{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/green/2020/05/08/relatorio-do-copernicus-sobre-o-estado-do-clima-europeu-de-2019" }, "headline": "Relat\u00f3rio do Copernicus sobre o Estado do Clima Europeu de 2019", "description": "As temperaturas recorde s\u00e3o prop\u00edcias a manchetes, mas n\u00e3o surpreendem muito do ponto de vista cient\u00edfico", "articleBody": "As temperaturas recorde s\u00e3o prop\u00edcias a manchetes, mas n\u00e3o surpreendem muito do ponto de vista cient\u00edfico Na semana ada, o Servi\u00e7o de Monitoriza\u00e7\u00e3o das Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas Copernicus (C3S), implementado pelo Centro Europeu de Previs\u00e3o do Tempo a M\u00e9dio Prazo (ECMWF) em nome da Comiss\u00e3o Europeia, emitiu a sua principal publica\u00e7\u00e3o anual, o Relat\u00f3rio sobre o Estado do Clima Europeu de 2019 , que analisa as condi\u00e7\u00f5es, as tend\u00eancias e os acontecimentos extremos clim\u00e1ticos que definiram o ano ado, e como estes se comparam com as tend\u00eancias das \u00faltimas d\u00e9cadas. O relat\u00f3rio tem o objetivo de permitir um bom entendimento do que nos espera no futuro, para que cada setor se possa adaptar e tornar-se mais eficiente, particularmente no contexto do Pacto Ecol\u00f3gico Europeu. Carlo Buontempo, Diretor do Servi\u00e7o de Monitoriza\u00e7\u00e3o das Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas Copernicus, comentou as principais conclus\u00f5es do relat\u00f3rio e as poss\u00edveis implica\u00e7\u00f5es das mesmas para o futuro da Europa. O relat\u00f3rio revela uma tend\u00eancia de aumento das temperaturas na Europa. O que teve 2019 de especial e o que devemos concluir? Carlo Buontempo: 2019 foi o ano mais quente alguma vez registado na Europa, posicionando-se acima da m\u00e9dia na maioria das regi\u00f5es do continente. Normalmente, teriam ocorrido anomalias quentes e frias, mas o ano ado foi uniformemente quente, o que \u00e9 bastante extraordin\u00e1rio. No entanto, embora sejam objeto de manchetes, as temperaturas recorde n\u00e3o surpreendem do ponto de vista cient\u00edfico, pois sabemos que o clima est\u00e1 a aquecer. Notamos que estes acontecimentos extremos est\u00e3o a tornar-se mais frequentes, e mais do que esperar\u00edamos se fossem apenas resultado da variabilidade do clima. Vemos que 11 dos \u00faltimos 12 anos foram os mais quentes alguma vez registados. Esta n\u00e3o \u00e9 uma flutua\u00e7\u00e3o estat\u00edstica an\u00f3mala: \u00e9 o resultado do aquecimento do clima. Em compara\u00e7\u00e3o com outros anos quentes, qual foi o grau do aumento das temperaturas em 2019? N\u00e3o se trata apenas de um pico incrivelmente superior a algo que tenhamos visto anteriormente. 2019 foi mais quente do que qualquer outro ano, mas ficou bastante pr\u00f3ximo de 2014 e 2015. Trata-se quase de um agregado de anos quentes, praticamente 1,3 \u00b0C acima do que se registava na d\u00e9cada de 1970. O facto de estes anos serem virtualmente adjacentes \u00e9 muito provavelmente uma consequ\u00eancia de um sistema clim\u00e1tico a aquecer. O motivo subjacente \u00e9 que o clima est\u00e1 inequivocamente a aquecer em toda a Europa e o principal fator \u00e9 o n\u00edvel de emiss\u00f5es antropog\u00e9nicas de gases com efeito de estufa (GEE). Ent\u00e3o, o que nos espera agora? Que as temperaturas subam. \u00c9 isso que o modelo e todas as nossas observa\u00e7\u00f5es nos dizem. Em conjunto com as varia\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas naturais, existe uma tend\u00eancia subjacente. H\u00e1 sempre uma hip\u00f3tese de ocorrer um ano frio, mas a probabilidade \u00e9 reduzida no futuro devido a esta tend\u00eancia de aquecimento. N\u00e3o sabemos exatamente como os anos quentes futuros ir\u00e3o ser. No entanto, na globalidade, \u00e9 prov\u00e1vel que sejam mais quentes do que alguma vez vimos. Como \u00e9 que o calor afetou o quotidiano em 2019? O ano ado n\u00e3o foi s\u00f3 o mais quente de que h\u00e1 registo. Ocorreram tamb\u00e9m v\u00e1rias ondas de calor: uma em fevereiro, quando as temperaturas ultraaram os 20\u00b0 C nalgumas regi\u00f5es, seguida de outras em finais de junho e julho \u2013 assistimos a acontecimentos recorde em Fran\u00e7a, na Alemanha, em It\u00e1lia, em Espanha e no Reino Unido. Estes acontecimentos extremos tiveram como pano de fundo uma esta\u00e7\u00e3o quente, dando-nos uma ideia do que poder\u00e1 ser um clima mais quente. Mas \u00e9 claro que esta analogia tem algumas limita\u00e7\u00f5es. Constat\u00e1mos que houve efeitos tanto nas pessoas como nos equipamentos e infraestruturas. A dilata\u00e7\u00e3o t\u00e9rmica foi um problema para as ferrovias, produzindo deforma\u00e7\u00f5es nos carris e paragens da circula\u00e7\u00e3o no Reino Unido, na Alemanha, em Fran\u00e7a ou na It\u00e1lia. Houve tamb\u00e9m efeitos nas pontes, nas centrais produtoras de energia, na distribui\u00e7\u00e3o/gera\u00e7\u00e3o de eletricidade e na agricultura. \u00c9 prov\u00e1vel que todos os setores sejam afetados pelo aquecimento do clima. Teremos de repensar esta infraestrutura cr\u00edtica para nos adaptarmos a estas altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas. Em 2019, alguns pa\u00edses europeus registaram o novembro mais h\u00famido de que h\u00e1 registo. O que devemos esperar da precipita\u00e7\u00e3o no futuro? O m\u00eas de novembro extremamente h\u00famido afetou a maior parte da Europa Ocidental: Fran\u00e7a, norte de Espanha, norte da It\u00e1lia, Reino Unido, anteriormente afetados por tempo seco. Se h\u00e1 algo a assinalar, \u00e9 que foi um ano muito diversificado: assistimos a secas, a inunda\u00e7\u00f5es e a acontecimentos nunca vistos. Na sua globalidade, a precipita\u00e7\u00e3o n\u00e3o apresenta uma tend\u00eancia a n\u00edvel europeu, pois \u00e9 dif\u00edcil identificar um padr\u00e3o claro. No entanto, existem diferen\u00e7as a n\u00edvel regional. Se olharmos para a Europa do Sul, existem ind\u00edcios s\u00f3lidos que sugerem um aumento at\u00e9 da precipita\u00e7\u00e3o mais intensa, mesmo em regi\u00f5es para as quais se preveja um decl\u00ednio da precipita\u00e7\u00e3o global anual. O relat\u00f3rio tamb\u00e9m refere que a humidade do solo em 2019 foi a segunda mais baixa desde 1979. Qual o motivo para tal? Os registos hist\u00f3ricos a n\u00edvel europeu revelam uma tend\u00eancia decrescente ao n\u00edvel da humidade do solo, o que n\u00e3o surpreende. O motivo mais simples seria que a precipita\u00e7\u00e3o permanece sensivelmente a mesma, mas a evapora\u00e7\u00e3o aumenta com o aumento das temperaturas. \u00c9 claro que diferentes motivadores podem influenciar a humidade no solo em fun\u00e7\u00e3o do local. No ano ado, assistimos a um rasto de anomalias negativas na humidade do solo que se estendeu da Europa Ocidental \u00e0 Alemanha, uma \u00e1rea normalmente n\u00e3o associada a secas. A Gronel\u00e2ndia foi afetada por fus\u00f5es de gelo recorde em 2019; por outro lado, a extens\u00e3o do gelo marinho foi menor todos os meses do ano ado. Quais os fatores para tal? A magnitude do fen\u00f3meno na Gronel\u00e2ndia foi surpreendente, com temperaturas muito elevadas a provocar a fus\u00e3o em toda a extens\u00e3o da camada glacial. Na globalidade, a fus\u00e3o do gelo do \u00c1rtico foi inferior e assistimos tamb\u00e9m a mais gelo marinho do que o habitual em torno do arquip\u00e9lago de Svalbard na esta\u00e7\u00e3o invernal. Isto n\u00e3o contradiz a redu\u00e7\u00e3o do gelo marinho a que temos assistido at\u00e9 agora; \u00e9 muito prov\u00e1vel que, nos pr\u00f3ximos anos, registemos um novo m\u00ednimo de gelo marinho, tamb\u00e9m porque existe um mecanismo claro de realimenta\u00e7\u00e3o na regi\u00e3o polar, onde a menor quantidade de gelo marinho conduz a mais aquecimento e, em consequ\u00eancia, a um maior grau de fus\u00e3o. Esta situa\u00e7\u00e3o est\u00e1 j\u00e1 a agravar a tend\u00eancia de aquecimento na regi\u00e3o. Como \u00e9 que isto est\u00e1 a afetar a Europa? Est\u00e1 certamente a afetar o clima local e a subsist\u00eancia, ao mesmo tempo que cria novas oportunidades por todo o \u00c1rtico. \u00c9 prov\u00e1vel que haja um impacto no estado do tempo em regi\u00f5es mais afastadas. Existe um conjunto de refer\u00eancias bibliogr\u00e1ficas que revela uma rela\u00e7\u00e3o estreita entre a camada de gelo marinho no \u00c1rtico e o estado do tempo na Europa. Como foi 2019 na perspetiva das emiss\u00f5es de gases com efeito de estufa? As concentra\u00e7\u00f5es aumentaram. N\u00e3o estamos a assistir a um decl\u00ednio, o que implica que os fatures subjacentes ao efeito dos GEE continuam a existir, o que s\u00f3 se pode traduzir em mais aquecimento. N\u00e3o observ\u00e1mos nenhum sinal de altera\u00e7\u00e3o de tend\u00eancia. O ritmo do aumento das concentra\u00e7\u00f5es de GEE no ano ado est\u00e1 alinhado com os registos hist\u00f3ricos recentes. O relat\u00f3rio refere tamb\u00e9m que a Europa est\u00e1 a aquecer mais rapidamente do que outras regi\u00f5es. Qual \u00e9 a explica\u00e7\u00e3o? A Europa foi 2 \u00b0C mais quente em 2019 quando comparada com a era pr\u00e9-industrial; a n\u00edvel mundial, a temperatura m\u00e9dia foi 1,1 \u00b0C mais elevada. Contudo, h\u00e1 dois aspetos a ter em conta: em primeiro lugar, a terra est\u00e1 em geral a aquecer mais rapidamente do que o oceano; em segundo, a nossa an\u00e1lise centra-se em terra e n\u00e3o no mar, o que inclui uma parte significativa do \u00c1rtico. Sabemos que as regi\u00f5es polares registaram um aquecimento mais significativo do que outras \u00e1reas, e isso poder\u00e1 ter contribu\u00eddo para o aquecimento mais intenso observado na Europa. Existem algumas not\u00edcias positivas evidenciadas pelo relat\u00f3rio? 2019 foi o ano mais soalheiro de que h\u00e1 registo. N\u00e3o s\u00f3 na Europa do Sul, que assistiu, na globalidade, a mais horas de sol, mas tamb\u00e9m na Europa Central e do Norte. Isto \u00e9 parte de um padr\u00e3o: estamos, de facto, a beneficiar de mais horas de sol. A pandemia COVID-19 travou uma grande parte da polui\u00e7\u00e3o antropog\u00e9nica. O que \u00e9 que isso poder\u00e1 significar em termos da evolu\u00e7\u00e3o do clima? Regist\u00e1mos algum impacto nos poluentes ligados \u00e0 qualidade do ar, tais como as PM 2,5 e o \u00f3xido nitroso, cujas concentra\u00e7\u00f5es baixaram tanto na China como na Europa em \u00e1reas propensas a polui\u00e7\u00e3o elevada. Temos ouvido algumas alega\u00e7\u00f5es de que o confinamento levou a uma redu\u00e7\u00e3o dos GEE. No entanto, n\u00e3o me parece que seja poss\u00edvel traduzi-lo em impactos mensur\u00e1veis nos indicadores clim\u00e1ticos, o que se deve a uma enorme in\u00e9rcia no contexto do sistema clim\u00e1tico. Por isso, mesmo que par\u00e1ssemos as nossas emiss\u00f5es hoje, n\u00e3o ver\u00edamos necessariamente resultados, digamos, nos pr\u00f3ximos 20 anos, olhando para a temperatura m\u00e9dia global. Como podem o relat\u00f3rio e os dados clim\u00e1ticos apoiar a adapta\u00e7\u00e3o com informa\u00e7\u00f5es? O C3S gosta de se considerar como a for\u00e7a motriz da adapta\u00e7\u00e3o. N\u00f3s pr\u00f3prios n\u00e3o implementamos as estrat\u00e9gias de adapta\u00e7\u00e3o; o nosso objetivo \u00e9 facultar dados de alta qualidade \u00e0s autoridades respons\u00e1veis nesse contexto, para que as mesmas possam elaborar os seus planos com base nessas informa\u00e7\u00f5es. O relat\u00f3rio dirige-se ao p\u00fablico em geral, permitindo-lhe ir um pouco mais al\u00e9m em termos da informa\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica. \u00c9 claro que, subjacente ao relat\u00f3rio, existe uma enorme quantidade de dados, os quais est\u00e3o todos dispon\u00edveis e s\u00e3o de utiliza\u00e7\u00e3o livre em todos os tipos de aplica\u00e7\u00f5es. Temos j\u00e1 40 000 utilizadores registados e disponibilizamos diariamente 50 TB de dados. A fra\u00e7\u00e3o de empresas, entidade p\u00fablicas e organismos internacionais que acedem aos nossos dados tem vindo a aumentar sustentadamente e continua a crescer desde que lan\u00e7\u00e1mos a Climate Data Store. Tudo isso (e tamb\u00e9m este relat\u00f3rio) foi poss\u00edvel gra\u00e7as \u00e0 recolha sistem\u00e1tica de dados pelo C3S, bem como \u00e0 sua infraestrutura, ao seu sistema de controlo de qualidade e \u00e0 equipa que d\u00e1 apoio ao seu funcionamento, praticamente 24 horas por dia, 7 dias por semana. O clima deixou de ser algo que tomamos como assegurado; o clima do ado deixou de ser um indicador do que o futuro nos pode reservar. Por conseguinte, temos de mudar as nossas atitudes em mat\u00e9ria de informa\u00e7\u00e3o e dados clim\u00e1ticos. Dos transportes \u00e0 sa\u00fade, e da agricultura aos seguros, muitos setores necessitam de dados de boa qualidade sobre o clima - n\u00e3o apenas de bons registos ados, mas tamb\u00e9m de um entendimento do que poder\u00e1 vir a ser o futuro, para que se possam adaptar e tornar-se mais eficientes. Para transferir o relat\u00f3rio, clique aqui . Para navegar na totalidade do relat\u00f3rio, clique aqui . ", "dateCreated": "2020-05-06T11:11:36+02:00", "dateModified": "2020-05-08T11:44:09+02:00", "datePublished": "2020-05-08T11:44:04+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F04%2F65%2F67%2F00%2F1440x810_cmsv2_b9dcbeee-c615-5524-9a01-fc9e2ec6bba5-4656700.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "As temperaturas recorde s\u00e3o prop\u00edcias a manchetes, mas n\u00e3o surpreendem muito do ponto de vista cient\u00edfico", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F04%2F65%2F67%2F00%2F432x243_cmsv2_b9dcbeee-c615-5524-9a01-fc9e2ec6bba5-4656700.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "S\u00e9ries" ] }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] } #accessibility-bar,#c-burger-button-checkbox,#c-language-switcher-list-open,.c-breaking-news,.c-language-switcher__list,.c-search-form__loader, .o-site-hr__second-level__dropdown,.o-site-hr__second-level__dropdown-mask,.o-site-hr__sidebar,.o-site-hr__sidebar-mask{display:none} .c-barre-now .c-tags-list,.c-barre-now__container,.c-navigation-bar,.c-navigation-bar__wrappable-list,.c-search-form.c-search-engine,.o-site-hr__first-level__container,.o-site-hr__second-level__container,.o-site-hr__second-level__links,.o-site-hr__second-level__burger-logo,.c-burger-button{display:flex} body:not(.has-no-advertising, .has-no-connatix-player, .is-partner-content) .c-article-content > p:nth-of-type(4) + :not(#connatix-container)::before { content: ''; display: block; margin-block-end: 32px; min-height: clamp(162px, calc(100vw * 9 / 16), 310px); } body:not(.has-no-advertising, .has-no-connatix-player, .is-partner-content) .c-article-content > p:nth-of-type(4) + :not(.widget)::before { margin-block-start: 32px; } @s (content-visibility: hidden) { .o-site-hr__second-level__dropdown,.o-site-hr__sidebar { display: flex; content-visibility: hidden; } }
PUBLICIDADE
Euronews

Segmento publicitário

 Copernicus
"Conteúdo Patrocinado" é utilizado para descrever um conteúdo pago e controlado pelo parceiro financeiro e não pela equipa editorial da Euronews. Este conteúdo é produzido pelos departamentos comerciais e não envolve a equipa editorial ou os jornalistas da Euronews. O parceiro financeiro tem o controlo dos tópicos, do conteúdo e da aprovação final em colaboração com o departamento de produção comercial da Euronews.
Segmento publicitário
"Conteúdo Patrocinado" é utilizado para descrever um conteúdo pago e controlado pelo parceiro financeiro e não pela equipa editorial da Euronews. Este conteúdo é produzido pelos departamentos comerciais e não envolve a equipa editorial ou os jornalistas da Euronews. O parceiro financeiro tem o controlo dos tópicos, do conteúdo e da aprovação final em colaboração com o departamento de produção comercial da Euronews.
Copernicus

Relatório do Copernicus sobre o Estado do Clima Europeu de 2019

Relatório do Copernicus sobre o Estado do Clima Europeu de 2019
Direitos de autor  euronews

As temperaturas recorde são propícias a manchetes, mas não surpreendem muito do ponto de vista científico

Na semana ada, o Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copernicus (C3S), implementado pelo Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo (ECMWF) em nome da Comissão Europeia, emitiu a sua principal publicação anual, o Relatório sobre o Estado do Clima Europeu de 2019, que analisa as condições, as tendências e os acontecimentos extremos climáticos que definiram o ano ado, e como estes se comparam com as tendências das últimas décadas. O relatório tem o objetivo de permitir um bom entendimento do que nos espera no futuro, para que cada setor se possa adaptar e tornar-se mais eficiente, particularmente no contexto do Pacto Ecológico Europeu.

Carlo Buontempo, Diretor do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copernicus, comentou as principais conclusões do relatório e as possíveis implicações das mesmas para o futuro da Europa.

O relatório revela uma tendência de aumento das temperaturas na Europa. O que teve 2019 de especial e o que devemos concluir?

Carlo Buontempo: 2019 foi o ano mais quente alguma vez registado na Europa, posicionando-se acima da média na maioria das regiões do continente. Normalmente, teriam ocorrido anomalias quentes e frias, mas o ano ado foi uniformemente quente, o que é bastante extraordinário. No entanto, embora sejam objeto de manchetes, as temperaturas recorde não surpreendem do ponto de vista científico, pois sabemos que o clima está a aquecer. Notamos que estes acontecimentos extremos estão a tornar-se mais frequentes, e mais do que esperaríamos se fossem apenas resultado da variabilidade do clima. Vemos que 11 dos últimos 12 anos foram os mais quentes alguma vez registados. Esta não é uma flutuação estatística anómala: é o resultado do aquecimento do clima.

Anomalias da temperatura do ar à superfície na Europa em termos das médias anuais de 1979 a 2019 comparadas com a média anual do período de referência 1981-2010

Em comparação com outros anos quentes, qual foi o grau do aumento das temperaturas em 2019?

Não se trata apenas de um pico incrivelmente superior a algo que tenhamos visto anteriormente. 2019 foi mais quente do que qualquer outro ano, mas ficou bastante próximo de 2014 e 2015. Trata-se quase de um agregado de anos quentes, praticamente 1,3 °C acima do que se registava na década de 1970. O facto de estes anos serem virtualmente adjacentes é muito provavelmente uma consequência de um sistema climático a aquecer. O motivo subjacente é que o clima está inequivocamente a aquecer em toda a Europa e o principal fator é o nível de emissões antropogénicas de gases com efeito de estufa (GEE).

Então, o que nos espera agora?

Que as temperaturas subam. É isso que o modelo e todas as nossas observações nos dizem. Em conjunto com as variações climáticas naturais, existe uma tendência subjacente. Há sempre uma hipótese de ocorrer um ano frio, mas a probabilidade é reduzida no futuro devido a esta tendência de aquecimento. Não sabemos exatamente como os anos quentes futuros irão ser. No entanto, na globalidade, é provável que sejam mais quentes do que alguma vez vimos.

Como é que o calor afetou o quotidiano em 2019?

O ano ado não foi só o mais quente de que há registo. Ocorreram também várias ondas de calor: uma em fevereiro, quando as temperaturas ultraaram os 20° C nalgumas regiões, seguida de outras em finais de junho e julho – assistimos a acontecimentos recorde em França, na Alemanha, em Itália, em Espanha e no Reino Unido. Estes acontecimentos extremos tiveram como pano de fundo uma estação quente, dando-nos uma ideia do que poderá ser um clima mais quente. Mas é claro que esta analogia tem algumas limitações.

Fonte dos dados: E-OBS, créditos: C3S/KNMI
Temperatura máxima (°C) no período de 25 a 29 de junho (à esquerda) e anomalias relativas ao período de referência de 1981-2010 no mesmo período (à direita)Fonte dos dados: E-OBS, créditos: C3S/KNMI

Constatámos que houve efeitos tanto nas pessoas como nos equipamentos e infraestruturas. A dilatação térmica foi um problema para as ferrovias, produzindo deformações nos carris e paragens da circulação no Reino Unido, na Alemanha, em França ou na Itália. Houve também efeitos nas pontes, nas centrais produtoras de energia, na distribuição/geração de eletricidade e na agricultura. É provável que todos os setores sejam afetados pelo aquecimento do clima. Teremos de repensar esta infraestrutura crítica para nos adaptarmos a estas alterações climáticas.

Em 2019, alguns países europeus registaram o novembro mais húmido de que há registo. O que devemos esperar da precipitação no futuro?

O mês de novembro extremamente húmido afetou a maior parte da Europa Ocidental: França, norte de Espanha, norte da Itália, Reino Unido, anteriormente afetados por tempo seco. Se há algo a assinalar, é que foi um ano muito diversificado: assistimos a secas, a inundações e a acontecimentos nunca vistos. Na sua globalidade, a precipitação não apresenta uma tendência a nível europeu, pois é difícil identificar um padrão claro. No entanto, existem diferenças a nível regional. Se olharmos para a Europa do Sul, existem indícios sólidos que sugerem um aumento até da precipitação mais intensa, mesmo em regiões para as quais se preveja um declínio da precipitação global anual.

O relatório também refere que a humidade do solo em 2019 foi a segunda mais baixa desde 1979. Qual o motivo para tal?

Os registos históricos a nível europeu revelam uma tendência decrescente ao nível da humidade do solo, o que não surpreende. O motivo mais simples seria que a precipitação permanece sensivelmente a mesma, mas a evaporação aumenta com o aumento das temperaturas. É claro que diferentes motivadores podem influenciar a humidade no solo em função do local. No ano ado, assistimos a um rasto de anomalias negativas na humidade do solo que se estendeu da Europa Ocidental à Alemanha, uma área normalmente não associada a secas.

Anomalias de humidade no solo anual em 2019 relativamente à média anual dos períodos de referência específicos para o conjunto de dados

A Gronelândia foi afetada por fusões de gelo recorde em 2019; por outro lado, a extensão do gelo marinho foi menor todos os meses do ano ado. Quais os fatores para tal?

A magnitude do fenómeno na Gronelândia foi surpreendente, com temperaturas muito elevadas a provocar a fusão em toda a extensão da camada glacial. Na globalidade, a fusão do gelo do Ártico foi inferior e assistimos também a mais gelo marinho do que o habitual em torno do arquipélago de Svalbard na estação invernal. Isto não contradiz a redução do gelo marinho a que temos assistido até agora; é muito provável que, nos próximos anos, registemos um novo mínimo de gelo marinho, também porque existe um mecanismo claro de realimentação na região polar, onde a menor quantidade de gelo marinho conduz a mais aquecimento e, em consequência, a um maior grau de fusão. Esta situação está já a agravar a tendência de aquecimento na região.

Como é que isto está a afetar a Europa?

Está certamente a afetar o clima local e a subsistência, ao mesmo tempo que cria novas oportunidades por todo o Ártico. É provável que haja um impacto no estado do tempo em regiões mais afastadas. Existe um conjunto de referências bibliográficas que revela uma relação estreita entre a camada de gelo marinho no Ártico e o estado do tempo na Europa.

Como foi 2019 na perspetiva das emissões de gases com efeito de estufa?

As concentrações aumentaram. Não estamos a assistir a um declínio, o que implica que os fatures subjacentes ao efeito dos GEE continuam a existir, o que só se pode traduzir em mais aquecimento. Não observámos nenhum sinal de alteração de tendência. O ritmo do aumento das concentrações de GEE no ano ado está alinhado com os registos históricos recentes.

O relatório refere também que a Europa está a aquecer mais rapidamente do que outras regiões. Qual é a explicação?

A Europa foi 2 °C mais quente em 2019 quando comparada com a era pré-industrial; a nível mundial, a temperatura média foi 1,1 °C mais elevada. Contudo, há dois aspetos a ter em conta: em primeiro lugar, a terra está em geral a aquecer mais rapidamente do que o oceano; em segundo, a nossa análise centra-se em terra e não no mar, o que inclui uma parte significativa do Ártico. Sabemos que as regiões polares registaram um aquecimento mais significativo do que outras áreas, e isso poderá ter contribuído para o aquecimento mais intenso observado na Europa.

Existem algumas notícias positivas evidenciadas pelo relatório?

2019 foi o ano mais soalheiro de que há registo. Não só na Europa do Sul, que assistiu, na globalidade, a mais horas de sol, mas também na Europa Central e do Norte. Isto é parte de um padrão: estamos, de facto, a beneficiar de mais horas de sol.

Anomalias médias anuais da duração da luz solar (em horas) em toda a Europa no período 1983-2019, comparadas com o período de referência de 1983-2012

A pandemia COVID-19 travou uma grande parte da poluição antropogénica. O que é que isso poderá significar em termos da evolução do clima?

Registámos algum impacto nos poluentes ligados à qualidade do ar, tais como as PM 2,5 e o óxido nitroso, cujas concentrações baixaram tanto na China como na Europa em áreas propensas a poluição elevada. Temos ouvido algumas alegações de que o confinamento levou a uma redução dos GEE. No entanto, não me parece que seja possível traduzi-lo em impactos mensuráveis nos indicadores climáticos, o que se deve a uma enorme inércia no contexto do sistema climático. Por isso, mesmo que parássemos as nossas emissões hoje, não veríamos necessariamente resultados, digamos, nos próximos 20 anos, olhando para a temperatura média global.

Como podem o relatório e os dados climáticos apoiar a adaptação com informações?

O C3S gosta de se considerar como a força motriz da adaptação. Nós próprios não implementamos as estratégias de adaptação; o nosso objetivo é facultar dados de alta qualidade às autoridades responsáveis nesse contexto, para que as mesmas possam elaborar os seus planos com base nessas informações. O relatório dirige-se ao público em geral, permitindo-lhe ir um pouco mais além em termos da informação climática. É claro que, subjacente ao relatório, existe uma enorme quantidade de dados, os quais estão todos disponíveis e são de utilização livre em todos os tipos de aplicações.

Temos já 40 000 utilizadores registados e disponibilizamos diariamente 50 TB de dados. A fração de empresas, entidade públicas e organismos internacionais que acedem aos nossos dados tem vindo a aumentar sustentadamente e continua a crescer desde que lançámos a Climate Data Store. Tudo isso (e também este relatório) foi possível graças à recolha sistemática de dados pelo C3S, bem como à sua infraestrutura, ao seu sistema de controlo de qualidade e à equipa que dá apoio ao seu funcionamento, praticamente 24 horas por dia, 7 dias por semana.

O clima deixou de ser algo que tomamos como assegurado; o clima do ado deixou de ser um indicador do que o futuro nos pode reservar. Por conseguinte, temos de mudar as nossas atitudes em matéria de informação e dados climáticos. Dos transportes à saúde, e da agricultura aos seguros, muitos setores necessitam de dados de boa qualidade sobre o clima - não apenas de bons registos ados, mas também de um entendimento do que poderá vir a ser o futuro, para que se possam adaptar e tornar-se mais eficientes.

Para transferir o relatório, clique aqui.

Para navegar na totalidade do relatório, clique aqui.

Segmento publicitário apresentado por
Copernicus “Conteúdo de parceiro apresentado por” é utilizado para descrever o conteúdo de marca que é pago e controlado pelo anunciante e não pela equipa editorial da Euronews. Este conteúdo é produzido pelos departamentos comerciais e não envolve a equipa editorial ou os jornalistas da Euronews. O parceiro de financiamento tem o controlo dos tópicos, do conteúdo e da aprovação final em colaboração com o departamento de produção comercial da Euronews.
Partilhe esta notícia
PUBLICIDADE