A incerteza sobre a política comercial dos EUA na sequência da chegada à presidência de Donald Trump é em parte responsável, disse o ministro da Economia, Robert Habeck.
O governo alemão baixou para 0,3% a previsão de crescimento económico do país em 2025, informou o ministro da Economia Robert Habeck esta quarta-feira. A nova projeção é muito inferior à anterior previsão de 1,1%, publicada em outubro.
A Alemanha não conseguiu um crescimento económico significativo nos últimos quatro anos, uma vez que tem tido dificuldades em lidar com as grandes mudanças na economia global e com os seus próprios desafios estruturais. Os dados preliminares divulgados há duas semanas revelaram que o produto interno bruto (PIB) registou uma contração de 0,2% no ano ado, após um declínio de 0,3% em 2023.
Economias orientadas para a exportação afetadas de forma particularmente dura
A economia é um dos principais temas da campanha para as eleições legislativas antecipadas de 23 de fevereiro. Estas realizam-se sete meses antes da data inicialmente prevista, depois de a coligação tripartida do chanceler Olaf Scholz se ter desmoronado em novembro, devido a uma disputa sobre a forma de revitalizar a economia.
Os candidatos à chefia do próximo governo apresentaram propostas contrastantes sobre como fazer a economia crescer novamente.
Robert Habeck, que além de ministro da Economia é também vice-chanceler, disse num comunicado que "as crises globais dos últimos anos atingiram a nossa economia orientada para a indústria e para a exportação de forma particularmente dura", embora a crise energética tenha sido evitada após a invasão em larga escala da Ucrânia por parte da Rússia e a inflação tenha caído.
Reformas atrasadas e investimentos retidos
A Alemanha sofre de problemas estruturais fundamentais, como a falta de mão-de-obra qualificada, o excesso de burocracia e a falta de investimento, tanto privado como público.
Habeck apontou a "elevada incerteza atual" sobre a política económica e comercial dos EUA e a incerteza sobre o rumo pós-eleitoral da Alemanha como um travão ao sentimento de investimento e aos consumidores.
Na terça-feira, o principal grupo de pressão da indústria alemã apresentou uma perspetiva ainda mais sombria para este ano. Prevê que a economia volte a registar uma contração de 0,1%.
"Durante anos, os governos adiaram reformas importantes, atrasaram os investimentos e mantiveram o status quo", disse Peter Leibinger, diretor da Federação das Indústrias Alemãs (BDI).