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Pequim "não quer entender" que para a Europa de Leste, invasão da Ucrânia "é uma ameaça existencial"

As relações UE-China
As relações UE-China Direitos de autor John Thys/Pool Photo via AP
Direitos de autor John Thys/Pool Photo via AP
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Criticada pelos líderes ocidentais por assumir uma posição neutra face à invasão da Ucrânia pela Rússia, esta semana, a China tentou mudar de estratégia face aos paises da Europa Central e Oriental, mas pode ser demasiado tarde.

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Criticada pelos líderes ocidentais por assumir uma posição neutra face à invasão da Ucrânia pela Rússia, a China tentou, esta semana, mudar de estratégia face aos paises da Europa Central e Oriental, mas pode ser demasiado tarde, segundo especialistas entrevistados pela Euronews.

Esta semana, Huo Yuzhen, representante especial de Pequim visitou oito países da região, República Checa, Eslováquia, Hungria, Croácia, Eslovénia, Estónia, Letónia, e Polónia, no âmbito do programa de cooperação entre a China e os Países Europeus da Europa Central e de Leste.

O objetivo da viagem era promover uma maior cooperação entre as duas partes, mas, surge num contexto em que Pequim continua a reivindicar um estatuto de neutralidade em relação à invasão russa da Ucrânia.

Até agora, Pequim recusou-se a condenar Moscovo pela agressão militar e reafirmou o compromisso chinês para com uma relação bilateral sólida. As sanções contra a Rússia, ficam por enquanto, fora da equação.

Os serviços secretos americanos afirmam que a Rússia pediu à China assistência militar e económica, o que levou os países ocidentais que já implementaram por cinco vezes sanções contra a Rússia, a lançar um aviso sobre as eventuais consequências de uma ajuda chinesa à Ucrânia.

Guerra na Ucrânia: uma "questão existencial" para a Europa Central e Oriental

A cimeira UE-China no início deste mês devia centrar-se nos esforços para enfrentar as alterações climáticas mas acabou por ser dominada pela guerra na Ucrânia.

A presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen sublinhou que a situação na Ucrânia "não é apenas um momento decisivo para o nosso continente, é também um momento decisivo para a nossa relação com o resto do mundo".

Ursula von der Leyen acrescentou que, como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, a China "tem uma responsabilidade muito especial" e que qualquer apoio à capacidade da Rússia para travar uma guerra " causaria um grande dano à reputação da China na Europa".

Alguns especialistas ouvidos pela euronews consideram que os danos à reputação da China já são uma realidade.

"A China está do lado da Rússia e culpa a NATO, é algo absolutamente inaceitável para a maioria dos países da Europa Central e Oriental", disse à Euronews Mareike Ohlberg, um especialista do programa asiático do German Marshall Fund dos Estados Unidos.

"O governo chinês parece não compreender, ou não quer compreender, que a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia é vista como uma questão existencial para a maioria dos países da região", acrescentou a especialista.

Para a analista, "há uma pequena hipótese de que a China possa limitar os danos, pelo menos superficialmente, prometendo investimento ou o ao mercado da China, mas penso que a maioria das relações com os países da região vão continuar a deteriorar-se".

"A menos que altere a sua posição sobre a guerra na Ucrânia, há pouco que a China possa fazer para compensar a perda de confiança a longo prazo", considerou a analista.

Na última década, a China aumentou o investimento económico e político na região da Europa Central e Oriental por meio da Iniciativa "Belt and Road Initiative", com investimentos para favorecer o comércio bilateral e as infra-estruturas locais.

Uma estratégia que teve influência na política interna da União Europeia com alguns estados membros que tiraram partido desses investimentos e usaram as suas vozes para diluir as críticas a Pequim sobre certas questões. Por exemplo, o Primeiro Ministro húngaro Viktor Orban bloqueou as declarações da UE sobre Hong Kong.

No entanto, a relação entre as duas partes já estava sob tensão antes da guerra.

O regresso da "mentalidade da Guerra Fria nas relações Leste-Oeste"

"Muitos países da chamada cooperação 16+1 queixaram-se da falta de resultados económicos tangíveis e do progresso lento da iniciativa", explicou Tamas Matura da Universidade Corvinus de Budapeste, à Euronews.

"O papel da China na pandemia da Covid-19 e o regresso da mentalidade da Guerra Fria nas relações Leste-Oeste desencadeou mudanças substanciais nas políticas chinesas de muitos países da CEE, e a maioria desses paises decidiu reforçar os laços políticos e de segurança com os seus parceiros tradicionais como a UE e os EUA. O único Estado membro da UE que ainda se mantém fiel à sua política pró-China é a Hungria, enquanto países como a Lituânia e a República Checa se distanciaram de Pequim", afirmou Tamas Matura.

No ano ado, a Lituânia teve uma relação particularmente turbulenta com a China, depois de Vilnius se ter retirado do grupo China-CEEC e apelado a uma posição "mais eficiente 27+1" da UE sobre a China para substituir o formato "17+1".

O país báltico autorizou Taiwan a abrir um « escritório de representação », em Vilnius, com "Taiwan" no nome, em vez do "Taipé Chinês" aprovado por Pequim. Pequim considera Taiwan como parte do seu território.

A controvérsia levou Bruxelas a lançar um processo contra a China na Organização Mundial do Comércio. O bloco europeu acusou Pequim de "práticas discriminatórias" contra a Lituânia, ao recusar desalfandegar as mercadorias importadas do país báltico.

Segundo Ohlberg, a viagem do representante de Pequim serviu para "recolher algumas declarações públicas de políticos que o governo chinês pode utilizar para mostrar que os países da CEE e a China partilham a mesma leitura »

Tamas Matura salientou que a unidade da UE foi reforçada pela guerra e que "como resultado, não só as posições da Rússia mas também as da China ficarão mais fracas na região".

"Uma vez que Pequim foi incapaz de oferecer vantagens económicas significativas aos membros da UE da Europa Central, mesmo antes da pandemia e da guerra, não espero qualquer melhoria importante nas relações bilaterais", considerou Matura.

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