{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/green/2021/10/20/dados-climaticos-com-um-papel-mais-importante-num-mundo-mais-extremo" }, "headline": "Dados clim\u00e1ticos com um papel mais importante num mundo mais extremo", "description": "Epis\u00f3dios de clima extremo ser\u00e3o mais frequentes e intensos, adverte o PIAC. Como \u00e9 que os dados clim\u00e1ticos podem ajudar?", "articleBody": "Epis\u00f3dios de clima extremo ser\u00e3o mais frequentes e intensos, adverte o PIAC. Como \u00e9 que os dados clim\u00e1ticos podem ajudar? A comunica\u00e7\u00e3o social considerou este epis\u00f3dio uma chamada de aten\u00e7\u00e3o para as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas. No m\u00eas ado, o mais recente relat\u00f3rio do Intergovernamental para as Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas (PIAC) foi possivelmente o aviso mais veemente da ci\u00eancia relativamente aos efeitos das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas que afetar\u00e3o a maior parte das regi\u00f5es do nosso planeta. Parecia quase fat\u00eddico. 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Cada 0,5 \u00b0C adicionais de aquecimento desencadear\u00e1 altera\u00e7\u00f5es not\u00f3rias em extremos quentes, seca e precipita\u00e7\u00e3o forte, ciclones tropicais e ondas de calor mar\u00edtimo, que poder\u00e3o acontecer com maior frequ\u00eancia e atingir com mais intensidade muitas regi\u00f5es. Os extremos quentes j\u00e1 s\u00e3o mais intensos sobre a maior parte da superf\u00edcie terrestre do planeta, enquanto a frequ\u00eancia das ondas de calor mar\u00edtimo duplicou desde a d\u00e9cada de 80. As \u00faltimas quatro d\u00e9cadas tamb\u00e9m registaram uma maior precipita\u00e7\u00e3o associada a tempestades e rastos de tempestades a mudarem de latitudes m\u00e9dias em dire\u00e7\u00e3o aos polos, nos dois hemisf\u00e9rios. Ciclones tropicais mais intensos tamb\u00e9m se tornaram mais comuns, enquanto os tuf\u00f5es no Pac\u00edfico do Noroeste se formam mais a norte do que o habitual. \u201cEm 2012, foi divulgado um relat\u00f3rio especial sobre eventos extremos, mas a ci\u00eancia avan\u00e7ou muito desde essa altura\u201d, diz o Dr. Rasmus Benestad, climatologista no Instituto Meteorol\u00f3gico Noruegu\u00eas. \u201cDe acordo com o relat\u00f3rio de 2021, podemos dizer agora com mais certezas que os extremos que podemos ver est\u00e3o associados ao aquecimento global e ao aumento de gases de estufa na atmosfera.\u201d A previs\u00e3o de eventos futuros para um mundo 2 \u00b0C mais quente pode ser feita com um maior grau de confian\u00e7a do que para 1,5 \u00b0C, segundo o relat\u00f3rio. Com v\u00e1rios graus de aquecimento, os especialistas estimam que o tempo h\u00famido ficar\u00e1 mais h\u00famido, levando ao aumento de inunda\u00e7\u00f5es em muitas regi\u00f5es da Europa, Am\u00e9rica do Norte e Pac\u00edfico. Em m\u00e9dia, a precipita\u00e7\u00e3o aumentar\u00e1 em todas as regi\u00f5es polares, na maior parte da \u00c1sia, no norte da Europa e na Am\u00e9rica do Norte, enquanto secas mais graves ser\u00e3o mais frequentes em regi\u00f5es de \u00c1frica, Am\u00e9rica do Sul e no sul da Europa, segundo os especialistas do PIAC. No entanto, o PIAC tamb\u00e9m alerta para a maior frequ\u00eancia de eventos sem precedentes, eventos nunca antes registados, com uma maior probabilidade, mesmo num mundo 1,5 \u00b0C mais quente. O Dr. Francisco Doblas Reyes, que lidera o Departamento de Ci\u00eancias da Terra no Centro de Supercomputa\u00e7\u00e3o de Barcelona e participou na prepara\u00e7\u00e3o do relat\u00f3rio do PIAC, diz que a nova reda\u00e7\u00e3o do relat\u00f3rio foi o que captou a aten\u00e7\u00e3o do mundo. \u201cAs pessoas est\u00e3o mais interessadas em express\u00f5es como \u201csem precedentes\u201d relacionadas com altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas nunca vistas no mil\u00e9nio ado. Relat\u00f3rios anteriores j\u00e1 alertaram para a ocorr\u00eancia dos eventos que agora podemos ver, sendo que agora prevemos ou, pelo menos, disponibilizamos informa\u00e7\u00f5es sobre o que provavelmente acontecer\u00e1 nos pr\u00f3ximos 20 anos ou mais\u201d, diz o Dr. Doblas Reyes. Extremos implac\u00e1veis ao longo de 2021 Com a publica\u00e7\u00e3o do relat\u00f3rio do PIAC, os alertas que fazia para a maior frequ\u00eancia de eventos extremos surgiram na sequ\u00eancia de um ver\u00e3o extremo. Ap\u00f3s o relat\u00f3rio, cientistas de todo o mundo continuam \u00e0 procura de explica\u00e7\u00f5es para estes eventos e a tentar perceber se as atividades do homem tiveram influ\u00eancia no aparecimento dos mesmos. O Dr. Doblas Reyes diz que o evento de calor extremo de julho na Col\u00fambia Brit\u00e2nica foi particularmente importante. \u201or um lado, teve um grande impacto na sociedade e na economia; por outro, foi in\u00e9dito e inesperado, o que nos diz que, para al\u00e9m dos nossos alertas, existem eventos inimagin\u00e1veis. Estamos a falar de temperaturas perto dos 50 \u00b0C que os modelos nem sequer simularam.\u201d \u201cOs eventos deste ver\u00e3o bateram em muito os recordes\u201d, segundo o Dr. Vautard. O caso da onda de calor na Col\u00fambia Brit\u00e2nica foi um deles, o que acontece a cada 1000 anos. \u201cVimos uma clara tend\u00eancia de aquecimento, mas n\u00e3o poder\u00edamos ter antecipado um salto como este; ainda \u00e9 poss\u00edvel que isto tenha acontecido por acaso, mas, ao mesmo tempo, \u00e9 realmente curioso ver um evento que acontece a cada 1000 anos. O nosso estudo [al\u00e9m do relat\u00f3rio do PIAC] mostra que, sem as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas, este evento teria sido ainda mais excecional e quase completamente imposs\u00edvel\u201d, segundo o Dr. Vautard. Foram batidos recordes de calor para l\u00e1 do Canad\u00e1 e na Sib\u00e9ria, contribuindo para os maiores inc\u00eandios florestais de sempre na regi\u00e3o. O recorde de calor tamb\u00e9m foi batido na Europa, com 48,4 \u00b0C registados em agosto na Sic\u00edlia. \u201cSe olharmos para eventos extremos regionais como a precipita\u00e7\u00e3o intensa, \u00e9 muito mais claro agora do que h\u00e1 dez anos que temos sinais em muitas regi\u00f5es, como a \u00c1sia, o norte da Europa e a Am\u00e9rica do Norte, entre outras\u201d, diz o Dr. Vautard. \u201cVerifica-se um aumento das ondas de calor e eventos extremos de calor, bem como uma diminui\u00e7\u00e3o dos eventos extremos de frio.\u201d No ado ver\u00e3o, para al\u00e9m das ondas de calor, as not\u00edcias deram conta de outro tipo de evento. A magnitude das inunda\u00e7\u00f5es em rios da Alemanha, B\u00e9lgica e Pa\u00edses Baixos surpreendeu as autoridades, em virtude das perdas humanas e dos danos significativos, enquanto a chuva intensa provocou inunda\u00e7\u00f5es repentinas em Londres e enxurradas na Turquia. No que respeita \u00e0 Europa, o Dr. Benestad acha que o continente sentir\u00e1 mais altera\u00e7\u00f5es ao n\u00edvel dos padr\u00f5es de precipita\u00e7\u00e3o. Melhores dados sobre eventos extremos \u201cCada vez mais se exige compreender o que vemos\u201d, diz o Dr. Vautard. \u201cTodos os dias ou semanas ouvimos falar de algo que corre mal, pelo que \u00e9 muito importante determinar se as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas contribu\u00edram para esses eventos. \u00c9 nesse ponto que a ci\u00eancia pode contribuir, analisando dados, modelos e factos.\u201d \u201cOs Modelos Clim\u00e1ticos Globais (GCM) melhoraram, existindo uma nova gera\u00e7\u00e3o de modelos regionais que podem proporcionai previs\u00f5es com maior detalhe\u201d, diz o Dr. Vautard. \u201cAs observa\u00e7\u00f5es tamb\u00e9m melhoraram, j\u00e1 que temos muitos mais conjuntos de dados e sabemos mais sobre se esses conjuntos de dados podem ou n\u00e3o ser utilizados para estimativas de tend\u00eancias a longo prazo, dado que n\u00e3o podemos interpretar diretamente as altera\u00e7\u00f5es que vemos.\u201d No caso das inunda\u00e7\u00f5es do ver\u00e3o ado na Europa, que acontecerem numa \u00e1rea limitada, o Dr. Vautard diz que devem ser entendidas num cen\u00e1rio mais amplo. \u201cEstes eventos de elevado impacto poder\u00e3o estar a acontecer a um ritmo mais r\u00e1pido do que o tempo que levamos para nos adaptarmos aos mesmos\u201d, segundo o Dr. Doblas Reyes. \u201recisamos de ferramentas para obter informa\u00e7\u00f5es sobre os eventos imprevistos para os quais ainda n\u00e3o olh\u00e1mos. Precisamos de modelos melhores que possam responder \u00e0s perguntas feitas neste momento pela sociedade.\u201d Mas a nossa capacidade para responder a eventos extremos futuros depende do facto de a sociedade ter o e saber como utilizar dados clim\u00e1ticos. Os servi\u00e7os clim\u00e1ticos, que Doblas Reyes define como uma ramifica\u00e7\u00e3o da climatologia muito mais perto da sociedade, desempenham um papel fundamental para a aproxima\u00e7\u00e3o entre cientistas e decisores, entre os dados dispon\u00edveis e planos de mitiga\u00e7\u00e3o e adapta\u00e7\u00e3o. Informar para agir Compreender os eventos extremos num clima em mudan\u00e7a faz parte do trabalho do Servi\u00e7o de Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas Copernicus (C3S). \u201cOs dados clim\u00e1ticos s\u00e3o essenciais para compreender os riscos atuais e futuros de eventos extremos e impactos das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas\u201d, diz a Dra. Samantha Burgess, diretora adjunta do C3S. \u201cO C3S disponibiliza os mesmos dados utilizados para as proje\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas do relat\u00f3rio do PIAC, pelo que, se existir um decisor interessado em saber qual o impacto das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas, agora e no futuro, pode ar-nos diretamente. Tamb\u00e9m temos um servi\u00e7o de apoio muito \u00fatil para ajudar utilizadores individuais e experi\u00eancia significativa no desenvolvimento de diferentes aplica\u00e7\u00f5es sectoriais, compreendendo as rela\u00e7\u00f5es entre futuras altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas e a sa\u00fade, energia, seguros, agricultura e outros setores\u201d, explica a Dra. Burgess. Os dados do C3S podem ser utilizados para avaliar como cheias extremas de rios se comportar\u00e3o futuramente . O departamento desenvolve exemplos de um servi\u00e7o que pode ajudar a melhorar estrat\u00e9gias de alerta de inunda\u00e7\u00f5es, bem como o planeamento espacial e investimentos em estruturas de controlo de inunda\u00e7\u00f5es. Estes dados servem de e a um cat\u00e1logo de eventos clim\u00e1ticos de elevado impacto, dados p\u00fablicos sobre danos e perdas, previs\u00f5es de precipita\u00e7\u00e3o extrema e simula\u00e7\u00f5es, bem como modelos de vulnerabilidade, que podem ajudar as autoridades e engenheiros a planear e proteger infraestruturas contra extremos . \u201ara melhor preparar eventos extremos futuros, as empresas e a sociedade devem compreender o risco atual e a exposi\u00e7\u00e3o a diferentes tipos de eventos meteorol\u00f3gicos e clim\u00e1ticos\u201d, diz a Dra. Burgess. \u201cQuando se verificar um conhecimento significativo do risco existente, poder\u00e3o ser implementadas medidas de adapta\u00e7\u00e3o e mitiga\u00e7\u00e3o para aumentar a resili\u00eancia ao risco de eventos extremos futuros.\u201d Os especialistas concordam que \u00e9 necess\u00e1rio mais investimento em servi\u00e7os e modelos clim\u00e1ticos se quisermos previs\u00f5es mais precisas sobre o futuro em locais espec\u00edficos. \u201cTemos agora bons resultados, mas isso n\u00e3o \u00e9 suficiente para obter as respostas que procuramos, especialmente no que respeita a eventos extremos\u201d, segundo o Dr. Benestad, que diz dever existir uma melhor liga\u00e7\u00e3o entre a ci\u00eancia e a pol\u00edtica. \u201cSe houver mais di\u00e1logo entre decisores e cientistas, os benef\u00edcios ser\u00e3o muitos, dado que esses mesmos decisores poder\u00e3o n\u00e3o saber o que podemos fornecer e como o utilizar de forma correta.\u201d O Dr. Doblas Reyes tamb\u00e9m concorda que os cientistas se devem chegar mais \u00e0 frente. \u201cT\u00eam de estar preparados para fornecer informa\u00e7\u00f5es sobre o que sabemos sobre a investiga\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica, mas tamb\u00e9m sobre o que ainda n\u00e3o sabemos e para o qual temos de chamar a aten\u00e7\u00e3o.\u201d ", "dateCreated": "2021-10-20T14:46:00+02:00", "dateModified": "2021-10-20T16:42:59+02:00", "datePublished": "2021-10-20T16:42:57+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F06%2F15%2F80%2F98%2F1440x810_cmsv2_593e5ef0-b812-56a1-96c3-3c7a697e50ef-6158098.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "Inc\u00eandio florestal nos arredores da localidade de Hisaronu na cidade tur\u00edstica de Marmaris, na Turquia, a 2 de agosto de 2021 ", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F06%2F15%2F80%2F98%2F432x243_cmsv2_593e5ef0-b812-56a1-96c3-3c7a697e50ef-6158098.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ], "url": "/" }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "S\u00e9ries" ] }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] } #accessibility-bar,#c-burger-button-checkbox,#c-language-switcher-list-open,.c-breaking-news,.c-language-switcher__list,.c-search-form__loader, .o-site-hr__second-level__dropdown,.o-site-hr__second-level__dropdown-mask,.o-site-hr__sidebar,.o-site-hr__sidebar-mask{display:none} .c-barre-now .c-tags-list,.c-barre-now__container,.c-navigation-bar,.c-navigation-bar__wrappable-list,.c-search-form.c-search-engine,.o-site-hr__first-level__container,.o-site-hr__second-level__container,.o-site-hr__second-level__links,.o-site-hr__second-level__burger-logo,.c-burger-button{display:flex} body:not(.has-no-advertising, .has-no-connatix-player, .is-partner-content) .c-article-content > p:nth-of-type(4) + :not(#connatix-container)::before { content: ''; display: block; margin-block-end: 32px; min-height: clamp(162px, calc(100vw * 9 / 16), 310px); } body:not(.has-no-advertising, .has-no-connatix-player, .is-partner-content) .c-article-content > p:nth-of-type(4) + :not(.widget)::before { margin-block-start: 32px; } @s (content-visibility: hidden) { .o-site-hr__second-level__dropdown,.o-site-hr__sidebar { display: flex; content-visibility: hidden; } }
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Dados climáticos com um papel mais importante num mundo mais extremo

Incêndio florestal nos arredores da localidade de Hisaronu na cidade turística de Marmaris, na Turquia, a 2 de agosto de 2021
Incêndio florestal nos arredores da localidade de Hisaronu na cidade turística de Marmaris, na Turquia, a 2 de agosto de 2021   -  Direitos de autor  Getty Images

Episódios de clima extremo serão mais frequentes e intensos, adverte o PIAC. Como é que os dados climáticos podem ajudar?

A comunicação social considerou este episódio uma chamada de atenção para as alterações climáticas. No mês ado, o mais recente relatório do Intergovernamental para as Alterações Climáticas (PIAC) foi possivelmente o aviso mais veemente da ciência relativamente aos efeitos das alterações climáticas que afetarão a maior parte das regiões do nosso planeta. Parecia quase fatídico. O Sexto Relatório de Avaliação do PIAC, Grupo de Trabalho Um (WGI), centrado nas alterações físicas do nosso clima, foi divulgado após meses de eventos extremos que assolaram o mundo, da China à América do Norte, com as impressionantes inundações na Europa ainda vivas na memória.

“O mais impressionante é que estamos a ver os efeitos das alterações climáticas em todas as regiões do planeta”, segundo o Dr. Robert Vautard, climatologista e diretor do Instituto Pierre-Simon Laplace. “Podemos agora vê-lo no grande ecrã e isso dá mais confiança às projeções climatéricas”, diz o Dr. Vautard, acrescentando que, trinta anos após a divulgação do primeiro relatório do PIAC, a mais recente versão é igualmente a mais arrojada. “Vai muito além de projeções a nível global. Dá uma ideia do destino de todos os principais fatores de impacto que acontecerão nas próximas décadas, desde eventos climáticos extremos à camada de neve, sem esquecer as inundações costeiras. É exaustivo e foi pensado para ser útil. Mais importante ainda, é muito mais preciso.”

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A abordagem do PIAC às condições climatéricas extremas

Pela primeira vez desde que elabora relatórios de avaliação física, o PIAC dedicou um capítulo aos eventos meteorológicos e climáticos extremos num cenário climático em mudança, centrado na ligação entre o aumento global da temperatura e a probabilidade de se verificarem eventos e padrões meteorológicos mais violentos. A probabilidade aumentou, alerta o relatório com maior grau de certeza do que os anteriores. Cada 0,5 °C adicionais de aquecimento desencadeará alterações notórias em extremos quentes, seca e precipitação forte, ciclones tropicais e ondas de calor marítimo, que poderão acontecer com maior frequência e atingir com mais intensidade muitas regiões.

Os extremos quentes já são mais intensos sobre a maior parte da superfície terrestre do planeta, enquanto a frequência das ondas de calor marítimo duplicou desde a década de 80. As últimas quatro décadas também registaram uma maior precipitação associada a tempestades e rastos de tempestades a mudarem de latitudes médias em direção aos polos, nos dois hemisférios. Ciclones tropicais mais intensos também se tornaram mais comuns, enquanto os tufões no Pacífico do Noroeste se formam mais a norte do que o habitual.

“Em 2012, foi divulgado um relatório especial sobre eventos extremos, mas a ciência avançou muito desde essa altura”, diz o Dr. Rasmus Benestad, climatologista no Instituto Meteorológico Norueguês. “De acordo com o relatório de 2021, podemos dizer agora com mais certezas que os extremos que podemos ver estão associados ao aquecimento global e ao aumento de gases de estufa na atmosfera.”

A previsão de eventos futuros para um mundo 2 °C mais quente pode ser feita com um maior grau de confiança do que para 1,5 °C, segundo o relatório. Com vários graus de aquecimento, os especialistas estimam que o tempo húmido ficará mais húmido, levando ao aumento de inundações em muitas regiões da Europa, América do Norte e Pacífico. Em média, a precipitação aumentará em todas as regiões polares, na maior parte da Ásia, no norte da Europa e na América do Norte, enquanto secas mais graves serão mais frequentes em regiões de África, América do Sul e no sul da Europa, segundo os especialistas do PIAC.

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No entanto, o PIAC também alerta para a maior frequência de eventos sem precedentes, eventos nunca antes registados, com uma maior probabilidade, mesmo num mundo 1,5 °C mais quente.

O Dr. Francisco Doblas Reyes, que lidera o Departamento de Ciências da Terra no Centro de Supercomputação de Barcelona e participou na preparação do relatório do PIAC, diz que a nova redação do relatório foi o que captou a atenção do mundo. “As pessoas estão mais interessadas em expressões como “sem precedentes” relacionadas com alterações climáticas nunca vistas no milénio ado. Relatórios anteriores já alertaram para a ocorrência dos eventos que agora podemos ver, sendo que agora prevemos ou, pelo menos, disponibilizamos informações sobre o que provavelmente acontecerá nos próximos 20 anos ou mais”, diz o Dr. Doblas Reyes.

Extremos implacáveis ao longo de 2021

Com a publicação do relatório do PIAC, os alertas que fazia para a maior frequência de eventos extremos surgiram na sequência de um verão extremo. Após o relatório, cientistas de todo o mundo continuam à procura de explicações para estes eventos e a tentar perceber se as atividades do homem tiveram influência no aparecimento dos mesmos. O Dr. Doblas Reyes diz que o evento de calor extremo de julho na Colúmbia Britânica foi particularmente importante. “Por um lado, teve um grande impacto na sociedade e na economia; por outro, foi inédito e inesperado, o que nos diz que, para além dos nossos alertas, existem eventos inimagináveis. Estamos a falar de temperaturas perto dos 50 °C que os modelos nem sequer simularam.”

“Os eventos deste verão bateram em muito os recordes”, segundo o Dr. Vautard. O caso da onda de calor na Colúmbia Britânica foi um deles, o que acontece a cada 1000 anos. “Vimos uma clara tendência de aquecimento, mas não poderíamos ter antecipado um salto como este; ainda é possível que isto tenha acontecido por acaso, mas, ao mesmo tempo, é realmente curioso ver um evento que acontece a cada 1000 anos. O nosso estudo [além do relatório do PIAC] mostra que, sem as alterações climáticas, este evento teria sido ainda mais excecional e quase completamente impossível”, segundo o Dr. Vautard.

Marina e Área Recreativa Nacional de Lake Mead com nuvens de inverno e a água a níveis mínimos históricos. Imagem captada em 2021.
© Getty ImagesMarina e Área Recreativa Nacional de Lake Mead com nuvens de inverno e a água a níveis mínimos históricos. Imagem captada em 2021.

Foram batidos recordes de calor para lá do Canadá e na Sibéria, contribuindo para os maiores incêndios florestais de sempre na região. O recorde de calor também foi batido na Europa, com 48,4 °C registados em agosto na Sicília. “Se olharmos para eventos extremos regionais como a precipitação intensa, é muito mais claro agora do que há dez anos que temos sinais em muitas regiões, como a Ásia, o norte da Europa e a América do Norte, entre outras”, diz o Dr. Vautard. “Verifica-se um aumento das ondas de calor e eventos extremos de calor, bem como uma diminuição dos eventos extremos de frio.”

No ado verão, para além das ondas de calor, as notícias deram conta de outro tipo de evento. A magnitude das inundações em rios da Alemanha, Bélgica e Países Baixos surpreendeu as autoridades, em virtude das perdas humanas e dos danos significativos, enquanto a chuva intensa provocou inundações repentinas em Londres e enxurradas na Turquia. No que respeita à Europa, o Dr. Benestad acha que o continente sentirá mais alterações ao nível dos padrões de precipitação.

Melhores dados sobre eventos extremos

“Cada vez mais se exige compreender o que vemos”, diz o Dr. Vautard. “Todos os dias ou semanas ouvimos falar de algo que corre mal, pelo que é muito importante determinar se as alterações climáticas contribuíram para esses eventos. É nesse ponto que a ciência pode contribuir, analisando dados, modelos e factos.”

“Os Modelos Climáticos Globais (GCM) melhoraram, existindo uma nova geração de modelos regionais que podem proporcionai previsões com maior detalhe”, diz o Dr. Vautard. “As observações também melhoraram, já que temos muitos mais conjuntos de dados e sabemos mais sobre se esses conjuntos de dados podem ou não ser utilizados para estimativas de tendências a longo prazo, dado que não podemos interpretar diretamente as alterações que vemos.” No caso das inundações do verão ado na Europa, que acontecerem numa área limitada, o Dr. Vautard diz que devem ser entendidas num cenário mais amplo.

Ruhr, perto das cidades de Hattingen e Bochum, na Alemanha, durante as inundações de julho de 2021. O rio galgou as margens e tem agora quase 2 quilómetros de largura, sendo que tem normalmente 30 a 50 metros.
© Getty ImagesRuhr, perto das cidades de Hattingen e Bochum, na Alemanha, durante as inundações de julho de 2021. O rio galgou as margens e tem agora quase 2 quilómetros de largura, sendo que tem normalmente 30 a 50 metros.

“Estes eventos de elevado impacto poderão estar a acontecer a um ritmo mais rápido do que o tempo que levamos para nos adaptarmos aos mesmos”, segundo o Dr. Doblas Reyes. “Precisamos de ferramentas para obter informações sobre os eventos imprevistos para os quais ainda não olhámos. Precisamos de modelos melhores que possam responder às perguntas feitas neste momento pela sociedade.” Mas a nossa capacidade para responder a eventos extremos futuros depende do facto de a sociedade ter o e saber como utilizar dados climáticos. Os serviços climáticos, que Doblas Reyes define como uma ramificação da climatologia muito mais perto da sociedade, desempenham um papel fundamental para a aproximação entre cientistas e decisores, entre os dados disponíveis e planos de mitigação e adaptação.

Informar para agir

Compreender os eventos extremos num clima em mudança faz parte do trabalho do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus (C3S). “Os dados climáticos são essenciais para compreender os riscos atuais e futuros de eventos extremos e impactos das alterações climáticas”, diz a Dra. Samantha Burgess, diretora adjunta do C3S. “O C3S disponibiliza os mesmos dados utilizados para as projeções climáticas do relatório do PIAC, pelo que, se existir um decisor interessado em saber qual o impacto das alterações climáticas, agora e no futuro, pode ar-nos diretamente. Também temos um serviço de apoio muito útil para ajudar utilizadores individuais e experiência significativa no desenvolvimento de diferentes aplicações sectoriais, compreendendo as relações entre futuras alterações climáticas e a saúde, energia, seguros, agricultura e outros setores”, explica a Dra. Burgess.

Os dados do C3S podem ser utilizados para avaliar como cheias extremas de rios se comportarão futuramente. O departamento desenvolve exemplos de um serviço que pode ajudar a melhorar estratégias de alerta de inundações, bem como o planeamento espacial e investimentos em estruturas de controlo de inundações. Estes dados servem de e a um catálogo de eventos climáticos de elevado impacto, dados públicos sobre danos e perdas, previsões de precipitação extrema e simulações, bem como modelos de vulnerabilidade, que podem ajudar as autoridades e engenheiros a planear e proteger infraestruturas contra extremos. “Para melhor preparar eventos extremos futuros, as empresas e a sociedade devem compreender o risco atual e a exposição a diferentes tipos de eventos meteorológicos e climáticos”, diz a Dra. Burgess. “Quando se verificar um conhecimento significativo do risco existente, poderão ser implementadas medidas de adaptação e mitigação para aumentar a resiliência ao risco de eventos extremos futuros.”

Os especialistas concordam que é necessário mais investimento em serviços e modelos climáticos se quisermos previsões mais precisas sobre o futuro em locais específicos. “Temos agora bons resultados, mas isso não é suficiente para obter as respostas que procuramos, especialmente no que respeita a eventos extremos”, segundo o Dr. Benestad, que diz dever existir uma melhor ligação entre a ciência e a política. “Se houver mais diálogo entre decisores e cientistas, os benefícios serão muitos, dado que esses mesmos decisores poderão não saber o que podemos fornecer e como o utilizar de forma correta.” O Dr. Doblas Reyes também concorda que os cientistas se devem chegar mais à frente. “Têm de estar preparados para fornecer informações sobre o que sabemos sobre a investigação climática, mas também sobre o que ainda não sabemos e para o qual temos de chamar a atenção.”

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