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Na segunda-feira, um dia antes do veto \u00e0 proposta europeia, o Minist\u00e9rio do Interior obrigou o presidente da C\u00e2mara de Mil\u00e3o, Giuseppe Sala, a parar de reconhecer pais homossexuais na cidade, citando uma norma que impede o o de casais homossexuais \u00e0 reprodu\u00e7\u00e3o assistida. \u201c\u00c9 uma batalha ideol\u00f3gica para este governo\u201d, disse Mario Colamarino \u00e0 Euronews, presidente da associa\u00e7\u00e3o Mario Mieli pelos direitos queer. Este m\u00eas, Meloni reiterou, numa entrevista, a sua cren\u00e7a de que \u201cuma crian\u00e7a merece apenas o melhor: uma m\u00e3e e um pai\u201d. 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Comunidade LGBTQ+ acusa governo italiano de atropelar direitos paternais dos homossexuais

Comunidade LGBTQ+ acusa governo de Meloni de discriminação
Comunidade LGBTQ+ acusa governo de Meloni de discriminação Direitos de autor AP Photo/Fabio Frustaci
Direitos de autor AP Photo/Fabio Frustaci
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Para os ativistas, o exemplo mais recente deste atropelo ocorreu esta semana, quando o Senado votou contra uma diretiva da Comissão Europeia para o reconhecimento transfronteiriço de pais do mesmo sexo.

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A comunidade LGBTQ+ de Itália está a acusar o governo de extrema-direita de Giorgia Meloni de atropelar os direitos parentais de casais do mesmo sexo.

Para os ativistas, o exemplo mais recente deste atropelo ocorreu esta semana, quando o Senado votou contra uma diretiva da Comissão Europeia para o reconhecimento transfronteiriço de pais do mesmo sexo. A Itália juntou-se assim ao Grupo de Visegrado — composto pela Chéquia, Hungria, Polónia e Eslováquia — ao recusar transpor a diretiva para o direito nacional.

A notícia irritou a comunidade LGBTQ+ do país, que repetidamente criticou o governo de Meloni por discriminação, apontando para uma estratégia de propaganda anti-gay e o endurecimento das normas contra pais homossexuais.

Irmãos de Itália, o partido no poder com raízes neofascistas, liderou a votação contra a diretiva europeia, alegando preocupações de que o reconhecimento de pais do mesmo sexo poderia minar a atual proibição da gestação por substituição, vulgarmente conhecida como "barrigas de aluguer".

A lei italiana atual considera a gestação por substituição uma ofensa à dignidade da mulher.

'Mãe e pai'

“O veto é falso”, disse Vincenzo Miri, presidente da Rete Lenford, uma associação que fornece apoio judiciário a pessoas queer, à Euronews. “A proposta europeia não mudaria a atual proibição nem forçaria o reconhecimento de pais italianos do mesmo sexo que recorreram a barrigas de aluguer no estrangeiro”.

A proposta europeia afetaria apenas os pais já reconhecidos nos seus países de origem, mas nem isso é obrigatório.

“Existem vários casais europeus do mesmo sexo que recorrem à gestação por substituição, e reconhecê-los iria ultraar a proibição”, argumentou Marco Scurria, secretário da Comissão de Políticas Europeias dos Irmãos de Itália no Senado, à Euronews, citando audiências com juristas sobre o assunto.

“Pais do mesmo sexo não reconhecidos não terão qualquer problema em Itália”, acrescentou Scurria, “mas não podemos abrir a porta a algo ilegal aqui. Os pais serão reconhecidos, mas isso não deve ser automático, caso contrário as pessoas podem fazer o que quiserem”.

Enquanto isso, um projeto de lei apoiado pelos deputados dos Irmãos de Itália no Parlamento pretende tornar um crime o recurso por parte de casais italianos a "barrigas de aluguer" em países onde a prática é legal, uma proposta que pode potencialmente interferir com o direito internacional.

Grupos de direitos queer consideram as preocupações do governo sobre o recurso de casais do mesmo sexo à gestação por substituição uma obsessão de longa data da direita, embora sejam os casais heterossexuais que recorrem em maioria às "barrigas de aluguer".

Mas as "barrigas de aluguer" não são o único assunto de que o governo discorda.

“Mesmo quando a esquerda aprovou o reconhecimento das uniões homossexuais em 2016, a questão da paternidade homossexual ficou para trás”, disse à Euronews Alessia Crocini, presidente da Famiglie Arcobaleno, uma associação que apoia famílias homossexuais.

Na Itália, adotar o filho de um parceiro do mesmo sexo é extremamente difícil e, embora o reconhecimento da paternidade do mesmo sexo seja possível, geralmente envolve um longo processo legal, que geralmente se aplica mais a casais de mulheres que usaram a gravidez assistida e a adoção de enteados.

A Rete Lenford e a Famiglie Arcobaleno estão a representar centenas desses casos em tribunal.

Uma das batalhas legais foi sobre um decreto da extrema-direita de 2019 do então ministro do Interior Matteo Salvini que exigia especificar quem eram a “mãe e o pai” nos documentos de identificação das crianças em vez de identificar apenas quem eram os “pais”.

'Querem que paremos de ter filhos'

O veto à proposta da UE é visto por ativistas e pela comunidade LGTBQ+ como parte de uma repressão mais ampla aos direitos dos pais homossexuais, uma batalha emblemática do governo de Meloni.

Na segunda-feira, um dia antes do veto à proposta europeia, o Ministério do Interior obrigou o presidente da Câmara de Milão, Giuseppe Sala, a parar de reconhecer pais homossexuais na cidade, citando uma norma que impede o o de casais homossexuais à reprodução assistida.

“É uma batalha ideológica para este governo”, disse Mario Colamarino à Euronews, presidente da associação Mario Mieli pelos direitos queer.

Este mês, Meloni reiterou, numa entrevista, a sua crença de que “uma criança merece apenas o melhor: uma mãe e um pai”.

A ministra da Família, Natalidade e Igualdade de Oportunidades, Eugenia Roccella, tem repetido com frequência essa ideia na televisão, onde os direitos dos pais homossexuais costumam ser discutidos sem permitir a participação de ativistas ou casais LGBTQ+.

“Os juízes disseram que deveríamos ter em mente o interesse das crianças, que é ter uma família, mas a Itália não está a fazer isso. Os nossos filhos ainda terão dois pais ou duas mães, não importa o que diga um religioso ou uma pessoa de direita”, comentou Crocini.

Um acórdão de 2021 do Tribunal Constitucional pediu ao Parlamento que abrisse o quadro regulamentar das adoções em circunstâncias especiais a pais do mesmo sexo.

“A prática da adoção é um problema tanto para casais heterossexuais como para casais do mesmo sexo, e os Irmãos de Itália acreditam que é importante ajudar as crianças a encontrar uma família”, prometeu Scurria.

Mas um projeto de lei para facilitar a adoção de pais do mesmo sexo não parece ser uma prioridade para o governo de Meloni e as adoções padrão continuam proibidas para casais do mesmo sexo.

“Eles querem que paremos de ter filhos”, argumentou Crocini, “mas continuaremos a tê-los e eles crescerão num país que os discrimina”.

A Euronews ou o Ministério da Família, Natalidade e Igualdade de Oportunidades e o senador e o presidente do partido Irmãos de Itália, Lucio Malan, mas não obteve resposta até ao momento da publicação deste artigo.

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