{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/green/2020/09/09/eliminar-a-poluicao-atmosferica-e-prioritario-para-as-cidades-europeias" }, "headline": "Eliminar a polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica \u00e9 priorit\u00e1rio para as cidades europeias", "description": "A crescente preocupa\u00e7\u00e3o em mat\u00e9ria de sa\u00fade p\u00fablica est\u00e1 a levar as cidades a esfor\u00e7arem-se por limpar o ar ambiente. Mas ser\u00e1 esta uma tarefa f\u00e1cil?", "articleBody": "A crescente preocupa\u00e7\u00e3o em mat\u00e9ria de sa\u00fade p\u00fablica est\u00e1 a levar as cidades a esfor\u00e7arem-se por limpar o ar ambiente. Mas ser\u00e1 esta uma tarefa f\u00e1cil? O centro do poder econ\u00f3mico italiano n\u00e3o estava t\u00e3o limpo h\u00e1 anos. Com o novo coronav\u00edrus a colocar o pa\u00eds e a regi\u00e3o da Lombardia, gravemente afetada, em confinamento, reduzindo ao m\u00ednimo os afazeres humanos e econ\u00f3micos, surgiu tamb\u00e9m uma realidade improv\u00e1vel: cidades com melhor qualidade. Em \u00f3rbita em torno do planeta, os sat\u00e9lites confirmaram a redu\u00e7\u00e3o dos poluentes atmosf\u00e9ricos enquanto fotografavam os c\u00e9us mais limpos da regi\u00e3o, incluindo o de Mil\u00e3o, tristemente c\u00e9lebre pelos seus perigosos n\u00edveis de polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica, situa\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m comum em muitas outras regi\u00f5es do mundo. Em mar\u00e7o \u00faltimo, registou-se uma redu\u00e7\u00e3o de 38% nos n\u00edveis de \u00f3xido nitroso, 14% nas part\u00edculas e 33% no benzeno, em compara\u00e7\u00e3o com o mesmo m\u00eas entre 2016 e 2019, revelaram os dados da ag\u00eancia ambiental da Lombardia. Madrid, Lisboa e outras cidades europeias respiraram tamb\u00e9m ar mais limpo durante os respetivos per\u00edodos de confinamento. No entanto, esta consequ\u00eancia positiva da emerg\u00eancia sanit\u00e1ria global teve um car\u00e1ter ef\u00e9mero, pois a polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica est\u00e1 a aumentar novamente com a retoma da atividade econ\u00f3mica urbana. Durante d\u00e9cadas, as cidades t\u00eam vindo a efetuar investimentos para se tornarem mais ecol\u00f3gicas, e os resultados t\u00eam sido variados; agora, a preocupa\u00e7\u00e3o acrescida sobre a forma como a polui\u00e7\u00e3o do ar pode agravar a propaga\u00e7\u00e3o e a mortalidade das doen\u00e7as est\u00e1 a dar um novo \u00edmpeto aos esfor\u00e7os de limpeza r\u00e1pida do ar urbano. \u0022A qualidade do ar melhorou significativamente em compara\u00e7\u00e3o com a d\u00e9cada de 1970\u0022, afirmou o Dr. Vincent-Henri Peuch, diretor do Servi\u00e7o de Monitoriza\u00e7\u00e3o Atmosf\u00e9rica Copernicus (CAMS). \u0022As regulamenta\u00e7\u00f5es nacionais e da UE regularam os poluentes para reduzir a exposi\u00e7\u00e3o humana a subst\u00e2ncias potencialmente nocivas para a sa\u00fade, mas isso n\u00e3o \u00e9 suficiente\u0022. A polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica continua a ser o maior risco ambiental na Europa, adverte a Ag\u00eancia Europeia do Ambiente (AEA), e as cidades, concentrando milh\u00f5es de pessoas, ind\u00fastrias e tr\u00e1fego, continuam a estar expostas a n\u00edveis de polui\u00e7\u00e3o que os especialistas sanit\u00e1rios consideram nocivos. O conte\u00fado dos 17 kg de ar que cada um de n\u00f3s respira todos os dias depende de muitos fatores. Nas cidades, a produ\u00e7\u00e3o e utiliza\u00e7\u00e3o de energia, as atividades industriais, a queima de combust\u00edvel, as poeiras naturais e o sal marinho encontram-se entre as principais fontes que sobrecarregam a atmosfera com poluentes nocivos como o \u00f3xido nitroso, o ozono ao n\u00edvel do solo e as pequenas part\u00edculas, conhecidas por \u0022part\u00edculas em suspens\u00e3o\u0022 (PM, do ingl\u00eas particulate matter ). Cerca de 40 milh\u00f5es de pessoas nas 115 maiores cidades da UE respiram ar contendo pelo menos um poluente acima dos valores-limite definidos pela Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade ( OMS ), bastante mais rigorosos do que os da Uni\u00e3o Europeia. Al\u00e9m disso, frequentemente, os centros urbanos n\u00e3o conseguem sequer manter o n\u00edvel de part\u00edculas finas (PM10) abaixo dos limites m\u00e9dios da UE, sejam eles os di\u00e1rios (50 \u00b5g/m3 durante um m\u00e1ximo de 35 dias/ano) ou os anuais (40 \u00b5g/m3). Em 2017 , cerca de 14% da popula\u00e7\u00e3o urbana da Uni\u00e3o esteve exposta a n\u00edveis de ozono superiores aos valores-limite da UE, 17% a n\u00edveis superiores ao limite de PM10, e outros 17% a benzo[a]pireno (BaP), um produto da combust\u00e3o incompleta. A polui\u00e7\u00e3o do ar tem um custo elevado. \u0022As part\u00edculas (PM10 e PM2,5), o di\u00f3xido de azoto (NO2) e o ozono (O3) s\u00e3o os principais poluentes que continuam a constituir uma preocupa\u00e7\u00e3o nas cidades europeias\u0022, comentou o Dr. Evrim \u00d6zt\u00fcrk, especialista de qualidade do ar da Ag\u00eancia Europeia do Ambiente. Considera-se que a exposi\u00e7\u00e3o de longo prazo a poluentes nocivos \u00e9 a causa de cerca de 400 000 mortes prematuras todos os anos . Conviver com a polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica foi associado a uma s\u00e9rie de doen\u00e7as, desde a asma e outros problemas respirat\u00f3rios cr\u00f3nicos aos acidentes vasculares cerebrais e a diversas formas de cancro. Estima-se que os problemas de sa\u00fade associados \u00e0 polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica custem aos europeus at\u00e9 940 mil milh\u00f5es de euros por ano : as pessoas necessitam de cuidados de sa\u00fade acrescidos, faltam mais ao trabalho ou ficam simplesmente incapacitadas para trabalhar. Na primeira metade de 2020, especialistas do Centro de Investiga\u00e7\u00e3o em Energia e Ar Limpo estimaram que os problemas de sa\u00fade decorrentes da polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica custaram \u00e0s cidades em todo o mundo entre 0,4 e 6% do seu PIB anual, estando Berlim, Londres e Bucareste entre as que pagam o mais alto pre\u00e7o per capita da polui\u00e7\u00e3o do ar. \u0022Embora as melhorias de curto prazo recentemente observadas na qualidade do ar tenham tido, sem d\u00favida, um impacto positivo na sa\u00fade e no bem-estar geral\u0022, comentou a Dra. Dorota Jarosi\u0144ska, Gestora de Programas para os Ambientes de Vida e de Trabalho na delega\u00e7\u00e3o regional da OMS na Europa, \u0022[\u2026] os principais impactos sobre a sa\u00fade dependem da exposi\u00e7\u00e3o de longo prazo. \u00c9 muito importante ter em conta que os benef\u00edcios ambientais de curto prazo resultantes da COVID-19 n\u00e3o substituem as a\u00e7\u00f5es planeadas e sustentadas sobre a qualidade do ar e o clima. H\u00e1 tamb\u00e9m o risco de que, sob a press\u00e3o de melhorar rapidamente o desempenho econ\u00f3mico, surja a tenta\u00e7\u00e3o de flexibilizar a regulamenta\u00e7\u00e3o de prote\u00e7\u00e3o ambiental, aumentando assim os riscos de longo prazo\u0022. No entanto, o combate europeu \u00e0 polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica est\u00e1 a ganhar \u00edmpeto. \u0022O Pacto Ecol\u00f3gico Europeu define novas prioridades para as cidades no contexto da ambi\u00e7\u00e3o de polui\u00e7\u00e3o zero\u0022, comentou o Dr. \u00d6zt\u00fcrk da AEA. \u0022Assistimos a um crescente interesse dos pol\u00edticos, dos meios de comunica\u00e7\u00e3o e do p\u00fablico relativamente aos problemas da qualidade do ar, bem como a um cada vez maior apoio p\u00fablico para a a\u00e7\u00e3o\u0022. A defini\u00e7\u00e3o das pol\u00edticas e projetos destinados a atenuar a polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica depende da monitoriza\u00e7\u00e3o constante do que respiramos nas nossas cidades. \u0022No CAMS, recolhemos observa\u00e7\u00f5es a n\u00edvel urbano, nacional e europeu, disponibilizando previs\u00f5es da qualidade do ar baseados em observa\u00e7\u00f5es de sat\u00e9lite, medi\u00e7\u00f5es ao n\u00edvel do solo e modelos num\u00e9ricos, de uma forma muito semelhante \u00e0s previs\u00f5es do estado do tempo\u0022, afirmou o Dr. Peuch. As previs\u00f5es a quatro dias estimam as concentra\u00e7\u00f5es dos principais poluentes, identificando se os mesmos s\u00e3o produzidos a n\u00edvel local ou se se deslocam de outras partes da Europa ou do mundo (ver figura). Com isto, as autoridades e os decisores pol\u00edticos conseguem identificar com precis\u00e3o a causa da polui\u00e7\u00e3o (p. ex., tr\u00e1fego, ind\u00fastria ou poeiras provenientes do deserto do Saar\u00e1. Uma Caixa de Ferramentas da Qualidade do Ar mostra-lhes o n\u00edvel de efic\u00e1cia das medidas de combate \u00e0 polui\u00e7\u00e3o numa base di\u00e1ria - por exemplo, o grau da redu\u00e7\u00e3o da quantidade de part\u00edculas em fun\u00e7\u00e3o da imposi\u00e7\u00e3o de restri\u00e7\u00f5es ao tr\u00e1fego num determinado dia. Os especialistas em sa\u00fade est\u00e3o tamb\u00e9m a utilizar dados para refor\u00e7ar os esfor\u00e7os de atenua\u00e7\u00e3o da polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica. \u0022A delega\u00e7\u00e3o regional da OMS desenvolveu ferramentas, tais como o software AirQ+, para quantificar os efeitos na sa\u00fade da exposi\u00e7\u00e3o \u00e0 polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica a n\u00edvel nacional ou subnacional (urbano), que ajuda a planear as pol\u00edticas e as interven\u00e7\u00f5es\u0022, comentou a Dra. Dorota Jarosi\u0144ska da OMS. \u0022\u00c9 assim poss\u00edvel estimar a escala dos benef\u00edcios para a sa\u00fade decorrentes da melhoria da qualidade do ar; tudo isto assenta sobre dados de boa qualidade, tanto ao n\u00edvel da sa\u00fade como da qualidade do ar. \u00c9 importante que os pa\u00edses e as cidades criem e mantenham em funcionamento sistemas de monitoriza\u00e7\u00e3o deste fator.\u0022 Levar as cidades a monitorizar a qualidade do ar pode tamb\u00e9m promover a atenua\u00e7\u00e3o da polui\u00e7\u00e3o. \u0022Um estudo do King's College de Londres demonstrou que, com dados de boa qualidade, \u00e9 poss\u00edvel reduzir at\u00e9 50% a exposi\u00e7\u00e3o \u00e0 polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica com pequenas altera\u00e7\u00f5es nas rotinas di\u00e1rias\u0022, afirmou Tyler Knowlton da Plume Labs, uma empresa sa que criou uma aplica\u00e7\u00e3o de previs\u00e3o da polui\u00e7\u00e3o e monitores pessoais da qualidade do ar para que cada indiv\u00edduo possa seguir em tempo real as concentra\u00e7\u00f5es dos poluentes, onde quer que esteja. Esta aplica\u00e7\u00e3o usa os dados do CAMS como base para as suas previs\u00f5es \u0022hiperlocais\u0022. Segundo Knowlton, \u0022os estudos demonstram que o vento e o estado do tempo, a humidade e o calor, a press\u00e3o atmosf\u00e9rica e muitos outros fatores criam bolsas de ar limpo e \u2018pontos quentes\u2019 de polui\u00e7\u00e3o nos ambientes urbanos\u0022. \u0022Os n\u00edveis de polui\u00e7\u00e3o do ar podem mudar at\u00e9 8 vezes de rua para rua. Obter esta\u00e7\u00f5es de monitoriza\u00e7\u00e3o da qualidade do ar em n\u00famero suficiente para medir a polui\u00e7\u00e3o de forma precisa com este n\u00edvel de detalhe seria astronomicamente caro. O o a dados de polui\u00e7\u00e3o ao n\u00edvel do indiv\u00edduo e em tempo real pode fazer uma enorme diferen\u00e7a.\u0022 A cidade de Hels\u00ednquia recolhe dados da qualidade do ar a partir de redes urbanas e de residentes munidos de sensores m\u00f3veis colaborativos que disponibilizam informa\u00e7\u00e3o mais precisa sobre \u0022pontos quentes\u0022 de polui\u00e7\u00e3o e encorajam comportamentos sustent\u00e1veis. O projeto HOPE \u0022pretende disponibilizar informa\u00e7\u00e3o b\u00e1sica e f\u00e1cil de compreender sobre a qualidade do ar e os seus efeitos nos cidad\u00e3os, colocando um enfoque no que estes podem fazer para melhorar a qualidade do ar local atrav\u00e9s dos seus pr\u00f3prios atos\u0022, afirmou Jussi Kulonpalo, gestor deste projeto. Segundo ele, esses atos poderiam ser \u0022utilizar menos o autom\u00f3vel pr\u00f3prio, usar mais a bicicleta ou andar mais, escolher autom\u00f3veis el\u00e9tricos ou h\u00edbridos em vez de diesel ou gasolina, queimar menos madeira ou adquirir lareiras novas e mais eficientes\u0022. Sarago\u00e7a, Santiago de Compostela, Floren\u00e7a, Modena, Livorno e Pisa est\u00e3o a associar os seus dados de tr\u00e1fego \u00e0s previs\u00f5es do tempo e aos n\u00edveis de poluentes atmosf\u00e9ricos, num esfor\u00e7o para atenuar a contamina\u00e7\u00e3o do ar proveniente do transporte rodovi\u00e1rio. Como parte do projeto TRAFAIR , redes de sensores de baixo custo distribuem-se pelas cidades para detetar poluentes atmosf\u00e9ricos, enquanto modelos do fluxo de tr\u00e1fego e da dispers\u00e3o de poluentes servem de base a previs\u00f5es da qualidade do ar. Londres est\u00e1 a adotar uma abordagem inteligente \u00e0 resolu\u00e7\u00e3o dos seus problemas de polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica, que custam \u00e0 cidade cerca de 4,1 mil milh\u00f5es de euros todos os anos. O projeto Breathe London tem como objetivo medir a polui\u00e7\u00e3o do ar numa escala nunca antes tentada: s\u00e3o efetuadas medi\u00e7\u00f5es em tempo real da polui\u00e7\u00e3o do ar atrav\u00e9s de 100 c\u00e1psulas instaladas em postes de ilumina\u00e7\u00e3o e edif\u00edcios espalhados pela metr\u00f3pole, bem como de autom\u00f3veis Google Street View equipados com sensores, que atravessam \u00e1reas-chave da cidade e efetuam medi\u00e7\u00f5es segundo-a-segundo, e tamb\u00e9m biossensores usados por residentes na sua vida normal. Mesmo n\u00e3o sendo a qualidade do ar a sua principal preocupa\u00e7\u00e3o, algumas empresas est\u00e3o a incrementar os seus esfor\u00e7os de monitoriza\u00e7\u00e3o da polui\u00e7\u00e3o nas cidades. Nos pr\u00f3ximos dois anos, a rede de entregas expresso DPD planeia disponibilizar medi\u00e7\u00f5es em tempo real de PM2,5 em 20 cidades europeias, equipando a sua frota e centros de distribui\u00e7\u00e3o com sensores m\u00f3veis a laser que conseguem recolher dados de poluentes a cada 12 segundos em faixas respir\u00e1veis. A promo\u00e7\u00e3o de transportes mais limpos, a defini\u00e7\u00e3o de zonas de transportes de baixas emiss\u00f5es e a imposi\u00e7\u00e3o de taxas associadas a congestionamento s\u00e3o algumas das op\u00e7\u00f5es mais f\u00e1ceis ao dispor das cidades para melhorar a qualidade do ar. Contudo, existem agora materiais de constru\u00e7\u00e3o inovadores que tamb\u00e9m prometem reduzir os contaminantes. Segundo os especialistas do projeto LIGHT2CAT, a introdu\u00e7\u00e3o de di\u00f3xido de tit\u00e2nio no bet\u00e3o torna os edif\u00edcios e as outras estruturas sens\u00edveis \u00e0 luz; uma vez que absorve a radia\u00e7\u00e3o solar, o tit\u00e2nio ativa rea\u00e7\u00f5es qu\u00edmicas que neutralizam part\u00edculas nocivas no ar circundante. O \u00f3xido de tit\u00e2nio \u00e9 tamb\u00e9m um ingrediente-chave das tintas de paredes Airlite , uma patente italiana que promete reduzir as quantidades de \u00f3xidos nitroso e de enxofre, am\u00f3nia e CO, tanto no interior como no exterior. Existem tamb\u00e9m preocupa\u00e7\u00f5es quanto aos efeitos futuros das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas na Europa sobre a polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica, uma vez que os estudos demonstraram que as mais frequentes ondas de calor podem aumentar as concentra\u00e7\u00f5es de ozono ao n\u00edvel do solo, com efeitos negativos na sa\u00fade humana. As ondas de calor como as que o continente tem sofrido nas duas \u00faltimas d\u00e9cadas est\u00e3o associadas a velocidades do vento reduzidas e altas temperaturas que favorecem a forma\u00e7\u00e3o de ozono e permitem que os poluentes permane\u00e7am mais tempo na atmosfera. \u0022Melhorar a qualidade do ar resulta em melhorias na sa\u00fade cardiovascular e respirat\u00f3ria das popula\u00e7\u00f5es, no curto e no longo prazo\u0022, explica a Dra. Dorota Jarosi\u0144ska da OMS. \u0022A redu\u00e7\u00e3o da polui\u00e7\u00e3o do ar no exterior pode ir tamb\u00e9m de m\u00e3os dadas com a redu\u00e7\u00e3o do CO\u2082 e dos poluentes clim\u00e1ticos de curto tempo de vida como o negro de fumo e o metano, contribuindo assim para a atenua\u00e7\u00e3o de curto e longo prazo das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas\u0022. Segundo o Dr. Peuch, \u0022as pol\u00edticas focalizadas na polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica e nos gases com efeito de estufa t\u00eam de estar associadas\u0022. Um estudo anterior revelou que os benef\u00edcios das pol\u00edticas de atenua\u00e7\u00e3o das emiss\u00f5es de CO2 e da polui\u00e7\u00e3o com part\u00edculas, isoladamente ou combinadas, excedem largamente os custos das medidas. Foi tamb\u00e9m nele demonstrado que combinar as medidas de atenua\u00e7\u00e3o da polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica e das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas pode contribuir com 15% adicionais para a efic\u00e1cia da redu\u00e7\u00e3o das emiss\u00f5es de CO2 na Europa Ocidental, em compara\u00e7\u00e3o com cada pol\u00edtica considerada isoladamente. \u0022Os esfor\u00e7os t\u00eam de prosseguir\u0022, afirmou o Dr. Peuch. \u0022No contexto das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas, \u00e9 poss\u00edvel combater em simult\u00e2neo a polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica e as emiss\u00f5es de gases com efeito de estufa. \u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o em que todos saem a ganhar, com efeitos imediatos na sa\u00fade humana.\u0022 ", "dateCreated": "2020-09-09T11:48:28+02:00", "dateModified": "2020-09-09T13:21:00+02:00", "datePublished": "2020-09-09T13:20:55+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F04%2F92%2F76%2F50%2F1440x810_cmsv2_8a21fe64-0132-58d6-8d45-bca500ce8739-4927650.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "A crescente preocupa\u00e7\u00e3o em mat\u00e9ria de sa\u00fade p\u00fablica est\u00e1 a levar as cidades a esfor\u00e7arem-se por limpar o ar ambiente. 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Eliminar a poluição atmosférica é prioritário para as cidades europeias

Eliminar a poluição atmosférica é prioritário para as cidades europeias
Direitos de autor  Getty Images

A crescente preocupação em matéria de saúde pública está a levar as cidades a esforçarem-se por limpar o ar ambiente. Mas será esta uma tarefa fácil?

O centro do poder económico italiano não estava tão limpo há anos. Com o novo coronavírus a colocar o país e a região da Lombardia, gravemente afetada, em confinamento, reduzindo ao mínimo os afazeres humanos e económicos, surgiu também uma realidade improvável: cidades com melhor qualidade. Em órbita em torno do planeta, os satélites confirmaram a redução dos poluentes atmosféricos enquanto fotografavam os céus mais limpos da região, incluindo o de Milão, tristemente célebre pelos seus perigosos níveis de poluição atmosférica, situação também comum em muitas outras regiões do mundo. Em março último, registou-se uma redução de 38% nos níveis de óxido nitroso, 14% nas partículas e 33% no benzeno, em comparação com o mesmo mês entre 2016 e 2019, revelaram os dados da agência ambiental da Lombardia.

Madrid, Lisboa e outras cidades europeias respiraram também ar mais limpo durante os respetivos períodos de confinamento. No entanto, esta consequência positiva da emergência sanitária global teve um caráter efémero, pois a poluição atmosférica está a aumentar novamente com a retoma da atividade económica urbana. Durante décadas, as cidades têm vindo a efetuar investimentos para se tornarem mais ecológicas, e os resultados têm sido variados; agora, a preocupação acrescida sobre a forma como a poluição do ar pode agravar a propagação e a mortalidade das doenças está a dar um novo ímpeto aos esforços de limpeza rápida do ar urbano.

"A qualidade do ar melhorou significativamente em comparação com a década de 1970", afirmou o Dr. Vincent-Henri Peuch, diretor do Serviço de Monitorização Atmosférica Copernicus (CAMS). "As regulamentações nacionais e da UE regularam os poluentes para reduzir a exposição humana a substâncias potencialmente nocivas para a saúde, mas isso não é suficiente". A poluição atmosférica continua a ser o maior risco ambiental na Europa, adverte a Agência Europeia do Ambiente (AEA), e as cidades, concentrando milhões de pessoas, indústrias e tráfego, continuam a estar expostas a níveis de poluição que os especialistas sanitários consideram nocivos.

O conteúdo dos 17 kg de ar que cada um de nós respira todos os dias depende de muitos fatores. Nas cidades, a produção e utilização de energia, as atividades industriais, a queima de combustível, as poeiras naturais e o sal marinho encontram-se entre as principais fontes que sobrecarregam a atmosfera com poluentes nocivos como o óxido nitroso, o ozono ao nível do solo e as pequenas partículas, conhecidas por "partículas em suspensão" (PM, do inglês particulate matter).

Contribuições para as partículas em suspensão na atmosfera das cidades: Uma avaliação sistemática das fontes locais de contribuição a nível global - Atmospheric Environment

Cerca de 40 milhões de pessoas nas 115 maiores cidades da UE respiram ar contendo pelo menos um poluente acima dos valores-limite definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), bastante mais rigorosos do que os da União Europeia. Além disso, frequentemente, os centros urbanos não conseguem sequer manter o nível de partículas finas (PM10) abaixo dos limites médios da UE, sejam eles os diários (50 µg/m3 durante um máximo de 35 dias/ano) ou os anuais (40 µg/m3). Em 2017, cerca de 14% da população urbana da União esteve exposta a níveis de ozono superiores aos valores-limite da UE, 17% a níveis superiores ao limite de PM10, e outros 17% a benzo[a]pireno (BaP), um produto da combustão incompleta.

A poluição do ar tem um custo elevado. "As partículas (PM10 e PM2,5), o dióxido de azoto (NO2) e o ozono (O3) são os principais poluentes que continuam a constituir uma preocupação nas cidades europeias", comentou o Dr. Evrim Öztürk, especialista de qualidade do ar da Agência Europeia do Ambiente. Considera-se que a exposição de longo prazo a poluentes nocivos é a causa de cerca de 400 000 mortes prematuras todos os anos. Conviver com a poluição atmosférica foi associado a uma série de doenças, desde a asma e outros problemas respiratórios crónicos aos acidentes vasculares cerebrais e a diversas formas de cancro. Estima-se que os problemas de saúde associados à poluição atmosférica custem aos europeus até 940 mil milhões de euros por ano: as pessoas necessitam de cuidados de saúde acrescidos, faltam mais ao trabalho ou ficam simplesmente incapacitadas para trabalhar. Na primeira metade de 2020, especialistas do Centro de Investigação em Energia e Ar Limpo estimaram que os problemas de saúde decorrentes da poluição atmosférica custaram às cidades em todo o mundo entre 0,4 e 6% do seu PIB anual, estando Berlim, Londres e Bucareste entre as que pagam o mais alto preço per capita da poluição do ar.

"Embora as melhorias de curto prazo recentemente observadas na qualidade do ar tenham tido, sem dúvida, um impacto positivo na saúde e no bem-estar geral", comentou a Dra. Dorota Jarosińska, Gestora de Programas para os Ambientes de Vida e de Trabalho na delegação regional da OMS na Europa, "[…] os principais impactos sobre a saúde dependem da exposição de longo prazo. É muito importante ter em conta que os benefícios ambientais de curto prazo resultantes da COVID-19 não substituem as ações planeadas e sustentadas sobre a qualidade do ar e o clima. Há também o risco de que, sob a pressão de melhorar rapidamente o desempenho económico, surja a tentação de flexibilizar a regulamentação de proteção ambiental, aumentando assim os riscos de longo prazo".

Fonte: Centro de Investigação em Energia e Ar Limpo - As PM2,5 aumentam o risco de determinadas doenças.

No entanto, o combate europeu à poluição atmosférica está a ganhar ímpeto. "O Pacto Ecológico Europeu define novas prioridades para as cidades no contexto da ambição de poluição zero", comentou o Dr. Öztürk da AEA. "Assistimos a um crescente interesse dos políticos, dos meios de comunicação e do público relativamente aos problemas da qualidade do ar, bem como a um cada vez maior apoio público para a ação".

A definição das políticas e projetos destinados a atenuar a poluição atmosférica depende da monitorização constante do que respiramos nas nossas cidades. "No CAMS, recolhemos observações a nível urbano, nacional e europeu, disponibilizando previsões da qualidade do ar baseados em observações de satélite, medições ao nível do solo e modelos numéricos, de uma forma muito semelhante às previsões do estado do tempo", afirmou o Dr. Peuch. As previsões a quatro dias estimam as concentrações dos principais poluentes, identificando se os mesmos são produzidos a nível local ou se se deslocam de outras partes da Europa ou do mundo (ver figura). Com isto, as autoridades e os decisores políticos conseguem identificar com precisão a causa da poluição (p. ex., tráfego, indústria ou poeiras provenientes do deserto do Saará. Uma Caixa de Ferramentas da Qualidade do Ar mostra-lhes o nível de eficácia das medidas de combate à poluição numa base diária - por exemplo, o grau da redução da quantidade de partículas em função da imposição de restrições ao tráfego num determinado dia.

Os especialistas em saúde estão também a utilizar dados para reforçar os esforços de atenuação da poluição atmosférica. "A delegação regional da OMS desenvolveu ferramentas, tais como o software AirQ+, para quantificar os efeitos na saúde da exposição à poluição atmosférica a nível nacional ou subnacional (urbano), que ajuda a planear as políticas e as intervenções", comentou a Dra. Dorota Jarosińska da OMS. "É assim possível estimar a escala dos benefícios para a saúde decorrentes da melhoria da qualidade do ar; tudo isto assenta sobre dados de boa qualidade, tanto ao nível da saúde como da qualidade do ar. É importante que os países e as cidades criem e mantenham em funcionamento sistemas de monitorização deste fator."

Levar as cidades a monitorizar a qualidade do ar pode também promover a atenuação da poluição. "Um estudo do King's College de Londres demonstrou que, com dados de boa qualidade, é possível reduzir até 50% a exposição à poluição atmosférica com pequenas alterações nas rotinas diárias", afirmou Tyler Knowlton da Plume Labs, uma empresa sa que criou uma aplicação de previsão da poluição e monitores pessoais da qualidade do ar para que cada indivíduo possa seguir em tempo real as concentrações dos poluentes, onde quer que esteja. Esta aplicação usa os dados do CAMS como base para as suas previsões "hiperlocais". Segundo Knowlton, "os estudos demonstram que o vento e o estado do tempo, a humidade e o calor, a pressão atmosférica e muitos outros fatores criam bolsas de ar limpo e ‘pontos quentes’ de poluição nos ambientes urbanos". "Os níveis de poluição do ar podem mudar até 8 vezes de rua para rua. Obter estações de monitorização da qualidade do ar em número suficiente para medir a poluição de forma precisa com este nível de detalhe seria astronomicamente caro. O o a dados de poluição ao nível do indivíduo e em tempo real pode fazer uma enorme diferença."

A cidade de Helsínquia recolhe dados da qualidade do ar a partir de redes urbanas e de residentes munidos de sensores móveis colaborativos que disponibilizam informação mais precisa sobre "pontos quentes" de poluição e encorajam comportamentos sustentáveis. O projeto HOPE "pretende disponibilizar informação básica e fácil de compreender sobre a qualidade do ar e os seus efeitos nos cidadãos, colocando um enfoque no que estes podem fazer para melhorar a qualidade do ar local através dos seus próprios atos", afirmou Jussi Kulonpalo, gestor deste projeto. Segundo ele, esses atos poderiam ser "utilizar menos o automóvel próprio, usar mais a bicicleta ou andar mais, escolher automóveis elétricos ou híbridos em vez de diesel ou gasolina, queimar menos madeira ou adquirir lareiras novas e mais eficientes".

Saragoça, Santiago de Compostela, Florença, Modena, Livorno e Pisa estão a associar os seus dados de tráfego às previsões do tempo e aos níveis de poluentes atmosféricos, num esforço para atenuar a contaminação do ar proveniente do transporte rodoviário. Como parte do projeto TRAFAIR, redes de sensores de baixo custo distribuem-se pelas cidades para detetar poluentes atmosféricos, enquanto modelos do fluxo de tráfego e da dispersão de poluentes servem de base a previsões da qualidade do ar.

Londres está a adotar uma abordagem inteligente à resolução dos seus problemas de poluição atmosférica, que custam à cidade cerca de 4,1 mil milhões de euros todos os anos. O projeto Breathe London tem como objetivo medir a poluição do ar numa escala nunca antes tentada: são efetuadas medições em tempo real da poluição do ar através de 100 cápsulas instaladas em postes de iluminação e edifícios espalhados pela metrópole, bem como de automóveis Google Street View equipados com sensores, que atravessam áreas-chave da cidade e efetuam medições segundo-a-segundo, e também biossensores usados por residentes na sua vida normal.

Mesmo não sendo a qualidade do ar a sua principal preocupação, algumas empresas estão a incrementar os seus esforços de monitorização da poluição nas cidades. Nos próximos dois anos, a rede de entregas expresso DPD planeia disponibilizar medições em tempo real de PM2,5 em 20 cidades europeias, equipando a sua frota e centros de distribuição com sensores móveis a laser que conseguem recolher dados de poluentes a cada 12 segundos em faixas respiráveis.

© Getty Images

A promoção de transportes mais limpos, a definição de zonas de transportes de baixas emissões e a imposição de taxas associadas a congestionamento são algumas das opções mais fáceis ao dispor das cidades para melhorar a qualidade do ar. Contudo, existem agora materiais de construção inovadores que também prometem reduzir os contaminantes. Segundo os especialistas do projeto LIGHT2CAT, a introdução de dióxido de titânio no betão torna os edifícios e as outras estruturas sensíveis à luz; uma vez que absorve a radiação solar, o titânio ativa reações químicas que neutralizam partículas nocivas no ar circundante. O óxido de titânio é também um ingrediente-chave das tintas de paredes Airlite, uma patente italiana que promete reduzir as quantidades de óxidos nitroso e de enxofre, amónia e CO, tanto no interior como no exterior.

Existem também preocupações quanto aos efeitos futuros das alterações climáticas na Europa sobre a poluição atmosférica, uma vez que os estudos demonstraram que as mais frequentes ondas de calor podem aumentar as concentrações de ozono ao nível do solo, com efeitos negativos na saúde humana. As ondas de calor como as que o continente tem sofrido nas duas últimas décadas estão associadas a velocidades do vento reduzidas e altas temperaturas que favorecem a formação de ozono e permitem que os poluentes permaneçam mais tempo na atmosfera.

"Melhorar a qualidade do ar resulta em melhorias na saúde cardiovascular e respiratória das populações, no curto e no longo prazo", explica a Dra. Dorota Jarosińska da OMS. "A redução da poluição do ar no exterior pode ir também de mãos dadas com a redução do CO₂ e dos poluentes climáticos de curto tempo de vida como o negro de fumo e o metano, contribuindo assim para a atenuação de curto e longo prazo das alterações climáticas".

Segundo o Dr. Peuch, "as políticas focalizadas na poluição atmosférica e nos gases com efeito de estufa têm de estar associadas". Um estudo anterior revelou que os benefícios das políticas de atenuação das emissões de CO2 e da poluição com partículas, isoladamente ou combinadas, excedem largamente os custos das medidas. Foi também nele demonstrado que combinar as medidas de atenuação da poluição atmosférica e das alterações climáticas pode contribuir com 15% adicionais para a eficácia da redução das emissões de CO2 na Europa Ocidental, em comparação com cada política considerada isoladamente.

"Os esforços têm de prosseguir", afirmou o Dr. Peuch. "No contexto das alterações climáticas, é possível combater em simultâneo a poluição atmosférica e as emissões de gases com efeito de estufa. É uma situação em que todos saem a ganhar, com efeitos imediatos na saúde humana."

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