{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/green/2020/04/15/como-podem-as-grandes-cidades-adaptar-se-ao-risco-de-inundacoes" }, "headline": "Como podem as grandes cidades adaptar-se ao risco de inunda\u00e7\u00f5es?", "description": "Os padr\u00f5es clim\u00e1ticos em mudan\u00e7a est\u00e3o a produzir extremos meteorol\u00f3gicos cada vez mais imprevis\u00edveis e as altera\u00e7\u00f5es das infraestruturas urbanas est\u00e3o a deixar cidades em todo o mundo mais expostas a inunda\u00e7\u00f5es.", "articleBody": "Os padr\u00f5es clim\u00e1ticos em mudan\u00e7a est\u00e3o a produzir extremos meteorol\u00f3gicos cada vez mais imprevis\u00edveis e as altera\u00e7\u00f5es das infraestruturas urbanas est\u00e3o a deixar cidades em todo o mundo mais expostas a inunda\u00e7\u00f5es. Em novembro \u00faltimo, a Capital Europeia da Cultura de 2019, a cidade italiana de Matera, foi assolada por aluimentos de terras na sequ\u00eancia da forte precipita\u00e7\u00e3o que se fez sentir na regi\u00e3o de Basilicata. Segundo as autoridades , os danos em habita\u00e7\u00f5es, empresas e infraestruturas atingiram os 8 milh\u00f5es de euros. O tuf\u00e3o Hagibis , o mais intenso a atingir o Jap\u00e3o desde finais da d\u00e9cada de 1950, cortou as redes el\u00e9tricas e inundou infraestruturas em v\u00e1rias cidades do pa\u00eds. Por seu lado, as \u00e1reas menos habituadas a inunda\u00e7\u00f5es come\u00e7am a assistir a um maior n\u00famero destes acontecimentos extremos. O que est\u00e1 a mudar no padr\u00e3o das inunda\u00e7\u00f5es na Europa? A precipita\u00e7\u00e3o extrema, a fus\u00e3o da neve, as tempestades s\u00fabitas e a subida do n\u00edvel do mar est\u00e3o frequentemente na origem das inunda\u00e7\u00f5es fluviais e costeiras, que afetam tanto as zonas urbanas como o campo. As tend\u00eancias das inunda\u00e7\u00f5es em todo o continente europeu variam e continuar\u00e3o a variar, afirma a Ag\u00eancia Europeia do Ambiente ( AEA ), com as temperaturas mais elevadas a conduzir a precipita\u00e7\u00e3o mais intensa e a per\u00edodos de seca mais prolongados. Para este s\u00e9culo, as estimativas sugerem que a maioria das regi\u00f5es da Europa sofrer\u00e1 chuvas mais intensas no inverno, com ver\u00f5es mais secos no sul e no sudoeste europeu. As inunda\u00e7\u00f5es fluviais, j\u00e1 no topo dos acontecimentos clim\u00e1ticos extremos na Europa, refletir\u00e3o as altera\u00e7\u00f5es previstas na precipita\u00e7\u00e3o, como revela outro estudo da AEA . As estimativas para o futuro sugerem a ocorr\u00eancia mais frequente das inunda\u00e7\u00f5es fluviais que acontecem uma vez a cada cem anos em todo o continente, exceto nalgumas regi\u00f5es nortenhas, no sul de Espanha e na Turquia. As infraestruturas urbanas n\u00e3o foram criadas para coexistir com inunda\u00e7\u00f5es As inunda\u00e7\u00f5es causadas pelas chuvas ir\u00e3o tamb\u00e9m provavelmente aumentar com o aumento das temperaturas; os invernos ar\u00e3o a ser mais h\u00famidos, com precipita\u00e7\u00e3o frequente e menos neve. Nalgumas cidades europeias , o risco de inunda\u00e7\u00f5es poder\u00e1 aumentar significativamente. No Reino Unido, 85% das cidades ribeirinhas poder\u00e3o ter de enfrentar mais inunda\u00e7\u00f5es na segunda metade do s\u00e9culo, de acordo com um estudo que analisou 571 cidades espalhadas pela Europa.\u2028 \u201cNum futuro em que as emiss\u00f5es de gases com efeito de estufa continuem a aumentar drasticamente, as proje\u00e7\u00f5es mais otimistas para as inunda\u00e7\u00f5es fluviais sugerem um agravamento no norte e, especialmente, no noroeste da Europa\u201d, afirmou a Dra. Selma Guerreiro, investigadora de hidrologia e altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas na Universidade de Newcastle e principal autora do estudo. \u201cContudo, o cen\u00e1rio mais pessimista revela que a maioria das cidades europeias ser\u00e1 afetada pelo aumento das inunda\u00e7\u00f5es fluviais\u201d. O estudo refere que o caudal fluvial m\u00e1ximo em 10 anos, em cidades no Reino Unido, na B\u00e9lgica, nos Pa\u00edses Baixos e na Escandin\u00e1via, sofrer\u00e1 aumentos que podem atingir os 20%. Se as emiss\u00f5es de gases com efeito de estufa continuarem a aumentar ao ritmo atual, os caudais elevados em v\u00e1rias cidades europeias (p. ex., Santiago de Compostela, em Espanha, Cork, na Irlanda ou Braga, em Portugal) poder\u00e3o registar aumentos superiores a 80%. N\u00e3o \u00e9 s\u00f3 a chuva que pode aumentar a frequ\u00eancia das inunda\u00e7\u00f5es nas cidades. As \u00e1reas urbanas baixas ficar\u00e3o cada vez mais expostas a inunda\u00e7\u00f5es costeiras com o efeito da subida do n\u00edvel do mar e das tempestades s\u00fabitas. Em muitas zonas costeiras da Europa, as inunda\u00e7\u00f5es podem tornar-se dez vezes mais frequentes ao longo do s\u00e9culo, afirmam os especialistas . Sem medidas de adapta\u00e7\u00e3o e sem a redu\u00e7\u00e3o significativa das emiss\u00f5es de gases com efeito de estufa, os preju\u00edzos m\u00e9dios anuais das inunda\u00e7\u00f5es costeiras em 17 grandes cidades costeiras da UE podem aumentar de cerca de mil milh\u00f5es de euros em 2030 para 31 mil milh\u00f5es em 2100. Na aus\u00eancia de medidas adicionais de adapta\u00e7\u00e3o, a popula\u00e7\u00e3o exposta aumentar\u00e1 dos 102 000 atualmente para um n\u00famero entre 530 000 e 740 000 at\u00e9 2050. Outros estudos apontam para preju\u00edzos anuais de um bili\u00e3o de euros devido \u00e0s inunda\u00e7\u00f5es costeiras na Europa se n\u00e3o forem implementadas medidas de adapta\u00e7\u00e3o. O aumento das temperaturas m\u00e9dias estar\u00e1 subjacente a esses preju\u00edzos e as inunda\u00e7\u00f5es costeiras tornar-se-\u00e3o quatro vezes mais prejudiciais do que as fluviais a partir de 2050 devido \u00e0 acelera\u00e7\u00e3o da subida do n\u00edvel do mar. As pol\u00edticas de adapta\u00e7\u00e3o servem-se dos dados clim\u00e1ticos sobre cada cidade \u201cSem medidas de adapta\u00e7\u00e3o, enfrentamos um aumento da exposi\u00e7\u00e3o \u00e0s inunda\u00e7\u00f5es fluviais e aos danos consequentes tr\u00eas a seis vezes superior\u201d, afirma o Dr. Peter Salamon, investigador principal do Centro Comum de Investiga\u00e7\u00e3o da UE. \u201cTemos de nos adaptar, mesmo para um cen\u00e1rio otimista de 1,5 \u00b0C, e \u00e9 poss\u00edvel faz\u00ea-lo. No entanto, necessitamos de um pacote de medidas de adapta\u00e7\u00e3o\u201d. A previs\u00e3o de inunda\u00e7\u00f5es continua a ser essencial para a adapta\u00e7\u00e3o da infraestrutura urbana, das economias e das popula\u00e7\u00f5es. Contudo, existem desafios a vencer. As tempestades respons\u00e1veis pelas inunda\u00e7\u00f5es urbanas s\u00e3o demasiado curtas, sendo por isso dif\u00edceis de prever, afirmou o Prof. G\u00fcnter Bl\u00f6schl, Diretor do Centro para os Sistemas de Recursos H\u00eddricos na Universidade Tecnol\u00f3gica de Viena.\u00a0\u201cSabemos que essas tempestades est\u00e3o j\u00e1 a ser mais frequentes e intensas\u201d, explica a Dra. Selma Guerreiro. \u201cExistem hoje [...] modelos a ser especificamente desenvolvidos para simular esse tipo de tempestades, mas \u00e9 demasiado cedo para estimar o grau em que esse tipo de inunda\u00e7\u00f5es vai piorar\u201d, segundo a Dra. Selma Guerreiro. Existem v\u00e1rios projetos que est\u00e3o a analisar as diferentes causas das inunda\u00e7\u00f5es para melhorar a qualidade dos dados dispon\u00edveis e tornar as medidas de adapta\u00e7\u00e3o mais informadas. O Servi\u00e7o de Monitoriza\u00e7\u00e3o das Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas Copernicus est\u00e1 a desenvolver, com v\u00e1rios intervenientes, um servi\u00e7o que disponibiliza uma avalia\u00e7\u00e3o de risco de inunda\u00e7\u00f5es por precipita\u00e7\u00e3o extrema abrangente para as cidades, com base na an\u00e1lise de acontecimentos de precipita\u00e7\u00e3o \u201ccr\u00edticos\u201d espec\u00edficos. \u201cAs precipita\u00e7\u00f5es que caracterizam estes acontecimentos podem ser usadas em modelos de impacto para determinar a profundidade das \u00e1guas e as \u00e1reas potencialmente inundadas, al\u00e9m dos preju\u00edzos\u201d, afirmou a Dra. Paola Mercogliano, investigadora principal do Centro Euro-Mediterr\u00e2nico para as Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas (CMCC). \u201cEsta mesma abordagem pode eventualmente ser usada na avalia\u00e7\u00e3o da forma como o risco pluvial nas \u00e1reas urbanas pode mudar no futuro em consequ\u00eancia das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas antropog\u00e9nicas\u201d. Foram usadas como piloto para o servi\u00e7o cidades como Copenhaga, exposta a inunda\u00e7\u00f5es s\u00fabitas. \u201cAs istra\u00e7\u00f5es p\u00fablicas e as autoridades locais, em conjunto com as companhias de seguros ou os modeladores de impactos, est\u00e3o interessadas na utiliza\u00e7\u00e3o destes dados\u201d, afirmou a Dra. Paola Mercogliano. \u201cO CMCC est\u00e1 a liderar o projeto do Servi\u00e7o de Monitoriza\u00e7\u00e3o das Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas Copernicus destinado a criar um cat\u00e1logo de acontecimentos de precipita\u00e7\u00e3o extrema a n\u00edvel europeu baseado em dados do ado e, quando poss\u00edvel, estabelecer uma liga\u00e7\u00e3o entre os acontecimentos extremos e os preju\u00edzos\u201d. Roterd\u00e3o integrou defesas contra inunda\u00e7\u00f5es no seu pr\u00f3prio tecido urbano, tendo em conta que as autoridades pretendem tornar a cidade resistente \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas at\u00e9 2050. A cria\u00e7\u00e3o destas defesas incluiu a amplia\u00e7\u00e3o dos terrenos do porto, a expans\u00e3o das prote\u00e7\u00f5es costeiras e a cria\u00e7\u00e3o de zonas verdes nas margens ribeirinhas e nos telhados. Por seu lado, as \u00e1reas urbanas est\u00e3o a ser projetadas para lidar mais eficazmente com potenciais inunda\u00e7\u00f5es, com a cria\u00e7\u00e3o de espa\u00e7os de armazenamento de \u00e1guas subterr\u00e2neas e de corredores azul-verde, que d\u00e3o apoio ao ciclo natural da \u00e1gua e protegem a infraestrutura urbana. O porto neerland\u00eas tem como objetivo ajudar outras cidades vulner\u00e1veis \u00e0 \u00e1gua a atingirem o seu objetivo de compatibilizar a adapta\u00e7\u00e3o ao clima com o desenvolvimento urbano . O JPI, um programa de investiga\u00e7\u00e3o transnacional, est\u00e1 a cooperar com Birmingham, Bruxelas e Roterd\u00e3o no desenvolvimento do FloodCitiSense , um servi\u00e7o de alerta precoce para inunda\u00e7\u00f5es pluviais baseado em crowdsourcing . Os habitantes urbanos dar\u00e3o um contributo para a monitoriza\u00e7\u00e3o da precipita\u00e7\u00e3o e das inunda\u00e7\u00f5es, utilizando sensores de baixo custo e ferramentas digitais, o que ajudar\u00e1 as autoridades a refor\u00e7ar a adapta\u00e7\u00e3o \u00e0s inunda\u00e7\u00f5es e a reduzir os preju\u00edzos. O Sistema Europeu de Sensibiliza\u00e7\u00e3o para Inunda\u00e7\u00f5es , parte do Servi\u00e7o de Gest\u00e3o de Emerg\u00eancias Copernicus , \u00e9 o primeiro sistema que monitoriza e prev\u00ea inunda\u00e7\u00f5es fluviais em todo o continente, dando apoio \u00e0s autoridades nacionais com previs\u00f5es adicionais de m\u00e9dio prazo (3-10 dias) para refor\u00e7ar os preparativos. \u201cMuitos dos nossos utilizadores n\u00e3o est\u00e3o assim t\u00e3o interessados na forma como o rio ir\u00e1 subir, mas querem saber qual ir\u00e1 ser o impacto\u201d, afirmou o Dr. Salamon. \u201cO objetivo transcende a modela\u00e7\u00e3o hidrol\u00f3gica e estamos a associar meteorologia e dados hidrol\u00f3gicos a modelos de impacto, na tentativa de disponibilizar um acervo de testes para novas ideias e tend\u00eancias que as autoridades nacionais podem seguir e experimentar\u201d. Em 2018, o JRC e o ECMWF lan\u00e7aram tamb\u00e9m o Sistema Global de Sensibiliza\u00e7\u00e3o para Inunda\u00e7\u00f5es , e decorrem atualmente trabalhos para obter um servi\u00e7o constante e altamente detalhado de monitoriza\u00e7\u00e3o global de inunda\u00e7\u00f5es baseado nos dados dos sat\u00e9lites do Copernicus, explicou Salomon. Fora da Europa, cidades como T\u00f3quio est\u00e3o tamb\u00e9m a utilizar os dados do Servi\u00e7o de Monitoriza\u00e7\u00e3o das Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas Copernicus sobre extremos pluviais, frequ\u00eancias de inunda\u00e7\u00f5es e outros para acelerar as suas medidas de adapta\u00e7\u00e3o aos riscos de inunda\u00e7\u00f5es. A capital japonesa investiu j\u00e1 2 mil milh\u00f5es de d\u00f3lares no maior sistema intercetor de inunda\u00e7\u00f5es do mundo , o Canal de Descarga Subterr\u00e2nea Exterior da \u00c1rea Metropolitana, que pode reencaminhar o excesso de \u00e1gua de rios mais pequenos para o rio principal, o Edo, com maior capacidade de absorver volumes de \u00e1gua superiores. Contudo, dado que os riscos de inunda\u00e7\u00f5es parecem estar a aumentar, a informa\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica ajudar\u00e1 as autoridades locais a adaptarem \u00e1reas urbanas de pequena e m\u00e9dia dimens\u00e3o aos maiores riscos de inunda\u00e7\u00f5es. No caso das inunda\u00e7\u00f5es costeiras, o Servi\u00e7o de Monitoriza\u00e7\u00e3o das Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas Copernicus disponibilizar\u00e1, num futuro pr\u00f3ximo, dados clim\u00e1ticos de alta qualidade abrangendo tempestades s\u00fabitas, mar\u00e9s e ondula\u00e7\u00e3o, bem como o efeito da subida do n\u00edvel do mar, sobre todas as \u00e1guas costeiras europeias. O desenvolvimento dos dados do servi\u00e7o European Storm Surge incluiu trabalhos com diversas cidades expostas a inunda\u00e7\u00f5es, tais como Veneza ou Copenhaga. \u201cTrabalh\u00e1mos em conjunto na conce\u00e7\u00e3o de indicadores ligados \u00e0s inunda\u00e7\u00f5es costeiras que ajudam os utilizadores a gerir o risco e a planear\u201d, afirmou Kun Ya, da Deltares, um instituto de investiga\u00e7\u00e3o neerland\u00eas que estabeleceu uma parceria com o Servi\u00e7o de Monitoriza\u00e7\u00e3o das Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas Copernicus. Os dados clim\u00e1ticos, que t\u00eam em conta os registos hist\u00f3ricos e as previs\u00f5es, ir\u00e3o futuramente contribuir para a produ\u00e7\u00e3o de indicadores de inunda\u00e7\u00f5es. \u201cEstes indicadores ajudam a compreender a frequ\u00eancia e a magnitude dos impactos das inunda\u00e7\u00f5es em locais espec\u00edficos\u201d, afirmou Yan. \u201cCom a sua utiliza\u00e7\u00e3o, ser\u00e1 mais f\u00e1cil projetar estruturas contra inunda\u00e7\u00f5es, bem como desenvolver sistemas de alarme precoce e melhorar o planeamento e a gest\u00e3o das zonas costeiras no contexto das altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas\u201d ", "dateCreated": "2020-04-15T12:21:53+02:00", "dateModified": "2020-04-15T16:01:24+02:00", "datePublished": "2020-04-15T16:01:21+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F04%2F63%2F23%2F00%2F1440x810_cmsv2_afa22bbf-679c-5905-b987-fea5c9c087f5-4632300.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Os padr\u00f5es clim\u00e1ticos em mudan\u00e7a est\u00e3o a produzir extremos meteorol\u00f3gicos cada vez mais imprevis\u00edveis e as altera\u00e7\u00f5es das infraestruturas urbanas est\u00e3o a deixar cidades em todo o mundo mais expostas a inunda\u00e7\u00f5es.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F04%2F63%2F23%2F00%2F432x243_cmsv2_afa22bbf-679c-5905-b987-fea5c9c087f5-4632300.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "S\u00e9ries" ] }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] } #accessibility-bar,#c-burger-button-checkbox,#c-language-switcher-list-open,.c-breaking-news,.c-language-switcher__list,.c-search-form__loader, .o-site-hr__second-level__dropdown,.o-site-hr__second-level__dropdown-mask,.o-site-hr__sidebar,.o-site-hr__sidebar-mask{display:none} .c-barre-now .c-tags-list,.c-barre-now__container,.c-navigation-bar,.c-navigation-bar__wrappable-list,.c-search-form.c-search-engine,.o-site-hr__first-level__container,.o-site-hr__second-level__container,.o-site-hr__second-level__links,.o-site-hr__second-level__burger-logo,.c-burger-button{display:flex} body:not(.has-no-advertising, .has-no-connatix-player, .is-partner-content) .c-article-content > p:nth-of-type(4) + :not(#connatix-container)::before { content: ''; display: block; margin-block-end: 32px; min-height: clamp(162px, calc(100vw * 9 / 16), 310px); } body:not(.has-no-advertising, .has-no-connatix-player, .is-partner-content) .c-article-content > p:nth-of-type(4) + :not(.widget)::before { margin-block-start: 32px; } @s (content-visibility: hidden) { .o-site-hr__second-level__dropdown,.o-site-hr__sidebar { display: flex; content-visibility: hidden; } }
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Como podem as grandes cidades adaptar-se ao risco de inundações?

Como podem as grandes cidades adaptar-se ao risco de inundações?
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Os padrões climáticos em mudança estão a produzir extremos meteorológicos cada vez mais imprevisíveis e as alterações das infraestruturas urbanas estão a deixar cidades em todo o mundo mais expostas a inundações.

Em novembro último, a Capital Europeia da Cultura de 2019, a cidade italiana de Matera, foi assolada por aluimentos de terras na sequência da forte precipitação que se fez sentir na região de Basilicata. Segundo as autoridades, os danos em habitações, empresas e infraestruturas atingiram os 8 milhões de euros. O tufão Hagibis, o mais intenso a atingir o Japão desde finais da década de 1950, cortou as redes elétricas e inundou infraestruturas em várias cidades do país. Por seu lado, as áreas menos habituadas a inundações começam a assistir a um maior número destes acontecimentos extremos.

O que está a mudar no padrão das inundações na Europa?

A precipitação extrema, a fusão da neve, as tempestades súbitas e a subida do nível do mar estão frequentemente na origem das inundações fluviais e costeiras, que afetam tanto as zonas urbanas como o campo. As tendências das inundações em todo o continente europeu variam e continuarão a variar, afirma a Agência Europeia do Ambiente (AEA), com as temperaturas mais elevadas a conduzir a precipitação mais intensa e a períodos de seca mais prolongados. Para este século, as estimativas sugerem que a maioria das regiões da Europa sofrerá chuvas mais intensas no inverno, com verões mais secos no sul e no sudoeste europeu.

Fonte AEA: Alterações dos dados Euro-Codex de 1971-2000 a 2071–2100 para o cenário R8.5.

As inundações fluviais, já no topo dos acontecimentos climáticos extremos na Europa, refletirão as alterações previstas na precipitação, como revela outro estudo da AEA. As estimativas para o futuro sugerem a ocorrência mais frequente das inundações fluviais que acontecem uma vez a cada cem anos em todo o continente, exceto nalgumas regiões nortenhas, no sul de Espanha e na Turquia.

As infraestruturas urbanas não foram criadas para coexistir com inundações

As inundações causadas pelas chuvas irão também provavelmente aumentar com o aumento das temperaturas; os invernos arão a ser mais húmidos, com precipitação frequente e menos neve. Nalgumas cidades europeias, o risco de inundações poderá aumentar significativamente. No Reino Unido, 85% das cidades ribeirinhas poderão ter de enfrentar mais inundações na segunda metade do século, de acordo com um estudo que analisou 571 cidades espalhadas pela Europa.


“Num futuro em que as emissões de gases com efeito de estufa continuem a aumentar drasticamente, as projeções mais otimistas para as inundações fluviais sugerem um agravamento no norte e, especialmente, no noroeste da Europa”, afirmou a Dra. Selma Guerreiro, investigadora de hidrologia e alterações climáticas na Universidade de Newcastle e principal autora do estudo. “Contudo, o cenário mais pessimista revela que a maioria das cidades europeias será afetada pelo aumento das inundações fluviais”.

O estudo refere que o caudal fluvial máximo em 10 anos, em cidades no Reino Unido, na Bélgica, nos Países Baixos e na Escandinávia, sofrerá aumentos que podem atingir os 20%. Se as emissões de gases com efeito de estufa continuarem a aumentar ao ritmo atual, os caudais elevados em várias cidades europeias (p. ex., Santiago de Compostela, em Espanha, Cork, na Irlanda ou Braga, em Portugal) poderão registar aumentos superiores a 80%.

Fonte: Climate ADAPT/AEA

Não é só a chuva que pode aumentar a frequência das inundações nas cidades. As áreas urbanas baixas ficarão cada vez mais expostas a inundações costeiras com o efeito da subida do nível do mar e das tempestades súbitas. Em muitas zonas costeiras da Europa, as inundações podem tornar-se dez vezes mais frequentes ao longo do século, afirmam os especialistas. Sem medidas de adaptação e sem a redução significativa das emissões de gases com efeito de estufa, os prejuízos médios anuais das inundações costeiras em 17 grandes cidades costeiras da UE podem aumentar de cerca de mil milhões de euros em 2030 para 31 mil milhões em 2100. Na ausência de medidas adicionais de adaptação, a população exposta aumentará dos 102 000 atualmente para um número entre 530 000 e 740 000 até 2050. Outros estudos apontam para prejuízos anuais de um bilião de euros devido às inundações costeiras na Europa se não forem implementadas medidas de adaptação. O aumento das temperaturas médias estará subjacente a esses prejuízos e as inundações costeiras tornar-se-ão quatro vezes mais prejudiciais do que as fluviais a partir de 2050 devido à aceleração da subida do nível do mar.

As políticas de adaptação servem-se dos dados climáticos sobre cada cidade

“Sem medidas de adaptação, enfrentamos um aumento da exposição às inundações fluviais e aos danos consequentes três a seis vezes superior”, afirma o Dr. Peter Salamon, investigador principal do Centro Comum de Investigação da UE. “Temos de nos adaptar, mesmo para um cenário otimista de 1,5 °C, e é possível fazê-lo. No entanto, necessitamos de um pacote de medidas de adaptação”.

A previsão de inundações continua a ser essencial para a adaptação da infraestrutura urbana, das economias e das populações. Contudo, existem desafios a vencer. As tempestades responsáveis pelas inundações urbanas são demasiado curtas, sendo por isso difíceis de prever, afirmou o Prof. Günter Blöschl, Diretor do Centro para os Sistemas de Recursos Hídricos na Universidade Tecnológica de Viena. “Sabemos que essas tempestades estão já a ser mais frequentes e intensas”, explica a Dra. Selma Guerreiro. “Existem hoje [...] modelos a ser especificamente desenvolvidos para simular esse tipo de tempestades, mas é demasiado cedo para estimar o grau em que esse tipo de inundações vai piorar”, segundo a Dra. Selma Guerreiro. Existem vários projetos que estão a analisar as diferentes causas das inundações para melhorar a qualidade dos dados disponíveis e tornar as medidas de adaptação mais informadas.

O Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copernicus está a desenvolver, com vários intervenientes, um serviço que disponibiliza uma avaliação de risco de inundações por precipitação extrema abrangente para as cidades, com base na análise de acontecimentos de precipitação “críticos” específicos. “As precipitações que caracterizam estes acontecimentos podem ser usadas em modelos de impacto para determinar a profundidade das águas e as áreas potencialmente inundadas, além dos prejuízos”, afirmou a Dra. Paola Mercogliano, investigadora principal do Centro Euro-Mediterrânico para as Alterações Climáticas (CMCC). “Esta mesma abordagem pode eventualmente ser usada na avaliação da forma como o risco pluvial nas áreas urbanas pode mudar no futuro em consequência das alterações climáticas antropogénicas”.

Foram usadas como piloto para o serviço cidades como Copenhaga, exposta a inundações súbitas. “As istrações públicas e as autoridades locais, em conjunto com as companhias de seguros ou os modeladores de impactos, estão interessadas na utilização destes dados”, afirmou a Dra. Paola Mercogliano. “O CMCC está a liderar o projeto do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copernicus destinado a criar um catálogo de acontecimentos de precipitação extrema a nível europeu baseado em dados do ado e, quando possível, estabelecer uma ligação entre os acontecimentos extremos e os prejuízos”.

Roterdão integrou defesas contra inundações no seu próprio tecido urbano, tendo em conta que as autoridades pretendem tornar a cidade resistente às alterações climáticas até 2050. A criação destas defesas incluiu a ampliação dos terrenos do porto, a expansão das proteções costeiras e a criação de zonas verdes nas margens ribeirinhas e nos telhados. Por seu lado, as áreas urbanas estão a ser projetadas para lidar mais eficazmente com potenciais inundações, com a criação de espaços de armazenamento de águas subterrâneas e de corredores azul-verde, que dão apoio ao ciclo natural da água e protegem a infraestrutura urbana. O porto neerlandês tem como objetivo ajudar outras cidades vulneráveis à água a atingirem o seu objetivo de compatibilizar a adaptação ao clima com o desenvolvimento urbano.

Barreiras contra tempestades súbitas em Roterdão

O JPI, um programa de investigação transnacional, está a cooperar com Birmingham, Bruxelas e Roterdão no desenvolvimento do FloodCitiSense, um serviço de alerta precoce para inundações pluviais baseado em crowdsourcing. Os habitantes urbanos darão um contributo para a monitorização da precipitação e das inundações, utilizando sensores de baixo custo e ferramentas digitais, o que ajudará as autoridades a reforçar a adaptação às inundações e a reduzir os prejuízos.

O Sistema Europeu de Sensibilização para Inundações, parte do Serviço de Gestão de Emergências Copernicus, é o primeiro sistema que monitoriza e prevê inundações fluviais em todo o continente, dando apoio às autoridades nacionais com previsões adicionais de médio prazo (3-10 dias) para reforçar os preparativos. “Muitos dos nossos utilizadores não estão assim tão interessados na forma como o rio irá subir, mas querem saber qual irá ser o impacto”, afirmou o Dr. Salamon. “O objetivo transcende a modelação hidrológica e estamos a associar meteorologia e dados hidrológicos a modelos de impacto, na tentativa de disponibilizar um acervo de testes para novas ideias e tendências que as autoridades nacionais podem seguir e experimentar”. Em 2018, o JRC e o ECMWF lançaram também o Sistema Global de Sensibilização para Inundações, e decorrem atualmente trabalhos para obter um serviço constante e altamente detalhado de monitorização global de inundações baseado nos dados dos satélites do Copernicus, explicou Salomon.

Fora da Europa, cidades como Tóquio estão também a utilizar os dados do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copernicus sobre extremos pluviais, frequências de inundações e outros para acelerar as suas medidas de adaptação aos riscos de inundações. A capital japonesa investiu já 2 mil milhões de dólares no maior sistema intercetor de inundações do mundo, o Canal de Descarga Subterrânea Exterior da Área Metropolitana, que pode reencaminhar o excesso de água de rios mais pequenos para o rio principal, o Edo, com maior capacidade de absorver volumes de água superiores. Contudo, dado que os riscos de inundações parecem estar a aumentar, a informação climática ajudará as autoridades locais a adaptarem áreas urbanas de pequena e média dimensão aos maiores riscos de inundações.

Fonte: Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copernicus, extremos hidrológicos na megacidade de Tóquio

No caso das inundações costeiras, o Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copernicus disponibilizará, num futuro próximo, dados climáticos de alta qualidade abrangendo tempestades súbitas, marés e ondulação, bem como o efeito da subida do nível do mar, sobre todas as águas costeiras europeias. O desenvolvimento dos dados do serviço European Storm Surge incluiu trabalhos com diversas cidades expostas a inundações, tais como Veneza ou Copenhaga. “Trabalhámos em conjunto na conceção de indicadores ligados às inundações costeiras que ajudam os utilizadores a gerir o risco e a planear”, afirmou Kun Ya, da Deltares, um instituto de investigação neerlandês que estabeleceu uma parceria com o Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copernicus. Os dados climáticos, que têm em conta os registos históricos e as previsões, irão futuramente contribuir para a produção de indicadores de inundações. “Estes indicadores ajudam a compreender a frequência e a magnitude dos impactos das inundações em locais específicos”, afirmou Yan. “Com a sua utilização, será mais fácil projetar estruturas contra inundações, bem como desenvolver sistemas de alarme precoce e melhorar o planeamento e a gestão das zonas costeiras no contexto das alterações climáticas”

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