{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2019/05/13/entrevista-desde-a-prisao-junqueras-apoia-investidura-de-pedro-sanchez" }, "headline": "Entrevista desde a pris\u00e3o: Junqueras apoia investidura de Pedro S\u00e1nchez", "description": "A partir da pris\u00e3o de Soto Real, em Madrid, l\u00edder independentista catal\u00e3o e candidato \u00e0s elei\u00e7\u00f5es europeias, diz que n\u00e3o renuncia ao direito da autodetermina\u00e7\u00e3o da Catalunha", "articleBody": "O l\u00edder independentista catal\u00e3o, Oriol Junqueras, \u00e9 oficialmente candidato \u00e0 Presid\u00eancia da Comiss\u00e3o Europeia. Isto apesar de estar na pris\u00e3o ap\u00f3s o referendo e a declara\u00e7\u00e3o de Independ\u00eancia da Catalunha, em 2017. Est\u00e1 a ser julgado pelos crimes de rebeli\u00e3o, sedi\u00e7\u00e3o e peculato, mas pode participar nas elei\u00e7\u00f5es europeias uma vez que n\u00e3o h\u00e1 nenhuma decis\u00e3o legal que o impe\u00e7a. Junqueras \u00e9 o cabe\u00e7a de lista do seu partido, a Esquerda Republicana da Catalunha, mas a n\u00edvel europeu, \u00e9 tamb\u00e9m o principal candidato da Alian\u00e7a Livre Europeia que re\u00fane os partidos nacionalistas no Parlamento Europeu. O Conselho Eleitoral autorizou excecionalmente esta entrevista, que realiz\u00e1mos por videoconfer\u00eancia a partir da pris\u00e3o de Soto del Real, em Madrid. Euronews - Gostaria de come\u00e7ar perguntando-lhe qual o seu estado de esp\u00edrito depois de um ano e meio em pris\u00e3o preventiva. Oriol Junqueras - Bem, como espero que consigam ver pelo meu sorriso, atitude, palavras e pelo meu tom, estamos razoavelmente bem. Embora seja tamb\u00e9m evidente que estar\u00edamos muito melhor se n\u00e3o estiv\u00e9ssemos injustamente em pris\u00e3o preventiva, porque estamos absolutamente convencidos de que n\u00e3o h\u00e1 qualquer raz\u00e3o para estarmos na pris\u00e3o. Nada do que somos acusados est\u00e1 no c\u00f3digo penal. Euronews - Vamos ent\u00e3o esperar para ver o que decidem os tribunais, porque o processo ainda est\u00e1 a decorrer. Falemos sobre as elei\u00e7\u00f5es europeias. \u00c9 candidato ao Parlamento Europeu, mas gostaria de saber se tem realmente um projeto para a Europa ou se esta \u00e9 uma candidatura mais simb\u00f3lica para dar visibilidade ao movimento independentista catal\u00e3o. Oriol Junqueras - Sempre fomos, somos e seremos europe\u00edstas convictos. 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Oriol Junqueras - A democracia deve receber sempre o apoio dos democratas. E que os cidad\u00e3os possam votar \u00e9 um direito democr\u00e1tico absolutamente fundamental. Estamos convencidos que a opini\u00e3o dos eleitores deve ser ouvida por todos. E estamos convencidos de que uma Europa cada vez mais forte e integrada, \u00e9 uma Europa que precisa ser sens\u00edvel ao facto de que, enquanto n\u00f3s defendemos o direito de voto, algu\u00e9m ordena que se agrida os cidad\u00e3os que v\u00e3o votar. Ou que, enquanto defendemos uma atitude de di\u00e1logo e de consenso, nos respondam colocando-nos na cadeia. Euronews - J\u00e1 foi eurodeputado. isso significa que conhecia bem os meandros das institui\u00e7\u00f5es europeias. Como poderiam imaginar que iriam receber o apoio das institui\u00e7\u00f5es? Tiveram algum sinal nesse sentido? Caso contr\u00e1rio, alguns poder\u00e3o pensar que tentaram enganar os cidad\u00e3os. Oriol Junqueras - O que seguramente foi um engano para os cidad\u00e3os \u00e9 que institui\u00e7\u00f5es supostamente democr\u00e1ticas respondessem dando ordem para se agredir cidad\u00e3os que v\u00e3o votar. Euronews - Deixemos de olhar para o ado e vamos olhar para frente. O seu partido, a Esquerda Republicana da Catalunha, alcan\u00e7ou resultados muito bons nas elei\u00e7\u00f5es espanholas. E parece que os socialistas de Pedro S\u00e1nchez v\u00e3o governar em Madrid. Esta poder\u00e1 ser uma boa oportunidade para o di\u00e1logo. Tamb\u00e9m v\u00ea desta maneira? Oriol Junqueras - Sempre acreditamos que \u00e9 uma boa oportunidade para o di\u00e1logo. De fato, di\u00e1logo, coexist\u00eancia, respeito m\u00fatuo, integra\u00e7\u00e3o, inclus\u00e3o... s\u00e3o sempre elementos que devemos preservar. E por isso, parece-nos que qualquer momento \u00e9 bom para dialogar. Sem d\u00favida, este tamb\u00e9m poder\u00e1 s\u00ea-lo. Mas, em qualquer caso, depender\u00e1 da atitude do governo espanhol, porque da nossa parte \u00e9 evidente que estamos abertos ao di\u00e1logo. Euronews - Mas gostaria de saber, no caso de se abrir este di\u00e1logo, quais s\u00e3o as suas linhas vermelhas. Oriol Junqueras - N\u00e3o somos favor\u00e1veis a colocar linhas vermelhas ou dar cheques em branco. Somos a favor de falar, dialogar e explicar a nossa posi\u00e7\u00e3o. E acho que \u00e9 imperativo que qualquer democracia se esforce para ouvir a opini\u00e3o da maioria, neste caso na Catalunha, como deve ouvir as for\u00e7as maiorit\u00e1rias em qualquer outro pa\u00eds da Europa, na Dinamarca, Eslov\u00e1quia, Irlanda ou Finl\u00e2ndia. S\u00f3 pedimos que a nossa opini\u00e3o seja ouvida. Euronews - Renuncia \u00e0 via unilateral? Oriol Junqueras - N\u00f3s n\u00e3o podemos renunciar em nenhum caso \u00e0 democracia, claro que n\u00e3o, \u00e9 imposs\u00edvel que renunciemos \u00e0 democracia. E, de facto, por n\u00e3o renunciarmos \u00e0 democracia, estamos na cadeia. E n\u00e3o deixaremos de defender a democracia e o direito dos cidad\u00e3os a votar e a defender as suas posi\u00e7\u00f5es de forma c\u00edvica, pac\u00edfica e democr\u00e1tica. E, de qualquer forma, sempre defendemos um projeto multilateral. Porque em qualquer projeto pol\u00edtico relevante existe sempre o multilateralismo. Requer sempre a participa\u00e7\u00e3o de muitas institui\u00e7\u00f5es e a Europa \u00e9 um bom exemplo disso. Temos sempre dito precisamente que as institui\u00e7\u00f5es europeias tamb\u00e9m devem participar destes di\u00e1logos multilaterais. Euronews - Pedro S\u00e1nchez vai precisar dos seus votos ou pelo menos da sua absten\u00e7\u00e3o para poder ser investido como presidente do governo espanhol. Vai apoiar a investidura? Oriol Junqueras - Sempre dissemos que nem ativa nem ivamente iremos favorecer um governo com a participa\u00e7\u00e3o da extrema-direita e de uma direita cada vez mais extrema. Euronews - Apresenta-se como um muro de conten\u00e7\u00e3o contra a extrema-direita, mas h\u00e1 muitos que pensam que foi precisamente o movimento de independ\u00eancia catal\u00e3o uma das causas que fez o Vox ganhar votos, um partido de extrema-direita. Oriol Junqueras - Parece-me um argumento extremamente fraco, porque ent\u00e3o tamb\u00e9m nos deve ser atribu\u00eddo a subida da extrema-direita na Dinamarca, Finl\u00e2ndia, Hungria, Fran\u00e7a ou em It\u00e1lia. Euronews - Mas em Espanha as circunst\u00e2ncias s\u00e3o estas... Oriol Junqueras - \u00c9 evidente que n\u00e3o podemos ser respons\u00e1veis por tudo isto ao mesmo tempo. Euronews - Para terminar, arrepende-se do referendo? Da declara\u00e7\u00e3o de Independ\u00eancia? Sente-se respons\u00e1vel pela fratura que existe atualmente na sociedade catal\u00e3? Voltaria a faz\u00ea-lo? Oriol Junqueras - Nunca, nunca nos arrependeremos de dar uma voz democr\u00e1tica aos cidad\u00e3os. Nunca nos arrependeremos de defender a democracia. Como vamos arrepender-nos de defender a democracia? Voc\u00ea arrepende-se de defender a democracia? Euronews - N\u00e3o me est\u00e1 a responder. Faria tudo de novo? Oriol Junqueras - Claro que sim. Talvez n\u00e3o tenha entendido a minha resposta ou talvez n\u00e3o me tenha explicado t\u00e3o bem quanto voc\u00ea gostaria. Ou talvez n\u00e3o esteja a dizer o que voc\u00ea gostaria de ouvir. Euronews - Muito obrigado Oriol Junqueras, candidato \u00e0s elei\u00e7\u00f5es europeias. 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Entrevista desde a prisão: Junqueras apoia investidura de Pedro Sánchez

Entrevista desde a prisão: Junqueras apoia investidura de Pedro Sánchez
Direitos de autor 
De Ana LAZARO com Ricardo Borges de Carvalho
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A partir da prisão de Soto Real, em Madrid, líder independentista catalão e candidato às eleições europeias, diz que não renuncia ao direito da autodeterminação da Catalunha

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O líder independentista catalão, Oriol Junqueras, é oficialmente candidato à Presidência da Comissão Europeia. Isto apesar de estar na prisão após o referendo e a declaração de Independência da Catalunha, em 2017.

Está a ser julgado pelos crimes de rebelião, sedição e peculato, mas pode participar nas eleições europeias uma vez que não há nenhuma decisão legal que o impeça.

Junqueras é o cabeça de lista do seu partido, a Esquerda Republicana da Catalunha, mas a nível europeu, é também o principal candidato da Aliança Livre Europeia que reúne os partidos nacionalistas no Parlamento Europeu.

O Conselho Eleitoral autorizou excecionalmente esta entrevista, que realizámos por videoconferência a partir da prisão de Soto del Real, em Madrid.

Euronews - Gostaria de começar perguntando-lhe qual o seu estado de espírito depois de um ano e meio em prisão preventiva.

Oriol Junqueras - Bem, como espero que consigam ver pelo meu sorriso, atitude, palavras e pelo meu tom, estamos razoavelmente bem. Embora seja também evidente que estaríamos muito melhor se não estivéssemos injustamente em prisão preventiva, porque estamos absolutamente convencidos de que não há qualquer razão para estarmos na prisão. Nada do que somos acusados está no código penal.

Euronews - Vamos então esperar para ver o que decidem os tribunais, porque o processo ainda está a decorrer. Falemos sobre as eleições europeias. É candidato ao Parlamento Europeu, mas gostaria de saber se tem realmente um projeto para a Europa ou se esta é uma candidatura mais simbólica para dar visibilidade ao movimento independentista catalão.

Oriol Junqueras - Sempre fomos, somos e seremos europeístas convictos. E entre as muitas provas disto é que o nosso projeto político sempre pensou numa Europa cada vez mais forte, em instituições cada vez mais fortes, num Parlamento Europeu com cada vez maior protagonismo, com maior capacidade legislativa, com políticas de integração europeia no âmbito económico, fiscal, social e cultural. E o nosso percurso no Parlamento Europeu demonstra-o, como fica claro pelo facto que, por exemplo, sempre fizemos parte do grupo dos Verdes no Parlamento Europeu, que acho que, é sem dúvida, o grupo mais europeísta e federalista da Europa.

Euronews - Você diz que é pró-europeu, mas ao mesmo tempo também fala em construir uma nova fronteira na Europa e isso não foi bem recebido na União Europeia. Ficou claro que o projeto Independentista não teve o apoio das instituições europeias ou dos estados membros. Isto é relevante...

Oriol Junqueras - A democracia deve receber sempre o apoio dos democratas. E que os cidadãos possam votar é um direito democrático absolutamente fundamental. Estamos convencidos que a opinião dos eleitores deve ser ouvida por todos. E estamos convencidos de que uma Europa cada vez mais forte e integrada, é uma Europa que precisa ser sensível ao facto de que, enquanto nós defendemos o direito de voto, alguém ordena que se agrida os cidadãos que vão votar. Ou que, enquanto defendemos uma atitude de diálogo e de consenso, nos respondam colocando-nos na cadeia.

Euronews - Já foi eurodeputado. isso significa que conhecia bem os meandros das instituições europeias. Como poderiam imaginar que iriam receber o apoio das instituições? Tiveram algum sinal nesse sentido? Caso contrário, alguns poderão pensar que tentaram enganar os cidadãos.

Oriol Junqueras - O que seguramente foi um engano para os cidadãos é que instituições supostamente democráticas respondessem dando ordem para se agredir cidadãos que vão votar.

Euronews - Deixemos de olhar para o ado e vamos olhar para frente. O seu partido, a Esquerda Republicana da Catalunha, alcançou resultados muito bons nas eleições espanholas. E parece que os socialistas de Pedro Sánchez vão governar em Madrid. Esta poderá ser uma boa oportunidade para o diálogo. Também vê desta maneira?

Oriol Junqueras - Sempre acreditamos que é uma boa oportunidade para o diálogo. De fato, diálogo, coexistência, respeito mútuo, integração, inclusão... são sempre elementos que devemos preservar. E por isso, parece-nos que qualquer momento é bom para dialogar. Sem dúvida, este também poderá sê-lo. Mas, em qualquer caso, dependerá da atitude do governo espanhol, porque da nossa parte é evidente que estamos abertos ao diálogo.

Euronews - Mas gostaria de saber, no caso de se abrir este diálogo, quais são as suas linhas vermelhas.

Oriol Junqueras - Não somos favoráveis a colocar linhas vermelhas ou dar cheques em branco. Somos a favor de falar, dialogar e explicar a nossa posição. E acho que é imperativo que qualquer democracia se esforce para ouvir a opinião da maioria, neste caso na Catalunha, como deve ouvir as forças maioritárias em qualquer outro país da Europa, na Dinamarca, Eslováquia, Irlanda ou Finlândia. Só pedimos que a nossa opinião seja ouvida.

Euronews - Renuncia à via unilateral?

Oriol Junqueras - Nós não podemos renunciar em nenhum caso à democracia, claro que não, é impossível que renunciemos à democracia. E, de facto, por não renunciarmos à democracia, estamos na cadeia. E não deixaremos de defender a democracia e o direito dos cidadãos a votar e a defender as suas posições de forma cívica, pacífica e democrática. E, de qualquer forma, sempre defendemos um projeto multilateral. Porque em qualquer projeto político relevante existe sempre o multilateralismo. Requer sempre a participação de muitas instituições e a Europa é um bom exemplo disso. Temos sempre dito precisamente que as instituições europeias também devem participar destes diálogos multilaterais.

Euronews - Pedro Sánchez vai precisar dos seus votos ou pelo menos da sua abstenção para poder ser investido como presidente do governo espanhol. Vai apoiar a investidura?

Oriol Junqueras - Sempre dissemos que nem ativa nem ivamente iremos favorecer um governo com a participação da extrema-direita e de uma direita cada vez mais extrema.

Euronews - Apresenta-se como um muro de contenção contra a extrema-direita, mas há muitos que pensam que foi precisamente o movimento de independência catalão uma das causas que fez o Vox ganhar votos, um partido de extrema-direita.

Oriol Junqueras - Parece-me um argumento extremamente fraco, porque então também nos deve ser atribuído a subida da extrema-direita na Dinamarca, Finlândia, Hungria, França ou em Itália.

Euronews - Mas em Espanha as circunstâncias são estas...

Oriol Junqueras - É evidente que não podemos ser responsáveis por tudo isto ao mesmo tempo.

Euronews - Para terminar, arrepende-se do referendo? Da declaração de Independência? Sente-se responsável pela fratura que existe atualmente na sociedade catalã? Voltaria a fazê-lo?

Oriol Junqueras - Nunca, nunca nos arrependeremos de dar uma voz democrática aos cidadãos. Nunca nos arrependeremos de defender a democracia. Como vamos arrepender-nos de defender a democracia? Você arrepende-se de defender a democracia?

Euronews - Não me está a responder. Faria tudo de novo?

Oriol Junqueras - Claro que sim. Talvez não tenha entendido a minha resposta ou talvez não me tenha explicado tão bem quanto você gostaria. Ou talvez não esteja a dizer o que você gostaria de ouvir.

Euronews - Muito obrigado Oriol Junqueras, candidato às eleições europeias.

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