{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2020/12/15/mairead-mcguinness-a-confianca-mutua-e-essencial-para-um-acordo-entre-a-ue-e-o-reino-unido" }, "headline": "Mairead McGuinness: \u0022A confian\u00e7a m\u00fatua \u00e9 essencial para um acordo entre a UE e o Reino Unido\u0022", "description": "A irlandesa \u00e9 a nova Comiss\u00e1ria Europeia para Estabilidade Financeira, Servi\u00e7os Financeiros e Uni\u00e3o dos Mercados de Capitais. A euronews falou com ela sobre o Brexit e sobre a pandemia.", "articleBody": "Nesta edi\u00e7\u00e3o de Global Conversation, a euronews entrevistou a Comiss\u00e1ria da UE Mairead Mc Guinness, nova titular da pasta dos Servi\u00e7os Financeiros. N\u00e3o \u00e9 uma pasta f\u00e1cil, no meio de uma preocupante recess\u00e3o econ\u00f3mica causada pela Covid-19 e a perspetiva do Brexit no horizonte. Brexit Michel Barnier descreveu as conversa\u00e7\u00f5es como extremamente dif\u00edceis. Diria que nesta fase tardia mesmo um acordo comercial minimalista \u00e9 melhor do que um colapso total? Mairead Mc Guinness: Penso que isso \u00e9 absolutamente verdade. Estamos a tentar conseguir um bom acordo comercial entre a Uni\u00e3o Europeia e o Reino Unido. De uma perspetiva europeia, o que estamos a tentar fazer \u00e9 proteger o mercado \u00fanico para os 27 Estados membros. Isso foi constru\u00eddo ao longo de d\u00e9cadas com o Reino Unido, que nos apoia muito. H\u00e1 linhas que o Reino Unido n\u00e3o vai ultraar. Em \u00faltima an\u00e1lise, como j\u00e1 disse muitas vezes, se conseguirmos afastar-nos da ret\u00f3rica e da emo\u00e7\u00e3o e virmos as coisas de um ponto de vista l\u00f3gico, faz todo o sentido que possamos negociar um acordo comercial. Aconte\u00e7a o que acontecer com o Brexit, a confian\u00e7a entre a UE e o Reino Unido est\u00e1 a um n\u00edvel historicamente baixo. Pensa que isso ser\u00e1 ultraado no pr\u00f3ximo ano? Sempre disse que a confian\u00e7a \u00e9 o cerne de qualquer rela\u00e7\u00e3o e de qualquer conjunto de negocia\u00e7\u00f5es. As quest\u00f5es em torno do acordo de retirada j\u00e1 foram resolvidas e esperamos que tudo esteja pronto no dia 1 de janeiro. \u00c9 verdade que a confian\u00e7a se perde subitamente e se reconstr\u00f3i lentamente. Talvez seja por isso que as negocia\u00e7\u00f5es t\u00eam sido especialmente dif\u00edceis, n\u00e3o s\u00f3 porque a Covid veio interromper tudo, mas porque h\u00e1 esta preocupa\u00e7\u00e3o do lado da UE, porque a confian\u00e7a foi quebrada. Agora estamos todos a tentar restaurar a confian\u00e7a. Precisamos de trabalhar muito nisso, porque a \u00fanica forma de se chegar a qualquer acordo com o Reino Unido \u00e9 a confian\u00e7a m\u00fatua. Devemos confiar na nossa palavra e na nossa . Isso foi testado pela decis\u00e3o do Reino Unido e por isso h\u00e1 um pouco mais de hesita\u00e7\u00e3o do nosso lado em voltar a ter muita confian\u00e7a. \u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o estranha para si, porque a Irlanda foi, de certa forma, o melhor amigo do Reino Unido na cimeira da UE. No que toca \u00e0 ind\u00fastria dos servi\u00e7os financeiros: O dia 4 de janeiro de 2021 ser\u00e1 o primeiro dia de negocia\u00e7\u00e3o nesta nova rela\u00e7\u00e3o, ap\u00f3s um ano de turbul\u00eancia do mercado e da Covid-19. Nenhum dos lados quer ver mais perturba\u00e7\u00f5es financeiras. Pode dizer-nos como ser\u00e1 o setor dos servi\u00e7os financeiros no dia 4 de janeiro, no caso de haver acordo e, claro, no caso de n\u00e3o-acordo? Essas s\u00e3o duas quest\u00f5es muito, muito importantes. O que posso dizer \u00e9 que o meu papel aqui \u00e9 assegurar a estabilidade financeira. Assim, n\u00f3s, como Uni\u00e3o Europeia, tom\u00e1mos um n\u00famero m\u00ednimo de decis\u00f5es de equival\u00eancia, para n\u00e3o abalar a estabilidade financeira at\u00e9 ao fim do per\u00edodo de transi\u00e7\u00e3o. Tamb\u00e9m \u00e9 verdade que a City de Londres \u00e9 um centro financeiro muito importante que n\u00e3o pode mudar de um dia para o outro. Mas penso que haver\u00e1 quest\u00f5es no seio da Uni\u00e3o Europeia em torno da autonomia estrat\u00e9gica aberta, em torno da depend\u00eancia de um centro financeiro muito grande num pa\u00eds terceiro. E embora n\u00e3o haja quaisquer decis\u00f5es ou mudan\u00e7as imediatas, penso que a m\u00e9dio ou longo prazo isso ir\u00e1 evoluir. Portanto, n\u00e3o h\u00e1 decis\u00f5es s\u00fabitas. Seria interessante ver como as negocia\u00e7\u00f5es evoluem em torno de ter um acordo absoluto. Penso que se houver um acordo comercial alcan\u00e7ado, isso torna a pol\u00edtica e as rela\u00e7\u00f5es muito mais f\u00e1ceis \u00e0 medida que olhamos para quest\u00f5es mais complicadas porque, como sabem, o setor dos servi\u00e7os financeiros n\u00e3o \u00e9 abrangido pelo acordo comercial. Voltamos a esta quest\u00e3o central e fundamental sobre onde a Europa quer ter o seu centro de atividade financeira. E h\u00e1 possibilidades. Talvez n\u00e3o precisemos de ter um s\u00f3 centro financeiro no qual confiar. Certamente, a longo prazo, n\u00e3o continuar\u00e1 a ser a cidade de Londres. E quanto a outros centros dentro da pr\u00f3pria Uni\u00e3o Europeia? Essas s\u00e3o discuss\u00f5es e conversas que est\u00e3o a acontecer. Portanto, n\u00e3o h\u00e1 clareza quanto ao futuro, mas h\u00e1 alguma certeza de que n\u00e3o vai ser como hoje e por raz\u00f5es muito concretas, porque o Reino Unido votou para deixar a Uni\u00e3o Europeia. Covid-19 H\u00e1 muitas perguntas que ainda n\u00e3o foram respondidas. Voltemos \u00e0 pandemia de Covid-19. Provocou o caos econ\u00f3mico aqui na UE. Pode garantir que o pacote de recupera\u00e7\u00e3o vai ajudar aqueles que mais precisam e n\u00e3o aumentar a desigualdade social na Europa? Essa \u00e9 uma quest\u00e3o muito importante. N\u00e3o podemos permitir que os mais desfavorecidos o sejam ainda mais por causa da Covid. H\u00e1 outros setores, e penso em particular nos servi\u00e7os e turismo, onde o impacto tem sido devastador em todos os Estados-membros. Precisamos de injetar vida e esperan\u00e7a neste setor. Tamb\u00e9m precisamos de ter a certeza de que o nosso sistema financeiro \u00e9 adequado ao fim a que se destina e que aqueles que est\u00e3o sob press\u00e3o possam falar com os bancos para que possam reestruturar as d\u00edvidas, quando for esse o caso. Detestaria ver empresas e setores atingidos a curto prazo, incapazes de cumprir os compromissos, sendo que poderiam sobreviver se tivessem sido reestruturados a m\u00e9dio prazo. O outro fator, e esta \u00e9 uma realidade mais perturbadora, \u00e9 que alguns setores n\u00e3o ir\u00e3o recuperar. E aqui pergunto-me o que ir\u00e1 acontecer aos comerciantes e \u00e0s pequenas vilas e aldeias em toda a Uni\u00e3o Europeia devido \u00e0 avalanche de compras online, o que salvou muitos, que de alguma forma se adaptaram \u00e0 era digital. Mas, a longo prazo, ter\u00e1 acelerado uma tend\u00eancia para mais transa\u00e7\u00f5es digitais. Mesmo no setor financeiro, temos assistido a uma avalanche de mudan\u00e7as nas transa\u00e7\u00f5es financeiras. Portanto, nenhum de n\u00f3s compreende bem a paisagem que enfrentaremos dentro de um ano. Mas estamos a preparar-nos, pedindo aos Estados-membros que fa\u00e7am planos sobre como podem investir numa economia e numa sociedade mais verdes, mais digitais e mais sustent\u00e1veis. Sobre o pacote de recupera\u00e7\u00e3o: Esses milh\u00f5es e milhares de milh\u00f5es ter\u00e3o, naturalmente, de ser pagos de volta. A quest\u00e3o \u00e9 se \u00e9 poss\u00edvel encontrar novos recursos para os reembolsar. Sei que os eurodeputados t\u00eam pressionado no sentido de haver um imposto sobre transa\u00e7\u00f5es financeiras. Pensa nisso com seriedade? Temos de encontrar recursos para pagar o dinheiro de volta, porque cada empr\u00e9stimo tem de ser reembolsado. De momento, n\u00e3o temos a certeza sobre quantos instrumentos financeiros precisaremos para o fazer. Portanto, h\u00e1 muitas sugest\u00f5es em torno de um imposto sobre o pl\u00e1stico, um imposto de ajustamento de carbono nas fronteiras\u2026 h\u00e1 todas estas outras possibilidades. Finalmente, nesta nota, uma das suas tarefas \u00e9 completar a uni\u00e3o banc\u00e1ria. Qual \u00e9 o prazo realista para completar isso? Isto est\u00e1 na agenda da Comiss\u00e3o e dos Estados-membros h\u00e1 muito tempo. Penso que h\u00e1 um \u00edmpeto renovado para dizer que precisamos da uni\u00e3o banc\u00e1ria. Por isso, espero que no meu mandato, que \u00e9 de mais quatro anos, possamos completar algumas das quest\u00f5es mais controversas em torno desta quest\u00e3o, como um sistema europeu de seguro de dep\u00f3sitos, que \u00e9 muito importante a longo prazo para tentar reconstruir a confian\u00e7a, tal como foi discutido, num outro plano entre os Estados-membros, devido \u00e0 \u00faltima crise econ\u00f3mica. Notou-se uma falta de confian\u00e7a entre os Estados-membros e h\u00e1 que reconstrui-la. Uma forma de o fazermos \u00e9 perceber que as economias fortes, fracas, pequenas ou grandes foram todas afetadas pela Covid. A pandemia n\u00e3o foi muito seletiva. Apanhou os mais velhos, os mais novos, os mais ricos, os mais pobres. N\u00e3o discriminou. Portanto, penso que nos deve unir melhor, no sentido de alcan\u00e7armos a uni\u00e3o banc\u00e1ria ou, pelo menos, de darmos os os significativos para que se torne uma realidade, de modo a podermos fazer opera\u00e7\u00f5es banc\u00e1rias transfronteiri\u00e7as de forma segura, sabendo que temos um quadro estabelecido para permitir que isso aconte\u00e7a. ", "dateCreated": "2020-12-11T15:11:21+01:00", "dateModified": "2021-01-15T10:17:16+01:00", "datePublished": "2020-12-15T19:30:23+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F05%2F19%2F48%2F42%2F1440x810_cmsv2_49cb7c1b-783e-50ec-b3f9-d7821817eb66-5194842.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "A irlandesa \u00e9 a nova Comiss\u00e1ria Europeia para Estabilidade Financeira, Servi\u00e7os Financeiros e Uni\u00e3o dos Mercados de Capitais. A euronews falou com ela sobre o Brexit e sobre a pandemia.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F05%2F19%2F48%2F42%2F432x243_cmsv2_49cb7c1b-783e-50ec-b3f9-d7821817eb66-5194842.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }

Mairead McGuinness: "A confiança mútua é essencial para um acordo entre a UE e o Reino Unido"

Mairead McGuinness: "A confiança mútua é essencial para um acordo entre a UE e o Reino Unido"
Direitos de autor euronews
Direitos de autor euronews
De euronews
Publicado a Últimas notícias
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

A irlandesa é a nova Comissária Europeia para Estabilidade Financeira, Serviços Financeiros e União dos Mercados de Capitais. A euronews falou com ela sobre o Brexit e sobre a pandemia.

Nesta edição de Global Conversation, a euronews entrevistou a Comissária da UE Mairead Mc Guinness, nova titular da pasta dos Serviços Financeiros. Não é uma pasta fácil, no meio de uma preocupante recessão económica causada pela Covid-19 e a perspetiva do Brexit no horizonte.

Brexit

Michel Barnier descreveu as conversações como extremamente difíceis. Diria que nesta fase tardia mesmo um acordo comercial minimalista é melhor do que um colapso total?

Mairead Mc Guinness: Penso que isso é absolutamente verdade. Estamos a tentar conseguir um bom acordo comercial entre a União Europeia e o Reino Unido. De uma perspetiva europeia, o que estamos a tentar fazer é proteger o mercado único para os 27 Estados membros. Isso foi construído ao longo de décadas com o Reino Unido, que nos apoia muito. Há linhas que o Reino Unido não vai ultraar. Em última análise, como já disse muitas vezes, se conseguirmos afastar-nos da retórica e da emoção e virmos as coisas de um ponto de vista lógico, faz todo o sentido que possamos negociar um acordo comercial.

Aconteça o que acontecer com o Brexit, a confiança entre a UE e o Reino Unido está a um nível historicamente baixo. Pensa que isso será ultraado no próximo ano?

Sempre disse que a confiança é o cerne de qualquer relação e de qualquer conjunto de negociações. As questões em torno do acordo de retirada já foram resolvidas e esperamos que tudo esteja pronto no dia 1 de janeiro. É verdade que a confiança se perde subitamente e se reconstrói lentamente. Talvez seja por isso que as negociações têm sido especialmente difíceis, não só porque a Covid veio interromper tudo, mas porque há esta preocupação do lado da UE, porque a confiança foi quebrada. Agora estamos todos a tentar restaurar a confiança. Precisamos de trabalhar muito nisso, porque a única forma de se chegar a qualquer acordo com o Reino Unido é a confiança mútua. Devemos confiar na nossa palavra e na nossa . Isso foi testado pela decisão do Reino Unido e por isso há um pouco mais de hesitação do nosso lado em voltar a ter muita confiança.

Jean-Francois Badias/Copyright 2018 The Associated Press. All rights reserved.
Mairead McGuinnessJean-Francois Badias/Copyright 2018 The Associated Press. All rights reserved.

É uma situação estranha para si, porque a Irlanda foi, de certa forma, o melhor amigo do Reino Unido na cimeira da UE. No que toca à indústria dos serviços financeiros: O dia 4 de janeiro de 2021 será o primeiro dia de negociação nesta nova relação, após um ano de turbulência do mercado e da Covid-19. Nenhum dos lados quer ver mais perturbações financeiras. Pode dizer-nos como será o setor dos serviços financeiros no dia 4 de janeiro, no caso de haver acordo e, claro, no caso de não-acordo?

Essas são duas questões muito, muito importantes. O que posso dizer é que o meu papel aqui é assegurar a estabilidade financeira. Assim, nós, como União Europeia, tomámos um número mínimo de decisões de equivalência, para não abalar a estabilidade financeira até ao fim do período de transição. Também é verdade que a City de Londres é um centro financeiro muito importante que não pode mudar de um dia para o outro. Mas penso que haverá questões no seio da União Europeia em torno da autonomia estratégica aberta, em torno da dependência de um centro financeiro muito grande num país terceiro. E embora não haja quaisquer decisões ou mudanças imediatas, penso que a médio ou longo prazo isso irá evoluir. Portanto, não há decisões súbitas.

A City de Londres é um centro financeiro muito importante que não pode mudar de um dia para o outro (...) mas a UE não pode depender de um centro financeiro num país terceiro.
Mairead McGuinness
Comissária Europeia para Estabilidade Financeira, Serviços Financeiros e União dos Mercados de Capitais

Seria interessante ver como as negociações evoluem em torno de ter um acordo absoluto. Penso que se houver um acordo comercial alcançado, isso torna a política e as relações muito mais fáceis à medida que olhamos para questões mais complicadas porque, como sabem, o setor dos serviços financeiros não é abrangido pelo acordo comercial. Voltamos a esta questão central e fundamental sobre onde a Europa quer ter o seu centro de atividade financeira. E há possibilidades. Talvez não precisemos de ter um só centro financeiro no qual confiar. Certamente, a longo prazo, não continuará a ser a cidade de Londres.

E quanto a outros centros dentro da própria União Europeia? Essas são discussões e conversas que estão a acontecer. Portanto, não há clareza quanto ao futuro, mas há alguma certeza de que não vai ser como hoje e por razões muito concretas, porque o Reino Unido votou para deixar a União Europeia.

Covid-19

Há muitas perguntas que ainda não foram respondidas. Voltemos à pandemia de Covid-19. Provocou o caos económico aqui na UE. Pode garantir que o pacote de recuperação vai ajudar aqueles que mais precisam e não aumentar a desigualdade social na Europa?

Essa é uma questão muito importante. Não podemos permitir que os mais desfavorecidos o sejam ainda mais por causa da Covid. Há outros setores, e penso em particular nos serviços e turismo, onde o impacto tem sido devastador em todos os Estados-membros. Precisamos de injetar vida e esperança neste setor. Também precisamos de ter a certeza de que o nosso sistema financeiro é adequado ao fim a que se destina e que aqueles que estão sob pressão possam falar com os bancos para que possam reestruturar as dívidas, quando for esse o caso. Detestaria ver empresas e setores atingidos a curto prazo, incapazes de cumprir os compromissos, sendo que poderiam sobreviver se tivessem sido reestruturados a médio prazo.

O outro fator, e esta é uma realidade mais perturbadora, é que alguns setores não irão recuperar. E aqui pergunto-me o que irá acontecer aos comerciantes e às pequenas vilas e aldeias em toda a União Europeia devido à avalanche de compras online, o que salvou muitos, que de alguma forma se adaptaram à era digital. Mas, a longo prazo, terá acelerado uma tendência para mais transações digitais.

Mesmo no setor financeiro, temos assistido a uma avalanche de mudanças nas transações financeiras. Portanto, nenhum de nós compreende bem a paisagem que enfrentaremos dentro de um ano. Mas estamos a preparar-nos, pedindo aos Estados-membros que façam planos sobre como podem investir numa economia e numa sociedade mais verdes, mais digitais e mais sustentáveis.

Sobre o pacote de recuperação: Esses milhões e milhares de milhões terão, naturalmente, de ser pagos de volta. A questão é se é possível encontrar novos recursos para os reembolsar. Sei que os eurodeputados têm pressionado no sentido de haver um imposto sobre transações financeiras. Pensa nisso com seriedade?

Temos de encontrar recursos para pagar o dinheiro de volta, porque cada empréstimo tem de ser reembolsado. De momento, não temos a certeza sobre quantos instrumentos financeiros precisaremos para o fazer. Portanto, há muitas sugestões em torno de um imposto sobre o plástico, um imposto de ajustamento de carbono nas fronteiras… há todas estas outras possibilidades.

Finalmente, nesta nota, uma das suas tarefas é completar a união bancária. Qual é o prazo realista para completar isso?

Isto está na agenda da Comissão e dos Estados-membros há muito tempo. Penso que há um ímpeto renovado para dizer que precisamos da união bancária. Por isso, espero que no meu mandato, que é de mais quatro anos, possamos completar algumas das questões mais controversas em torno desta questão, como um sistema europeu de seguro de depósitos, que é muito importante a longo prazo para tentar reconstruir a confiança, tal como foi discutido, num outro plano entre os Estados-membros, devido à última crise económica. Notou-se uma falta de confiança entre os Estados-membros e há que reconstrui-la. Uma forma de o fazermos é perceber que as economias fortes, fracas, pequenas ou grandes foram todas afetadas pela Covid. A pandemia não foi muito seletiva. Apanhou os mais velhos, os mais novos, os mais ricos, os mais pobres. Não discriminou. Portanto, penso que nos deve unir melhor, no sentido de alcançarmos a união bancária ou, pelo menos, de darmos os os significativos para que se torne uma realidade, de modo a podermos fazer operações bancárias transfronteiriças de forma segura, sabendo que temos um quadro estabelecido para permitir que isso aconteça.

A pandemia não foi muito seletiva. Apanhou os mais velhos, os mais novos, os mais ricos, os mais pobres. Não discriminou.
Mairead McGuinness
Comissária Europeia para Estabilidade Financeira, Serviços Financeiros e União dos Mercados de Capitais
Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Edmundo González, vencedor do prémio Sakharov, promete regressar à Venezuela "por terra, ar ou mar"

Pescadores tailandeses lutam para se manter à tona sob regras estritas de INN

Noruega fecha acordo de defesa aérea com os EUA no valor de 340 milhões de euros