De acordo com a Comissão Central de Eleições da Geórgia, o partido pró-russo Sonho Georgiano ganhou com 54% dos votos. Observadores eleitorais europeus e presidente da Geórgia falam em manipulação dos resultados.
A União Europeia e os Estados Unidos apelaram a uma investigação sobre as denúncias de irregularidades nas eleições parlamentares georgianas, que aconteceram no último fim de semana.
No domingo, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que os EUA se juntaram aos apelos dos observadores eleitorais europeus para que fosse efetuada uma investigação completa.
“No futuro, encorajamos os líderes políticos da Geórgia a respeitar o Estado de direito, a revogar a legislação que prejudica as liberdades fundamentais e a resolver em conjunto as deficiências do processo eleitoral”, declarou Blinken num comunicado.
Anteriormente, a União Europeia tinha instado a Geórgia a investigar de forma rápida e transparente as alegadas irregularidades na votação.
“A UE recorda que qualquer legislação que ponha em causa os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos da Geórgia e que seja contrária aos valores e princípios em que a UE se baseia deve ser revogada”, afirmou a Comissão Europeia numa declaração conjunta com o chefe da política externa da UE, Josep Borrell.
Sonho Georgiano ganhou com 54% dos votos
A presidente da Geórgia, Salome Zourabichvili, garantiu que não vai reconhecer os resultados de sábado, que deram a vitória ao partido no poder, o Sonho Georgiano. Segundo a Comissão Central de Eleições da Geórgia, o partido obteve cerca de 54% dos votos com quase todos os círculos eleitorais contados.
Zourabichvili instou a população a sair à rua para protestar contra os resultados das eleições, alegando que se devem a uma “operação especial russa”, que tinha como objetivo afastar a Geórgia do caminho para a Europa.
Os resultados surpreenderam os georgianos pró-ocidentais, que olhavam para estas eleições como uma escolha entre um partido no poder há 12 anos que aprofundou os laços com a Rússia e uma oposição que pretende acelerar a integração na Europa.
Muitos georgianos encaravam a votação de sábado como um referendo sobre a oportunidade de aderir à UE. Isto porque Bruxelas suspendeu indefinidamente o processo de adesão da Geórgia à UE devido a uma “lei de influência estrangeira”, também conhecida por "lei russa", que foi aprovada em junho deste ano.
De acordo com os observadores eleitorais europeus, estas eleições decorreram num ambiente de “divisão” marcado por intimidação e casos de compra de votos, voto duplo e violência física.