O chefe da diplomacia do Irão reuniu-se com o homólogo paquistanês em Islamabad para mediar as tensões entre a Índia e o Paquistão, após atentado na Caxemira indiana. Paquistão adverte que responderá a quaisquer ataques ou violações da sua soberania ou integridade territorial.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão conversou com altos funcionários paquistaneses na segunda-feira, numa tentativa de mediar as crescentes tensões entre Islamabad e Nova Deli, na sequência do trágico ataque contra turistas na região de Caxemira, istrada pela Índia, no mês ado.
A viagem de Abbas Araghchi a Islamabad marca a primeira visita de um funcionário estrangeiro desde a escalada das tensões após o massacre de 22 de abril, que custou a vida a 26 pessoas, predominantemente turistas hindus indianos, em Pahalgam, na região de Caxemira.
Teerão ofereceu-se para mediar as tensões entre os países vizinhos, ambos com armas nucleares.
Araghchi reuniu-se separadamente com o presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, e com o primeiro-ministro, Shehbaz Sharif, que lhe agradeceram os seus esforços de paz. De acordo com a imprensa paquistanesa, Araghchi deverá visitar a Índia ainda esta semana.
Guterres apela à máxima contenção
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou ambas as partes a tomarem decisões com contenção e para que deem prioridade à paz e à vida humana. "Não se enganem: Uma solução militar não é solução", disse aos jornalistas.
"Agora é o momento para a máxima contenção e para recuar da beira do abismo", disse Guterres. "As Nações Unidas estão prontas para apoiar qualquer iniciativa que promova o desanuviamento, a diplomacia e um compromisso renovado com a paz".
Islamabad ofereceu-se para cooperar com uma investigação internacional. Até à data, a Índia não aceitou a oferta e vários líderes mundiais instaram ambas as partes a mostrar contenção e a evitar uma nova escalada.
Troca de culpas
O exército paquistanês tem estado em alerta máximo depois de o ministro Attaullah Tarar ter citado informações que indicam que um ataque indiano pode estar iminente.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Ishaq Dar, afirmou na segunda-feira, em declarações televisivas, que o Paquistão "exercerá total contenção, mas se a Índia der qualquer o aventureiro, daremos uma resposta adequada".
De acordo com um comunicado do Ministério, Dar, em conversações com Araghchi, rejeitou o que descreveu como tentativas da Índia de implicar o Paquistão no ataque em Caxemira.
"Não seremos os primeiros a dar qualquer o de escalada", disse Dar, acrescentando que tinha avisado a comunidade internacional que, caso exista "qualquer ato de agressão por parte da Índia, o Paquistão defenderá a sua soberania e integridade territorial".
Acusou também a força aérea indiana de ter tentado violar o espaço aéreo paquistanês a 29 de abril. O Paquistão enviou aviões e forçou os jatos indianos a voltar para trás, disse. A Índia não fez qualquer comentário imediato sobre estas alegações.
Entretanto, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano, Randhir Jaiswal, escreveu no X que o presidente russo Vladimir Putin falou com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi na segunda-feira e "condenou veementemente o ataque terrorista em Pahalgam".
A Caxemira está dividida entre a Índia e o Paquistão e é reivindicada por ambos na sua totalidade. Os dois países travaram duas das suas três guerras na região dos Himalaias e os seus laços têm sido marcados por conflitos, diplomacia agressiva e suspeitas mútuas, sobretudo em relação a Caxemira.
Os militantes na parte de Caxemira controlada pela Índia têm lutado contra o domínio de Nova Deli desde 1989. Muitos habitantes de Caxemira, muçulmanos, apoiam o objetivo dos rebeldes de unir o território, quer sob o domínio paquistanês, quer como país independente.