Jamshid Sharmahd, ativista da oposição no Irão, com nacionalidade iraniana e alemã, foi condenado à morte em 2023, acusado de terrorismo, e executado na última segunda-feira. Berlim quer ainda aplicar sanções ao nível da UE contra os envolvidos na execução.
A Alemanha vai fechar todos os consulados iranianos em solo alemão, localizados em Frankfurt, Hamburgo e Munique, depois de o Irão ter executado na última segunda-feira Jamshid Sharmahd, um cidadão com nacionalidade iraniana e alemã.
A decisão, anunciada pela ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, faz com que a representação diplomática de Teerão na Alemanha fique reduzida à embaixada iraniana em Berlim.
"Já dissemos várias vezes ao Irão que a execução de um cidadão alemão terá consequências graves”, afirmou Baerbock.
O encerramento afetará 32 membros do pessoal consular, de acordo com um funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Berlim, citado pelo Politico. Os 32 funcionários perderão o direito de viver na Alemanha e terão de abandonar o país, exceto se tiverem cidadania alemã.
A última vez que a Alemanha tomou medidas tão “drásticas, mas apropriadas”, nota o referido funcionário, foi após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022.
“O facto de este assassinato ter ocorrido à luz dos últimos desenvolvimentos no Médio Oriente mostra que o regime ditatorial e injusto [do Irão] não age de acordo com a lógica diplomática normal”, referiu a ministra, acrescentando que as relações diplomáticas entre a Alemanha e o Irão estão no "ponto mais baixo de sempre”.
Mais sanções europeias contra o Irão?
Annalena Baerbock pediu ainda aos Estados-membros membros da União Europeia (UE) para fazerem mais a nível europeu no sentido de punir o Irão.
“Estou a fazer pressão para que os Guardas da Revolução sejam incluídos na lista de terroristas em Bruxelas”, adiantou.
O embaixador alemão no Irão, Markus Potzel, deixou Teerão para consultas em Berlim, de modo a protestar “nos termos mais fortes” contra o regime iraniano.
Na terça-feira, o chefe da política externa da UE, Josep Borrell, afirmou que “a execução de um cidadão europeu está a prejudicar seriamente as relações entre o Irão e a União Europeia”.
Borrell adiantou, assim, que Bruxelas vai agora ponderar a "adoção de medidas específicas e significativas”.
Condenação por "terrorismo"
Jamshid Sharmahd foi condenado à morte em 2023 no Irão por terrorismo.
Sharmahd, que vivia nos Estados Unidos, foi detido no Dubai em 2020 pelas forças de segurança iranianas.
Teerão acusou-o de ter planeado um ataque a uma mesquita em Shirz, no ano de 2008, do qual resultaram 14 mortos e mais de 200 feridos.
O governo alemão, os familiares de Sharmahd e ativistas dos direitos humanos rejeitaram enfaticamente as acusações e consideraram o julgamento uma farsa.