel de reflex\u00e3o de uma superf\u00edcie. Temperaturas elevadas resultam numa camada de neve mais fina no in\u00edcio da primavera e num derretimento mais r\u00e1pido, expondo o solo mais escuro, que tende a absorver mais calor e a acelerar o aquecimento inicial. Esse foi certamente um aspeto fundamental, especialmente numa primavera em que foram detetadas ondas de calor sobre parte da Sib\u00e9ria.\u201d Ventos, solos mais secos do que o habitual e inc\u00eandios um pouco por todo o lado tamb\u00e9m contribu\u00edram para os n\u00edveis recorde de calor. Sobre o Oceano \u00c1rtico, o calor tamb\u00e9m afetou a \u00e1rea coberta pelo gelo marinho, que, em setembro, atingiu segundo valor mais baixo desde 1979. Especificamente, a \u00e1rea de gelo marinho foi 35% menos do que a m\u00e9dia entre 1981 e 2010, sendo que, em julho e outubro, essa \u00e1rea atingiu os n\u00edveis mais baixos de sempre para essa altura do ano. Os inc\u00eandios florestais na Sib\u00e9ria tamb\u00e9m bateram recordes, emitindo cerca de 58 milh\u00f5es de toneladas de carbono para a atmosfera, o dobro em compara\u00e7\u00e3o com 2019, o ano do anterior valor m\u00e1ximo. Mais uma vez, a primavera seca, a baixa humidade no solo e o facto de a maior parte da Sib\u00e9ria estar sem neve a meio de junho (um m\u00eas antes do habitual) fizeram com que a esta\u00e7\u00e3o dos inc\u00eandios florestais come\u00e7asse mais cedo e com condi\u00e7\u00f5es que aumentaram a sua intensidade. A estreita rela\u00e7\u00e3o entre as condi\u00e7\u00f5es na Europa e no \u00c1rtico \u00e9 uma das raz\u00f5es que explicam o facto de o foco do relat\u00f3rio ESOTC se ter alargado, abrangendo toda a regi\u00e3o do \u00c1rtico. \u201cN\u00e3o se podem olhar apenas para o \u00c1rtico europeu; \u00e9 preciso olhar para o cen\u00e1rio mais amplo\u201d, segundo o Dr. Nicolas. \u201cO que se a no \u00c1rtico tamb\u00e9m tem consequ\u00eancias no tempo e clima da Europa. Na verdade, o calor sobre a Europa no in\u00edcio de 2020 fazia parte de uma grande massa de ar quente sobre a Sib\u00e9ria. O que aconteceu nas duas regi\u00f5es fazia parte do mesmo padr\u00e3o clim\u00e1tico.\u201d Rara destrui\u00e7\u00e3o da camada de ozono a norte \u201cAs pessoas normalmente sabem que existe um buraco na camada de ozono no Ant\u00e1rtico; no \u00c1rtico, as condi\u00e7\u00f5es s\u00e3o diferentes, verificando-se uma menor destrui\u00e7\u00e3o da camada de ozono\u201d, segundo o Dr. Nicolas. \u201c2020 foi um pouco diferente, dado que se verificou um evento recorde de destrui\u00e7\u00e3o da camada de ozono sobre o \u00c1rtico em mar\u00e7o e in\u00edcio de abril. N\u00e3o foi verdadeiramente um buraco na camada de ozono como no Ant\u00e1rtico, mas, ainda assim, foi a menor concentra\u00e7\u00e3o de ozono estratosf\u00e9rico alguma vez registada no \u00c1rtico.\u201d Procurando uma explica\u00e7\u00e3o, o relat\u00f3rio ESOTC aponta para o v\u00f3rtice polar: um anel de ventos fortes vindos de oeste que circula o Polo Norte e varia todos os anos. A sua for\u00e7a influencia at\u00e9 que ponto o ar polar se mistura com o ar de latitudes mais baixas nas zonas mais elevadas da atmosfera, onde se d\u00e1 a forma\u00e7\u00e3o do ozono a determinadas temperaturas. \u201cO v\u00f3rtice polar foi excecionalmente forte e assim se manteve mais tempo do que o normal\u201d, segundo o Dr. Nicolas. \u201cReteve o ar frio sobre a regi\u00e3o polar norte e n\u00e3o permitiu que o ar a norte se misturasse com o ar de latitudes m\u00e9dias, mais rico em ozono.\u201d Estas quantidades j\u00e1 baixas de ozono a norte diminu\u00edram ainda mais no final do inverno polar, quando a luz solar voltou e come\u00e7ou a ativar qu\u00edmicos que destroem o ozono na atmosfera. As emiss\u00f5es globais de gases com efeito de estufa n\u00e3o param de subir Apesar de uma paragem tempor\u00e1ria das atividades durante a pandemia da COVID-19, as concentra\u00e7\u00f5es de CO2 subiram cerca de 0,6% ou aproximadamente 2,3 partes por milh\u00e3o (ppm). Ainda que o aumento seja ligeiramente inferior ao de anos recentes, os dados demonstraram que as concentra\u00e7\u00f5es de gases com efeito de estufa na atmosfera em 2020 foram as mais altas desde 2003 em termos de m\u00e9dia anual global, de acordo com os registos de sat\u00e9lite do Servi\u00e7o de Monitoriza\u00e7\u00e3o da Atmosfera do Copernicus (CAMS). \u201cAs pessoas podem pensar que o abrandamento das emiss\u00f5es teria efeitos claros. No entanto, apesar da diminui\u00e7\u00e3o das emiss\u00f5es, continu\u00e1mos a lan\u00e7ar para a atmosfera uma grande quantidade de gases com efeito de estufa e, como tal, as concentra\u00e7\u00f5es desses gases continuaram a aumentar\u201d, segundo a Dra. Vamborg. \u201cFez, de facto, diferen\u00e7a, mas n\u00e3o a ponto de ser not\u00f3ria. \u00c9 preciso que isso aconte\u00e7a mais frequentemente.\u201d A monitoriza\u00e7\u00e3o das condi\u00e7\u00f5es climat\u00e9ricas anuais continua a ser essencial para compreender as evolu\u00e7\u00f5es do sistema clim\u00e1tico a longo prazo. S\u00e3o utlizados muitos tipos de dados diferentes para compilar as informa\u00e7\u00f5es do relat\u00f3rio. Dados de sat\u00e9lite a terrestres, combinados com modeliza\u00e7\u00e3o inform\u00e1tica, s\u00e3o apenas alguns exemplos da variedade de fontes utilizadas para aumentar a confian\u00e7a nos resultados. \u201cOs dados do ano ado est\u00e3o de acordo com as expetativas de que as temperaturas est\u00e3o a subir em todo o lado\u201d, segundo a Dra. Vamborg. \u201cRecordes de temperaturas quentes est\u00e3o a acontecer com mais frequ\u00eancia, sendo importante continuar esta monitoriza\u00e7\u00e3o todos os anos. \u00c9 esta combina\u00e7\u00e3o de dados que demonstra as tend\u00eancias.\u201d ", "dateCreated": "2021-05-14T14:11:02+02:00", "dateModified": "2021-05-14T16:23:45+02:00", "datePublished": "2021-05-14T16:23:40+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F05%2F62%2F40%2F42%2F1440x810_cmsv2_d74f4b90-9add-5222-8d34-b5cdbbbefce1-5624042.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "Manchas de gelo no mar a sul da Ilha Pioneira (R\u00fassia), a 14 de agosto de 2020.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F05%2F62%2F40%2F42%2F432x243_cmsv2_d74f4b90-9add-5222-8d34-b5cdbbbefce1-5624042.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ], "url": "/" }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "S\u00e9ries" ] }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] } #accessibility-bar,#c-burger-button-checkbox,#c-language-switcher-list-open,.c-breaking-news,.c-language-switcher__list,.c-search-form__loader, .o-site-hr__second-level__dropdown,.o-site-hr__second-level__dropdown-mask,.o-site-hr__sidebar,.o-site-hr__sidebar-mask{display:none} .c-barre-now .c-tags-list,.c-barre-now__container,.c-navigation-bar,.c-navigation-bar__wrappable-list,.c-search-form.c-search-engine,.o-site-hr__first-level__container,.o-site-hr__second-level__container,.o-site-hr__second-level__links,.o-site-hr__second-level__burger-logo,.c-burger-button{display:flex} body:not(.has-no-advertising, .has-no-connatix-player, .is-partner-content) .c-article-content > p:nth-of-type(4) + :not(#connatix-container)::before { content: ''; display: block; margin-block-end: 32px; min-height: clamp(162px, calc(100vw * 9 / 16), 310px); } body:not(.has-no-advertising, .has-no-connatix-player, .is-partner-content) .c-article-content > p:nth-of-type(4) + :not(.widget)::before { margin-block-start: 32px; } @s (content-visibility: hidden) { .o-site-hr__second-level__dropdown,.o-site-hr__sidebar { display: flex; content-visibility: hidden; } }
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Clima na Europa em 2020: níveis de calor sem precedentes, com o Ártico a aquecer de forma incessante

Manchas de gelo no mar a sul da Ilha Pioneira (Rússia), a 14 de agosto de 2020.
Manchas de gelo no mar a sul da Ilha Pioneira (Rússia), a 14 de agosto de 2020.   -  Direitos de autor  União Europeia, imagens do Copernicus Sentinel-2, processadas por Pierre Markuse para o C3S.

O relatório Estado do Clima Europeu do Copernicus apresenta o mais recente retrato do tempo e do clima no continente

Apesar dos incríveis desafios de 2020, o clima na Europa não ou despercebido neste último ano. Vários eventos climatéricos sem precedentes e a influência das características climatéricas globais e regionais marcaram as estações na Europa, com dados a demonstrarem que a Europa caminha claramente na direção do aquecimento.

Acabado de publicar pelo Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus, o relatório Estado do Clima Europeu (ESOTC) de 2020 analisa as principais tendências climáticas e eventos climatéricos de 2020 na Europa, destacando mudanças e variabilidade, para além de dar aos dados uma perspetiva mais global. Esta é também a primeira vez que o relatório ESOTC expande o seu foco para lá da Europa, abrangendo toda a região do Ártico, cujo clima pode ter um papel significativo no clima da Europa.

O ano mais quente alguma vez registado na Europa

2020 foi o ano mais quente de sempre na Europa, com as temperaturas a ultraarem em quase meio grau os máximos anteriores. Em todo o continente, as temperaturas médias excederam a média de 1981 a 2010, com partes do norte e leste da Europa mais quentes em mais de 2 °C. As mesmas regiões registaram temperaturas mínimas diárias superiores à média, enquanto França e Benelux registaram temperaturas máximas diárias mais altas.

“Tivemos alguns períodos com temperaturas excecionalmente altas, ondas de calor no verão e períodos quentes no outono, apesar de não terem sido tão intensos, generalizados e longos como em anos recentes”, segundo a Dra. sca Guglielmo, cientista sénior no Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus (C3S) e uma das coautoras do relatório ESOTC.

A anomalia mais gritante em termos de temperatura verificou-se no último inverno. As temperaturas na estação fria subiram, em média, cerca de 1,9 °C em relação ao anterior máximo e 3,4 °C em relação à média de 1981 a 2010, no que foi considerado pelos cientistas do C3S um inverno “excecionalmente quente”. “O número de dias em que a temperatura se manteve negativa durante o dia ilustra esse aquecimento”, segundo a Dra. Freja Vamborg, cientista sénior do C3S e principal autora do relatório. “Ter ou não uma situação de congelamento num determinado local faz uma diferença enorme.”

O número de dias em que a temperatura máxima diária foi negativa ('dias gelados') durante o inverno de 2020 (esquerda) e no inverno de 2020 relativamente ao período de referência de 1981 a 2020 (direita).
Origem dos dados: E-OBS. Crédito: C3S/KNMI.O número de dias em que a temperatura máxima diária foi negativa ('dias gelados') durante o inverno de 2020 (esquerda) e no inverno de 2020 relativamente ao período de referência de 1981 a 2020 (direita).

No norte e leste da Europa, as condições foram atípicas, com o inverno no Mar Báltico, na Finlândia e na Rússia Ocidental até 8 °C mais quente do que a média entre 1981 e 2010. Isso fez com que o número de dias com risco de stress grave provocado pelo frio fosse o mais baixo alguma vez registado, reduzindo a camada de gelo no Mar Báltico e no Golfo da Finlândia. “Neste inverno, o número de dias com stress muito elevado e elevado devido ao frio durante o dia foi o mais baixo desde a década de 80”, segundo a Dra. Guglielmo. “Estamos com uma tendência de aquecimento na Europa, sendo que, até ao momento, atingimos 2,2 °C acima dos níveis pré-industriais.”

No entanto, as temperaturas no verão não foram tão excecionais como as verificadas no inverno e no outono. Apesar de junho ter sido especialmente quente no nordeste da Europa, a região do Mediterrâneo, a Europa central e os Balcãs, fortemente afetados pelo calor em 2018 e 2019, registaram menos dias muito quentes do que a média entre 1981 e 2010.

Uma primavera bruscamente seca e uma tempestade recorde

Apenas alguns eventos marcaram um ano relativamente normal em termos de precipitação na Europa. Com um inverno mais molhado do que o habitual, fevereiro registou a maior quantidade de precipitação do ano, afetando grandes áreas da Europa ocidental e fazendo com que os rios, como o Reno, atingissem caudais máximos no início do mês. Depois, tudo mudou. “É incrível como ámos de um inverno molhado para uma primavera seca em tão pouco tempo”, segundo o coautor do relatório, Dr. David Lavers, do Centro Europeu para as Previsões Meteorológicas a Médio Prazo (ECMWF), cuja investigação se foca no ciclo global da água. “Podemos ver isso na precipitação, na humidade no solo e nos caudais dos rios, com repercussões na vegetação.” Segundo o relatório, a falta de precipitação, bem como a cobertura de nuvens abaixo da média e a elevada exposição solar na primavera, o que acelerou a evaporação da água nos solos, teve como resultado a primavera mais seca na Europa ocidental nos últimos 40 anos.

No entanto, em outubro, a tempestade Alex bateu diariamente recordes de precipitação no Reino Unido e na Bretanha, bem como nos Alpes Marítimos ses e italianos. Nos Alpes Marítimos, uma corrente de ar húmido e quente vinda do sudoeste do Mediterrâneo provocou deslizamentos de terras e inundações em França e Itália, danificando infraestruturas. Foi a primeira vez em 40 anos que a França foi assolada por uma tempestade tão intensa num período tão inicial da estação e a primeira vez em 70 anos que a região italiana de Piemonte registou níveis tão elevados de precipitação. O Reino Unido registou 31,7 mm de chuva em 24 horas, assinalando o dia 3 de outubro como o dia mais chuvoso nos últimos 130 anos no país.

Os especialistas dizem que continua a ser difícil dizer se os eventos de precipitação se estão a tornar mais extremos na Europa. No entanto, a Météo estima um aumento de 22% da intensidade da precipitação na região do Mediterrâneo nos últimos 50 anos, sendo que a frequência de aguaceiros fortes quase duplicou no mesmo período.

Incêndios florestais moderados

Num ano com perigo de incêndios florestais abaixo da média, apenas algumas regiões, como os Balcãs e a Europa ocidental, tiveram um risco mais elevado no inverno e na primavera, especialmente com condições húmidas a tornarem-se subitamente secas. As emissões dos incêndios florestais também foram as mais baixas desde que começaram a ser registadas, há 18 anos, com apenas o sudoeste da França e os Balcãs a registarem emissões acima da média. No entanto, no verão, normalmente a estação em que os incêndios florestais são mais frequentes na região do Mediterrâneo, verificaram-se emissões devido a incêndios florestais bem abaixo da média entre 2003 e 2019.

O Ártico não pode ser ignorado

“O nível de aquecimento do Ártico em 2020 é um sinal climático fundamental à escala global”, segundo a Dra. Vamborg. “É um dos principais eventos do ano ado.” O Ártico foi a região com o maior desvio de temperatura de todo o mundo em 2020, com temperaturas 2,2 °C acima da média entre 1981 e 2010, em comparação com os 0,6 °C a nível global.

O ártico siberiano foi particularmente atingido. Com uma temperatura 4,3 °C acima da média em 2020, bateu de longe os máximos de 2011 e 2016, quando a região registou temperaturas cerca de 2,5 °C acima da média. “Este aquecimento faz certamente parte de uma tendência em que o Ártico está a aquecer mais rapidamente do que o resto do mundo, pelo menos ao dobro ou triplo da velocidade”, segundo o Dr. Julien Nicolas, cientista de reanálise do C3S que também é coautor do relatório.

“Os mecanismos de certamente tiveram influência em 2020 para que fosse tão quente”, segundo o Dr. Nicolas. “Um desses mecanismos é o efeito albedo, relacionado com o nível de reflexão de uma superfície. Temperaturas elevadas resultam numa camada de neve mais fina no início da primavera e num derretimento mais rápido, expondo o solo mais escuro, que tende a absorver mais calor e a acelerar o aquecimento inicial. Esse foi certamente um aspeto fundamental, especialmente numa primavera em que foram detetadas ondas de calor sobre parte da Sibéria.” Ventos, solos mais secos do que o habitual e incêndios um pouco por todo o lado também contribuíram para os níveis recorde de calor. Sobre o Oceano Ártico, o calor também afetou a área coberta pelo gelo marinho, que, em setembro, atingiu segundo valor mais baixo desde 1979. Especificamente, a área de gelo marinho foi 35% menos do que a média entre 1981 e 2010, sendo que, em julho e outubro, essa área atingiu os níveis mais baixos de sempre para essa altura do ano.

Os incêndios florestais na Sibéria também bateram recordes, emitindo cerca de 58 milhões de toneladas de carbono para a atmosfera, o dobro em comparação com 2019, o ano do anterior valor máximo. Mais uma vez, a primavera seca, a baixa humidade no solo e o facto de a maior parte da Sibéria estar sem neve a meio de junho (um mês antes do habitual) fizeram com que a estação dos incêndios florestais começasse mais cedo e com condições que aumentaram a sua intensidade.

A estreita relação entre as condições na Europa e no Ártico é uma das razões que explicam o facto de o foco do relatório ESOTC se ter alargado, abrangendo toda a região do Ártico. “Não se podem olhar apenas para o Ártico europeu; é preciso olhar para o cenário mais amplo”, segundo o Dr. Nicolas. “O que se a no Ártico também tem consequências no tempo e clima da Europa. Na verdade, o calor sobre a Europa no início de 2020 fazia parte de uma grande massa de ar quente sobre a Sibéria. O que aconteceu nas duas regiões fazia parte do mesmo padrão climático.”

Rara destruição da camada de ozono a norte

“As pessoas normalmente sabem que existe um buraco na camada de ozono no Antártico; no Ártico, as condições são diferentes, verificando-se uma menor destruição da camada de ozono”, segundo o Dr. Nicolas. “2020 foi um pouco diferente, dado que se verificou um evento recorde de destruição da camada de ozono sobre o Ártico em março e início de abril. Não foi verdadeiramente um buraco na camada de ozono como no Antártico, mas, ainda assim, foi a menor concentração de ozono estratosférico alguma vez registada no Ártico.”

Procurando uma explicação, o relatório ESOTC aponta para o vórtice polar: um anel de ventos fortes vindos de oeste que circula o Polo Norte e varia todos os anos. A sua força influencia até que ponto o ar polar se mistura com o ar de latitudes mais baixas nas zonas mais elevadas da atmosfera, onde se dá a formação do ozono a determinadas temperaturas. “O vórtice polar foi excecionalmente forte e assim se manteve mais tempo do que o normal”, segundo o Dr. Nicolas. “Reteve o ar frio sobre a região polar norte e não permitiu que o ar a norte se misturasse com o ar de latitudes médias, mais rico em ozono.” Estas quantidades já baixas de ozono a norte diminuíram ainda mais no final do inverno polar, quando a luz solar voltou e começou a ativar químicos que destroem o ozono na atmosfera.

As emissões globais de gases com efeito de estufa não param de subir

Apesar de uma paragem temporária das atividades durante a pandemia da COVID-19, as concentrações de CO2 subiram cerca de 0,6% ou aproximadamente 2,3 partes por milhão (ppm). Ainda que o aumento seja ligeiramente inferior ao de anos recentes, os dados demonstraram que as concentrações de gases com efeito de estufa na atmosfera em 2020 foram as mais altas desde 2003 em termos de média anual global, de acordo com os registos de satélite do Serviço de Monitorização da Atmosfera do Copernicus (CAMS). “As pessoas podem pensar que o abrandamento das emissões teria efeitos claros. No entanto, apesar da diminuição das emissões, continuámos a lançar para a atmosfera uma grande quantidade de gases com efeito de estufa e, como tal, as concentrações desses gases continuaram a aumentar”, segundo a Dra. Vamborg. “Fez, de facto, diferença, mas não a ponto de ser notória. É preciso que isso aconteça mais frequentemente.”

A monitorização das condições climatéricas anuais continua a ser essencial para compreender as evoluções do sistema climático a longo prazo. São utlizados muitos tipos de dados diferentes para compilar as informações do relatório. Dados de satélite a terrestres, combinados com modelização informática, são apenas alguns exemplos da variedade de fontes utilizadas para aumentar a confiança nos resultados. “Os dados do ano ado estão de acordo com as expetativas de que as temperaturas estão a subir em todo o lado”, segundo a Dra. Vamborg. “Recordes de temperaturas quentes estão a acontecer com mais frequência, sendo importante continuar esta monitorização todos os anos. É esta combinação de dados que demonstra as tendências.”

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