As relações entre Varsóvia e Budapeste pioraram ainda mais no mês ado, depois de o legislador polaco Marcin Romanowski, que se encontrava em fuga, ter obtido asilo na Hungria.
A Polónia retirou o convite ao embaixador húngaro para a gala de inauguração da presidência polaca da União Europeia, na sequência de uma polémica diplomática sobre asilo político, informou um ministro polaco.
No mês ado, Budapeste concedeu asilo político ao antigo vice-ministro polaco da Justiça, Marcin Romanowski, provocando a reação de Varsóvia, que classificou o ato como uma hostilidade.
Romanowski, um legislador do partido nacionalista da oposição Lei e Justiça (PiS), enfrenta 11 acusações do Ministério Público polaco por uso indevido de fundos públicos. Um tribunal de Varsóvia emitiu no mês ado um mandado de captura europeu contra o político. Na semana ada, a Polónia ameaçou que levaria a Hungria ao Tribunal de Justiça Europeu se não cumprisse o mandado.
O incidente é o mais recente golpe para a relação entre os dois membros da UE, que anteriormente era forte devido à partilha de pontos de vista sobre a migração e o bloco, mas que tem vindo a azedar cada vez mais devido à invasão total da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022.
A Polónia está a assumir a liderança da presidência rotativa do Conselho da UE, sucedendo a Hungria, e vai dar o pontapé de saída com um evento no Grande Teatro de Varsóvia, na sexta-feira.
"Quando convidámos os nossos convidados para a nossa gala, há quase um mês, convidámos todo o corpo diplomático", disse na sexta-feira a vice-ministra polaca dos Assuntos Europeus, Magdalena Sobkowiak-Czarnecka.
"Mas depois da situação com o ministro Romanowski, o ministro dos Negócios Estrangeiros (Radosław) Sikorski decidiu que o embaixador húngaro não é um convidado bem-vindo", disse Sobkowiak-Czarnecka numa entrevista ao canal de notícias público polaco TVP Info.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, também não é bem-vindo na cerimónia, disse Sobkowiak-Czarnecka.
Desde que o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, e a sua coligação centrista assumiram o poder em dezembro de 2023, os laços com a Hungria caíram a pique.
Varsóvia - um firme aliado de Kiev - tem criticado publicamente Budapeste pela sua relação com Moscovo. Por seu lado, Orbán acusou a Polónia de hipocrisia sobre a sua posição em relação à guerra da Rússia e disse que o governo de Tusk vê os húngaros como inimigos.
Outro ponto de discórdia tem sido a posição pró-UE da Polónia sob a presidência de Tusk, após o euroceticismo do PiS, face à crescente retórica anti-UE e às ameaças de Orbán.
Durante a presidência húngara da UE, Orbán denunciou repetidamente as sanções do bloco contra a Rússia e fez uma visita a Moscovo que foi alvo de várias críticas, onde se encontrou com o Presidente russo, Vladimir Putin, naquilo a que apelidou de "missão de paz".
Orbán também foi criticado pelo Parlamento Europeu por se ter encontrado com o Presidente chinês Xi Jinping, em Pequim, pouco depois.
A liderança da Polónia no Conselho da UE vai centrar-se no reforço da segurança e da defesa sob o lema "Segurança, Europa!".