A descoberta foi feita por uma equipa de cibersegurança israelita, que apelidou a rede por detrás desta campanha de desinformação de “Portubots”.
Uma equipa de cibersegurança israelita identificou milhares de perfis falsos na rede social Bluesky - concorrente do X - cujo objetivo a pela partilha de conteúdos, em português e de uma forma coordenada, que apresentam um posicionamento favorável aos interesses da China e da Rússia.
Em declarações à CNN Portugal, os responsáveis pela investigação indicaram que o intuito desta rede organizada - que apelidaram de “Portubots” - a por fomentar uma “campanha de larga escala de desinformação”, de modo a “criar divisões na sociedade”. Mas também criar "os alicerces para futuras operações de influência".
No total, foram já identificadas 2.158 contas falsas que, "com base nas narrativas que promovem e com os termos utilizados nas mensagens que propagam”, levam a crer que a campanha esteja a ser coordenada por atores ligados ao estado russo ou chinês.
Exemplo disso são as inúmeras mensagens partilhadas, na Bluesky, contra o apoio prestado pelos Estados Unidos à Ucrânia, no contexto da invasão russa, e de outras tantas convenientes, por sua vez, para o regime de Xi Jinping e do Partido Comunista da China.
Os perfis, exibindo nomes próprios tipicamente portugueses, foram criados num espaço de poucos dias. Sendo ainda de notar que, de acordo com a estação televisiva, exibem o que seriam as supostas moradas dos seus detentores - as quais, na verdade, nem sequer existem. Um erro, ao que tudo indica, derivado das ferramentas de Inteligência Artificial (IA) utilizadas para criar e promover estas contas.
Uma das narrativas falsas mais amplamente difundidas no âmbito desta campanha de desinformação - disseminadas por, pelo menos, “52 perfis pertencentes à rede em português” - baseia-se numa alegada notícia que teria sido divulgada pela Al Jazeera, dando conta de que o Pentágono tinha criticado Kiev por ter levado a cabo uma troca de prisioneiros com Moscovo, em dezembro de 2024. Em causa uma informação que, no entanto, nunca tinha sido veiculada pelo referido meio de comunicação social.
Mas muitos outros temas foram também manipulados no âmbito desta campanha, como é o caso, por exemplo, da crise política recente em França e do direito ao aborto na Noruega, e não só.
Como destacou ainda a equipa israelita responsável pela investigação, as “citações falsas de agências noticiosas credíveis são uma tática consistente” em operações de influência russa já anteriormente identificadas.
A operação “Doppelganger”, identificada pela primeira vez em 2022 pela equipa de combate à desinformação da União Europeia, tem sido um exemplo paradigmático do recurso, por parte de atores pró-russos, de imagens "clonadas" de meios de comunicação social autênticos, com vista a disseminar narrativas sem qualquer tipo de fundamento. Tudo com vista a impactar, negativamente, o apoio à Ucrânia no Ocidente.