O regresso às aulas tem-se revelado uma dor de cabeça para muitas famílias, em vários países na Europa. Por isso, muitos governos são obrigados a tomar medidas para auxiliar as finanças das famílias, como é o caso da Irlanda.
PUBLICIDADENa Irlanda, o custo dos livros escolares e dos artigos de papelaria tem aumentado, o que criou uma enorme pressão para um grande número de famílias com dificuldades financeiras.
No orçamento de 2024, o Governo disponibilizou mais de 47 milhões de euros para eliminar o custo dos livros escolares, livros de exercícios e livros de cópias para as crianças que frequentam escolas primárias e escolas de ensino especial reconhecidas.
No próximo mês, o Governo irlandês deverá anunciar, no seu orçamento para 2025, que os livros escolares serão também gratuitos para os restantes níveis escolares.
Isto significa que o fornecimento de livros será totalmente gratuito nas escolas primárias e secundárias de todo o país.
A medida será bem acolhida pelas famílias com dificuldades financeiras em todo o país, uma vez que as despesas continuam a aumentar na economia irlandesa em expansão.
De acordo com o ministro de Estado irlandês Thomas Byrne TD, o objetivo é tornar a educação tão ível quanto possível.
"Penso que a iniciativa dos livros escolares gratuitos tem sido muito importante a nível do ensino primário e agora estamos a avançar para o ensino secundário. Reconheço que existem custos significativos associados à educação”, disse à Euronews durante o encontro pré-parlamentar do seu partido em Killiney, no condado de Dublin.
Mas nem tudo é gratuito no sistema educativo irlandês.
Os custos dos uniformes variam de escola para escola, sendo que muitas insistem em que certos artigos exibam o brasão da respetiva instituição. Algumas escolas não exigem uniformes, enquanto noutras, os pais são convidados a fazer contribuições financeiras voluntárias para pagar as contas do estabelecimento de ensino. Estas contribuições podem variar entre 10 e 200 euros por ano.
Como resultado, muitos pais sentem-se pressionados e até intimidados, uma situação que o ministro de Estado Thomas Byrne afirma não ser legalmente obrigatória, mas puramente opcional para os pais.
“São pagamentos voluntários, os pais não têm de os pagar. As escolas argumentarão que não estão a receber financiamento suficiente, mas aumentámos o financiamento das escolas e vamos voltar a aumentá-lo”, afirmou.
Livreiros em dificuldades
No entanto, embora a gratuitidade dos livros escolares seja uma boa notícia para os pais, é uma má notícia para os livreiros.
Dawn Behan, presidente da Book Selling Ireland, concorda que os livros escolares gratuitos são ótimos para os pais com dificuldades financeiras, mas que a iniciativa está a ter um efeito negativo nos seus colegas de sector, que já estão a lutar com dispositivos como os tablets e o Kindle na batalha pelos leitores.
“As escolas receberam o orçamento em função do número de alunos inscritos e são elas que adquirem os livros. Por isso, enquanto antes os pais vinham sempre com os filhos buscar os livros durante o verão, agora o sistema é orientado para os fornecedores, pelo que os livros vão diretamente para a escola", conta.
“O apoio foi retirado das pequenas livrarias locais em todo o país e muitos estabelecimentos fecharam”, afirmou.
O governo irlandês anunciou ainda que vai financiar o fornecimento gratuito de refeições escolares a 900 escolas primárias em 2025, uma iniciativa que será alargada a mais escolas nos próximos anos.