Nas redes sociais, tem-se afirmado que o restaurante de fast food fechou as suas filiais na Islândia devido a um boicote público ligado à guerra entre Israel e o Hamas.
Têm circulado nas redes sociais publicações que alegam que o êxodo do McDonald's da Islândia foi recente e resultado de uma campanha pública concertada, mas isso não é verdade.
Os posts vêm com uma imagem gerada por IA que mostra um edifício do McDonald's em ruínas e uma legenda que pergunta se os boicotes funcionam.
Outras mensagens ligam o suposto boicote a páginas de apoio à Palestina, fazendo eco dos recentes apelos ao boicote da empresa em todo o mundo, devido ao seu suposto apoio a Israel.
No entanto, o encerramento do McDonald's na Islândia nada tem a ver com qualquer boicote público.
A cadeia de fast-food abandonou o país a 30 de outubro de 2009, na sequência da crise financeira islandesa de 2008, que provocou a desvalorização da moeda do país, a coroa islandesa.
Isto significou que as importações necessárias para os produtos do McDonald's se tornaram demasiado caras para que os restaurantes pudessem continuar a ganhar dinheiro. O McDonald's Islândia estava particularmente dependente da importação de carne da Alemanha.
A BBC noticiou na altura que o McDonald's também culpou a "complexidade operacional única" de fazer negócios numa nação isolada, com uma população de apenas 300.000 habitantes. O primeiro restaurante McDonald's da Islândia abriu em 1993.
O franchisado islandês do McDonald's, Jon Gardar Ogmundsson, afirmou na altura que os restaurantes "nunca tinham tido tanto movimento mas, ao mesmo tempo, os lucros nunca tinham sido tão baixos".
Os restaurantes acabaram por ser substituídos pela cadeia de fast-food local Metro, que vende produtos semelhantes, utilizando ingredientes mais baratos e fornecidos localmente.
À data desta verificação, já não existem restaurantes McDonald's na Islândia, mas ainda é possível ver o último cheeseburger e batatas fritas vendidos no país em exposição na Snotra House - uma pousada no sul do país.
Segundo consta, o restaurante faz uma transmissão em direto da refeição no seu site, atingindo, regularmente, 400 000 visualizações.
Relatórios do início deste ano dizem que, mesmo agora, a refeição ainda não apresentar qualquer sinal de bolor ou deterioração.
O McDonald's tem sido um dos principais alvos de boicotes desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em outubro de 2023.
A empresa foi criticada por ter oferecido milhares de refeições gratuitas a soldados israelitas, o que deu origem a protestos contra a cadeia que afetaram particularmente as vendas no Médio Oriente, na Indonésia e em França.
A empresa utiliza um sistema de franquia que permite que operadores independentes recebam licenças para gerir os estabelecimentos do gigante de fast-food.
O McDonald's afirmou anteriormente que o conflito no Médio Oriente teve "um impacto significativo" em alguns dos seus resultados financeiros no último trimestre de 2023, descrevendo o boicote como "desanimador e mal fundamentado".
O CEO, Chris Kempczinski, afirmou que as vendas do McDonald's no Médio Oriente, bem como algumas fora da região, tinham sido significativamente afetadas pela "desinformação" sobre a posição da empresa na guerra entre Israel e o Hamas.