A medida representa um o importante no objetivo do Papa Francisco de dar às mulheres mais papéis de liderança na Igreja Católica, embora se mantenha firme em não permitir que sejam ordenadas sacerdotes.
O Papa Francisco anunciou que Simona Brambilla, uma freira italiana de 59 anos, vai liderar um dos mais importantes departamentos do Vaticano.
Simona Brambilla vai supervisionar todas as ordens religiosas - desde os jesuítas e franciscanos a movimentos mais pequenos e recentes - num departamento conhecido como Dicastério para a Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.
A nomeação surge depois de o Papa Francisco ter reformado a constituição fundadora da Santa Sé, permitindo que leigos, incluindo mulheres, chefiem um dicastério e se tornem prefeitos. Francisco também defendeu que a Igreja Católica deve ser mais compreensiva para com os membros da comunidade LGBTQ+.
No entanto, o pontífice manteve a proibição de ordenação de sacerdotes do sexo feminino e diminuiu a esperança de que mulheres sejam ordenadas diáconas.
Embora algumas mulheres já tenham sido nomeadas como número dois em alguns departamentos do Vaticano, a nomeação de Brambilla marca a primeira vez que uma mulher tem a função de prefeita de um dicastério ou de uma congregação dentro da Cúria da Santa Sé, o órgão central de governo da Igreja Católica.
Dado que um prefeito deve poder celebrar a missa e desempenhar funções sacramentais - o que só pode ser feito por homens - o Papa Francisco nomeou simultaneamente o cardeal salesiano Ángel Fernández Artime como co-líder, ou "pró-prefeito" da ordem religiosa da irmã Brambilla.
Membro da ordem religiosa das Missionárias da Consolata, Simona Brambilla vai suceder ao cardeal João Braz de Aviz, que se encontra na reforma, com 77 anos de idade.
Simona Brambilla, que também é enfermeira, trabalhou como missionária em Moçambique e dirigiu a Ordem da Consolata como superiora de 2011 a 2023, altura em que o Papa Francisco a nomeou secretária do departamento das ordens religiosas.
Uma posição em evolução para as mulheres na Igreja Católica
As mulheres católicas fazem grande parte do trabalho da Igreja nas escolas e nos hospitais, bem como na transmissão da fé às gerações futuras. No entanto, muitas queixam-se de ter um estatuto de segunda classe numa instituição que reserva o sacerdócio aos homens.
Durante o papado de Francisco, o número de mulheres em cargos de liderança subiu de 19,3% em 2013 para 23,4% atualmente, de acordo com estatísticas divulgadas pela Vatican News. Só na Cúria, a percentagem de mulheres é de 26%.
Entre outras mulheres que ocupam cargos de liderança está a irmã Raffaella Petrini, primeira secretária-geral da Cidade do Vaticano, responsável pelo sistema de saúde, força policial e pelos museus do Vaticano.
A irmã Alessandra Smerilli, do gabinete de desenvolvimento humano, é outra mulher que ocupa o cargo de subsecretária, enquanto várias outras mulheres foram nomeadas para cargos semelhantes, como a freira sa Nathalie Becquart, no gabinete do Sínodo dos Bispos.