O primeiro-ministro Luís Montenegro pede uma resposta rápida a urgente a agência da União Europeia. A oposição critica a comunicação do Governo durante a crise.
Portugal vai pedir à Agência de Cooperação dos Reguladores de Energia que proceda a uma auditoria independente à origem do apagão. Esta foi uma das várias medidas anunciadas pelo primeiro-ministro, Luis Montenegro, numa altura em que o Governo se encontrava ainda reunido em Conselho de Ministros
Em conferência de imprensa, Montenegro considerou que a agência de reguladores de energia é a “entidade mais adequada” para o fazer e que são necessárias “respostas rápidas e urgentes”, salientando que o apagão teve origem em Espanha.
“Não vamos poupar esforços no esclarecimento dos portugueses de um problema sério que não teve origem em Portugal”, disse Montenegro.
O primeiro-ministro anunciou também a criação de uma comissão técnica independente, que vai analisar a resiliência do sistema elétricos e a resposta das instituições. Esta comissão vai ser composta por sete personalidades, incluindo especialista em energia, telecomunicações, proteção civil e três personalidades indicadas pela Assembleia da República.
Ficam também adiados em dois dias os prazos de cumprimentos de obrigações fiscais, que terminavam no dia do apagão. A inscrição no voto antecipado para reclusos e doentes internados foi também estendida durante mais um dia.
Portugal vai ter eleições legislativas a 18 de maio. A resposta do Governo ao apagão deve agora tornar-se um dos assuntos de campanha.
Por fim, o Governo vai também alargar a capacidade de black start das centrais elétricas, ou seja, a possibilidade destas reiniciarem o funcionamento, sem dependerem de fontes externas de energia. Esta função vai também ser inserida nas barragens do Alqueva e do Baixo Sabor.
Situação grave, inédita e inesperada
O primeiro-ministro português falou ao país numa altura em que arede elétrica estava totalmente restabelecida.
“O país está ligado com normalidade. Os 6 milhões e 400 mil clientes estão ligados. O país está a ser alimentado com produção nacional”, disse, numa referência ao facto de, na altura do apagão, Portugal estar a importar energia de Espanha.
Luís Montenegro classificou a situação de “grave, inédita e inesperada”. Mas aproveitou para elogiar a reação da população e dos profissionais de serviços críticos, falando um “esforço notável” e de preparação para “viver momentos menos bons”.
Mas teve também de defender a comunicação do Governo, que tem também sido muito criticada. O primeiro-ministro apenas falou ao país ao início da noite, quando a energia já estava a ser restabelecida. A Proteção Civil enviou uma mensagem SMS às cinco da tarde, que foi apenas recebida às oito.
Luís Montenegro disse que foi privilegiado o o pela rádio, que considerou o meio mais disponível, itindo, no entanto, é sempre possível “aprimorar os procedimentos”.
Outro problema foram as falhas do SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal). Um sistema autónomo de comunicação dos serviços públicos e de segurança em caso de crise.
“Temos registado de algumas anomalias no funcionamento do SIRESP que não são novas”, disse Montenegro. “Faremos uma avaliação rigorosa do que aconteceu para ultraarmos uma vez os constrangimentos que esse sistema tem trazido.
Oposição diz que o Governo falhou
A capacidade de comunicação foi precisamente a maior crítica de Pedro Nuno Santos. O líder do Partido Socialista (PS), o maior partido da oposição, falou alguns minutos depois do Governo.
“O Governo falhou na obrigação de defender e informar os cidadãos em tempo útil”, disse, sublinhando que as autoridades estiveram muito tempo sem divulgar informações.
“As experiências dos últimos meses já mostraram o quanto o Governo é incompetente em momentos de crise”, acrescentou, lembrando os incêndios do ano ado e a crise do INEM (instituto de resposta a emergências médicas).
“Os próximos anos adivinham-se de grande incerteza e o primeiro-ministro mostra que a grande preocupação é a propaganda.”
Mas os dois oponentes políticos concordaram no elogio ao comportamento dos cidadãos. O líder do PS disse que comunidade manteve “o país de pé”.
Disse também que a privatização da empresa de distribuição de energia (REN) e o encerramento das centrais de produção energética a carvão não foram responsáveis por esta crise, até porque Portugal estava, na altura, a importar energia de Espanha.
O apagão deve ser um dos assuntos do debate entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, que vai decorrer na noite desta quarta-feira. O debate, com vista às eleições legislativas, devia ter decorrido na noite de segunda, mas foi adiado devido ao apagão.