Milhares de pessoas estão a tentar ajudar a diminuir os danos causados, mas alguns voluntários dizem que o governo não está a fazer o suficiente para ajudar.
As autoridades russas alertaram para os graves danos ambientais causados pelo derrame de toneladas de combustível de dois petroleiros atingidos por uma tempestade, há mais de duas semanas, no estreito de Kerch, nas proximidades da Crimeia, atualmente ocupada por Moscovo.
Os meios de comunicação locais referem que, a partir de quarta-feira, mais de 10.000 pessoas - na sua maioria voluntários - se mobilizaram para salvar a vida selvagem e remover grandes quantidades de areia saturada de mazute, um produto petrolífero pesado e de baixa qualidade.
Na semana ada, as autoridades da região de Krasnodar, no sul da Rússia, anunciaram uma situação de emergência em toda a região, uma vez que o combustível continuava a dar à costa.
Provém de um navio-tanque que encalhou há 10 dias e de outro que ficou danificado e à deriva em meados de dezembro.
O anúncio surge alguns dias depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ter considerado este derrame de petróleo um "desastre ecológico".
Petróleo continua a aflorar dias após os derrames
Na quarta-feira, as autoridades de Krasnodar disseram que o petróleocontinuava a surgir nas praias de Anapa, uma popular estância balnear local.
Nesse mesmo dia, o Ministério das Situações de Emergência da Rússia informou que mais de 71.000 toneladas de areia e solo contaminados tinham sido removidos ao longo de 56 quilómetros de costa desde o derrame inicial.
No final de dezembro, o Ministério estimou que um total de 200.000 toneladas poderiam ter sido contaminadas.
Alguns dos meios de comunicação social russos, críticos do Kremlin, noticiaram que voluntários russos tinham considerado que o apoio estatal tinha sido inadequado.
Algumas das pessoas que se vêem agora a braços com as consequências doderrame disseram ter tido dores de cabeça, náuseas e vómitos depois de terem ado horas a inalar fumos tóxicos. Queixaram-se também da insuficiência de equipamento existente, bem como de medidas de proteção.
Outros apelaram ao envio de especialistas internacionais, citando a escala do derrame e a provável extensão do impacto.
Derrame está a causar danos incomensuráveis ao ambiente
Nas fotografias que circulam nas redes sociais e nos canais noticiosos locais, várias aves marinhas são vistas cobertas de combustível preto e receia-se que o derrame possa ter matado mais de 20 golfinhos.
O centro local de salvamento de golfinhos Delfa diz que está atualmente a fazer análises para determinar a causa das mortes.
O Estreito de Kerch separa a Península da Crimeia, ocupada pelos russos, da Rússia e é uma importante rota de navegação global, proporcionando a agem do interior do Mar de Azov para o Mar Negro.
Tem sido também um ponto-chave de conflito entre a Rússia e a Ucrânia depois de Moscovo ter anexado a península em 2014.
Em 2016, a Ucrânia levou Moscovo ao Tribunal Permanente de Arbitragem, onde acusou a Rússia de tentar assumir o controlo da área ilegalmente. Em 2021, a Rússia encerrou o estreito durante vários meses.
Em dezembro, Mykhailo Podolyak, conselheiro do chefe de gabinete do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, descreveu o derrame de petróleo como um "desastre ambiental em grande escala" e apelou a sanções adicionais contra os petroleiros russos.