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O come\u00e7o Em teoria, o Nord Stream 2 dever\u00e1 permitir \u00e0 Alemanha atuar de forma mais independente no mercado de energia na Europa. Apesar de\u00a0o pol\u00e9mico gasoduto de g\u00e1s natural entre a R\u00fassia e a Alemanha estar oficialmente conclu\u00eddo, ainda n\u00e3o come\u00e7ou a funcionar. A iniciativa do Nord Stream 2 serviu para criar uma rota paralela ao projeto Nord Stream 1, a funcionar desde 2011 no fundo do Mar B\u00e1ltico. O gasoduto estende-se ao longo de cerca de 1230 quil\u00f3metros e conecta Ust-Luga, na R\u00fassia , a Greifswald, no nordeste da Alemanha . A constru\u00e7\u00e3o arrancou em maio de 2018 e terminou a 10 de setembro de 2021, com um ano e meio de atraso. A empresa estatal russa de g\u00e1s Gazprom \u00e9 a propriet\u00e1ria do gasoduto, tendo assumido mais de metade dos custos do projeto de cerca de 9,5 mil milh\u00f5es de euros. 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No entanto, as rotas de transporte existentes, especialmente atrav\u00e9s da Ucr\u00e2nia , podem ser potencialmente amea\u00e7adas pela constru\u00e7\u00e3o do Nord Stream 2 . Josep Borrell, o chefe da diplomacia europeia, sublinhou que o gasoduto n\u00e3o \u00e9 um projeto europeu. Est\u00e1 \u0022exclusivamente nas m\u00e3os dos alem\u00e3es\u0022, disse. Geopoliticamente controverso A Uni\u00e3o Europeia n\u00e3o \u00e9 a \u00fanica parte cr\u00edtica do projeto. Os EUA tamb\u00e9m n\u00e3o querem que o gasoduto entre em funcionamento. No contexto das san\u00e7\u00f5es impostas \u00e0 R\u00fassia em 2020, a constru\u00e7\u00e3o foi interrompida por quase um ano. O fornecimento de g\u00e1s da R\u00fassia poderia ser usado como uma arma pol\u00edtica para Washington. Em novembro de 2018, os EUA alertaram que \u0022a depend\u00eancia da Europa em rela\u00e7\u00e3o ao g\u00e1s russo \u00e9 geopoliticamente errada\u0022, at\u00e9 porque n\u00e3o haver\u00e1 interesse em que \u0022o g\u00e1s seja desligado no meio do inverno quando uma crise pol\u00edtica estourar\u0022. O projeto \u00e9, na verdade, visto como concorr\u00eancia. Os EUA, gostariam, antes, de fazer neg\u00f3cios com a Europa e vender g\u00e1s liquefeito, por exemplo. Preocupa\u00e7\u00f5es a leste As cr\u00edticas ao Nord Stream 2 tamb\u00e9m chegam do leste europeu. A Pol\u00f3nia, por exemplo, sente que o territ\u00f3rio foi ignorado como pa\u00eds de tr\u00e2nsito para o fornecimento de energia. O projeto pode reduzir o estatuto dos ramais que j\u00e1 existem na rota terrestre, o que significa que as receitas importantes geradas pelas taxas de tr\u00e2nsito podem ser perdidas. Al\u00e9m disso, h\u00e1 receios de que a R\u00fassia possa ganhar poder tornando a Europa dependente de seu g\u00e1s. As preocupa\u00e7\u00f5es concentram-se em\u00a0particular na Ucr\u00e2nia . O pa\u00eds depende dos milh\u00f5es de euros em receitas geradas com taxas de tr\u00e2nsito. Kiev alerta para a entrada em funcionamento do projeto, em pleno contexto de tens\u00e3o crescente com a R\u00fassia . O presidente Volodymyr Zelensky fala numa \u0022arma geopol\u00edtica perigosa do Kremlin\u0022. H\u00e1 uma semana atr\u00e1s, a empresa estatal de energia da Ucr\u00e2nia , Naftogaz, falou numa quest\u00e3o de \u0022seguran\u00e7a nacional\u0022 para o pa\u00eds. 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Nord Stream 2: um gasoduto geopoliticamente controverso

Nord Stream 2: um gasoduto geopoliticamente controverso
Direitos de autor JOHN MACDOUGALL/AFP
Direitos de autor JOHN MACDOUGALL/AFP
De Sebastian Zimmermann & Pedro Sacadura
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Projeto de parceria entre a Rússia e a Alemanha enfrenta resistência da União Europeia, dos EUA e da Ucrânia, em clima de tensão crescente com Moscovo

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Com a crise entre a Ucrânia e a Rússia como pano de fundo, a pressão sobre a Alemanha para interromper o projeto do gasoduto Nord Stream 2 tem vindo a aumentar.

Esta é uma das sanções económicas que pode vir a ser implementada na eventualidade de se confirmar o cenário mais grave: uma invasão russa na Ucrânia.

Nos últimos dias, Berlim deixou claro que, em caso de agressão, se discutirão diferentes opções, incluindo consequências para a iniciativa do gasoduto Nord Stream 2. Depois de um longo período de contenção, o chanceler alemão Olaf Scholz seguiu essa linha e manifestou uma opinião mais contundente. À semelhança de Annalena Baerbock, a ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Scholz ameaça a Rússia com "custos elevados" se invadir a Ucrânia.

Dos EUA também chegam mensagens de apoio: "Também vale a pena mencionar que ainda não há gás a fluir pelo Nord Stream, o que significa que o gasoduto é um meio de pressão para a Alemanha, os EUA e os nossos aliados, não a Rússia", disse o secretário de estado dos EUA, Antony Blinken.

O começo

Em teoria, o Nord Stream 2 deverá permitir à Alemanha atuar de forma mais independente no mercado de energia na Europa. Apesar de o polémico gasoduto de gás natural entre a Rússia e a Alemanha estar oficialmente concluído, ainda não começou a funcionar.

A iniciativa do Nord Stream 2 serviu para criar uma rota paralela ao projeto Nord Stream 1, a funcionar desde 2011 no fundo do Mar Báltico. O gasoduto estende-se ao longo de cerca de 1230 quilómetros e conecta Ust-Luga, na Rússia, a Greifswald, no nordeste da Alemanha. A construção arrancou em maio de 2018 e terminou a 10 de setembro de 2021, com um ano e meio de atraso.

A empresa estatal russa de gás Gazprom é a proprietária do gasoduto, tendo assumido mais de metade dos custos do projeto de cerca de 9,5 mil milhões de euros. Os custos restantes foram financiados por um consórcio europeu de empresas incluindo a OMV, da Áustria, a alemã Wintershall Dea, a sa Engie, a Uniper, da Alemanha, e a Shell, do Reino Unido.

Os ramais do gasoduto têm capacidade para fornecer 55 mil milhões de metros cúbicos de gás por ano à Europa. Mas o projeto ainda não descolou. Entre outras coisas, o gasoduto ainda precisa de certificação das autoridades alemãs para poder começar a operar.

Os apoiantes

Quer a Rússia quer a Alemanha, as partes envolvidas no projeto, defendem as vantagens da iniciativa.

Mas em Berlim tem havido visões discordantes no seio do novo governo de coligação recém-formado, em relação à data de funcionamento do Nord Stream 2. Os "Verdes", um dos parceiros de coligação do Partido Social Democrata (SPD), por exemplo, rejeitam o projeto por razões geoestratégicas e de política climática. Já o Partido Liberal Democrata (FDP) também vê necessidade de ação.

Em princípio, a Alemanha conta com o gás da Rússia, considerado uma tecnologia de transição na agem das energias fósseis para as renováveis. O gasoduto seria uma forma relativamente barata de obter a matéria-prima e cobrir as necessidades energéticas do país.

Moscovo, por outro lado, sai a ganhar porque pode vender gás e obter retorno financeiro. Por ano, a Rússia deve entregar à Alemanha 55 mil milhões de metros cúbicos de gás através do Mar Báltico. De acordo com a Gazprom, é uma quantidade suficiente para abastecer 26 milhões de casas.

A posição da União Europeia

Bruxelas não apoia o projeto do Nord Stream 2, tendo alegado num comunicado, em junho de 2017, que o mesmo não contribui para os objetivos da União da Energia. A Comissão Europeia acrescentou que o gasoduto "não deve ser explorado num vazio legal ou exclusivamente ao abrigo da lei de um país terceiro".

No entender do executivo comunitário, o Nord Stream 2 não contribui para os objetivos da União da Energia de abrir novas fontes de abastecimento, rotas e fornecedores. "Pelo contrário, pode até facilitar que um único fornecedor fortaleça ainda mais sua posição no mercado de gás da União Europeia e seja acompanhado por uma maior concentração de rotas de fornecimento".

Atualmente, existem infraestruturas de transporte de gás em bom funcionamento que garantem o abastecimento de energia na Europa. No entanto, as rotas de transporte existentes, especialmente através da Ucrânia, podem ser potencialmente ameaçadas pela construção do Nord Stream 2. Josep Borrell, o chefe da diplomacia europeia, sublinhou que o gasoduto não é um projeto europeu. Está "exclusivamente nas mãos dos alemães", disse.

Geopoliticamente controverso

A União Europeia não é a única parte crítica do projeto.

Os EUA também não querem que o gasoduto entre em funcionamento. No contexto das sanções impostas à Rússia em 2020, a construção foi interrompida por quase um ano. O fornecimento de gás da Rússia poderia ser usado como uma arma política para Washington.

Em novembro de 2018, os EUA alertaram que "a dependência da Europa em relação ao gás russo é geopoliticamente errada", até porque não haverá interesse em que "o gás seja desligado no meio do inverno quando uma crise política estourar".

O projeto é, na verdade, visto como concorrência. Os EUA, gostariam, antes, de fazer negócios com a Europa e vender gás liquefeito, por exemplo.

Preocupações a leste

As críticas ao Nord Stream 2 também chegam do leste europeu.

A Polónia, por exemplo, sente que o território foi ignorado como país de trânsito para o fornecimento de energia. O projeto pode reduzir o estatuto dos ramais que já existem na rota terrestre, o que significa que as receitas importantes geradas pelas taxas de trânsito podem ser perdidas.

Além disso, há receios de que a Rússia possa ganhar poder tornando a Europa dependente de seu gás. As preocupações concentram-se em particular na Ucrânia. O país depende dos milhões de euros em receitas geradas com taxas de trânsito.

Kiev alerta para a entrada em funcionamento do projeto, em pleno contexto de tensão crescente com a Rússia. O presidente Volodymyr Zelensky fala numa "arma geopolítica perigosa do Kremlin".

Há uma semana atrás, a empresa estatal de energia da Ucrânia, Naftogaz, falou numa questão de "segurança nacional" para o país.

Considerando o reforço de tropas russas na fronteira da Rússia com a Ucrânia, "seria mais difícil para o presidente russo, Vladimir Putin, iniciar uma guerra se o gás fluísse pela Ucrânia, porque o abastecimento de gás seria afetado", referiu o líder da Naftogaz, Yuri Vitrenko.

"Tenho certeza: se o Nord Stream 2 entrar em funcionamento, nunca mais haverá gás russo transportado através da Ucrânia para a Europa", acrescentou.

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