Para que possam fornecer corretamente dados sobre as pescas às instituições da UE, os observadores científicos têm de ter uma estreita colaboração com os pescadores. Luca Pisani, biólogo marinho em Malta, explica.
Luca Pisani, biólogo marinho da Aquatic Resources Malta (ARM), sublinha a importância de manter uma forte relação de trabalho com os pescadores que acolhem cientistas como ele a bordo das suas embarcações. Esta colaboração faz a ponte entre os pescadores e os decisores políticos, assegurando que as decisões são baseadas em dados exatos sobre a saúde do oceano.
"Uma vez que trabalhamos com o governo, os pescadores podem ter tendência a ser um pouco céticos ou tímidos quando trabalham connosco, porque receiam que acabemos por implementar políticas ou regulamentos, ou que o governo acabe por implementar políticas ou regulamentos que possam afetar negativamente os seus interesses", explica o biólogo.
"Na verdade, pelo menos nós, enquanto equipa biológica, não fornecemos qualquer informação sobre quaisquer formas de ilegalidades ou controlo ou qualquer coisa que tenha a ver com o setor do controlo. Estamos apenas interessados em saber o que é apanhado. E é do interesse de todos, especialmente do nosso, certificarmo-nos de que sabemos exatamente o que está a ser capturado, para que possamos ter uma imagem adequada da situação no mar. Porque só compreendendo verdadeiramente o que está a acontecer é que podemos gerir adequadamente as coisas", acrescenta.
É muito importante que tenhamos uma boa relação de trabalho com os pescadores e, no fim de contas, os interesses deles são os nossos próprios interesses. Se o mar não está a correr bem, nós queremos saber. Porque se conseguirmos descobrir e identificar onde é que as coisas parecem estar a ter dificuldades, então podemos levantar essa questão junto dos responsáveis políticos e dos decisores, de modo a que estes estejam mais preparados para tomar as medidas adequadas para tentar proteger o mar no interesse dos pescadores", conclui.