De acordo com o Adalah, grupo de direitos legais em Israel que representa os ativistas, os restantes oito membros do barco contestaram a deportação e permanecem detidos.
Greta Thunberg e mais três ativistas pró-Palestina da embarcação que foi intercetada por Israel na manhã de segunda-feira a caminho da Faixa de Gaza foram deportados.
Segundo o Ministério israelita dos Negócios Estrangeiros, a sueca de 22 anos, conhecida pela luta contra as alterações climáticas, foi colocada num voo que partiu de Telavive com destino a França, de onde depois seguirá para a Suécia.
O Adalah, grupo de direitos legais em Israel que representa os ativistas, fez saber que os outros oito elementos do veleiro Madleen recusaram a deportação e foram transferidos para um um centro de detenção enquanto aguardam para serem ouvidos pelas autoridades judiciais israelitas.
As 12 pessoas que partiram de Itália no dia 1 de junho transportavam ajuda humanitária para a população de Gaza afetada pela guerra de mais de um ano e meio entre Israel e o Hamas. De acordo com a Coligação Frota da Liberdade, o grupo que organizou a viagem, as forças navais israelitas apreenderam o barco a cerca de 200 quilómetros da costa de Gaza.
A embarcação de bandeira britânica foi encaminhada para o porto israelita de Ashdod e durante a noite a tripulação foi levada para o aeroporto Ben Gurion.
A bordo seguiam cidadãos de França, Alemanha, Brasil, Turquia, Suécia, Espanha e Países Baixos. Os ativistas traziam consigo um pequeno conjunto de alimentos essenciais, incluindo arroz e leite em pó para bebés, e dizem querer sensibilizar a comunidade internacional para a crise humanitária vivida no enclave palestiniano.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel descreveu a viagem como um golpe publicitário a favor do Hamas, afirmando que "a pequena quantidade de ajuda" presente no "iate das 'selfies' das celebridades" chegará a Gaza "através de verdadeiros canais humanitários”.
Críticas a Israel
A Coligação Frota da Liberdade (FFC), que fretou o barco, fala de uma ação" ilegal" dos militares israelitas que "viola o direito internacional", exigindo "a libertação imediata de todos os voluntários".
Criada em 2010, a FFC é um movimento internacional não violento de apoio aos palestinianos, conhecido pelas iniciativas de ajuda humanitária e de protesto político contra o bloqueio de Israel a Gaza.
A Amnistia Internacional também considerou ilegal a acção das autoridades israelitas. “A operação de interceção e bloqueio do Madleen a meio da noite e em águas internacionais viola o direito internacional e põe em risco a segurança das pessoas que se encontram no barco”, referiu em comunicado Agnès Callamard, secretária-geral da organização não governamental.
As Nações Unidas (ONU) enveredam pela mesma linha de condenação. A relatora especial do organismo para os territórios palestinianos ocupados, sca Albanese, diz que a marinha israelita fez "uma incursão ilegal em águas internacionais".
Às críticas a Israel juntou-se o presidente francês. Falando à margem da Conferência da ONU sobre os Oceanos que decorre esta semana em Nice, Emmanuel Macron declarou que o bloqueio humanitário na Faixa de Gaza é “um escândalo”.
Macron fez um apelo a um “cessar-fogo”, à “libertação dos reféns” e à “reabertura das rotas humanitárias” para o território palestiniano sitiado, sublinhando que França “transmitiu todas as mensagens” a Israel para garantir a "proteção" dos ativisas ses e o seu regresso a casa.