Após dias de deliberação, o presidente francês Emmanuel Macron voltou-se para um aliado centrista de longa data na esperança de conseguir unir o parlamento dividido do país.
Emmanuel Macron nomeou o centrista François Bayrou como novo primeiro-ministro de França na sexta-feira, pondo fim a dias de ime político depois de uma histórica votação de uma moção de censura ter derrubado o anterior governo na semana ada.
Bayrou, que tem 73 anos, é uma figura bem conhecida na política sa há décadas. Fundador e líder do centrista Movimento Democrático, conhecido como MoDem, é mais conhecido do público francês pelo seu mandato como ministro da Educação, de 1993 a 1997, num governo conservador.
Bayrou foi candidato a presidente três vezes, em 2002, 2007 e 2012. O seu melhor resultado foi em 2007, quando ficou em terceiro lugar com quase 19% dos votos.
Em 2017, tornou-se um dos principais apoiantes públicos de Macron, deixando de lado a sua própria candidatura presidencial para apoiar o candidato mais jovem.
Na altura, foi brevemente nomeado ministro da Justiça, mas rapidamente se demitiu do governo devido a uma investigação sobre o alegado desvio de fundos do Parlamento Europeu por parte do MoDem.
Acabou por ser ilibado do caso este ano por um tribunal de Paris, que considerou culpados oito outros funcionários do partido e aplicou uma multa ao MoDem.
Alianças políticas
A capacidade de Bayrou para construir pontes será provavelmente crucial nos próximos dias, uma vez que o Parlamento francês está dividido em três blocos principais desde que Macron convocou eleições antecipadas em junho.
Uma aliança de partidos de esquerda, formada principalmente para manter afastada a extrema-direita, obteve o maior número de votos, mas ficou aquém da maioria. A aliança centrista de Macron e o Rassemblement National (RN), de extrema-direita, constituem os outros dois blocos.
É provável que Macron espere que a experiência política de Bayrou e as suas relações relativamente boas com as diferentes fações ajudem a França a sair do caos político em que se encontra.
O novo primeiro-ministro tem pela frente a difícil tarefa de nomear um governo que trabalhe com o Parlamento para aprovar um acordo orçamental para o próximo ano, depois de a proposta do anterior governo ter caído por terra.
O orçamento é um dos principais pontos de discórdia entre os partidos políticos ses, com o presidente do RN, Jordan Bardella, a afirmar que o seu partido tem "linhas vermelhas" num potencial acordo e que o novo primeiro-ministro deve estar preparado para ter em conta a opinião de todos os grupos.
"A bola está no campo de François Bayrou", disse Bardella, acrescentando que o seu partido está a adotar uma abordagem de esperar para ver, por agora.
À esquerda, vários políticos argumentam que Bayrou tem estado demasiado alinhado com Macron e que a continuação das políticas de Macron não respeita os resultados das eleições do verão, em que a esquerda obteve a maioria dos votos de todos os blocos.
Manon Aubry, do partido de esquerda La Insoumise (LFI), disse na rádio Europe1 que Bayrou era a "própria encarnação do macronismo".
Mathilde Panot, a líder do LFI na Assembleia Nacional, afirmou no X que a nomeação de Bayrou equivale à "continuidade das más políticas (de Macron)".
A deputada acrescentou que o seu partido está pronto para votar outra moção de censura contra o novo governo.