A proposta da Comissão Europeia para uma União da Poupança e dos Investimentos pretende que os cidadãos ajudem as empresas da UE a crescer.
A UE precisa de cerca de 800 mil milhões de euros de investimento adicional por ano para se manter competitiva na economia mundial, de acordo com o Relatório Draghi. Uma nova fonte para esse investimento poderá ser o mealheiro dos europeus, uma vez que as famílias poupam 1,4 biliões de euros por ano.
Estima-se que na UE existam cerca de 10 biliões de euros parados em depósitos bancários de baixo rendimento. A União da Poupança e dos Investimentos (UPI) propõe redirecionar uma parte desse montante para o investimento em setores-chave, como as infraestruturas para transportes, a energia ou a defesa.
Um grande problema é que investir nos mercados pode ser um processo arriscado e complexo, e apenas um em cada três europeus, em média, o faz neste momento.
"Eu seria muito conservador e investiria em coisas que sei que vão durar e que têm um futuro claro", disse um transeunte de Bruxelas entrevistado pela Euronews. Um húngaro residente em Budapeste disse: "Já me roubaram a minha pensão privada, por isso tenho uma certa desconfiança em relação a estas coisas".
Aumentar a literacia financeira parece ser um o fundamental para o sucesso do plano UPI, e a Comissão Europeia promete definir detalhadamente uma estratégia concreta até ao final deste ano.
"Se o processo puder ser simplificado através de uma lista mais reduzida de produtos já disponíveis que são geralmente adequados para investidores em geral, que têm um horizonte de investimento a longo prazo, que são diversificados, que têm taxas baixas, que são adequados para quem está a poupar para uma pensão, então alguns dos custos adicionais e encargos de conformidade podem desaparecer de ambos os lados, para as pessoas que utilizam as contas e para as pessoas que as oferecem", disse Rebecca Christie, membro sénior do grupo de reflexão Bruegel, em Bruxelas.
E quanto à utilização dos fundos de pensões?
Outra proposta do plano UPI consiste em aumentar os regimes complementares de pensões dos trabalhadores que funcionam em paralelo com os fundos de pensões públicos. Para além de rever o quadro atual, a Comissão Europeia irá apurar as melhores práticas e colocá-las à disposição dos 27 Estados-Membros.
"A chamada inscrição automática é um mecanismo que inscreve automaticamente os indivíduos em regimes de produtos de pensões, a menos que estes optem ativamente por não o fazer. E, se for bem concebido, poderá canalizar as poupanças dos cidadãos para novos produtos de reforma", afirma Paula Soler, que cobre assuntos económicos e financeiros para a Euronews.
A Comissão está a tentar captar mais capital privado, mas também evitar que este vá para outras jurisdições, nomeadamente os EUA. Uma forma de o fazer é ter uma estratégia credível para convencer os investidores profissionais e os cidadãos a arriscarem os seus ativos no futuro das empresas europeias.
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Jornalista: Isabel Marques da Silva
Produção de conteúdos: Pilar Montero López
Produção de vídeo: Zacharia Vigneron
Grafismo: Loredana Dumitru
Coordenação editorial: Ana Lázaro Bosch e Jeremy Fleming-Jones