Kiev afirmou estar interessada em trabalhar com parceiros, "principalmente os Estados Unidos".
PUBLICIDADEO presidente dos EUA, Donald Trump, disse numa entrevista ao canal de televisão Fox que a Ucrânia tinha "acordo de princípio" no sentido de fornecer aos Estados Unidos 500 mil milhões de dólares em terras-raras como pagamento pela ajuda militar de Washington.
Trump disse que a Ucrânia tem "terrenos valiosos em termos de terras-raras, petróleo e gás, outras coisas". É apelidado de terras raras um grupo específicio de 17 elementos químicos essenciais para o desenvolvimento tecnológico, nomeadamente na criação de dispositivos eletrónicos como discos rígidos ou ecrãs de telemóveis.
"Quero o nosso dinheiro garantido. Disse-lhes que queria o equivalente a, digamos, 500 mil milhões de dólares por terras-raras, e eles basicamente concordaram em fazer isso, para que pelo menos não nos sintamos estúpidos. Caso contrário, somos estúpidos. Eu disse-lhes: temos de conseguir alguma coisa. Não podemos continuar a pagar este dinheiro", afirmou Trump.
Trump confirmou que enviará em breve o seu enviado especial, Keith Kellogg, à Ucrânia, com a missão de elaborar uma proposta para pôr fim aos combates.
"Temos um grande potencial no território que controlamos", disse Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente da Ucrânia, à The Associated Press, após as declarações de Trump.
"Estamos interessados em trabalhar, desenvolver, com os nossos parceiros, em primeiro lugar, com os Estados Unidos", acrescentou Yermak.
Não é claro se Trump está interessado também em algum elemento específico da Ucrânia, que pode oferecer diferentes minerais.
"Pode ser lítio. Pode ser titânio, urânio, muitos outros", disse Yermak. "É um grande negócio".
A China, o principal adversário geopolítico de Trump, é o maior produtor mundial de elementos de metais de terras raras. Tanto os EUA como a Europa estão interessados em reduzir a sua dependência de Pequim.
Para a Ucrânia, um acordo deste género garantiria que o seu maior e mais importante aliado não congelaria o seu apoio militar.
De um modo geral, as perspetivas para os recursos naturais ucranianos são promissoras. Crê-se que a Ucrânia possui as maiores reservas de titânio da Europa, um componente essencial para as indústrias aeroespacial, médica e automóvel. A Ucrânia possui também as maiores reservas europeias de lítio, essencial para a produção de baterias, cerâmica e vidro.
Em 2021, a indústria mineral da Ucrânia representou 6,1% do produto interno bruto do país e 30% das exportações.
De acordo com o We Build Ukraine, um grupo de reflexão com sede em Kiev, cerca de 40% dos recursos minerais metálicos da Ucrânia estão iníveis devido à ocupação russa. A Ucrânia argumenta que é do interesse de Trump desenvolver os restantes recursos antes que as forças russas se apoderem deles.
De acordo com representantes de empresas ucranianas, as empresas norte-americanas mostraram interesse. Mas um acordo formal exigiria provavelmente legislação, estudos geológicos e um acordo sobre termos específicos.
Não são claras as garantias de segurança de que as empresas necessitariam para arriscar operar na Ucrânia, mesmo em caso de cessar-fogo. E ninguém sabe ao certo que tipo de acordos financeiros estarão subjacentes aos contratos entre a Ucrânia e as empresas americanas.