{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2024/10/17/jasem-albudaiwi-esperamos-que-os-membros-da-ue-trabalhem-no-sentido-de-reconhecer-a-palest" }, "headline": "Jasem AlBudaiwi: \u201cEsperamos que os membros da UE trabalhem no sentido de reconhecer a Palestina\u201d", "description": "A Euronews falou com Jasem AlBudaiwi, secret\u00e1rio-geral do Conselho de Coopera\u00e7\u00e3o do Golfo (CCG).", "articleBody": "\u00c0 medida que a guerra no M\u00e9dio Oriente entra numa nova e perigosa fase, decorreu a primeira cimeira UE-Conselho de Coopera\u00e7\u00e3o do Golfo. Neste epis\u00f3dio de The Europe Conversation, a Euronews falou com o secret\u00e1rio-geral do Conselho de Coopera\u00e7\u00e3o do Golfo (CCG), Jasem AlBudaiwi, sobre sobre a agenda da cimeira, o com\u00e9rcio, a seguran\u00e7a global, os novos esfor\u00e7os para uma solu\u00e7\u00e3o de dois Estados e o respeito pelos direitos humanos.Sua Excel\u00eancia, obrigada por se juntar a n\u00f3s no The Europe Conversation. Est\u00e1 aqui para a primeira cimeira UE-Conselho de Coopera\u00e7\u00e3o do Golfo. H\u00e1 muitos temas na agenda: seguran\u00e7a, aquecimento global, etc. Mas gostaria de come\u00e7ar pelo M\u00e9dio Oriente, porque estamos num momento muito perigoso. Assistimos a ataques constantes do Hezbollah e do Ir\u00e3o contra Israel. Estamos a assistir a um sofrimento incomensur\u00e1vel em Gaza e tamb\u00e9m no L\u00edbano. Como v\u00ea o papel que a UE tem tido aqui e que pode vir a ter?Jasem AlBudaiwi: Definitivamente, a UE tem sido um parceiro respons\u00e1vel e agradecemos o papel que tem tido na tentativa de convencer Israel a abster-se das suas a\u00e7\u00f5es contra o povo palestiniano e, mais uma vez, contra o L\u00edbano. A UE tem ajudado o povo palestiniano. H\u00e1 muitos membros que, o que iramos e apreciamos muito, reconheceram o Estado palestiniano. Esperamos que os membros da UE, todos eles, os 27, trabalhem no sentido de reconhecer a Palestina. Isso iria ajudar muito.\u00a0A UE teve algum sucesso em falar com Israel? Muitas pessoas tamb\u00e9m apontam para o facto de a UE estar fortemente dividida nesta quest\u00e3o.\u00a0Algu\u00e9m na comunidade internacional teve algum sucesso ao tentar convencer o governo israelita de abster-se do que est\u00e1 a fazer? Infelizmente, n\u00e3o. O governo israelita continua a sua pol\u00edtica, continua a a\u00e7\u00e3o militar contra civis na Palestina e no L\u00edbano. Continuam este ataque. O Tribunal Internacional de Justi\u00e7a pediu-lhes que parassem, a ONU pediu-lhes que parassem, o Conselho de Seguran\u00e7a pediu-lhes que parassem. Todos os pa\u00edses do mundo pediram a Israel que parasse. Eles n\u00e3o o fizeram. N\u00e3o podemos exercer essa press\u00e3o sobre um grupo de pessoas, um grupo de pa\u00edses ou um pa\u00eds.\u00a0Sabe que alguns Estados-Membros est\u00e3o a vender armas a Israel?\u00a0Estados-membros de?Da UE.Esperamos que... N\u00e3o apenas a UE. Mais uma vez, n\u00e3o queremos destacar um grupo de pa\u00edses. Trata-se de uma quest\u00e3o alargada. Vender armas a Israel, neste momento, \u00e9 uma coisa perigosa. Est\u00e3o a lidar com esta quest\u00e3o com uma mente orientada para a vingan\u00e7a. Ouvimos isto do sr. Josep Borrell. Ele usou esta terminologia. A vingan\u00e7a n\u00e3o nos leva a lado nenhum. \u00c9 preciso parar. \u00c9 preciso encontrar uma solu\u00e7\u00e3o pac\u00edfica. Uma solu\u00e7\u00e3o de dois Estados, um Estado israelita e um Estado palestiniano a viverem lado a lado. \u00c9 isso que o mundo inteiro est\u00e1 a pedir. \u00c9 isso que n\u00f3s estamos a pedir.Pode dizer-me como v\u00ea o papel do Ir\u00e3o em tudo isto? Ao apoiar o Hezbollah, ao enviar rockets para Israel, ao apoiar o Hamas.O CCG apelou a todos os intervenientes da regi\u00e3o para um desanuviamento. Pedimos a todos que se abstivessem de quaisquer atividades que pudessem alimentar o conflito, que pudessem enfurecer toda a regi\u00e3o, quer seja o Ir\u00e3o ou qualquer outro pa\u00eds. Temos tentado falar com eles. Temos-lhes enviado mensagens de desanuviamento. Na semana ada, realiz\u00e1mos a primeira reuni\u00e3o ministerial de sempre do CCG com o Ir\u00e3o. A mensagem foi clara para o Ir\u00e3o: o CCG quer uma regi\u00e3o est\u00e1vel. Ouvimos o mesmo dos Ir\u00e3o, que est\u00e3o a apelar para um desanuviamento. Apelam a uma rela\u00e7\u00e3o normal entre o CCG e o Ir\u00e3o e todos os outros na regi\u00e3o. \u00c9 isso que estamos a pedir. \u00c9 este o trabalho que o CCG est\u00e1 a fazer.E se houver... J\u00e1 vimos que a instabilidade vai levar a um aumento dos pre\u00e7os do petr\u00f3leo. Qual vai ser a rea\u00e7\u00e3o do CCG a isso? Porque j\u00e1 vimos isso no ado. Durante a invas\u00e3o russa da Ucr\u00e2nia, os pre\u00e7os do g\u00e1s e do petr\u00f3leo subiram e a OPEP+ recusou-se a aumentar a produ\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo.Esta n\u00e3o \u00e9 a primeira crise no M\u00e9dio Oriente e n\u00e3o \u00e9 a primeira vez que a comunidade internacional enfrenta a quest\u00e3o ou o desafio da falta de petr\u00f3leo. A Hist\u00f3ria est\u00e1 a\u00ed. Podem verificar a Hist\u00f3ria. Podem verificar os n\u00fameros. J\u00e1 vimos muitas vezes que o CCG desempenhou o seu papel, a n\u00edvel regional e internacional, de garantir que o petr\u00f3leo \u00e9 fornecido a toda a gente, que o petr\u00f3leo est\u00e1 a um pre\u00e7o razo\u00e1vel para o vendedor e para o comprador. O petr\u00f3leo \u00e9 um elemento importante para a f\u00f3rmula econ\u00f3mica internacional. Temos de nos certificar de que existe oferta suficiente para todos. Podem ter a certeza de que o CCG vai estar presente quando este desafio se colocar \u00e0 comunidade internacional.Portanto, eles v\u00e3o aumentar a produ\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo.V\u00e3o fazer tudo o que for necess\u00e1rio para garantir energia a todos os parceiros do mundo.Um dos pedidos dos Estados-membros da UE durante a Cimeira do Golfo foi haver um maior reconhecimento e considera\u00e7\u00e3o por parte dos pa\u00edses do Golfo relativamente ao papel da R\u00fassia enquanto amea\u00e7a \u00e0 seguran\u00e7a global, mas tamb\u00e9m, em particular, enquanto amea\u00e7a \u00e0 seguran\u00e7a da Europa, porque n\u00e3o vimos isso at\u00e9 agora. V\u00ea a R\u00fassia como uma amea\u00e7a \u00e0 seguran\u00e7a mundial e reconhece a sua amea\u00e7a \u00e0 Europa, tendo em conta a invas\u00e3o da Ucr\u00e2nia?Os Estados-membros do Conselho de Coopera\u00e7\u00e3o do Golfo acreditam no di\u00e1logo, acreditam na diplomacia, acreditam no empenhamento cont\u00ednuo. \u00c9 por isso que temos uma rela\u00e7\u00e3o perfeita com todos os parceiros do mundo, sejam eles a R\u00fassia, a China, os Estados Unidos, a UE, a Am\u00e9rica Latina, a \u00c1frica e a \u00c1sia. Estamos no meio, mantendo a mesma dist\u00e2ncia com todos e estamos empenhados num di\u00e1logo com todos. E esta \u00e9 a mensagem que enviamos a todos: devemos abster-nos de usar a for\u00e7a e usar a diplomacia do di\u00e1logo como a nossa ferramenta de discuss\u00e3o. Ningu\u00e9m deve utilizar qualquer tipo de for\u00e7a. Pessoalmente, sou do Kuwait e sei o que \u00e9 o uso da for\u00e7a. O meu pa\u00eds desapareceu em poucas horas quando Saddam invadiu o Kuwait nos anos 90.Mas reconhece a R\u00fassia como uma amea\u00e7a \u00e0 seguran\u00e7a, uma vez que est\u00e3o a bombardear hospitais de oncologia pedi\u00e1trica em Kiev? O di\u00e1logo n\u00e3o funcionou porque n\u00e3o funcionou para impedir que Putin invadisse a Ucr\u00e2nia.Bem, existe um Conselho de Seguran\u00e7a. Existem as Na\u00e7\u00f5es Unidas onde todos n\u00f3s podemos ir. \u00c9 o nosso tribunal. \u00c9 aqui que temos de abordar este tipo de quest\u00f5es. Recorremos \u00e0 Assembleia Geral das Na\u00e7\u00f5es Unidas. Recorremos ao Conselho de Seguran\u00e7a. Mais uma vez, ningu\u00e9m deve ser isolado numa determinada quest\u00e3o ou dossier. Tem de ser um esfor\u00e7o global internacional, um esfor\u00e7o internacional alargado a abordar este tipo de quest\u00f5es.O que \u00e9 que gostaria de ver em rela\u00e7\u00e3o ao com\u00e9rcio? Se existissem cl\u00e1usulas nos acordos comerciais relativas aos direitos humanos e \u00e0 igualdade de g\u00e9nero, isso seria um problema?N\u00e3o vai ser um problema porque estamos muito orgulhosos do nosso historial em mat\u00e9ria de direitos humanos. N\u00f3s, os seis, estamos envolvidos com a UE num di\u00e1logo sobre direitos humanos. Este di\u00e1logo decorre todos os anos. Representantes dos dois lados participam numa discuss\u00e3o muito completa e abrangente, debatendo todo o tipo de quest\u00f5es relacionadas com os direitos humanos e o trabalho, a emancipa\u00e7\u00e3o das mulheres, crian\u00e7as, os direitos... Todo o tipo de quest\u00f5es. Podem tamb\u00e9m verificar com os vossos colegas europeus os resultados maravilhosos que resultam destes di\u00e1logos. Estamos os seis envolvidos. Realizam-se uma vez em Bruxelas e uma vez em cada pa\u00eds do Golfo. Al\u00e9m disso, h\u00e1 outra via em que os direitos humanos s\u00e3o discutidos, que \u00e9 Genebra, onde cada pa\u00eds \u00e9 avaliado de cinco em cinco anos. N\u00e3o apenas a UE ou o CCG, mas toda a comunidade internacional avalia cada pa\u00eds e avalia o seu dossier de cinco em cinco anos. Estamos muito orgulhosos. Estamos muito honrados com o que alcan\u00e7\u00e1mos em termos de cumprimento das exig\u00eancias e requisitos da comunidade internacional em rela\u00e7\u00e3o aos direitos humanos. O nosso registo \u00e9 maravilhoso e estamos extremamente orgulhosos disso.Muitas pessoas discordam disso e dizem que o historial est\u00e1 longe de ser maravilhoso e n\u00e3o cumpre as normas internacionais no que se refere aos direitos humanos b\u00e1sicos. Quer estejamos a falar da Ar\u00e1bia Saudita e das pessoas que s\u00e3o presas por publicar tweets e das execu\u00e7\u00f5es que ocorrem frequentemente na Ar\u00e1bia Saudita. No Qatar, a aten\u00e7\u00e3o centrou-se nos trabalhadores migrantes e nos direitos que lhes s\u00e3o retirados, torturados, etc. Penso que as pessoas podem argumentar que, de facto, estas pr\u00e1ticas est\u00e3o muito aqu\u00e9m dos requisitos internacionais.N\u00e3o sei, quando diz pessoas, o que quer dizer com pessoas?Especialistas. E se olharmos para os relat\u00f3rios, os relat\u00f3rios desses pa\u00edses.Eu tamb\u00e9m contestaria este tipo de relat\u00f3rios porque n\u00e3o sei quem os est\u00e1 a fazer.A Human Rights Watch, a Amnistia Internacional, os pr\u00f3prios jornalistas.Estou a falar do di\u00e1logo sobre direitos humanos que mantenho com a UE e da revis\u00e3o que fa\u00e7o de cinco em cinco anos em Genebra. N\u00e3o sei quem deu a estas organiza\u00e7\u00f5es o direito ou o privil\u00e9gio de estabelecer a fasquia para toda a comunidade internacional em mat\u00e9ria de direitos humanos. Trata-se de um di\u00e1logo. Mais uma vez, falamos de di\u00e1logo. N\u00e3o se deve apontar o dedo a ningu\u00e9m. \u00c9 preciso respeitar as leis de toda a gente, a cultura de toda a gente, a religi\u00e3o de toda a gente. E, mais uma vez, estamos a ser analisados de cinco em cinco anos em Genebra. Quando algu\u00e9m vem dizer: \u0022Muito bem, este \u00e9 o meu padr\u00e3o para os direitos humanos, t\u00eam de o cumprir, caso contr\u00e1rio, vou escrever um relat\u00f3rio sobre voc\u00eas, criticando-vos. Podem escrever o relat\u00f3rio que quiserem. Eu sou um membro da comunidade internacional. Vou respeitar as exig\u00eancias da comunidade internacional. Vou continuar a comprometer-me com as exig\u00eancias. E apontar o dedo ao Golfo tornou-se muito rid\u00edculo, de facto. Quero dizer, continuamos a justificar-nos por isso. N\u00e3o sei at\u00e9 onde \u00e9 que querem ir.Muito bem, Sua Excel\u00eancia Jasem AlBudaiwi, muito obrigada por se juntar a n\u00f3s no The Europe Conversation.Muito obrigado, Shona. Agrade\u00e7o-lhe imenso.", "dateCreated": "2024-10-14T15:21:31+02:00", "dateModified": "2024-10-17T18:30:02+02:00", "datePublished": "2024-10-17T18:30:02+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F08%2F78%2F94%2F48%2F1440x810_cmsv2_0b39f2ee-d7be-547f-9190-61b4f119a1e0-8789448.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "A Euronews falou com Jasem AlBudaiwi, secret\u00e1rio-geral do Conselho de Coopera\u00e7\u00e3o do Golfo (CCG).", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F08%2F78%2F94%2F48%2F432x243_cmsv2_0b39f2ee-d7be-547f-9190-61b4f119a1e0-8789448.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "S\u00e9rie: a minha Europa" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Jasem AlBudaiwi: “Esperamos que os membros da UE trabalhem no sentido de reconhecer a Palestina”

Jasem AlBudaiwi: “Esperamos que os membros da UE trabalhem no sentido de reconhecer a Palestina”
Direitos de autor euronews
Direitos de autor euronews
De Euronews
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

A Euronews falou com Jasem AlBudaiwi, secretário-geral do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG).

PUBLICIDADE

À medida que a guerra no Médio Oriente entra numa nova e perigosa fase, decorreu a primeira cimeira UE-Conselho de Cooperação do Golfo. Neste episódio de The Europe Conversation, a Euronews falou com o secretário-geral do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), Jasem AlBudaiwi, sobre sobre a agenda da cimeira, o comércio, a segurança global, os novos esforços para uma solução de dois Estados e o respeito pelos direitos humanos.

Sua Excelência, obrigada por se juntar a nós no The Europe Conversation. Está aqui para a primeira cimeira UE-Conselho de Cooperação do Golfo.Há muitos temas na agenda: segurança, aquecimento global, etc. Mas gostaria de começar pelo Médio Oriente, porque estamos num momento muito perigoso. Assistimos a ataques constantes do Hezbollah e do Irão contra Israel. Estamos a assistir a um sofrimento incomensurável em Gaza e também no Líbano. Como vê o papel que a UE tem tido aqui e que pode vir a ter?

Jasem AlBudaiwi: Definitivamente, a UE tem sido um parceiro responsável e agradecemos o papel que tem tido na tentativa de convencer Israel a abster-se das suas ações contra o povo palestiniano e, mais uma vez, contra o Líbano. A UE tem ajudado o povo palestiniano. Há muitos membros que, o que iramos e apreciamos muito, reconheceram o Estado palestiniano. Esperamos que os membros da UE, todos eles, os 27, trabalhem no sentido de reconhecer a Palestina. Isso iria ajudar muito. 

Esperamos que os membros da UE, todos eles, os 27, trabalhem no sentido de reconhecer a Palestina. Isso iria ajudar muito. 
Jasem AlBudaiwi
Secretário-geral do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG)

A UE teve algum sucesso em falar com Israel? Muitas pessoas também apontam para o facto de a UE estar fortemente dividida nesta questão. 

Alguém na comunidade internacional teve algum sucesso ao tentar convencer o governo israelita de abster-se do que está a fazer? Infelizmente, não. O governo israelita continua a sua política, continua a ação militar contra civis na Palestina e no Líbano. Continuam este ataque. O Tribunal Internacional de Justiça pediu-lhes que parassem, a ONU pediu-lhes que parassem, o Conselho de Segurança pediu-lhes que parassem. Todos os países do mundo pediram a Israel que parasse. Eles não o fizeram. Não podemos exercer essa pressão sobre um grupo de pessoas, um grupo de países ou um país. 

Sabe que alguns Estados-Membros estão a vender armas a Israel? 

Estados-membros de?

Da UE.

Esperamos que... Não apenas a UE. Mais uma vez, não queremos destacar um grupo de países. Trata-se de uma questão alargada. Vender armas a Israel, neste momento, é uma coisa perigosa. Estão a lidar com esta questão com uma mente orientada para a vingança. Ouvimos isto do sr. Josep Borrell. Ele usou esta terminologia. A vingança não nos leva a lado nenhum. É preciso parar. É preciso encontrar uma solução pacífica. Uma solução de dois Estados, um Estado israelita e um Estado palestiniano a viverem lado a lado. É isso que o mundo inteiro está a pedir. É isso que nós estamos a pedir.

É preciso parar. É preciso encontrar uma solução pacífica. Uma solução de dois Estados, um Estado israelita e um Estado palestiniano a viverem lado a lado. É isso que o mundo inteiro está a pedir.
Jasem AlBudaiwi
Secretário-geral do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG)

Pode dizer-me como vê o papel do Irão em tudo isto? Ao apoiar o Hezbollah, ao enviar rockets para Israel, ao apoiar o Hamas.

O CCG apelou a todos os intervenientes da região para um desanuviamento. Pedimos a todos que se abstivessem de quaisquer atividades que pudessem alimentar o conflito, que pudessem enfurecer toda a região, quer seja o Irão ou qualquer outro país. Temos tentado falar com eles. Temos-lhes enviado mensagens de desanuviamento. Na semana ada, realizámos a primeira reunião ministerial de sempre do CCG com o Irão. A mensagem foi clara para o Irão: o CCG quer uma região estável. Ouvimos o mesmo dos Irão, que estão a apelar para um desanuviamento. Apelam a uma relação normal entre o CCG e o Irão e todos os outros na região. É isso que estamos a pedir. É este o trabalho que o CCG está a fazer.

E se houver... Já vimos que a instabilidade vai levar a um aumento dos preços do petróleo. Qual vai ser a reação do CCG a isso? Porque já vimos isso no ado. Durante a invasão russa da Ucrânia, os preços do gás e do petróleo subiram e a OPEP+ recusou-se a aumentar a produção de petróleo.

Esta não é a primeira crise no Médio Oriente e não é a primeira vez que a comunidade internacional enfrenta a questão ou o desafio da falta de petróleo. A História está aí. Podem verificar a História. Podem verificar os números. Já vimos muitas vezes que o CCG desempenhou o seu papel, a nível regional e internacional, de garantir que o petróleo é fornecido a toda a gente, que o petróleo está a um preço razoável para o vendedor e para o comprador. O petróleo é um elemento importante para a fórmula económica internacional. Temos de nos certificar de que existe oferta suficiente para todos. Podem ter a certeza de que o CCG vai estar presente quando este desafio se colocar à comunidade internacional.

Portanto, eles vão aumentar a produção de petróleo.

Vão fazer tudo o que for necessário para garantir energia a todos os parceiros do mundo.

Um dos pedidos dos Estados-membros da UE durante a Cimeira do Golfo foi haver um maior reconhecimento e consideração por parte dos países do Golfo relativamente ao papel da Rússia enquanto ameaça à segurança global, mas também, em particular, enquanto ameaça à segurança da Europa, porque não vimos isso até agora. Vê a Rússia como uma ameaça à segurança mundial e reconhece a sua ameaça à Europa, tendo em conta a invasão da Ucrânia?

Os Estados-membros do Conselho de Cooperação do Golfo acreditam no diálogo, acreditam na diplomacia, acreditam no empenhamento contínuo. É por isso que temos uma relação perfeita com todos os parceiros do mundo, sejam eles a Rússia, a China, os Estados Unidos, a UE, a América Latina, a África e a Ásia. Estamos no meio, mantendo a mesma distância com todos e estamos empenhados num diálogo com todos. E esta é a mensagem que enviamos a todos: devemos abster-nos de usar a força e usar a diplomacia do diálogo como a nossa ferramenta de discussão. Ninguém deve utilizar qualquer tipo de força. Pessoalmente, sou do Kuwait e sei o que é o uso da força. O meu país desapareceu em poucas horas quando Saddam invadiu o Kuwait nos anos 90.

Sou do Kuwait e sei o que é o uso da força. O meu país desapareceu em poucas horas quando Saddam invadiu o Kuwait nos anos 90.
Jasem AlBudaiwi
Secretário-geral do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG)

Mas reconhece a Rússia como uma ameaça à segurança, uma vez que estão a bombardear hospitais de oncologia pediátrica em Kiev? O diálogo não funcionou porque não funcionou para impedir que Putin invadisse a Ucrânia.

Bem, existe um Conselho de Segurança. Existem as Nações Unidas onde todos nós podemos ir. É o nosso tribunal. É aqui que temos de abordar este tipo de questões. Recorremos à Assembleia Geral das Nações Unidas. Recorremos ao Conselho de Segurança. Mais uma vez, ninguém deve ser isolado numa determinada questão ou dossier. Tem de ser um esforço global internacional, um esforço internacional alargado a abordar este tipo de questões.

O que é que gostaria de ver em relação ao comércio? Se existissem cláusulas nos acordos comerciais relativas aos direitos humanos e à igualdade de género, isso seria um problema?

Não vai ser um problema porque estamos muito orgulhosos do nosso historial em matéria de direitos humanos. Nós, os seis, estamos envolvidos com a UE num diálogo sobre direitos humanos. Este diálogo decorre todos os anos. Representantes dos dois lados participam numa discussão muito completa e abrangente, debatendo todo o tipo de questões relacionadas com os direitos humanos e o trabalho, a emancipação das mulheres, crianças, os direitos... Todo o tipo de questões. Podem também verificar com os vossos colegas europeus os resultados maravilhosos que resultam destes diálogos. Estamos os seis envolvidos. Realizam-se uma vez em Bruxelas e uma vez em cada país do Golfo. Além disso, há outra via em que os direitos humanos são discutidos, que é Genebra, onde cada país é avaliado de cinco em cinco anos. Não apenas a UE ou o CCG, mas toda a comunidade internacional avalia cada país e avalia o seu dossier de cinco em cinco anos. Estamos muito orgulhosos. Estamos muito honrados com o que alcançámos em termos de cumprimento das exigências e requisitos da comunidade internacional em relação aos direitos humanos. O nosso registo é maravilhoso e estamos extremamente orgulhosos disso.

Muitas pessoas discordam disso e dizem que o historial está longe de ser maravilhoso e não cumpre as normas internacionais no que se refere aos direitos humanos básicos. Quer estejamos a falar da Arábia Saudita e das pessoas que são presas por publicar tweets e das execuções que ocorrem frequentemente na Arábia Saudita. No Qatar, a atenção centrou-se nos trabalhadores migrantes e nos direitos que lhes são retirados, torturados, etc. Penso que as pessoas podem argumentar que, de facto, estas práticas estão muito aquém dos requisitos internacionais.

Não sei, quando diz pessoas, o que quer dizer com pessoas?

Especialistas. E se olharmos para os relatórios, os relatórios desses países.

Eu também contestaria este tipo de relatórios porque não sei quem os está a fazer.

Não sei quem deu a estas organizações o direito ou o privilégio de estabelecer a fasquia para toda a comunidade internacional em matéria de direitos humanos.
Jasem AlBudaiwi
Secretário-geral do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG)

A Human Rights Watch, a Amnistia Internacional, os próprios jornalistas.

Estou a falar do diálogo sobre direitos humanos que mantenho com a UE e da revisão que faço de cinco em cinco anos em Genebra. Não sei quem deu a estas organizações o direito ou o privilégio de estabelecer a fasquia para toda a comunidade internacional em matéria de direitos humanos. Trata-se de um diálogo. Mais uma vez, falamos de diálogo. Não se deve apontar o dedo a ninguém. É preciso respeitar as leis de toda a gente, a cultura de toda a gente, a religião de toda a gente. E, mais uma vez, estamos a ser analisados de cinco em cinco anos em Genebra. Quando alguém vem dizer: "Muito bem, este é o meu padrão para os direitos humanos, têm de o cumprir, caso contrário, vou escrever um relatório sobre vocês, criticando-vos. Podem escrever o relatório que quiserem. Eu sou um membro da comunidade internacional. Vou respeitar as exigências da comunidade internacional. Vou continuar a comprometer-me com as exigências. E apontar o dedo ao Golfo tornou-se muito ridículo, de facto. Quero dizer, continuamos a justificar-nos por isso. Não sei até onde é que querem ir.

Muito bem, Sua Excelência Jasem AlBudaiwi, muito obrigada por se juntar a nós no The Europe Conversation.

Muito obrigado, Shona. Agradeço-lhe imenso.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

"A transição verde e a competitividade não são antagónicas", afirma Jessika Roswall

Estabilidade é a chave para o investimento, afirma o ministro marroquino Zidane

"Espero que o público britânico consiga ver a praticidade disto", afirma Maroš Šefčovič