Partidos de esquerda e extrema-direita uniram-se para aprovar a moção de censura contra o atual executivo. Michel Barnier liderou o governo francês mais curto desde 1958.
As dúvidas eram poucas e o cenário mais provável confirmou-se.
Michel Barnier não sobreviveu à moção de censura apresentada no Parlamento. Com os votos da coligação dos partidos de esquerda e do Rassamblement National de Marine Le Pen, a moção foi aprovada, contabilizando 331 votos a favor.
Eram necessários 288 votos a favor da moção para derrubar o governo.
A votação à moção da Nova Frente Popular revelou-se histórica uma vez que o atual executivo tornou-se o primeiro a ser forçado a sair por um voto de desconfiança em mais de 60 anos. Michel Barnier liderou o governo francês mais curto desde 1958.
Foram duas duas moções de censura apresentadas pela oposição de esquerda (Nova Frente Popular) e pela extrema-direita (Rassamblement National e aliados) após Michel Barnier de ter feito aprovar um controverso projeto de orçamento da segurança social, invocando o artigo 49.3 da Constituição para forçar a aprovação sem a votação do parlamento.
A medida, que o deixou vulnerável às moções de censura, fez aumentar as já presentes tensões políticas no parlamento francês.
Com a concretização do cenário de destituição do primeiro-ministro, o presidente Emmanuel Macron é forçado a nomear um governo de gestão, sendo provável a introdução de medidas de emergência para gerir o ime orçamental. Embora França não corra o risco de uma paralisação do governo como a dos Estados Unidos, a instabilidade política pode abalar os mercados financeiros.
De recordar que não podem ser realizadas novas eleições legislativas até, pelo menos, julho, criando um potencial ime para os decisores políticos.
Apesar dos apelos de demissão, Emmanuel Macron insistiu que irá cumprir o resto do seu mandato até 2027.
O presidente francês fala à nação na quinta-feira, pelas 19h00, hora de Lisboa.
Le Pen aponta culpas a Macron
Com a saída de Barnier, Marine Le Pen aponta culpas ao presidente francês, Emmanuel Macron. “Ele assumirá suas responsabilidades. Ele fará o que sua razão e consciência lhe ditarem. Mas ele tem certeza de que é o grande responsável pela situação atual", afirmou a líder parlamentar do Rassemblement National em entrevista ao canal francês TF1.
“Tínhamos uma escolha a fazer e a escolha que fizemos foi proteger os ses ”, explicou, afirmando lamentar ter sido “forçada a somar [os seus] votos aos do La insoumise”.
Apesar das palavras sobre o presidente francês, Le Pen garantiu que não pretende a saída de Macron: "Não peço a demissão de Emmanuel Macron”, afirmou, acrescentando que acredita que “a pressão sobre o presidente será cada vez mais forte".