Uma semana depois de o gás russo ter deixado de ar pela Ucrânia, a Comissão Europeia afirma que não existe qualquer ameaça à segurança do aprovisionamento, apesar de os dados mostrarem uma queda acentuada das reservas, à medida que as temperaturas descem em grande parte do bloco.
O executivo da UE rejeitou a sugestão de que os últimos números relativos aos níveis de armazenamento de gás em toda a Europa levantam o espetro de uma escassez iminente, uma semana depois de as importações de gás russo através da Ucrânia terem terminado, quase três anos depois de o Kremlin ter iniciado a uma guerra não declarada contra o país.
O gás deixou de ar pelos gasodutos da era da União Soviética no dia de Ano Novo, após o termo de um acordo de trânsito de cinco anos entre a Gazprom e a empresa ucraniana Naftogaz, mas o impacto foi atenuado após os esforços enérgicos da UE e dos governos nacionais para encontrar fontes e rotas de abastecimento alternativas.
Mas novos dados divulgados esta semana mostram que as reservas da UE caíram de cerca de 95 mil milhões de metros cúbicos no início de novembro para apenas 75 mil milhões, o que equivale a cerca de um quarto do consumo anual em todo o bloco desde a invasão.
“Há retiradas elevadas em comparação com o ano ado, mas os níveis de armazenamento ainda se situam em cerca de 70% e continuam a ser superiores à média dos níveis anteriores à guerra”, disse a porta-voz do executivo europeu para a energia, Ana-Kaisa Itkonen.
Na mesma altura, em janeiro de 2024, as instalações de armazenamento de gás em toda a UE ainda estavam cheias a 85% no total.
A Eslováquia - que, tal como a Hungria e a Áustria, continua a depender do gasoduto russo desde a invasão - tem criticado fortemente a recusa da Ucrânia em renovar o contrato de trânsito. O primeiro-ministro Robert Fico repetiu, na semana ada, a sua afirmação de que isso prejudicaria mais a UE do que o Kremlin.
Fontes diplomáticas eslovacas afirmam que Fico e a sua adjunta, a ministra da Economia Denisa Saková, planeiam discutir o assunto com funcionários da Comissão em Bruxelas, na quinta-feira (9 de janeiro), e que uma reunião hoje foi cancelada quando Kiev se recusou a participar - algo que o executivo da UE não confirmou nem negou.
A porta-voz do executivo europeu para a energia, Ana-Kaisa Itkonen, afirmou que as conversações em curso com os governos afetados e as partes interessadas não são necessariamente um reflexo de tais preocupações.
“Continuaremos a trabalhar com os Estados- membros e os países da região, também tendo em conta o plano da Comissão de apresentar um roteiro para nos livrarmos completamente dos combustíveis fósseis russos”, disse Itkonen.
Paralelamente à suspensão do trânsito de gás através da Ucrânia, a própria Rússia cortou o abastecimento à Moldova - uma medida que o primeiro-ministro Dorin Recean considera uma tentativa de desestabilizar o seu país, que, tal como a Ucrânia, é candidato à adesão à UE.