"Otello" fez um regresso triunfal ao palco da Royal Opera House de Londres, com Jonas Kaufmann e Antonio Pappano ao leme.
PUBLICIDADE“Otello” é uma das derradeiras obras de Verdi. E, 130 anos depois de ter sido escrita, faz um regresso triunfal ao palco daRoyal Opera House de Londres. Ao leme, Jonas Kaufmann, no papel principal, e Antonio Pappano, na direção da orquestra.
“Otello é um grande guerreiro, um homem que teve sucesso na vida. E a obra acompanha o seu trajeto do topo até às profundezas. Primeiro, por causa de uma dúvida ínfima que se instala sobre a sua mulher. Iago diz tê-la visto com Cassio… É a partir desse pequeno germe que a catástrofe deflagra. Há uma natureza titânica na obra, que começa antes de mais na tempestade inicial, que é espantosa… Começamos no topo, nos agudos, para descer até às masmorras. É sombrio e, ao mesmo tempo, surgem contrastes com momentos de uma ligeireza quase burlesca”, diz-nos o maestro.
Consumido pelo ciúme, Otello mata a mulher, Desdémona, para depois acabar com a própria vida. É a primeira vez que Jonas Kaufmann desempenha este papel, considerado um dos maiores desafios para um tenor.
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tenorkaufmann</a></p>— The Royal Opera (TheRoyalOpera) 22 juin 2017
“É um papel difícil em várias vertentes. O segundo ato é, provavelmente, o mais exigente, porque é onde a cólera ganha corpo. É preciso ter alguma calma para conseguir dosear o ciúme e ver que parte dele é que provoca o problema e que parte é que continua sob controlo. Verdi dá-nos a oportunidade de ver um Otello diferente. Há momentos mais ternos, nos quais vemos a sua fragilidade face a Desdémona…”, salienta o cantor.
Para Pappano, é como se fosse “o Evereste. É necessária uma energia tremenda para dirigir esta música. Não se pode facilitar, ela não nos permite. É um drama puro que tem de nos levar a qualquer lado. É um o incrível na obra de Verdi. É um murro na mesa, com ele a dizer: ‘Vejam o que um velhote consegue fazer!’”.